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Aprovado projeto que regulamenta a profissão de Designer

O que pensa a respeito desta regulamentação?

  • Sou a favor

    Votos: 0 0,0%
  • Sou contra

    Votos: 6 66,7%
  • A favor, com mudanças na lei.

    Votos: 3 33,3%

  • Total de votantes
    9

Siker

Artista Comercial / Projetista Gráfico
O Plenário do Senado aprovou nesta quarta-feira (30) o projeto que regulamenta a profissão de designer. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) 24/2013, do ex-deputado Penna (PV-SP), determina que somente os titulares de curso superior, ou pessoas com experiência mínima de três anos até a data de publicação da lei, possam exercer a profissão de designer. O projeto agora segue para sanção presidencial.

Pela proposta, fica vedada a entrada no mercado de trabalho de pessoas sem a adequada qualificação para realizar atividades envolvendo desenhos industriais, pesquisa, magistério, consultoria e assessoria, conexas aos desenhos. Além disso, o fruto do trabalho do designer passa a ser protegido pela Lei dos Direitos Autorais (Lei 9.610/1998).

Os diplomas de graduação que serão considerados válidos são os emitidos pelos cursos de Comunicação Visual, Desenho Industrial, Programação Visual, Projeto de Produto, Design Gráfico, Design Industrial, Design de Moda e Design de Produto, reconhecidos pelo Ministério da Educação. O projeto ainda prevê punição para a pessoa física ou jurídica que usar a denominação designer ou empresa de design sem cumprir os critérios estabelecidos na lei.

fonte

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Discussão

Isto é bom? Não necessariamente. Pessoalmente, conheço ótimos profissionais que nunca fizeram nenhum curso de design, mas isto não quer dizer que não sejam estudados. São pessoas que buscaram o conhecimento através de livros, análises, sites na internet, etc. Eles são profissionais bons no que fazem, criam ótimos trabalhos e muitas vezes são melhores que alguns designers que fizeram 4 anos de faculdade mais pós-graduação. Isto afetaria eles.

Durante as últimas semanas, escutei argumentos convincentes dos dois lados da moeda. Ambos tem razão. Afinal de contas, quem não quer estar protegido?

Mas, vamos analisar exatamente quais os argumentos dos dois lados:

A favor da regulamentação
  • A concorrência desleal com profissionais despreparados e sem conhecimento iria diminuir.
  • Criação de benefícios trabalhistas para os profissionais.
  • O designer torna-se responsável pelo que faz (interessa ao cliente), fazendo com que um trabalho melhor seja feito.
  • O designer pode participar de licitações do poder público.
  • Com fiscalização proveniente da regulamentação, a conduta de maus profissionais pode ser punida.
  • Melhores benefícios aos designers, graças à exclusão dos profissionais despreparados (o que inclui uma melhora no salário).
  • A lei irá melhorar o nível de design ensinado no país.
  • Nova ética será instaurada na profissão.
Contra a regulamentação
  • Muitos designers bons que nunca pisaram na faculdade, mas aprenderam sozinhos, podem perder o emprego.
  • Novos encargos serão criados, fazendo com que o custo do design fique maior.
  • O governo será o único ser beneficiado com os novos encargos.
  • Micro e pequenas empresas podem não conseguir pagar pelos serviços mais caros.
  • Uma concorrência menor faz com que a qualidade do produto caia e seus preços subam.
  • Faculdades podem criar cursos rasos e de baixa qualidade, a fim de alimentar o mercado.
  • Sindicatos podem controlar os pisos salariais dos designers, geralmente trazendo vantagem aos empregadores (ou seja, diminuindo o salário dos designers).
  • Menos profissionais no mercado = menos concorrência = queda na qualidade.
Alguns argumentos se contrariam, sem dúvida. Será que regulamentar melhoraria o nível de ensino? Faria o salário subir? São perguntas às quais não há como dar uma resposta concreta (números sólidos que comprovem de uma vez qual a melhor escolha pra profissão) e estamos nadando em um mar de incertezas e achismos.

Muitos estão argumentando que em outros países onde é regulamentado, o design não sofre. Outros dizem que sofre. Mas estamos no Brasil; a cultura aqui (como em qualquer outro país) é única. Não dá pra comparar, pois a mentalidade aqui é outra.

Então, devemos regulamentar a profissão? Sim? Não? Por quê?

fonte
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Link para o texto da PL na íntegra.

Minha opinião: Acredito que a forma para qualificar alguém como designer não deveria ser unicamente através de um curso da faculdade, imagino que algum tipo de avaliação faria mais sentido. E sobre a regra de 3 anos, a única ideia que passa é de exclusão, enquanto deveria incluir na legalidade todos que já atuam como designers, este período de experiência parece ter sido tirado do nada, apenas como uma medida para "evitar possíveis sobrinhos", coisa que pra mim também não faz sentido. De resto, precisamos muito melhorar a imagem dessa profissão e educar os clientes que este trabalho é sério e exige conhecimento e investimentos, mesmo que tudo ainda dependa da Dilma no momento, esse primeiro passo foi muito importante.

 
Essa é uma área onde tem muita gente que não cursou nenhuma faculdade específica, mas que tem muita competência sem dever nada a um diplomado, pois ela não se limita apenas a conhecimento técnico puro e simples. Criatividade é um grande diferencial que é algo nato de cada um e que pode fazer muita diferença.

Que o diga a minha irmã que conseguiu bancar integralmente seus 5 anos de faculdade de veterinária, fazendo vários trabalhos muito bons de design sem nunca ter feito um curso sequer desse segmento. Embora ela tenha muita aptidão tanto técnica quanto criativa pra trabalhar com design, a prioridade dela sempre foi veterinária, mas se não tivesse partido pra isso e tivesse se mantido onde estava, com essa regulamentação, acabaria tendo dificuldades por não ter feito um curso.
 
Enfim, regulamentação! :clap:

Isso vai dar pano pra manga ainda, vão vendo. E sim, sou a favor da regulamentação, porém com várias ressalvas a fazer.

Isto é bom? Não necessariamente. Pessoalmente, conheço ótimos profissionais que nunca fizeram nenhum curso de design, mas isto não quer dizer que não sejam estudados. São pessoas que buscaram o conhecimento através de livros, análises, sites na internet, etc. Eles são profissionais bons no que fazem, criam ótimos trabalhos e muitas vezes são melhores que alguns designers que fizeram 4 anos de faculdade mais pós-graduação. Isto afetaria eles.

Sinceramente, não considero esse argumento válido. Especialização é necessária para qualquer ramo profissional. Até mesmo funcionários que lidam com a limpeza de uma empresa precisam de cursos, e por que o design seria diferente? Esse argumento apenas sustenta a preguiça dos acomodados. Há uma diversidade de palestras e cursos - seja superior ou não - para que o profissional se estabeleça, já que o design não é só criatividade, mas é estudo, metodologia e, sim, ciência.

Numa coisa concordo: conheço vários profissionais da área sem curso superior que se estabeleceram na profissão e são muito bons no que fazem. Isso é fato. Mas sempre há o porém: por que os profissionais que ralaram na faculdade tem se ser nivelados a eles? O argumento 'ser bom', 'não ser bom' é tão fraco e irrelevantes quanto falacioso. Há bons e maus médicos, há bons e maus advogados, mas não importa se são bons ou maus - eles têm a graduação que determina se podem ou não serem chamados de médicos ou advogados, e com o design não deve ser diferente.

Odeio argumento de autoridade, de verdade, e com todas as forças. Mas quem não conhece a fundo o conteúdo programático de um curso de design não pode afirmar com propriedade se um profissional 'é bom ou não', visto que não tem parâmetros devidamente qualificados para saber o que determina um projeto ser bom ou não. Por quê? Porque o gosto pessoal é subjetivo. E porque há uma série de fatores desconhecidos pela maioria das pessoas não especializadas, mas que para os profissionais da área que são determinantes, para a criação, execução e implementação de um projeto de design - seja gráfico, industrial ou de produto (sim, há diferenças IMENSAS entre todos). Um mau médico mata o paciente. Um mau advogado deixa um cliente ser preso. E um mau designer pode arruinar a imagem de uma corporação.

Portanto, eu concordaria que essa lei pudesse abrir diferentes qualificações dentro da profissão. Assim como um técnico contábil não pode assumir as mesmas responsabilidades ou ganhar o mesmo tanto que um contador com bacharelado, os designers com formação básica/inferior ao bacharelado deveriam sim, ser reconhecidos como técnicos, porém sem galgar salários ou responsabilidades de um bacharel. Não acho correto um bacharel ter de se reportar a um diretor de arte micreiro, por exemplo. Não por orgulho besta, mas pela bagagem que todo formando carrega. Acreditem, é muita coisa.

"Mimimi, mas eu não sou formado, trabalho com isso há 30 anos vou ser prejudicado..." Desculpa de preguiçoso. Dane-se. Levanta o rabo da cadeira e vá estudar.
A pessoa trabalhar por um longo período numa categoria profissional e se acomodar na falta de especialização, para depois se queixar que ficará deslocado no mercado de trabalho mostra o tamanho da falta de respeito, de conhecimento e de seriedade a qual nossa profissão é tratada no Brasil. A de achar que qualquer um pode dizer 'sou designer' sem se especializar. Infelizmente tenho um amigo passando por isso: tem mais de 40 anos, é um excelente profissional mas agora, desempregado, não consegue emprego em lugar nenhum. Por quê? Não se especializou. Triste e real.


Muitos estão argumentando que em outros países onde é regulamentado, o design não sofre. Outros dizem que sofre. Mas estamos no Brasil; a cultura aqui (como em qualquer outro país) é única. Não dá pra comparar, pois a mentalidade aqui é outra.

Da mesma forma que argumenta-se sobre questões de mentalidade e cultura - o muito argumentado acerca do machismo, por exemplo - é a hora de mudar essa mentalidade e reeducar esse padrão cultural, não? Aliás, um péssimo costume do meu Brasil: nivelar por baixo. Errado. Tem sim, de pegar exemplos de outros países, e fazer valer por aqui. Por que não? Quando muitas vozes se unem para falar contra algo ruim, é quando mudamos a mentalidade, e o senso-comum. Antigamente beber leite e comer manga era sentença de morte. Hoje nossa geração toma vitamina de manga porque sabe que não há nenhum respaldo científico nisso, mas puro senso-comum.



Minha opinião: Acredito que a forma para qualificar alguém como designer não deveria ser unicamente através de um curso da faculdade, imagino que algum tipo de avaliação faria mais sentido. E sobre a regra de 3 anos, a única ideia que passa é de exclusão, enquanto deveria incluir na legalidade todos que já atuam como designers, este período de experiência parece ter sido tirado do nada, apenas como uma medida para "evitar possíveis sobrinhos", coisa que pra mim também não faz sentido. De resto, precisamos muito melhorar a imagem dessa profissão e educar os clientes que este trabalho é sério e exige conhecimento e investimentos, mesmo que tudo ainda dependa da Dilma no momento, esse primeiro passo foi muito importante.

Discordo e concordo em partes, Siker.
Primeiro ponto: Uma avaliação apenas burocratiza o processo, visto que não é possível realizar uma sem estudar. E abrirá brechas para micreiros preguiçosos que chutarão a prova, irão passar e, graças a isso, estarão ombro a ombro com os profissionais formados. "Mas a competência se prova no mercado de trabalho", tudo bem, mas até aí o processo seletivo já aconteceu, o bacharel perdeu a vaga para o micreiro e a empresa só cairá em si quando a tragédia se assomar. Se nem a categoria médica aceita uma prova desse tipo por não ser algo determinante, quem dirá uma categoria profissional totalmente obscura como a nossa?

Segundo ponto: Quem trabalha sem formação DEVE correr atrás e estudar SIM. Minha ressalva à lei seria a citada anteriormente - diferenciar o profissional de nível técnico ao bacharel em responsabilidades e remuneração - concorda com sua observação do quão infundado é esse prazo de 3 anos. Eu realmente gostaria de conhecer o embasamento técnico de quem defecou esse parecer na lei, para que tal conclusão ao menos se justificasse. No mais, sua última colocação está absolutamente perfeita. ;)


Essa é uma área onde tem muita gente que não cursou nenhuma faculdade específica, mas que tem muita competência sem dever nada a um diplomado, pois ela não se limita apenas a conhecimento técnico puro e simples. Criatividade é um grande diferencial que é algo nato de cada um e que pode fazer muita diferença.

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Não, meu querido. A diferença entre fazer coisas legais - e, tá, ganhar algum dinheiro com isso - e ser designer é abissal. Não estou sendo irônica nem debochada, que fique claro.

A criatividade não é critério de avaliação. A criatividade não é inata. A criatividade é um diferencial pessoal, mas sem metodologia aplicada, não faz absolutamente nada, ainda menos em uma carreira profissional séria.

A área do design abrange várias áreas, e não somente 'fazer coisas legais' no Photoshop, ou saber mexer no Corel ou Illustrator. O profissional designer é moldado para, primeiro, entender como a mente humana funciona - sim, estudamos filosofia, neurolinguística, psicologia, semiótica e outras coisas que fazem do design uma ciência humana - entender o que ela quer - marketing, mais psicologia, metodologia de projeto, mais neurolinguìstica, ergonomia, mais filosofia - e manipula-la de forma a querer comprar o que criamos, ou entender como podemos melhorar coisas que já existem.
Isso se não contarmos a parte técnica/operacional específica, como desenho técnico e artístico, tipografia, geometria, matemática, história da arte, fotografia, história do design, os amados pogramitchas de edição digital e uma caralhada de outras coisas.

Que o diga a minha irmã que conseguiu bancar integralmente seus 5 anos de faculdade de veterinária, fazendo vários trabalhos muito bons de design sem nunca ter feito um curso sequer desse segmento. Embora ela tenha muita aptidão tanto técnica quanto criativa pra trabalhar com design, a prioridade dela sempre foi veterinária, mas se não tivesse partido pra isso e tivesse se mantido onde estava, com essa regulamentação, acabaria tendo dificuldades por não ter feito um curso.

Respeito muito o empenho de sua irmã, mas isso não faz dela uma designer.
Isso faz dela uma pessoa esforçada, curiosa e criativa, que soube aproveitar a oportunidade e com certeza fez coisas bacanudas que a ajudaram a ganhar alguma grana, tenho certeza disso. Mas não, ela não tem aptidão técnica. Não se ofenda, mas não há forma delicada de dizer isso. Saber dar vacina nos meus bichos não faz de mim uma veterinária.
São quatro fucking anos de faculdade, amigo, e lá não ficamos quatro anos só aprendendo Photoshop e Corel. A porra lá é séria.
 
Última edição:
Sinceramente, não considero esse argumento válido. Especialização é necessária para qualquer ramo profissional. Até mesmo funcionários que lidam com a limpeza de uma empresa precisam de cursos, e por que o design seria diferente? Esse argumento apenas sustenta a preguiça dos acomodados. Há uma diversidade de palestras e cursos - seja superior ou não - para que o profissional se estabeleça, já que o design não é só criatividade, mas é estudo, metodologia e, sim, ciência.
Acredito que o trecho citado não discursa em prol da não especialização dos designers, como se para ser designer não fosse necessário estudar, mas pelo contrário, diz que é possível estudar e obter a especialização profissional das mais diferentes formas. O exemplo de conhecidos que nunca fizeram cursos é algo bem específico, no quadro maior é fácil encontrar bons profissionais que fizeram cursos porém que não são formados, mas a ideia é a mesma, mostrar como que a graduação não é a única forma de qualificar um designer.
Eu sou contra a utilização do termo "acomodados" para os autodidatas, dizer isso sem conhecer as razões pessoais que levam cada um a escolher outras formas de estudo no lugar das tradicionais é apenas ofensa.

Numa coisa concordo: conheço vários profissionais da área sem curso superior que se estabeleceram na profissão e são muito bons no que fazem. Isso é fato. Mas sempre há o porém: por que os profissionais que ralaram na faculdade tem se ser nivelados a eles? O argumento 'ser bom', 'não ser bom' é tão fraco e irrelevantes quanto falacioso. Há bons e maus médicos, há bons e maus advogados, mas não importa se são bons ou maus - eles têm a graduação que determina se podem ou não serem chamados de médicos ou advogados, e com o design não deve ser diferente.
Agora você me deixou confuso, mais abaixo você concorda que a lei deveria abrir espaço para outras qualificações além da graduação, mas afirma aqui que o fator graduação é determinante para chamar alguém de profissional ou não, e que isso deveria valer para o designer também. Eu sou contra a maioria das comparações entre designers e médicos, advogados, engenheiros, e qualquer outra profissão regulamentada ou não, porque a maioria delas não faz sentido. A discussão não é e nunca será sobre como separar os bons dos ruins, o designer do sobrinho, estamos apenas tentando encontrar a melhor forma de qualificar uma pessoa para receber o título de Designer, e os exemplos de bons designers que estão no mercado e nunca se formaram apenas mostram uma realidade: formação em um curso superior não é uma obrigatoriedade para se tornar designer. Isso não diminui o valor do curso de graduação, apenas mostra como que o conteúdo passado nas faculdades pode ser obtido em outros cursos e de outras formas. Quem rala na faculdade está recebendo um ensino de qualidade (ou não) pelo qual investiu, mas por que achar que quem está fora da faculdade também não está ralando? A pessoa terá mais dificuldade (talvez) para aprender as mesmas coisas, mas também estará ralando para estudar durante todo o tempo livre que tiver. Ser preguiçoso e não se importar com os estudos pode ser uma característica de qualquer um, estando dentro ou fora de uma faculdade. O que nivela os profissionais e determina a utilização de um título ou não é o conhecimento necessário para exercer as funções, não a conclusão de um curso específico. Isso talvez não possa ser válido para outras áreas, onde o autodidatismo é mais complicado ou até impossível, mas para o design é a realidade.

Portanto, eu concordaria que essa lei pudesse abrir diferentes qualificações dentro da profissão. Assim como um técnico contábil não pode assumir as mesmas responsabilidades ou ganhar o mesmo tanto que um contador com bacharelado, os designers com formação básica/inferior ao bacharelado deveriam sim, ser reconhecidos como técnicos, porém sem galgar salários ou responsabilidades de um bacharel. Não acho correto um bacharel ter de se reportar a um diretor de arte micreiro, por exemplo. Não por orgulho besta, mas pela bagagem que todo formando carrega. Acreditem, é muita coisa.
As formas de se tornar um designer não englobam apenas curso técnico ou bacharelado, temos pós graduação e o autodidatismo, mas não acho que a forma de estudo deva interferir em decisões que só dependem da capacidade do profissional. A regulamentação pode ser boa para valorizar a profissão, aumentar o salário e dar importância às funções desempenhadas, mas o quanto um ou outro designer ganha depende do seu trabalho e dos resultados que traz na empresa onde estiver. Acho que nesse ponto voltamos na questão do profissional ser bom ou ruim, e isso não cabe (ou pelo menos não deveria caber) na regulamentação, designer é designer tendo o conhecimento que um possível sindicato achar ser o necessário para exercer a função, daí em diante ele poderá se tornar um bosta ou um deus que vai continuar sendo designer. O diretor de arte "micreiro" seria alguém que não possui o conhecimento mínimo para estar naquele cargo? Então que tipo de empresa seria essa para contratar um diretor incompetente? E por que um profissional qualificado trabalharia ali?
Eu acho que o termo sobrinho ou micreiro é usado de forma errada as vezes, nunca vi alguém completamente desqualificado ocupando qualquer função em agência ou empresa, já vi péssimos profissionais, mas não eram micreiros por causa disso, contratar um zé ninguém para integrar sua equipe só demonstra como a empresa/agência é ruim e não se importa com a qualidade, enquanto contratar um mau profissional pode indicar alguma permuta ou acordo, o importante aqui é apenas identificar as formas pelas quais os profissionais de design podem se qualificar para receber este título, e elas são muitas, só precisamos aprender a 'peneirar' os estudantes.

"Mimimi, mas eu não sou formado, trabalho com isso há 30 anos vou ser prejudicado..."
Desculpa de preguiçoso. Dane-se. Levanta o rabo da cadeira e vá estudar.
A pessoa trabalhar por um longo período numa categoria profissional e se acomodar na falta de especialização, para depois se queixar que ficará deslocado no mercado de trabalho mostra o tamanho da falta de respeito, de conhecimento e de seriedade a qual nossa profissão é tratada no Brasil. A de achar que qualquer um pode dizer 'sou designer' sem se especializar. Infelizmente tenho um amigo passando por isso: tem mais de 40 anos, é um excelente profissional mas agora, desempregado, não consegue emprego em lugar nenhum. Por quê? Não se especializou. Triste e real.
Isso deve variar, por enquanto pelo menos, de região para região, eu vejo muita seleção que só olha para o portfolio e para o que o profissional é capaz de entregar, tem gente que diz que nunca viu isso, e outros afirmam que contratam dessa forma mesmo, talento acima de títulos. Considerar um diploma como sendo mais importante que o conhecimento de fato obtido é uma desvalorização da qualidade profissional requerida. Ao dizer que este seu amigo não buscou especialização, você quer dizer que ele não continuou estudando ou apenas não buscou diplomas? Porque são coisas bem diferentes.
Eu acho mais fácil acreditar que um profissional de 30 anos de experiência não consiga encontrar trabalho hoje em dia porque ninguém estaria disposto a pagar por um profissional de 40 anos, enquanto pode contratar por um preço muito mais baixo profissionais juniores ou até mesmo despreparados, mas, isso pode depender da região.
Hoje em dia qualquer um se diz designer, aprendeu a "photoshopar" fotos, é designer, isso obviamente deve mudar, mas não é uma formação que separa esse tipo de gente ser de fato um designer, é a falta de conhecimento, que pode sim ser obtida dentro de uma faculdade, da mesma forma que pode ser obtida por diversos outros meios, e isso é um fato, diversos profissionais se qualificam estudando por conta própria, seja por cursos ou não, existem meios mais e menos acessíveis, que exigem um maior ou menor investimento de tempo e/ou dinheiro, que proporciona maior ou menor flexibilidade nas horas de estudo por dia, isso é completamente variável, e a regulamentação não deveria limitar estas formas, estes meios, ela deveria definir qual é o conhecimento exigido para todos e nivelar os profissionais, que estudaram da forma que acharam melhor, com base neste conhecimento estipulado. Agora o como fazer isso é algo que precisa ser planejado e discutido, e meu intuito ao falar tudo isso é de estimular a discussão mesmo, para que novas e melhores ideias surjam e sejam propostas no futuro.

Da mesma forma que argumenta-se sobre questões de mentalidade e cultura - o muito argumentado acerca do machismo, por exemplo - é a hora de mudar essa mentalidade e reeducar esse padrão cultural, não? Aliás, um péssimo costume do meu Brasil: nivelar por baixo. Errado. Tem sim, de pegar exemplos de outros países, e fazer valer por aqui. Por que não? Quando muitas vozes se unem para falar contra algo ruim, é quando mudamos a mentalidade, e o senso-comum. Antigamente beber leite e comer manga era sentença de morte. Hoje nossa geração toma vitamina de manga porque sabe que não há nenhum respaldo científico nisso, mas puro senso-comum.
Concordo, mas o texto não diz nada sobre mudar ou não mudar nossa mentalidade, apenas afirma que existe uma diferença cultural e que por isso as comparações não são válidas, e permanecerão não sendo válidas até que nossa cultura mude. São duas coisas bem distintas o que o texto afirma e a sua resposta. "Tem sim que fazer valer por aqui", tem sim, ainda tem, mas no momento não vale.

Discordo e concordo em partes, Siker.
Primeiro ponto: Uma avaliação apenas burocratiza o processo, visto que não é possível realizar uma sem estudar. E abrirá brechas para micreiros preguiçosos que chutarão a prova, irão passar e, graças a isso, estarão ombro a ombro com os profissionais formados. "Mas a competência se prova no mercado de trabalho", tudo bem, mas até aí o processo seletivo já aconteceu, o bacharel perdeu a vaga para o micreiro e a empresa só cairá em si quando a tragédia se assomar. Se nem a categoria médica aceita uma prova desse tipo por não ser algo determinante, quem dirá uma categoria profissional totalmente obscura como a nossa?

Segundo ponto: Quem trabalha sem formação DEVE correr atrás e estudar SIM. Minha ressalva à lei seria a citada anteriormente - diferenciar o profissional de nível técnico ao bacharel em responsabilidades e remuneração - concorda com sua observação do quão infundado é esse prazo de 3 anos. Eu realmente gostaria de conhecer o embasamento técnico de quem defecou esse parecer na lei, para que tal conclusão ao menos se justificasse. No mais, sua última colocação está absolutamente perfeita. ;)
Repetindo algumas coisas, que "tem que estudar sim", é óbvio, mas é obrigatório estudar em um único tipo de curso? Não.
Quando sugiro uma avaliação, é algo bem por alto, penso como exemplo na prova da OAB, e gostaria da opinião de advogados para comentar a respeito dessa prova, parece que existem críticas, pessoas que são contra, mas tem o argumento de que as graduações não são suficientes para qualificar um profissional, e a prova garante a qualidade na prestação de serviços.

Eu enxergo burocratização quando se exige um único tipo de curso como forma de ingresso no meio, é uma medida restritiva que ignora a realidade do mercado, ignora que o conteúdo de estudo não está apenas nas faculdades, e ignora outras diversas formas de ensino que podem ser melhor para alguns do que o formato oferecido em uma faculdade, sem falar na dificuldade de acesso, que sim, existe em todas as outras áreas, mas não precisaria existir para os designers.
Imaginar o que pode ter de falha em uma avaliação é o de menos, podemos buscar soluções que tornem uma avaliação a melhor forma de se qualificar um profissional, e não acredito que todas as provas objetivas de todos os meios de estudo que existem hoje em dia sejam inválidas, simplesmente por causa do chute, mas também não acho que uma avaliação de peso qualificativo para o profissional deva ser toda objetiva.

Agora, sobre os 3 anos, eu fiz umas perguntas para a Patrícia Penna, que estava envolvida na aprovação dessa regulamentação, e ela me respondeu neste post do facebook minhas duas dúvidas principais, vou deixar a resposta dela aqui abaixo:

isso foi discutido amplamente na câmara e no senado houve emenda. Eram 5 anos, porém não existe nenhum curso de design que seja maior que 4 anos, então o requerimento para a emenda que o senado propôs foi de 3 anos!

Entendo que nesse novo mundo muitos paradigmas em torno da educação serão revistos, porém a fiscalização ainda é um ponto importante a ser enfrentado. Como por exemplo, um médico, se ele estiver estudado sozinho e mesmo sabendo demais da medicina, ainda não o tornará médico. Queremos que a profissão do designer seja respeitada como tal. Deverá ter um conselho que os direcione e os fiscalize. Temos que ser responsáveis pelo que produzimos e sermos punidos também no caso de algo prejudicar um ser humano ou até um animal!
Sem a regulamentação fica difícil essa fiscalização. Eu acredito que já existam meios independente das regras estabelecidas no PL do Design, para se conseguir um diploma em sua área. Não tenho absoluta certeza, mas já ouvi algo do tipo. No PL só mesmo até a data da sanção com 3 anos de experiência.
Contudo, acredito que seja um início e que irá ainda passar por transformações, pois nada é eterno e mesmo uma Lei tem que se ajustar as necessidades da maioria sem prejudicar sua essência!

Não, meu querido. A diferença entre fazer coisas legais - e, tá, ganhar algum dinheiro com isso - e ser designer é abissal. Não estou sendo irônica nem debochada, que fique claro.

A criatividade não é critério de avaliação. A criatividade não é inata. A criatividade é um diferencial pessoal, mas sem metodologia aplicada, não faz absolutamente nada, ainda menos em uma carreira profissional séria.

A área do design abrange várias áreas, e não somente 'fazer coisas legais' no Photoshop, ou saber mexer no Corel ou Illustrator. O profissional designer é moldado para, primeiro, entender como a mente humana funciona - sim, estudamos filosofia, neurolinguística, psicologia, semiótica e outras coisas que fazem do design uma ciência humana - entender o que ela quer - marketing, mais psicologia, metodologia de projeto, mais neurolinguìstica, ergonomia, mais filosofia - e manipula-la de forma a querer comprar o que criamos, ou entender como podemos melhorar coisas que já existem.
Isso se não contarmos a parte técnica/operacional específica, como desenho técnico e artístico, tipografia, geometria, matemática, história da arte, fotografia, história do design, os amados pogramitchas de edição digital e uma caralhada de outras coisas.

Respeito muito o empenho de sua irmã, mas isso não faz dela uma designer.
Isso faz dela uma pessoa esforçada, curiosa e criativa, que soube aproveitar a oportunidade e com certeza fez coisas bacanudas que a ajudaram a ganhar alguma grana, tenho certeza disso. Mas não, ela não tem aptidão técnica. Não se ofenda, mas não há forma delicada de dizer isso. Saber dar vacina nos meus bichos não faz de mim uma veterinária.
São quatro fucking anos de faculdade, amigo, e lá não ficamos quatro anos só aprendendo Photoshop e Corel. A porra lá é séria.
Gostaria de dar meu ponto de vista sobre o que entendi do post do Fúria. Apenas li "Embora ela tenha muita aptidão tanto técnica quanto criativa pra trabalhar com design" e entendi que ela é uma boa autodidata, não é por ela nunca ter feito um curso que ela se torna automaticamente um sobrinho que só entende de Photoshop e Corel, que só faz trabalhos "legais" para ganhar algum dinheiro, eu nunca pensaria isso porque em primeiro lugar não conheço ela, e partindo apenas do que é dito no post ninguém poderia supor isso.
Acho que existe muito preconceito com o autodidatismo, são considerados sobrinhos, enquanto na realidade sobrinho é aquele que para seus estudos nas ferramentas, o autodidata estuda sempre.
 
A favor da regulamentação

A concorrência desleal com profissionais despreparados e sem conhecimento iria diminuir.


Concorrência "desleal"? Por que desleal?
Se o profissional é despreparado, os serviços dele tenderão a ser menos úteis e menos bem-vistos no mercado. Logo ele não terá a mesma chance de sucesso, pois terá menor capacidade de gerar valor para seus clientes. Esses argumentos (sic) sobre "deslealdade" frequentemente escondem uma intenção de simplesmente impedir a concorrência. Caso típico de corporações de ofício. O argumento dos taxistas com o Uber é o mesmo. O argumento dos carroceiros paulistas quando o táxi motorizado surgiu no começo do século XX foi o mesmo. Enfim, se um provedor de serviço e um cliente realizam um livre acordo mutuamente benéfico para a prestação do mesmo, não há nada de "desleal", mesmo que o serviço posteriormente se prove ruim. Desleal é impedir as pessoas de participar livremente no processo de oferta e demanda segundo critérios arbitrários que visam unicamente proteger posições estabelecidas.


Criação de benefícios trabalhistas para os profissionais.

Se os profissionais querem benefícios trabalhistas eles são livres para contribuir de maneira autônoma com a previdência. Por que querer obrigar todo mundo a receber os tais benefícios, quando muitos se esquivam deles? No mais, está implícito aí que "benefícios trabalhistas" são simplesmente bons, mas há uma série de outros fatores a colocar na balança antes de tomar isso como certo (custo dos benefícios, restrições que eles criam à entrada de trabalhadores no mercado formal, etc.)


O designer torna-se responsável pelo que faz (interessa ao cliente), fazendo com que um trabalho melhor seja feito.

O designer é responsável pelo que faz de qualquer maneira, ué. Se o cliente sabe que ele não é regulado e/ou não possui um cnpj e quer contratar um serviço sem nenhuma garantia, ele sabe que tá assumindo um risco de talvez não poder cobrar o profissional após a prestação. Mas nesse caso ele também pode se eximir de realizar o pagamento do serviço. E também pode ajudar a divulgar a má qualidade do profissional para o mercado. O prestador do serviço tem um interesse em se responsabilizar pelo que faz para ver melhorar sua reputação e conquistar espaço. Aqueles que agem diferente, poderão no máximo ser bem sucedidos em caráter temporário.


O designer pode participar de licitações do poder público.

Se ele quiser participar de licitações, bastaria ele ter um cnpj. Se o poder público cria várias outras restrições para acesso às licitações, o erro está na burocracia deste. De qualquer maneira, é bobagem querer obrigar todos os profissionais a terem a possibilidade de participar de licitações, quando obviamente muitos sequer se interessam por isso.


Com fiscalização proveniente da regulamentação, a conduta de maus profissionais pode ser punida.

Mesma coisa que eu mencionei acima, sobre a responsabilidade do designer. Fiscalização não implica melhoria da prestação do serviço. E a melhor fiscalização no fim das contas é dos próprios consumidores.

Melhores benefícios aos designers, graças à exclusão dos profissionais despreparados (o que inclui uma melhora no salário).

Exclusão dos profissionais "despreparados" implica exclusão de pessoas que querem participar do mercado ofertando seus serviços para ganhar renda e conseguir sustentar a si e sua família, e também implica redução da concorrência, o que prejudica o consumidor. A melhoria no salário realmente pode ocorrer, mas só para aqueles que permanecerem no mercado graças à regulação. Total desconsideração pelas condições daqueles prejudicados e excluídos pela medida. Novamente a lógica da corporação de ofício.

A lei irá melhorar o nível de design ensinado no país.

Gostaria de saber qual a cadeia de raciocínio para tanto. Se a regulamentação exige que o prestador de serviço seja obrigado a se sujeitar ao sistema de ensino para poder ser considerado um membro da corporação, porque isso implicaria melhoria no ensino? Nessa situação, o ensino deixa de ser um diferencial, pois se torna obrigatório. A obrigatoriedade pode criar um fluxo artificial de pessoas procurando o ensino, o que colocaria as instituções de ensino numa posição mais confortável, uma vez que o excesso artificial de demanda reduz a necessidade de conquistar os indivíduos que de outra forma não estariam interessados a priori no ensino.

Além disso, ainda que ocorra uma melhora no nível do ensino, isso também não se traduz em melhoria da situação do consumidor. Nenhuma criação de reserva de mercado é benéfica para este. Apenas beneficia o pequeno grupo dos membros da classe, em detrimento dos demais e maiores grupos.


Nova ética será instaurada na profissão.

Essa é forte, hein? Agora a ética provém da lei, interessante. Aliás, deve realmente ser muito ético, nessa visão, impedir milhares de pessoas de ofertar livremente seus serviços para conquistar o ganha-pão diário.


E notei agora que alguns desses pontos também já são contra-argumentados sucintamente no parágrafo seguinte do texto:

Contra a regulamentação

Muitos designers bons que nunca pisaram na faculdade, mas aprenderam sozinhos, podem perder o emprego.
Novos encargos serão criados, fazendo com que o custo do design fique maior.
O governo será o único ser beneficiado com os novos encargos.
Micro e pequenas empresas podem não conseguir pagar pelos serviços mais caros.
Uma concorrência menor faz com que a qualidade do produto caia e seus preços subam.
Faculdades podem criar cursos rasos e de baixa qualidade, a fim de alimentar o mercado.
Sindicatos podem controlar os pisos salariais dos designers, geralmente trazendo vantagem aos empregadores (ou seja, diminuindo o salário dos designers).
Menos profissionais no mercado = menos concorrência = queda na qualidade.


Enfim, taí meus dois cents. E dsclp Seiko, nada pessoal, você sabe :g:
 
É claro que o Designer vai ficar contente. Reserva de Mercado. Quem não quer?
 
O exemplo de conhecidos que nunca fizeram cursos é algo bem específico, no quadro maior é fácil encontrar bons profissionais que fizeram cursos porém que não são formados, mas a ideia é a mesma, mostrar como que a graduação não é a única forma de qualificar um designer.
Eu sou contra a utilização do termo "acomodados" para os autodidatas, dizer isso sem conhecer as razões pessoais que levam cada um a escolher outras formas de estudo no lugar das tradicionais é apenas ofensa.

Ok, vamos por partes, Siker.
Em momento algum rotulei autodidatas de preguiçosos, até porque eu sou autodidata em diversas coisas que me ajudaram na especialização de design. Não temos - nós, profissionais graduados - preconceito contra o autodidatismo, temos preconceito contra pseudoprofissionais que não tem humildade o bastante para se enxergar e reconhecer que autoditatismo não é especialização. Eu chamo de preguiçosos aqueles que se ancoram na muleta 'os graduados vão me prejudicar' para argumentar contra a regulamentação, ao invés de ele mesmo buscar a graduação e se tornarem profissionais mais competitivos, como o mercado exige. Isso vale para todas as profissões vigentes, por que não vale para o design? Eu fico pasma com as exceções impostas somente à minha profissão.

Como citei antes, a minha ressalva reside no fato de que o profissional não graduado pode exercer a profissão, mas não poderia ganhar ou assumir cargos de chefia, nem assinar projetos. Isso caberia aos graduados, e por motivos bastante óbvios.

Li o seu post e gostei bastante, compreendi mas continuo discordando com quase tudo. Autodidatismo não é especialização. Eu não entendo a dificuldade das pessoas - não digo de você, mas de uma forma geral - em compreender isso. Uma pessoa pode saber falar à perfeição um idioma, mas isso não dá a ela a capacitação de ensinar esse idioma de forma oficial. É necessária a licenciatura. Se autoditatismo fosse um critério válido, professores de graduação nos cursos de design não precisariam de pós-graduação para ensinar. Aliás, poderiam se autointitular numa série de profissões, afinal, o que conta é o conhecimento, certo? Errado.

Nesse ponto Patrícia Penna foi perfeita e categórica nessa observação:

Entendo que nesse novo mundo muitos paradigmas em torno da educação serão revistos, porém a fiscalização ainda é um ponto importante a ser enfrentado. Como por exemplo, um médico, se ele estiver estudado sozinho e mesmo sabendo demais da medicina, ainda não o tornará médico. Queremos que a profissão do designer seja respeitada como tal. Deverá ter um conselho que os direcione e os fiscalize.

A regra dos três anos então deveria valer para o graduando de terceiro ano, pelo que entendi. Um terceiro anista tem condições de trabalhar como designer trainee ou júnior, mas penso que nem mesmo ele deve ser tratado, e nem pago, como profissional pleno.


Agora você me deixou confuso, mais abaixo você concorda que a lei deveria abrir espaço para outras qualificações além da graduação, mas afirma aqui que o fator graduação é determinante para chamar alguém de profissional ou não, e que isso deveria valer para o designer também. Eu sou contra a maioria das comparações entre designers e médicos, advogados, engenheiros, e qualquer outra profissão regulamentada ou não, porque a maioria delas não faz sentido.

E por que não faz sentido? Qual a diferença da graduação de outro profissional para a de design? Qual a régua que mede a importância do conhecimento nessa área, que torna a qualificação menos importante?

Sim, a graduação é importante, e determinante. E como em qualquer outra profissão, deveria ser um divisor de águas. O problema, a falha do seu argumento reside no fato que o design não é visto de forma séria no país porque as pessoas ainda não entendem, sequer sabem, o que é design e para que ele serve. Aliás, há uma completa prostituição do próprio termo: designer de sobrancelha, cake designer, e outras bobagens.

Posso te falar com propriedade que o que alimenta o argumento contra a regulamentação é uma coisa chamada conveniência. Como eu disse, conheço uma ampla gama de bons profissionais autodidatas que se enquadrariam perfeitamente como técnicos, porque adoram alardear seus trabalhos mas não sabem conceitos básicos de gestalt. Isso não os desqualifica, muito pelo contrário. Mas pelo fato de que seu conhecimento ainda figura como um muro onde faltam vários tijolos, um parâmetro sólido é necessário e urgente. E esse parâmetro deve ser a graduação.

O restante das argumentações contra, penso, são puro achismo e especulação de quem ainda acha conveniente a não-regulamentação. Um cara formado em publicidade pode ter boa carga de conhecimento na área, mas isso não o torna designer, assim como o profissional de TI que pode ter feito webdesign não pode, e nem deve, se autointitular designer. São áres totalmente diferentes e, nesse caso, o conhecimento básico de design que adquirem devem ser tratadas como habilidades extras, e não como profissão extra, porque irão faltar tijolos nessa parede.


Concordo, mas o texto não diz nada sobre mudar ou não mudar nossa mentalidade, apenas afirma que existe uma diferença cultural e que por isso as comparações não são válidas, e permanecerão não sendo válidas até que nossa cultura mude. São duas coisas bem distintas o que o texto afirma e a sua resposta. "Tem sim que fazer valer por aqui", tem sim, ainda tem, mas no momento não vale.

A partir do momento que há regulamentação, há mudança de mentalidade. Se autointitular designer sem a devida graduação será tratada como exercício ilegal de profissão, portanto haverá um maior cuidado com o que se divulga por aí. Teremos um número considerável de pseudoprofissionais sendo mais criteriosos ao alardear as próprias habilidades. Eu não entendi por que o "tem sim que fazer valer por aqui" não valeria. E eu não entendo por que há tanto dois pesos e duas medidas para discutir esse assunto.

E um adendo importante: eu mesma fazia parte da massa de autodidatas que julgava ter mais da metade do caminho andado quando entrei na faculdade. Afinal, eu tinha lido e estudado horrores sobre o assunto, porque executava vários trabalhos de design e ganhava grana com isso. O que mudou? Eu pus o pé na faculdade. Assim como eu, vários entraram na faculdade de design com a mesma mentalidade: 'vai ser fácil, afinal eu já sou foda'. A diferença é que eu acordei para o fato de que eu não sabia absolutamente nada a tempo de acompanhar o curso e conclui-lo. A maioria trancou, abandonou, ou teve atritos homéricos com professores porque ainda se escoravam nisso. O que eu tiro disso tudo? Que hoje eu olho meus trampos de antes da graduação e me dá uma vergonha imensa - não pela minha falta de conhecimento da época, mas pela minha empáfia em achar que a graduação não podia me ensinar muito mais do que eu já sabia. É a mesma empáfia que vejo nos não-graduados autodidatas que arengam contra a regulamentação. Irônico.


Concorrência "desleal"? Por que desleal?
Se o profissional é despreparado, os serviços dele tenderão a ser menos úteis e menos bem-vistos no mercado. Logo ele não terá a mesma chance de sucesso, pois terá menor capacidade de gerar valor para seus clientes. Esses argumentos (sic) sobre "deslealdade" frequentemente escondem uma intenção de simplesmente impedir a concorrência. Caso típico de corporações de ofício. O argumento dos taxistas com o Uber é o mesmo. O argumento dos carroceiros paulistas quando o táxi motorizado surgiu no começo do século XIX foi o mesmo. Enfim, se um provedor de serviço e um cliente realizam um livre acordo mutuamente benéfico para a prestação do mesmo, não há nada de "desleal", mesmo que o serviço posteriormente se prove ruim. Desleal é impedir as pessoas de participar livremente no processo de oferta e demanda segundo critérios arbitrários que visam unicamente proteger posições estabelecidas.

Tio Fëa, a deslealdade está no fato de sermos todos nivelados por baixo. Se há uma maioria de não-graduados que aceita trabalhar por preços e salários pífios, há uma subvalorização da categoria. Quando se é freela - coisa que fui por um longo e feliz tempo, graças a Deus - você simplesmente recusa o valor proposto pelo cliente e vai embora. A coisa já não é tão simples quando você está procurando um emprego registrado, e as empresas nivelam o salário por baixo, aceito por não-graduados. Por exemplo, em Franca, a média salarial para um designer que trabalha 44 horas semanais é de R$ 1.200. Acredite, é isso mesmo.

Que profissional graduado - de qualquer área profissional - se sujeita a um salário ridículo desses depois de ralar por 4 anos na faculdade? Acabamos coagidos a aceitar trabalhar por essa quantia aviltante porque precisamos de emprego fixo (porque viver de freela é andar no fio da navalha), e está cheio de não-graduado sem noção que aceita isso numa boa. E ainda engole no pacote os diversos desvios de função impostos pela empresa a longo prazo. Não se trata de demanda. Isso é deslealdade, e uma puta desonestidade com o profissional. Tive uma baita sorte de ser contratada por uma empresa fora desse meio e que me paga melhor, mas meus amigos de faculdade estão indo embora por causa da realidade lastimável que enfrentamos aqui.

Veja bem, a regulamentação até pode ser indiferente ao profissional liberal como você mesmo citou, mas será fundamental para os designers ditos 'corporativos' - aqueles contratados para atender a uma única empresa como agência interna, ou designers que prestam serviços fixos a agências. Em agências, é muito comum vermos designers com cnpj e sem vínculos (também já trabalhei dessa forma), o que é uma faca de dois gumes. No final das contas, ser designer no Brasil é complicado. Pula-se da frigideira - empresas sem parâmetro salarial algum, sem plano de carreira e desvios de função dos mais variados - para o fogo, onde o freelancer é assediado pela própria necessidade de pagar as contas, mas topa com empresas e clientes que simplesmente não aceitam pagar (quando pagam) o que o trabalho vale.


Gostaria de saber qual a cadeia de raciocínio para tanto. Se a regulamentação exige que o prestador de serviço seja obrigado a se sujeitar ao sistema de ensino para poder ser considerado um membro da corporação, porque isso implicaria melhoria no ensino? Nessa situação, o ensino deixa de ser um diferencial, pois se torna obrigatório. A obrigatoriedade pode criar um fluxo artificial de pessoas procurando o ensino, o que colocaria as instituções de ensino numa posição mais confortável, uma vez que o excesso artificial de demanda reduz a necessidade de conquistar os indivíduos que de outra forma não estariam interessados a priori no ensino.

Mas é claro que a regulamentação implica na melhoria do ensino. Se há a exigência de profissinais mais qualificados, a própria competitividade irá criar a procura por instituições melhor rankeadas. Isso é um tanto quanto óbvio. Instituições de ensino com melhor reputação são determinantes no ato da contratação.

E não é a ética que provém da lei, é a lei que força quem ainda insiste em andar fora da ética a acompanhar o curso dos acontecimentos. Se não há lei que regulamenta uma profissão, não há o que obrigue o pseudoprofissional a seguir regras. E, desculpa, isso de "impedir milhares de pessoas de ofertar livremente seus serviços para conquistar o ganha-pão diário" não cola. Chega a ser engraçada, para não dizer irritante, a tentativa de desqualificar a importância da graduação em design com argumentos como esses. Quer ganhar o pão? Estude. Quer ser um profissional competitivo? Estude ainda mais, ora porra, ao invés de se escorar em vitimismo barato.

Enfim, taí meus dois cents. E dsclp Seiko, nada pessoal, você sabe :g:

Sim, eu sei. :abraco:
A dureza das minhas críticas também não são pessoais a você, ou ao Siker. É apenas a voz da irritação de toda uma categoria que é assaltada e desvalorizada diariamente e, agora, servindo de espantalho para argumentos urdidos por pessoas que não tem a mínima ideia do que estão dizendo, e que usam milhares de pesos e medidas para a mesma coisa.
 
@Seiko-chan Não vou quotar tudo novamente pra não perder o foco do que está sendo discutido, vou apenas reiterar o que de certa forma já disse, tentando ser mais claro e direto.

1º - Retorno financeiro não deve depender de títulos, principalmente em uma área que exige constante atualização e especialização. A qualificação por títulos que se está discutindo aqui, com base na PL, visa apenas enquadrar profissionais como designers ou não, ou seja, é uma base inicial, depois de classificados como profissionais dentro da lei os títulos não valem de nada, o que conta é a capacidade de cada um e seu portfolio dali pra frente. Portanto repito: o quanto um ou outro designer ganha depende do seu trabalho e dos resultados que traz na empresa onde estiver, quem define o salário de um profissional deve ser o próprio profissional, através de seu trabalho.

2º - Analogias e comparações nem sempre são um bom caminho para demonstrar um ponto. "Por que com design deve ser diferente?" é uma pergunta que já se origina de forma errada, pressupondo que deveríamos copiar modelos já existentes e que funcionam para outras áreas. O que questiono é justamente o por que tentar se assemelhar a características de outras áreas que não definem o design? É difícil olhar para a área e julgar o que é necessário ou não? O que é válido ou não? Na busca por reconhecimento e valorização não podemos achar que será imitando outras áreas que vamos conseguir isso, vamos começar do começo?
A desvalorização é causada primordialmente pela oferta barata e de baixa qualidade dos sobrinhos? Pela falta de profissionais qualificados? Pela obscuridade da área? Eu digo que isso parte muito mais do cliente que não entende o que está comprando e que muitas vezes está querendo um material barato e de baixa qualidade mesmo, por não entender também a função deste serviço para seu negócio. Não existe competição entre profissionais e sobrinhos, nem roubo de trabalho entre um e outro, o que existe são mercados diferentes com diferentes tipos de clientes, para reduzir a demanda por pastel precisamos educar os clientes, trazê-los para o mercado dos profissionais, não tentar matar quem oferece pastel, porque isso nunca vai deixar de existir.
A faixa salarial baixa que você comentou eu também vejo por aqui, mas isso não depende dos profissionais não graduados ou não qualificados que aceitam qualquer coisa, isso varia de acordo com os clientes que cada agência/empresa atende, por mais que existam prostitutos de carteira assinada, os lugares que precisam de bons profissionais para atender bons clientes pagam um salário maior, apesar de nem sempre ainda assim, digno.

Por que o curso de graduação em Design não pode levar 6 ou 8 anos? Por que os graduados não tem que fazer uma prova como da OAB? Por que não incluir alguns anos de prática supervisionada em agências, empresas de comunicação, micro empreendimentos e ongs? Por que não copiar um padrão de ensino para todas as áreas? Porque não apenas o design é diferente, mas todas são diferentes entre si. O que já emenda com o próximo ponto.

3º - "Autodidatismo não é especialização." Entendo que a comparação até então com as outras áreas pode ser apenas no quesito que todas utilizam um curso específico para qualificar o profissional, por mais que estes cursos sejam completamente diferentes entre si, mas essa suposta solução continua sendo apenas uma cópia, é só rever os questionamentos acima. O problema está nos profissionais não qualificados, chamados de sobrinhos ou micreiros? O problema está na entrada de profissionais despreparados para exercer as funções?
A realidade que todos podem observar no mercado, por ser um fato, é que bons profissionais existem independente de formação, e o fator determinante na lei para considerar alguém como designer não se baseia (ou não deveria se basear) em selecionar ótimos designers ou designers ruins, como você mesmo disse: "O argumento 'ser bom', 'não ser bom' é tão fraco e irrelevantes quanto falacioso. Há bons e maus médicos, há bons e maus advogados, mas não importa se são bons ou maus - eles têm a graduação que determina se podem ou não serem chamados de médicos ou advogados", porém a realidade da área demonstra como a graduação não é fator classificatório para chamar alguém de designer ou um 'não-designer', o que deve determinar se alguém pode ou não ser chamado de designer é o seu conhecimento, fato esse observável na realidade do mercado. É simples e óbvio, na minha opinião. A graduação não apenas não serve como fator classificatório, como não garante a redução de profissionais despreparados entrando no mercado, disso surge minha proposta de prova avaliativa, o que pode garantir a qualidade necessária independente do meio de estudo individual.

Curso de graduação é um curso, ponto. Existem diversos cursos que também qualificam o profissional em design, e isso não reduz a importância de uma graduação, mas a importância tanto da graduação quanto dos outros cursos deve ser medida pelo conhecimento e qualidade que seus estudantes conseguem oferecer, não de forma automática.

4º - Autodidatismo é uma forma de se especializar. Eu aprendi a falar inglês por conta própria, até onde achei necessário, poderia continuar estudando mais de gramática e pronúncia, e ainda posso, mas não acho necessário. Isso torna meu conhecimento de inglês inferior ao da pessoa que pagou, um valor as vezes bem caro, por um curso de inglês? Talvez sim, talvez não, vai depender do curso, e esse é o ponto. O limite do conhecimento que o autodidata pode alcançar só depende dele, e o conteúdo aprendido será o mesmo ensinado em cursos, porque o acesso ao conteúdo é muito maior hoje em dia.
Também aprendi as ferramentas adobe por conta própria, mas quis pagar por um curso, que parecia ser o melhor por aqui, para aprender mais, "aprender de verdade" eu pensava, mas eu já sabia tudo o que foi ensinado e o curso só me rendeu um pedaço de papel, mas ainda existem cursos específicos que podem ensinar muitas coisas mais, e independente de como o profissional se encontre ele sempre poderá aprender mais.
Olhando o seu exemplo, olhar para trás e achar que seu trabalho passado era uma bosta é o mínimo que todo bom profissional deve fazer, em uma palestra do Behance Portfolio Review que teve por aqui um diretor de arte de uma agência de sampa chegou a falar isso, causou um pouco de polêmica, mas é a verdade, se você ainda acha que um trabalho de 2 anos atrás seu está muito bom, tem algo de errado, porque se estamos sempre progredindo também sempre vamos achar que nosso trabalho de ontem ficou horrível, porque hoje podemos fazer melhor.
A discussão então não se trata sobre a capacidade de um autodidata em exercer as funções de Design, ele pode ser, e muitas vezes é, melhor e mais qualificado do que alguém que se acomodou em um curso, isso é fato, a discussão passa a ser se oficialmente vamos reconhecer este profissional, e minha opinião é que sim, por razões óbvias, e se a única forma de contestar isso for através de comparações, não estaremos mais resolvendo problemas da área.

5º - A favor, com mudanças. As vezes a gente confunde quem é contra de quem é a favor com mudanças. Eu me posiciono a favor porque acho que a regulamentação pode trazer benefícios para a área, como valorização e aumento de salário, mas vejo muita gente se posicionando contra com bons argumentos, contra os sindicatos que em vez de proteger a classe querem dinheiro fácil, contra reserva de mercado, o que eu também concordo, e por isso mesmo acho que a lei deveria ser mais inclusiva do que exclusiva, e se preocupar sim com a acessibilidade da qualificação.
Na verdade não sei o que pode surgir disso, só sei que a PL parece ter sido feita "de qualquer forma", como já vi muita gente defendendo, foi apenas um primeiro passo e o resto a gente corrige com o tempo, a ideia aqui foi apenas buscar logo uma aprovação, tentar adiantar o processo, por mais que a lei não diga muita coisa, e o que diz ainda diz de forma torta. Não sabemos como se dará a comprovação dos anos de experiência, vários cursos de Design ficaram de fora da lista de cursos citada, e o melhor, a lei libera que as funções de um designer sejam exercidas por qualquer um, desde que não se intitule como designer, é uma forma de não causar maiores problemas caso consigam aprovação, as coisas continuarão iguais de certa forma. Imagino que qualquer um que não entre na classificação imposta pode se considerar um diretor de arte, diretor de criação, ou qualquer outra coisa, e continuar trabalhando com design, até que sejam criadas emendas e um sindicato.
Enfim, digo isso porque não concordo quando aparece o discurso de que quem se posiciona contra é acomodado, acha conveniente, ou não quer estudar. Isso nada tem a ver com preguiça ou falta de atitude, são constatações, a lei não foi bem escrita, não muda muita coisa, mas gera discussão, e devemos discutir observando o que é dito, não tentando imaginar como será a pessoa que está discutindo, senão caminhamos para o ad hominem.

Quando se diz que uma pessoa com bom conhecimento em design, um bom profissional em design, não pode ser reconhecido oficialmente como designer, eu gostaria de ouvir argumentos válidos para a área, porque isso é o que ainda estamos decidindo nessa discussão e na PL, não uma verdade.

Outro fator que parece não ter entrado nas discussões ainda é a questão das especializações dentro da área, já trabalhei com excelentes profissionais de web, focados na criação de layout de site e email marketing, com conhecimentos de interação com o usuário, mas que não tinham ideia de como desenvolver um logo, e no mesmo local existiam profissionais feras em criação de identidade visual mas que não mexiam com web, existem aqueles que entendem mais de branding, design de produto, que como você mesmo falou, são coisas bem diferentes. E todos são designers, saber quando aplicar alguma técnica, conhecer e dominar as técnicas, ser melhor ou pior em determinadas aplicações, tudo isso varia de acordo com o profissional e sua área de foco, e ainda assim todos são designers.

Uma sugestão interessante que cheguei a ler foi a participação em uma associação como forma de legalizar/qualificar o profissional para o exercício da função. Vou deixar o texto original aqui embaixo:

Um caminho possível, que foi adotado nos Estados Unidos, é o da criação de uma associação forte de designers profissionais, que não cobra diplomas nem faz provas de conhecimento para admitir novos associados (diferente do modelo europeu, que se parece com um club fechado, e exige aprovação de portfolio). Essa associação estadunidense chama-se AIGA, e foi fundada em 1914, numa sala com 20 pessoas. Hoje tem mais de 20.000 membros. Diferente do modelo de club (fechado, difícil pra entrar), a AIGA usa o modelo de hub, rede (aberto, fácil pra entrar, mas difícil pra ficar). Ao invés de fazer exigências na entrada, a AIGA cobra dos seus associados a obediência a um código de ética profissional.

Em troca dessa obediência, a AIGA oferece:

1. Apoio ao designer em todos os pontos da sua carreira, seja como estudante, recém formado ou designer com muitos anos de experiência.

2. Defesa do valor do design perante empresários, governo e sociedade.

3. Uma voz única, representativa do design, que fala em nome de todos eles, defendendo seus interesses quando necessário.

Para cada item citado acima, a AIGA desenvolve dezenas de programas e atividades, agindo diante de diversos públicos interessados, como os designers, profissões relacionadas, empresários, governo, sociedade civil. Através de diversas frentes de trabalho, o design deixa de ter apenas um nome chique, mas distante das pessoas, para ter uma voz e ser uma força cultural pró-ativa, que não simplesmente reage aos problemas, mas procura se antecipar a eles.
O que acham?
 
1º - Retorno financeiro não deve depender de títulos, principalmente em uma área que exige constante atualização e especialização. A qualificação por títulos que se está discutindo aqui, com base na PL, visa apenas enquadrar profissionais como designers ou não, ou seja, é uma base inicial, depois de classificados como profissionais dentro da lei os títulos não valem de nada, o que conta é a capacidade de cada um e seu portfolio dali pra frente. Portanto repito: o quanto um ou outro designer ganha depende do seu trabalho e dos resultados que traz na empresa onde estiver, quem define o salário de um profissional deve ser o próprio profissional, através de seu trabalho.


Desculpa, Siker, mas isso no mundo real não existe. É muito bonito na teoria, realmente deveria ser assim (eu, mais que ninguém, adoraria que fosse assim), mas não é. E, sem uma regulamentação a priori, nem vai existir. Sabe por que? Por que ainda não existe uma forma realmente válida de separar o joio do trigo. Não existem parâmetros para julgar bons e maus profissionais, porque para quem não entende como funciona o processo de criação no design, todo conceito de feio ou bonito, bom ou ruim, é subjetivo, portanto é necessário um ponto de partida para moldar esses conceitos.

Ainda confunde-se muito conceitos puramente abstratos, como talento, aptidão e criatividade, com profissionalismo e especialização. A maioria desconhece que o talento, a aptidão e a criatividade são habilidades que necessitam de lapidação e metodologia, e as ideias obedecem toda uma cadeia de processos - ainda pensa-se muito que as ideias são clarões ou frutos de brisa, quando na verdade são fruto de um esforço contínuo de pesquisa humana, comportamental e científica que racionaliza e educa o fluxo criativo.

Eu já posicionei meus argumentos, e minhas justificativas perante o dilema - a regulamentação é necessária e, mesmo que eu veja uma série considerável de ressalvas a serem feitas a longo prazo - mas ainda assim penso que é melhor que ela exista, do que continuemos lidando com a prostituição profissional. Seus argumentos são bons e muito válidos, mas como profissional graduada e ativa, não concordo com vários pontos da sua posição. ;)


Uma sugestão interessante que cheguei a ler foi a participação em uma associação como forma de legalizar/qualificar o profissional para o exercício da função. Vou deixar o texto original aqui embaixo:

Um caminho possível, que foi adotado nos Estados Unidos, é o da criação de uma associação forte de designers profissionais, que não cobra diplomas nem faz provas de conhecimento para admitir novos associados (diferente do modelo europeu, que se parece com um club fechado, e exige aprovação de portfolio). Essa associação estadunidense chama-se AIGA, e foi fundada em 1914, numa sala com 20 pessoas. Hoje tem mais de 20.000 membros. Diferente do modelo de club (fechado, difícil pra entrar), a AIGA usa o modelo de hub, rede (aberto, fácil pra entrar, mas difícil pra ficar). Ao invés de fazer exigências na entrada, a AIGA cobra dos seus associados a obediência a um código de ética profissional.

Em troca dessa obediência, a AIGA oferece:

1. Apoio ao designer em todos os pontos da sua carreira, seja como estudante, recém formado ou designer com muitos anos de experiência.

2. Defesa do valor do design perante empresários, governo e sociedade.

3. Uma voz única, representativa do design, que fala em nome de todos eles, defendendo seus interesses quando necessário.

Para cada item citado acima, a AIGA desenvolve dezenas de programas e atividades, agindo diante de diversos públicos interessados, como os designers, profissões relacionadas, empresários, governo, sociedade civil. Através de diversas frentes de trabalho, o design deixa de ter apenas um nome chique, mas distante das pessoas, para ter uma voz e ser uma força cultural pró-ativa, que não simplesmente reage aos problemas, mas procura se antecipar a eles.
O que acham?

ISSO funciona, queridão. Os profissionais docentes que conheço, e que vivem em pé de guerra com o clubismo babaca da ADG Brasil, estão batalhando nisso. Eis o segundo gume da faca: a regulamentação irrestrita somente irá fortalecer o espírito clubista de uma minoria elitista demais para reconhecer que existem bons profissionais baseados no autodidatismo. A diferença da minha defesa é que me posiciono em prol de nivelar a profissão por cima - profissionais não especializados deveriam buscar o máximo de especialização oficial possível para, somente assim, de fato merecer o título de designer - ao invés de simplesmente elitizar a profissão. Ou querer ganhar no grito, como vários que são contra estão tentando fazer.
 
Tio Fëa, a deslealdade está no fato de sermos todos nivelados por baixo. Se há uma maioria de não-graduados que aceita trabalhar por preços e salários pífios, há uma subvalorização da categoria.

A nivelação por baixo é algo imposto à força? Se não for, não vejo injustiça ou deslealdade.

Profissionais que se dedicam mais não conseguem obter condições melhores? Caso a resposta seja realmente negativa, talvez o problema seja com a demanda, que ainda não é suficientemente desenvolvida para requerer tantos profissionais mais qualificados. Afinal, quem deve determinar se alguém é bom o suficiente para prestar um dado serviço é o cliente, não o governo. Mas isso não impede a existência de soluções privadas que visem garantir ao mercado certificações de que certos profissionais são de fato mais habilitados e atendem certos requisitos, o que certamente seria necessário em áreas mais críticas, como a medicina (cuja demanda por profissionais mais qualificados talvez seja uma das maiores dentre todas as profissões, o que tenderia a naturalmente ensejar o desenvolvimento de tais soluções).

Se há quem esteja disposto a ofertar seu serviço por valores relativamente inferiores, e os clientes se sentem satisfeitos com os serviços prestados por esses indivíduos, então não há nada de errado. São acordos mutuamente benéficos, realizados pacificamente. Certamente é muito mais arbitrário e injusto um ente externo interferir nesse acordo e proibi-lo, segundo argumentos de que o cliente (que já estava satisfeito) não pode contratar o prestador do serviço por valores inferiores a um dado montante e que o prestador precisa ter requisitos adicionais x, y z (que o contratante não valoriza, caso contrário teria procurado alguém com essas características).


Mas é claro que a regulamentação implica na melhoria do ensino. Se há a exigência de profissinais mais qualificados, a própria competitividade irá criar a procura por instituições melhor rankeadas. Isso é um tanto quanto óbvio. Instituições de ensino com melhor reputação são determinantes no ato da contratação.

São determinantes mesmo? Mas então porque o diploma e sua origem não parecem fazer tanta diferença hoje? Se a diferença é assim tão importante, o gradiente de seleção e remuneração deveria ser muito maior hoje de que eventualmente seria após uma obrigatoriedade de diplomação. Com esta, abriria-se a porta para cursos caça-níquel, visto que o requisito legal passou a ser a mera posse do diploma. Isso na verdade já acontece com inúmeros cursos Brasil afora. Se o tal gradiente não existe hoje, é porque a demanda não vê tão distintamente (ou não se importa com) o valor diferencial produzido pelos ofertantes.

Se não há lei que regulamenta uma profissão, não há o que obrigue o pseudoprofissional a seguir regras.

Podem haver mecanismos de mercado que estimulem o indivíduo a seguir certo conjunto de regras e princípios para maximizar seu retorno. Honestidade e carisma, por exemplo, não são impostas por lei. Mas certamente fazem o diferencial em praticamente qualquer profissão.

Já diria Bastiat que, se os indivíduos tem o direito de defender suas vidas, liberdades e propriedades, então a lei comumente estabelecida para proteger esses direitos individuais inalienáveis não deveria ir além de tais funções. Quanto mais ela se afasta disso, mais injusta ela se torna.


E, desculpa, isso de "impedir milhares de pessoas de ofertar livremente seus serviços para conquistar o ganha-pão diário" não cola. Chega a ser engraçada, para não dizer irritante, a tentativa de desqualificar a importância da graduação em design com argumentos como esses. Quer ganhar o pão? Estude. Quer ser um profissional competitivo? Estude ainda mais, ora porra, ao invés de se escorar em vitimismo barato.

Como eu te disse, eu sou um porco capitalista de bom coração :g:
Mas veja, eu não estou desqualificando a importância da graduação emm design. Eu não sou ninguém para fazer isso. Quem tem que saber se ela é ou não importante são aqueles que demandam os serviços.
É lógico que as pessoas precisam estudar e se esforçar para conseguir o ganhar o sustento, não tô negando isso. Só tô negando que esse esforço e estudo tenham que ser obrigadoriamente impostos à força por uma entidade externa, que diga quanto e o quê alguém tem que se esforçar e estudar para conseguir ganhar determinado valor. Quem determina o salário do indivíduo é o valor que este cria para o mercado. Não é mérito, não é decreto (ou não deveria ser), é apenas o valor criado.


Mas agora deixa eu fazer uma ressalva em seu favor, diante de uma constatação que cheguei após refletir sobre seu post. Há um problema de outra ordem que é a posição relativa do design diante das demais profissões reguladas. É evidente que, havendo profissões reguladas, os rendimentos daqueles que se situam dentro desta serão maiores, dada a criação de reserva de mercado. Como o design (mas não somente ele) é (era) uma profissão não-regulamentada, é também evidente que, mantido tudo mais constante, sua remuneração será relativamente inferior. Então sim, pode parecer injusto que o design não seja regulado, quando tantas outras profissões são. E eu concordo. Mas ao meu ver a fonte da injustiça não reside na não-regulação do design, mas sim na regulação das demais profissões. É evidente que a solução mais fácil para nivelar o design com as demais profissões é enquadrá-la no arcabouço regulatório. Mas isso não é o que eu considero justo, tampouco melhor para a sociedade. Mas na impossibilidade da alternativa (desregular tudo), talvez regular o design seja uma opção second best. Até porque, nesse caso, o mercado consumidor não é tão amplo, geralmente empresas/entidades de porte médio a grande.

Mas note que eu fiz a ressalva do "mantido tudo mais constante". É evidente que existem outros fatores tão ou mais importantes para determinar o nível do rendimento, como a demanda do mercado.



Uma sugestão interessante que cheguei a ler foi a participação em uma associação como forma de legalizar/qualificar o profissional para o exercício da função. Vou deixar o texto original aqui embaixo:

Um caminho possível, que foi adotado nos Estados Unidos, é o da criação de uma associação forte de designers profissionais, que não cobra diplomas nem faz provas de conhecimento para admitir novos associados (diferente do modelo europeu, que se parece com um club fechado, e exige aprovação de portfolio). Essa associação estadunidense chama-se AIGA, e foi fundada em 1914, numa sala com 20 pessoas. Hoje tem mais de 20.000 membros. Diferente do modelo de club (fechado, difícil pra entrar), a AIGA usa o modelo de hub, rede (aberto, fácil pra entrar, mas difícil pra ficar). Ao invés de fazer exigências na entrada, a AIGA cobra dos seus associados a obediência a um código de ética profissional.

Em troca dessa obediência, a AIGA oferece:

1. Apoio ao designer em todos os pontos da sua carreira, seja como estudante, recém formado ou designer com muitos anos de experiência.

2. Defesa do valor do design perante empresários, governo e sociedade.

3. Uma voz única, representativa do design, que fala em nome de todos eles, defendendo seus interesses quando necessário.

Para cada item citado acima, a AIGA desenvolve dezenas de programas e atividades, agindo diante de diversos públicos interessados, como os designers, profissões relacionadas, empresários, governo, sociedade civil. Através de diversas frentes de trabalho, o design deixa de ter apenas um nome chique, mas distante das pessoas, para ter uma voz e ser uma força cultural pró-ativa, que não simplesmente reage aos problemas, mas procura se antecipar a eles.
O que acham?

Taí, bacana! Típica solução privada para solucionar esse tipo de problema. E com certeza muito mais justa do que uma imposição estatal.
 
Desculpa, Siker, mas isso no mundo real não existe.
Eu disse isso olhando a minha realidade, essa última frase é do meu chefe atual, mas meu último ex-chefe também pensava assim. É claro que toda empresa estará presa dentro de seus limites financeiros, em época de crise principalmente, muitos clientes são perdidos, muitos gastos precisam ser cortados, mas mesmo dentro deste limite existe a valorização dos resultados que o profissional é capaz de oferecer, e isso reflete no salário, em aumentos, horários flexíveis, etc. Buscar agências e empresas que valorizam seus profissionais e rejeitar chefes ignorantes faz parte dessa luta pela valorização da área, e é o que me esforço para conseguir.

Eu já posicionei meus argumentos, e minhas justificativas perante o dilema - a regulamentação é necessária e, mesmo que eu veja uma série considerável de ressalvas a serem feitas a longo prazo - mas ainda assim penso que é melhor que ela exista, do que continuemos lidando com a prostituição profissional. Seus argumentos são bons e muito válidos, mas como profissional graduada e ativa, não concordo com vários pontos da sua posição. ;)
Obrigado pelos argumentos, também foi bom conhecer seu ponto de vista. ;)

A diferença da minha defesa é que me posiciono em prol de nivelar a profissão por cima - profissionais não especializados deveriam buscar o máximo de especialização oficial possível
A princípio penso na melhor forma de nivelar (sem ser por baixo ou por cima) de uma forma que não exclua os profissionais que já estão no mercado, mas concordo que será bom exigir mais qualificações do profissional no futuro, só que talvez antes precisaremos oficializar as especializações que já são capazes de qualificar os profissionais hoje, mesmo que no momento não sejam ainda oficiais, infelizmente.
 
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Respeito muito o empenho de sua irmã, mas isso não faz dela uma designer.
Isso faz dela uma pessoa esforçada, curiosa e criativa, que soube aproveitar a oportunidade e com certeza fez coisas bacanudas que a ajudaram a ganhar alguma grana, tenho certeza disso. Mas não, ela não tem aptidão técnica. Não se ofenda, mas não há forma delicada de dizer isso. Saber dar vacina nos meus bichos não faz de mim uma veterinária.
São quatro fucking anos de faculdade, amigo, e lá não ficamos quatro anos só aprendendo Photoshop e Corel. A porra lá é séria.

O detalhe é que ela não é apenas uma fuçadora empenhada que tem facilidade de aprender rápido e mexer muito bem em Photoshop, Corel, 3DStudio, Dreamweawer, Flash, Solidworks, Autocad (que são os que lembro de imediato) entre outros softwares gráficos, como também com desenho a mão. Como boa autodidata pedia emprestado ou baixava na rede e pesquisava e lia bastante todas as literaturas técnicas relacionadas ao assunto inicialmente recomendadas por uma prima minha que é formada em Artes Gráficas pelo Senai.

A ideia de ganhar dinheiro fazendo esses trabalhos surgiu quando minha prima entre 2000 e 2001 tinha um excedente de trabalho do qual ela não podia dar conta e sabendo que notava nela uma boa afinidade pra isso decidiu conversar, apostou sem nenhum medo nela e deu muito certo, pois foram quase seis anos como "freela" fazendo bons trabalhos, dos quais dois em especial foram muito bem elogiados por uma ex-professora da escola Panamericana de Design e outro pelo coordenador da Faculdade Paulista de Artes de Sampa. Evidentemente ambos a incentivaram a estudar e se aperfeiçoar tanto no design como em marketing e publicidade não por acharem que os trabalhos não tinham qualidade profissional suficiente, mas por verem que ela tinha aptidão e capacidade pra ir bem mais longe, mas ela sempre deixou bem claro que por mais que até gostasse de trabalhar com isso, seu sonho como meta profissional e de graduação era a Veterinária, a qual se formou, pós-graduou e segue bem na meta que escolheu.

Mas o fato é que os trabalhos foram bem feitos e aceitos e alguns foram preferidos, no lugar de outros feitos por estagiários formandos de escolas renomadas e se quisesse ter seguido nesse segmento complementando com mais aperfeiçoamento teria um caminho muito promissor. É claro que não estou e jamais vou desmerecer quem se dedicou muito pra aprofundar e especializar em seus estudos, ampliar seu horizonte de conhecimento e isso nunca deixará de ser muito importante em qualquer carreira, mas não dá pra negar que nem sempre quem fez todos os cursos possíveis, de forma 100% garantida será sempre o melhor, o mais criativo, o mais talentoso, o mais fodão e mais bem preparado profissional. Desculpe mas eu não acredito nisso ao pé da letra não.
 
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Fúria, sua irmã é uma exceção. Apenas.

Profissionais que se dedicam mais não conseguem obter condições melhores? Caso a resposta seja realmente negativa, talvez o problema seja com a demanda, que ainda não é suficientemente desenvolvida para requerer tantos profissionais mais qualificados. Afinal, quem deve determinar se alguém é bom o suficiente para prestar um dado serviço é o cliente, não o governo.
(...)
Se há quem esteja disposto a ofertar seu serviço por valores relativamente inferiores, e os clientes se sentem satisfeitos com os serviços prestados por esses indivíduos, então não há nada de errado. São acordos mutuamente benéficos, realizados pacificamente. Certamente é muito mais arbitrário e injusto um ente externo interferir nesse acordo e proibi-lo, segundo argumentos de que o cliente (que já estava satisfeito) não pode contratar o prestador do serviço por valores inferiores a um dado montante e que o prestador precisa ter requisitos adicionais x, y z (que o contratante não valoriza, caso contrário teria procurado alguém com essas características).

Fëa, nesse caso o impasse da demanda profissional na área esbarra em uma característica cultural que já está nascendo torta. Há muita necessidade de trabalho qualificado no país, sim. Mas tanto clientes particulares quanto empresas querem bons serviços, só que pagando pouco, ou quase nada. A realidade do mercado atual - fora das agências, obviamente, onde o profissional é procurado com um perfil característico, é compreendido por sua formação e seu desempenho, e trabalha sob condições de jornada de trabalho e ambiente diferenciados - é que quase ninguém sabe o que um designer faz.

Explicando rapidamente:

Empresas que compreendem a importância da divulgação de uma empresa contratam agências, e empresas que desejam um tratamento mais diferenciado contratam um designer corporativo que integram uma 'agência interna' em tempo integral. Os profissionais de agências trabalham regurgitando ideias 24h por dia para uma carteira que às vezes compreende diversas empresas - o que é extenuante, pois há a necessidade de se ter milhares de ideias e concepções visuais diferentes adequadas a diferentes perfis de clientes com os prazos mais absurdos possíveis.

Já o designer corporativo vira o 'severino' da empresa, o que é igualmente ou mais extenuante, pois os outros departamentos tendem a requerer coisas por vezes absurdas fora de hora, não respeitam nem o espaço quanto o timing do profissional (que é interrompido diversas vezes pelos mais variados motivos), e se vêem sujeitos a imposições da própria empresa a tarefas das mais variadas naturezas (claro, afinal o profissional é 'criativo' e com certeza terá uma ideia maravilhosa para resolver o problema do porquê a água gira em sentido antihorário toda vez que o patrão dá descarga no hemisfério norte). O resultado é uma pulverização de foco totalmente justificada, que não raro culmina na demissão do profissional, que fica sem entender onde errou.

Lidamos então com uma realidade incômoda e perversa de várias empresas: não enxergar o profissional como alguém que está ali para criar e melhorar a comunicação e a imagem de sua empresa, mas como um mero acessório que 'fica o dia inteiro desenhando' e 'cobra um absurdo e demora horrores para fazer um desenho', quando não tendo de lidar com favorzinhos pessoais de patrões e funcionários. A visão que se tem do profissional designer ainda é muito deturpada, limitada e sujeita a gostos e opiniões pessoais de todo tipo.

O que faz a maioria esmagadora de designers formados a votar pela regulação - mesmo com sérias ressalvas, como eu - é que sabemos que a demanda existe, mas ela é mal direcionada por aspectos puramente culturais. Não raro, vemos designers corporativos tendo de desempenhar tarefas de suporte e TI (... meu caso) porque 'a gente mexe com computador, e computador é tudo a mesma coisa'. A regulação poderá, a priori, ajudar as empresas a entender o real papel do profissional. Não há como exigir ou impor o cumprimento de regras se elas não existem. E enquanto isso, o profissional será explorado, seja ele graduado ou não.

São determinantes mesmo? Mas então porque o diploma e sua origem não parecem fazer tanta diferença hoje? Se a diferença é assim tão importante, o gradiente de seleção e remuneração deveria ser muito maior hoje de que eventualmente seria após uma obrigatoriedade de diplomação. Com esta, abriria-se a porta para cursos caça-níquel, visto que o requisito legal passou a ser a mera posse do diploma. Isso na verdade já acontece com inúmeros cursos Brasil afora. Se o tal gradiente não existe hoje, é porque a demanda não vê tão distintamente (ou não se importa com) o valor diferencial produzido pelos ofertantes.

Bom, cursos caça-níquel existem nas mais diversas áreas, vai do profissional investir seu dinheiro nele ou não, certo? A origem do diploma é mais importante na área do que possa pensar, pois estamos vendo o germe de empresas que realmente consultam as instituições de formação e seu desempenho, justamente pelo receio da contratação de micreiros. Isso deveria funcionar como um filtro, mas a realidade ainda não é tão generosa no Brasil. Graduados, bons autodidatas e micreiros são enfiados todos no mesmo balaio, sacudidos e retirados para compor um lindo poema dadaísta.

Ainda existem empresas que se contentam com serviços ruins, simplesmente porque não sabem diferenciar um trabalho ruim de um bom, ou não querem pagar por um profissional bom. É nisso o que a regulação tenta impedir, argumentando como 'concorrência desleal': "Eu não quero pagar/não sei a diferença entre um bom e um mau profissional/não conheço a real utilidade desse profissional" esbarrando em milhares de recém-formados graduados duros e desempregados se acotovelando contra a turba de autodidatas (quase nunca bons no que fazem) barateiros. É um impasse complicado, sempre cai no primeiro ponto observado por você, e então a discussão cai num loop eterno, cansativo e infrutífero.

Mas veja bem, desde o início não sou a favor de proibir ou impedir não graduados de exercerem sua profissão. Sou a favor de uma regulação que diga "não, você não pode pagar isso/fazer isso com esse profisssional", para acabar com a bagunça. :lol:
 
Um dos méritos da regulamentação é o de adicionar uma informação (a questão da formação) para que o mercado consiga tomar decisões com mais eficiência. Um cara só pode utilizar o título de designer se fez este e aquele curso, se se inseriu na tradição acadêmica relativa àquela profissão. A média de qualidade destes profissionais formados será certamente superior à de meros freelancers, e aí fica mais fácil para os empregadores decidirem entre preço e qualidade.

Isso poderia ser feito em teoria pela iniciativa privada, como no exemplo citado pelo Siker, de constituição de um órgão de classe independente. Pode até ser que relegar regulamentação de profissões para a iniciativa privada seja melhor, mas tem um detalhe: isso seria um projeto político gigantesco, de tomar conta de mandatos inteiros e de bater de frente com sindicatos, associações de classe, etc.

Acaba que envolve valores culturais extremamente arraigados também. De um lado, o espírito anglo-saxão de livre iniciativa, do outro, soluções mais centralistas.

Sobre reserva de mercado, existem profissões mais fáceis de se regular e fiscalizar (engenheiro, advogado, médico, contador, etc.) e outras mais difíceis (administrador, jornalista). Acho que design, pelo menos o gráfico, se aproxima mais do último grupo. É difícil proibir alguém sem formação de prestar esse tipo de serviço.
 

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