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Rashomon (Rashomon, Japão, 1950)

Sua nota para o filme:


  • Total de votantes
    7

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
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Sinopse: Japão, século XI. Durante uma forte tempestade, um lenhador (Takashi Shimura), um sacerdote (Minoru Chiaki) e um camponês (Kichijiro Ueda) procuram refúgio nas ruínas de pedra do Portão de Rashomon. O sacerdote diz os detalhes de um julgamento que testemunhou, envolvendo o estupro de Masako (Machiko Kyô) e o assassinato do marido dela, Takehiro (Masayuki Mori), um samurai. Em flashback é mostrado o julgamento do bandido Tajomaru (Toshirô Mifune), onde acontecem quatro testemunhos, inclusive de Takehiro através de um médium. Cada um é uma "verdade", que entra em conflito com os outros.

Direção: Akira Kurosawa

Elenco: Toshirô Mifune, Machiko Kyô, Masayuki Mori, Takashi Shimura, Minoru Chiaki, Kichijiro Ueda

Trailer

IMDb

Curiosidades:

- Foi o 1º filme a ter uma cena em que a câmera apontava diretamente para o sol.

- Visando um público maior, a RKO Radio Pictures também lançou uma versão dublada de Rashomon nos cinemas dos Estados Unidos.

- A categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar apenas passou a existir em 1956. Antes disso em alguns anos a Academia premiou um filme com um Oscar honorário, referente a esta premiação, como ocorreu com Rashomon.

- Refilmado como Rashomon (1960), Rashomon (1961), Quatro Confissões (1964) e Labirinto do Crime (1991).
 
Última edição:
Esse filme do Kurosawa foi baseado em dois contos do escritor moderno japonês Ryunosuke Akutagawa: o Rashomon e o No matagal. Quem quiser saber mais, dá uma pousada no tópico sobre o autor!

O filme é muito bonito, mas eu precisaria revê-lo pra comentar melhor. Lembro só de ter ficado maravilhado, como acho que todo mundo também fica, com a iluminação, a forma como a luz literalmente atua no filme. Se pegarmos os significados arquetípicos da luz, é interessante ver como o Kurosawa a tornou em algo subjetivo, quando nós só conseguimos pensá-la como "levar à conclusão final", ao definitivo.
 
Última edição:
Uma coisa interessante que eu notei: nos três primeiros relatos há uma necessidade de preservar a honra do samurai morto. Apenas na quarta história, onde o teor heroico das demais não se aplica, é que temos um questionamento desse princípio. Todos os envolvidos são expostos como meramente humanos, não há espaço para um sacrifício heroico por harakiri ou um duelo por motivo justo. Até o presente momento, de todos os filmes japoneses que tenho visto, NENHUM transmite aquele ideal de bushido d'O Último Samurai, o gênero só questiona questiona e questiona.

E @Mavericco , você tem razão: é fácil ficar perdido no simbolismo prático, mas ali a luz é tão subjetiva quanto os relatos, como se aquela fosse um espelho desses.

BTW, sabia que já tinha visto o lenhador em algum lugar - o Takashi Shimura fez muitos outros filmes com Kurosawa (Viver, Os Sete Samurais, O Anjo Embriagado, etc.), mas a maioria deve lembrar mesmo dele como o cientista receoso em matar Godzilla no filme homônimo de 1950.
 
Última edição:
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Na net tem mais de uma versão do mesmo quadro. Essa está maior:

bushido-virtues.jpg

Para poder ter acesso a um pouco do que foi o Japão que moldou a época dos Samurais eu recomendo um filme japonês de 1974, chamado Himiko que é sobre um tempo que precede em muito os samurais. (talvez você até já tenha visto)

Na história eles falam dos costumes que existiam e que influenciaram as maneiras do "old-bushido". No filme do Keanu Reeves, 47 Ronins, o assunto é superficialmente mencionado (a separação entre a prática antiga e nova do bushido) pelo Xogum quando finalmente entende as razões pelas quais os guerreiros estavam lutando desde o começo e é legal ver que tem nota interessante histórica citando os túmulos originais deles como locais de visita, peregrinação, etc...

Mas enfim, existem alguns filmes que expõem a carência provocada pelo fato de o cinema ter se desenvolvido inicialmente no ocidente em que percebemos que ainda existe uma lacuna enorme sobre como eram os tempos da antigüidade no oriente e na ilha. "Himiko" é um deles. O pior é que não lembro de nenhum filme recente atual nem tendência que venha a abordar esse tema tão cedo.

Historicamente sabe-se que antes de a nobreza japonesa começar a ir estudar e ser influenciada pela China houve uma antigüidade conturbada em que o reino dos japoneses ainda estava lutando pelo controle das tribos bárbaras que viviam originalmente naquelas terras.

É nesse contexto complexo do filme que ficamos sabendo que como muitas sociedades antigas aqueles povos eram sociedades matriarcais vindo a assumir o poder uma mulher que ficou conhecida como "rainha xamã" concentrando funções de profetiza, governante, oráculo e sacerdotisa, a "deusa do sol" que buscava submeter as vilas das "sacerdotisas da terra" das tribos bárbaras que veneravam a divindade do rio.

O cenário é de um tempo muito cruel, as construções são de pedra (como na europa) e não havia ainda a suavidade dos templos feitos de madeira, celebrando a renovação periodicamente, nem os conceitos de caridade nem bondade com os seres vivos que o budismo trouxe depois. Espere cenas a la "Game of Thrones", rituais de purificação que são mais como bacanais e tal e coisa...

Havia então, segundo o filme, uma espécie de versão da lei de talião ("olho por olho") em que a sabedoria era pesadamente movida pela política e a manipulação das forças positivas e negativas (yin-yang) podia ser ignorada facilmente se o líder que interpretasse estivesse louco ou de má-vontade (como em nosso mundo, a bem da verdade, há quem produza o equivalente a bombas atômicas a partir do impacto da relatividade de Einstein nas ciências humanas gerando um relativismo anárquico e destrutivo).

Por sinal, comenta-se que o xintoísmo tendia a ser visto com freqüência com um peso mais político que religioso, contendo cerimônias que se realizavam em grade parte como algo mecânico a se socializar sem que o grande público associasse a rotina e por incrível que pareça se visitava os templos sem que o povo viesse para dar significado espiritualista ou religioso como se faz no ocidente com nossas religiões.

Talvez, e em parte por herança chinesa, todavia há muitos jovens hoje no oriente que acendem velas não apenas para Buda, mas para Cristo e tudo aquilo ou aquele que possa ajudar ou estar a favor de uma causa "Só para garantir" e não esquecer ninguém.

Em que aqui no caso, se não me engano é isso que ocorre na história dela. Ela arruma um amante e suas profecias começam a ficar viciadas ao ponto de tirarem ela do poder. Daí então, durante a morte da Himiko, das 1000 mulheres que a serviam, 100 delas são enterradas vivas (eu não me admiraria em saber que tem tanta história de bosque assombrado no Japão depois dessas histórias milenares de horrores escabrosos). Quer dizer, games como Fatal Frame tocam levemente o que ocorria nessas vilas perdidas do mapa no ano zero ou A.C. (antes de Cristo)

Bem, fica aí a dica do trailer sobre o efeito das sacerdotisas da terra no Japão do futuro. É o tipo de história que tem mais tempo pra explicar mais sobre o Japão do que filmes de ação. Como curiosidade, há atualmente forças na sociedade buscando recuperar o poder matriarcal dessas sociedades antigas uma vez que elas não deixaram de existir apesar dos conflitos. De algum modo as convulsões violentas do passado ainda estão impactando nos dias de hoje de um jeito imprevisível como na época dos samurais.

 
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No filme do Keanu Reeves, 47 Ronins, o assunto é superficialmente mencionado (a separação entre a prática antiga e nova do bushido) pelo Xogum quando finalmente entende as razões pelas quais os guerreiros estavam lutando desde o começo e é legal ver que tem nota interessante histórica citando os túmulos originais deles como locais de visita, peregrinação, etc...

Mas Neoghoster, muitos críticos mencionam que o evento nem pode ser considerado um exemplo de lealdade ao senhor deles - afinal, eles levaram um ano pra realizar tudo. Se o cara tivesse morrido antes, e aí? :tsc:
(E ainda quero socar o @Mercúcio por me recomendar esse filme.)

Um texto interessante sobre a forma final do bushido moderno em relação às práticas do passado: http://www.koryu.com/library/kfriday2.html
 
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Mas Neoghoster, muitos críticos mencionam que o evento nem pode ser considerado um exemplo de lealdade ao senhor deles - afinal, eles levaram um ano pra realizar tudo. Se o cara tivesse morrido antes, e aí? :tsc:
(E ainda quero socar o @Mercúcio por me recomendar esse filme.)

Um texto interessante sobre a forma final do bushido moderno em relação às práticas do passado: http://www.koryu.com/library/kfriday2.html

Darei uma olhada no link.

Então, essa parte foi para ilustrar que a superficialidade da abordagem do ensinamento do guerreiro ecoa tanto a conveniência política do Xogum quanto a conveniência cinéfila dos produtores que é um outro tipo de política (evitando entrar na análise da decisão do cara).

Houve manipulação para justificar atrocidades em nome dos ensinamentos e suas evoluções, incluindo o desperdício de homens valorosos. Em miúdos, há um personagem coerente com a corrupção política da época (que pra mim o Tengu parece ser o mais consciente dessa decadência social no filme). No que em questão de lealdade o chefão geral feudal no fim demonstra estar perdido (ele apoiou abertamente o inimigo).
 

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