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"Chatô", o filme mais longo de todos os tempos

Galford Strife

Jedi Master
Há 20 anos "Chatô" se arrasta, inconcluso, numa trama que combina má gestão de dinheiro público, um diretor ambicioso e processos judiciais

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LONGE DOS CINEMAS
Guilherme Fontes diante de uma projeção de Chatô. O projeto era maior que sua experiência
Capítulo 1

O JOVEM VISIONÁRIO

No final de 1994, uma mesa no restaurante Plataforma, no Rio de Janeiro, reuniu o escritor Fernando Morais, o cineasta Luís Carlos Barreto, o Barretão, e o jornalista Eric Nepomuceno. Fernando estava no Rio para uma noite de autógrafos de seu livro Chatô – O rei do Brasil, biografia do empresário Assis Chateaubriand. Na mesa ao lado, jantavam o ator Guilherme Fontes, sua mulher, Cláudia Abreu, e a amiga Malu Mader. Guilherme tinha 27 anos e uma carreira brilhante até ali. Era um ator inteligente e ousado. Naquele ano, protagonizou ao lado de Vera Fischer a peça Desejo, dirigida por Ulysses Cruz. Antes da estreia, numa briga com os atores, o diretor tentou impedir na Justiça as apresentações. Guilherme assumiu a produção, arrumou outro diretor e a temporada foi um enorme sucesso, o que o encheu de confiança.

No restaurante, o ator chamou de lado Fernando Morais, que conhecera ali, e cochichou: “Se você estiver negociando os direitos de Chatô com o Barretão, não fecha com ele porque eu quero fazer uma proposta”. De fato, Fernando e Barretão negociavam desde antes de o livro chegar às prateleiras. Barretão recebeu em primeira mão as provas da biografia e ofereceu US$ 75 mil para adaptá-la para o cinema. Mesmo sem experiência no ramo, Guilherme estava convencido que aquele filme era seu. Em encontros seguintes com o autor, fez uma proposta irrecusável: pagaria US$ 150 mil e mais 10% da receita de cada produto comercial lançado. Metade do dinheiro foi paga quando fecharam o negócio.

O primeiro resultado desse acordo veio no ano seguinte. Guilherme assinou contrato de R$ 1 milhão para produzir uma série de documentários sobre Chateaubriand para a Globosat, dirigida por Walter Lima Júnior. O ator começou a circular por Brasília. Conheceu o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro da Cultura, Francisco Weffort. Sedutor e articulado, tinha trânsito fácil em qualquer roda. Em novembro de 1995, conseguiu a assinatura de Weffort para um projeto ousado de R$ 12 milhões, um dos maiores orçamentos do cinema brasileiro até ali. Previa fazer um filme com 50 locações, 5 mil figurantes, gravado em cinco Estados e com cenas em Nova York, Londres e Paris. O dinheiro viria de incentivo fiscal através da Lei Rouanet e da Lei do Audiovisual. O filme seria lançado em 1997.

Guilherme se mostrou um excelente captador de recursos. A fama na TV lhe garantia acesso a executivos do primeiro escalão das empresas. Ligava diretamente para presidentes de companhias, era recebido e ouvido com atenção. No primeiro ano, conseguiu R$ 1,2 milhão da Volkswagen, R$ 700 mil da antiga Telesp, R$ 380 mil da Ipiranga e R$ 320 mil da White Martins. No ano seguinte, arrancou R$ 1 milhão da Petrobras, R$ 280 mil do BNDES, R$ 440 mil do Citibank e R$ 480 mil da Credicard. Numa situação absolutamente atípica para o mercado, seu advogado chegava a receber ligações de empresas interessadas em patrocinar o filme. Guilherme estipulou novo prazo de lançamento, para o final de 1999. Estimava que seu Chatô teria 5 milhões de espectadores e a bilheteria renderia US$ 25 milhões. Aos 29 anos, deu entrevista a um jornal que o apresentou, em título, como “O novo Barretão”.

O sucesso do jovem ator despertou ciúme no mercado cinematográfico e no próprio Barretão, já preterido na venda dos direitos autorais. Guilherme estava no auge. Depois do fim do relacionamento com Cláudia Abreu, namorava a não menos linda Luana Piovani. Deu um passo ainda mais ambicioso: imaginou que poderia fazer de seu filme uma produção internacional, estrelada por Dustin Hoffman e coproduzida por Francis Ford Coppola, famoso diretor da trilogia O poderoso chefão e de Apocalypse now. O personagem Assis Chateaubriand, acreditava, tinha uma história de fôlego para sustentar o interesse estrangeiro. Guilherme conheceu um associado de Coppola e entabulou conversas para uma possível associação. Em dezembro de 1997, conseguiu um empréstimo de R$ 530 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para a compra de equipamentos. E convidou Coppola para vir ao Brasil com tudo pago. Era o início de uma aventura cara.

Capítulo 2

O PODEROSO CHEFÃO

No final de dezembro, Coppola desembarcou no Rio com a mulher, os filhos e os cunhados. Guilherme o esperava com um Lincoln preto, que os levou até o Copacabana Palace, onde ficaram hospedados. Depois foram de helicóptero até Angra dos Reis, onde o ator havia alugado uma ilha para o Réveillon. Os dois receberam a imprensa em trajes de praia para falar da parceria. Os termos do acordo eram vagos. Depois da virada do ano, o cineasta americano foi a um teatro do Rio para ouvir uma leitura do roteiro de Chatô, escrito por João Emanuel Carneiro. Coppola achou um pouco convencional e colocou um roteirista experiente de seu time, Mathew Robbins, para reescrever a história. Para se inspirar, Mathew veio ao Rio, passou uma semana no Copacabana Palace, pegou um avião para o Recife, depois um helicóptero para conhecer Umbuzeiro, cidade natal de Chateaubriand, e retornou a Los Angeles.

Guilherme pegou emprestados mais R$ 2 milhões com a Finep e viajou para os Estados Unidos para comprar equipamentos da finalizadora de Coppola, a Zoetrope. Pretendia montar no Brasil uma filial da empresa para finalizar Chatô e outros filmes, o que poderia funcionar como uma fonte de renda extra para o projeto. O objetivo também era se aproximar de Coppola para que ele topasse ser co-produtor do filme. Ele acreditava que o americano conseguiria levantar US$ 5 milhões com patrocinadores nos Estados Unidos.

Guilherme alugou um casarão de dois andares no Jardim Botânico para montar a produtora e um estúdio de 600 metros quadrados em Jacarepaguá para rodar o filme. Em paralelo, cuidava de outros dois: Bellini e A Esfinge, baseado no livro de Tony Bellotto, e a série de programas 500 anos de história do Brasil. Inicialmente, Guilherme queria que Coppola dirigisse seu filme. Coppola não aceitou e exigiu que o ator contratasse um diretor. O convidado foi Murilo Salles, nome aprovado pelo americano. Dezenas de pessoas foram empregadas, e o filme começou a dar seus primeiros passos. Mas um fax assinado por Coppola atrapalhou os planos de Guilherme. No comunicado, o americano dizia que não poderia se comprometer com uma co-produção nem levantar o dinheiro que o ator esperava. Para um filme falado em português, informou, conseguiria no máximo US$ 50 mil.

Foi o primeiro grande baque nas certezas de Guilherme. Ele havia investido dois anos de sua vida e R$ 2 milhões na história. Naquele momento, a comunicação por fax não era apenas deselegante. Colocava a produção em risco. Guilherme pretendia fazer o maior filme épico da história do país. Sem o dinheiro de fora, teria de contar com os patrocínios nacionais. Ele tinha conseguido captar R$ 8 milhões, dos R$ 12 milhões aprovados no Ministério da Cultura. Não era o suficiente para o filme que imaginava. Ainda assim, para o mercado brasileiro, era uma grana preta. Barretão e demais produtores reclamavam que Guilherme pegara muito dinheiro e não tinha começado a filmar, o que deixava os patrocinadores inseguros para novos investimentos. O filme precisava ser rodado logo.

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DINHEIRO? NÃO
O diretor Francis Ford Coppola com Guilherme Fontes, no Brasil. O americano declinou da parceria, apesar de paparicado

Capítulo 3

E O HOMEM DO ORÇAMENTO PEDIU DEMISSÃO

Sem Coppola, Guilherme entendeu que não precisava mais do diretor exigido pelo americano e fez novo movimento ousado: assumiu ele próprio a direção do filme. Diante da pressão do mercado, iniciou as filmagens sem ter o dinheiro todo. Foi seu primeiro grande erro. O segundo foi que, apesar da negativa de Coppola, nunca pensou em retroceder e diminuir o orçamento do filme.

O roteiro de Mathew Robbins foi escrito de forma não linear. A história se passa como se fosse uma grande alucinação de Assis Chateaubriand em seu leito de morte. Ele se imagina numa espécie de programa de auditório, em que os acontecimentos de sua vida são julgados. O mestre de cerimônias do programa é interpretado pelo próprio Guilherme. Cada etapa desse julgamento remete a uma reconstituição de época no Rio de Janeiro ou outras cidades por onde passou Chatô. As cenas iriam dos anos 1920 aos anos 1960. O roteiro incluía passagens que significavam grandiosas reconstituições de época, como a posse de Getúlio Vargas, a inauguração da televisão no Brasil, bailes de gala no Rio e na França, além de cenas de ação durante a Revolução de 1930.

Foram contratados atores de primeira linha do cinema nacional, como Paulo Betti, Andréa Beltrão, Letícia Sabatella, Matheus Nachtergaele e Walmor Chagas. Para o papel principal foi escalado Marco Ricca, com cachê orçado em US$ 200 mil. O roteiro exigia locação de cinco caminhões, 30 horas de helicóptero, aluguel de lancha e carros antigos. O figurino incluía mais de 5 mil peças de roupas – 40 ternos para Chatô, feitos especialmente para o filme. Foi produzido um fardão original da Academia Brasileira de Letras, com tecido importado e costurado pelo mesmo alfaiate dos acadêmicos. De Los Angeles, vieram 50 caixas de roupas, incluindo ternos, fraques, chapéus, vestidos de baile e trajes de passeio dos anos 1930, 1940 e 1950. Todo esse material seria consumido num incêndio alguns anos depois.

O cenário do programa de auditório, inspirado no quadro Operários, de Tarsila do Amaral, era um dos mais belos trabalhos feitos para o cinema nacional, assinado pelo diretor de arte Gualter Pupo. Para construir mais de 100 cenários diferentes, foram contratados 14 funcionários que trabalhavam numa oficina montada ao lado do estúdio. A produção do filme construiu três redações jornalísticas de épocas diferentes, incluindo a da revista O Cruzeiro. Um batalhão de costureiras produziu peças como as fardas dos policiais da época, uniformes escolares e o traje típico dos jovens seguidores de Getúlio Vargas.

Guilherme iniciou as filmagens em janeiro de 1999. Poucas semanas depois, o produtor que cuidava do orçamento, Rômulo Marinho, pediu demissão. “O dinheiro que havia na época dava para fazer o filme que eu tinha desenhado, não o que ele queria”, diz Rômulo. Guilherme não poupava despesas. Queria fazer cenas com planos abertos, o que exigia um tremendo trabalho de reconstituição de época. Em geral, os filmes nacionais que reproduzem cenas históricas usam planos fechados. Além disso, a inexperiência do diretor provocava gastos desnecessários.

Houve excessos no aluguel de equipamentos de iluminação. Guilherme queria ter mais de um cenário iluminado ao mesmo tempo, para poder filmar quando entendesse. Normalmente, os mesmos equipamentos de iluminação são montados em um cenário para gravar determinada cena, depois remontados em outro. Quando uma grua guiada por controle remoto chegou ao estúdio – primeiro equipamento com essa tecnologia alugado no Brasil –, Guilherme ficou encantado. Passou dias se divertindo com o brinquedão de aluguel caríssimo e gravou várias cenas que não seriam usadas depois. Também ocorreram imprevistos. Uma cena importante do filme era o encontro de Chatô com Getúlio Vargas num trem, gravada no interior do Rio. O vagão que transportava o elenco principal e a equipe de direção descarrilou e por sorte ninguém saiu ferido. As filmagens foram paralisadas e a cena se perdeu.

Capítulo 4

DESPEJADOS DO ESTÚDIO

Em março de 1999, o dinheiro acabou. Guilherme interrompeu as filmagens e teve de acalmar os investidores. Ele continuava com saldo a captar e gozando de crédito na praça. Mas os investidores estavam indócis com a paralisação. Foi quando o ator sofreu um grande revés. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu uma investigação motivada por denúncias de agentes do mercado de que estaria havendo irregularidades na aplicação do dinheiro captado. Parte dos recursos veio da Lei do Audiovisual e foi captada através de títulos do mercado financeiro, regulados pela CVM. Na época, o presidente da entidade era Marcelo Trindade, advogado e amigo de Barretão, o que fez Guilherme acreditar que a conspiração contra ele era um golpe dos “tubarões do mercado”. A investigação caiu como uma bomba e abalou ainda mais a credibilidade do filme, já estremecida pela interrupção das filmagens. Mas ainda não derrubara o ator que, com seu poder de persuasão, conseguiu novos patrocínios de R$ 200 mil da Petrobras e de R$ 250 mil da Volkswagen.

Com o dinheiro, ele alugou o Château de Brissac, castelo no Vale do Loire, na França, para reconstituir o famoso baile promovido por Chatô quando era embaixador em Londres. A cena foi rodada em dois dias, com mais de 100 figurantes trajando smoking e vestidos de luxo. Por falha na organização, a equipe ficou três dias de folga na França e voltou sem gravar as cenas previstas para Paris. Na volta ao Brasil, Guilherme ia regularmente a Brasília tentar novos acordos de patrocínio. Em uma dessas visitas, o então presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, teria dado o impagável conselho: “Por que você não larga essa história de querer ser empresário e volta a beijar mulher bonita na TV?”. O dinheiro acabou novamente, e muitos técnicos e empresas prestadoras de serviço ficaram sem receber.

Guilherme dizia que precisava de mais R$ 2 milhões para acabar o filme e bateu à porta de vários patrocinadores, sem sucesso. Instado pela denúncia da CVM, o Ministério da Cultura decidiu fazer uma auditoria nas contas do filme. Encontrou irregularidades em notas referentes a R$ 200 mil, emitidas por empresas que não tinham registro. E uma transferência ilegal de quase R$ 1 milhão do projeto Chatô para 500 anos de história do Brasil. Os documentos mostravam que era um caso mais de descontrole e desorganização que de má-fé. Mas foi o suficiente para o ministério bloquear novas captações para o projeto. Na imprensa, seu nome virou sinônimo de mau uso do dinheiro público.

Quando a fonte secou, Guilherme ainda alugava um dos maiores estúdios do Rio. Tinha dívidas com funcionários e empresas prestadoras de serviço. E cenas importantes por fazer, como a participação de Chatô na Revolução de 1930, uma passagem nos Lençóis Maranhenses e diálogos em estúdio. Em agosto de 2001, a produção do filme foi despejada do estúdio por falta de pagamento. Três caminhões com figurinos, cenários e equipamentos foram levados a um depósito público. Parte do material foi jogada em um terreno baldio na Barra da Tijuca.

Capítulo 5

FIGURINO EM CHAMAS

Guilherme fez uma primeira montagem de Chatô com as cenas que tinha. Um técnico contratado pelo ministério assistiu ao filme e fez um laudo dizendo que ele já estava completo, faltava apenas finalização. O ator poderia acabar a história aí, entregando o que tinha, mas não quis abrir mão de seu projeto inicial. Visitou Brasília várias vezes, escreveu ao presidente do TCU, acionou o ministro Weffort, pediu ajuda ao Sindicato dos Artistas, disse na imprensa que estava sendo perseguido e que o ministério o impedia de concluir um filme milionário. No final de 2001, o TCU o absolveu das acusações e afirmou que a conclusão da produção traria menos prejuízos aos cofres públicos que sua interrupção. Pouco tempo depois, Weffort aprovou novo período para captação.

Guilherme voltou ao mercado, mas já não tinha nenhum crédito na praça. Por fim, conseguiu convencer novamente a Petrobras a investir mais R$ 2 milhões no filme. A Petrobras impôs a condição de liberar o dinheiro a conta-gotas. Guilherme deveria filmar cada trecho e comprovar os gastos para receber nova parcela. Ele voltou ao estúdio do qual tinha sido despejado, porque somente ali caberia o cenário do filme. Teve de alugar no nome de outra empresa, porque o da sua estava sujo.

Resgatou os objetos de cena no depósito público. Parte do material tinha sido roída por ratos e estava com manchas de umidade. Já fazia mais de dois anos que a filmagem havia sido interrompida. Os atores estavam mudados, mais envelhecidos, com cortes de cabelo diferentes ou acima do peso. Foi difícil dar continuidade às cenas. “Optamos por planos mais fechados, evitando mostrar o cenário todo, que estava deteriorado. Também limitamos o enquadramento de alguns atores que estavam muito diferentes”, diz Ângela Serrano, produtora do filme na época. Guilherme não conseguiu cumprir os prazos da Petrobras e as duas últimas parcelas do patrocínio não saíram. As filmagens foram interrompidas novamente e vários integrantes, inclusive Ângela, ficaram sem receber.

O ator estava completamente falido, mas ainda queria rodar a sequência de ação no sul do país, quando Chatô participa da Revolução de 1930, e uma passagem no Maranhão. Um incidente agravou a situação. Depois de deixar o estúdio, Guilherme armazenou o figurino e o cenário em dois contêineres colocados em um depósito coletivo na Avenida Brasil. Um contêiner que estava ao lado pegou fogo. As chamas se espalharam e o acervo de roupas de época compradas nos Estados Unidos ficou imprestável. Nessa mesma ocasião, alguns credores conseguiram uma vitória na Justiça. O apartamento da mãe do ator, Yolanda Machado, sua sócia na produtora, foi a leilão por causa das dívidas. Guilherme abrigou a mãe.

A essa altura, a finalizadora montada com os equipamentos de Coppola já havia se mostrado inviável. Parte dos equipamentos era de segunda mão e ficou impossível mantê-los funcionando sem um técnico com conhecimento naquela tecnologia, que não existia no Brasil. Ninguém conseguia calibrar as cores corretamente. Sem clientes, Guilherme deixou de pagar o aluguel e a conta de luz do casarão onde funcionava a produtora. Foi despejado. Amontoou os equipamentos num caminhão e levou para sua casa na Gávea. Deixou dívidas até com os seguranças. “O dinheiro me fez muita falta. Quando ligo a televisão e ele aparece na novela, até mudo de canal”, diz Eduardo Teixeira, de 71 anos, que chefiava a segurança da produtora.

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CÂMERA LENTA
Guilherme Fontes dirige uma cena de Chatô. Depois de dois anos, os atores engordaram e o figurino mofou

Capítulo 6

E A DÍVIDA CHEGA A R$82 MILHÕES

Guilherme continuava empenhado em terminar o filme e batendo à porta de possíveis patrocinadores. No final de 2003, convenceu o prefeito do Rio, Cesar Maia, a investir R$ 1,3 milhão através da RioFilme. Desta vez, foi designada a produtora Mariza Leão para acompanhar os gastos e verificar cada nota fiscal. Guilherme retomou as filmagens no ano seguinte e foi para Santa Catarina com dois caminhões de equipamentos e um calhambeque de 1930 para fazer as cenas da revolução. Também viajou para os Lençóis Maranhenses, onde gravou uma cena alegórica para o início do filme, em que Chatô assa corpos humanos e os devora.

Depois disso não conseguiu angariar mais nenhum centavo. Batia regularmente na porta da RioFilme dizendo que com mais R$ 1 milhão conseguiria finalizar. Pediu na Ancine que o projeto fosse transferido para outra empresa sem dívida e voltasse a captar. Tentou a ajuda de vários produtores independentes, tudo sem sucesso. Em 2006, a Ancine deu por encerrado o prazo final de entrega do filme e inscreveu a produtora de Guilherme no cadastro dos inadimplentes do governo, com uma dívida de R$ 36 milhões – o dinheiro captado mais juros e multas. No ano passado, a dívida chegou a R$ 82 milhões, segundo o TCU. Pelo mesmo motivo, a Petrobras e a RioFilme entraram com processos na Justiça cobrando a devolução do dinheiro do patrocínio. Também a Finep exigia de volta os R$ 2,5 milhões emprestados para a compra de equipamento.

Guilherme passou a fugir das notificações judiciais. Com uma fila de credores a sua porta, continuou canalizando todos os seus esforços para a conclusão do filme. O eventual sucesso da produção passou a ser sua única tábua de salvação diante da montanha de dívidas. Ele diz que nos últimos anos investiu dinheiro próprio para terminá-lo. Depois de 2006, montou o filme com o material que tinha. Ficaram faltando apenas os efeitos de computação gráfica, a finalização das imagens e a trilha sonora. Nessa época, o cineasta Cacá Diegues assistiu. “O filme tem uma energia muito particular, como se fosse um épico tropicalista da época em que ele foi projetado”, diz Cacá. Para ver a obra finalmente concluída, técnicos e atores estão trabalhando de graça. No mês passado, Paulo Betti, que vive Getúlio Vargas, concordou em gravar uma locução em off que faltava. Guilherme diz que lançará o filme nos próximos meses. “Estou chegando ao final completamente liquidado. Mas com o sentimento de ter cumprido o que prometi, que era fazer um filme de alto nível”, diz o ator.

Fonte: Época
 
E um cara desses ainda vai conseguir sair de mocinho perseguido na história.

Lembrando que todo esse dinheiro que ele torrou (inclusive comprando imóveis) é o seu e meu sofrido dinheirinho. Aquele que você paga nos impostos.

Basicamente esse cara aí, por ter carisma, conseguiu ficar arrancando dinheiro aos borbotões de entidades públicas sem ter competência de entrega o produto.
 
Lamentável.
Lembro que na minha adolescência há uns 15 anos atrás comprei uma playboy que falava e elogiava muito esse Guilherme Fontes e o filme, já que o Chatô foi um cara diferenciado.
A ideia é ótima, a biografia do Fernando Morais é muito boa também, meu pai tem e já dei uma lida, só que o cara não conseguiu entregar. É aquela coisa né, com dinheiro dos outros é fácil enrolar e não concluir o projeto.
 
Isso me lembra a empreitada do Marlon Brando tentando dirigir A Face Oculta. Nunca havia dirigido nada, decidiu virar diretor, o resultado foi uma porrada de filme gasto e uma tremenda de uma bomba. Bom, hoje em dia o filme é melhor avaliado, embora precise de uma restauração. Quem sabe não ocorre o mesmo com Chatô? Se bem que vinte anos pra fazer um filme é f***, e ainda com dinheiro do contribuinte.
 



Trailer muito mal montado. Não dá pra tirar muitas conclusões.
A não ser que o filme esteja tão mal montado quanto foi o trailer, aí dá pra dizer que vai ser bomba.
 
Trailer muito mal montado. Não dá pra tirar muitas conclusões.
A não ser que o filme esteja tão mal montado quanto foi o trailer, aí dá pra dizer que vai ser bomba.

Também achei, mas se for como o Cacá Diegues disse, algo tropicaliesco (leia-se cinemanovista), então prefiro ver quando passar na TV. :tsc:
 
Quem diria que esse filme como tudo onde tem dinheiro público empregado conseguiu ser tão ou mais demorado que vários viadutos, Rodoanel e obras do metrô.

Só torço pra que ao menos não seja igual a um Chinese Democracy do Guns and Roses que também levou um tempão pra sair do forno e quando finalmente saiu não chegou nem aos pés da expectativa criada.
 
Entenda por que caso "Chatô" não se repetiria hoje em dia
Mariane Zendron
Do UOL, em São Paulo

27/05/2015 14h57


Em 1995, Guilherme Fontes estava bombando. Com apenas 27 anos de idade, ele já tinha sido disputado pelas gêmeas Ruth e Raquel (Glória Pires) na novela "Mulheres de Areia" e perturbado vidas como o espírito Alexandre de "A Viagem". No teatro, assumiu de última hora a produção da peça "Desejo" e encheu a plateia. Na mesma época, o cinema vivia a boa fase da retomada, e Fontes não teve dificuldades para receber o sinal verde do Ministério da Cultura para tocar a ideia ambiciosa de levar para as telas a vida de Assis Chateaubriand.

Sem um único filme no currículo como diretor, Fontes foi autorizado a captar R$ 15 milhões, dos quais conseguiu R$ 8 milhões. Já se passaram 20 anos, e o filme não saiu. Além disso, a Justiça encontrou irregularidades nas prestações de contas, e o dinheiro não foi devolvido aos cofres públicos.

Para saber o que o cinema brasileiro aprendeu com o caso, o UOL procurou profissionais do setor audiovisual e perguntou a eles se seria possível termos um novo caso "Chatô" no país.

Mais experiência, mais dinheiro

Advogado especializado em direito audiovisual, Gilberto Toscano explica que a Agência Nacional do Cinema (Ancine) foi criando e aperfeiçoando as regras para financiamento de filmes conforme o crescimento do mercado, mas destaca duas medidas que impedem um novo caso "Chatô". "Desde 2006, a Ancine ranqueia os produtores, permitindo que eles captem mais ou menos recursos de acordo com seu histórico de produções", explica.

Isso quer dizer que, se Guilherme Fontes quisesse fazer seu "Chatô" nos dias de hoje, ele poderia arrecadar no máximo R$ 1 milhão, por ser um diretor estreante. Esse ranking de produtores, que vai de 1 a 7, é progressivo. O cineasta sobe nessa escala à medida que produz e comprova que produziu suas obras. Para ter autorização para captar R$ 15 milhões hoje, ele tem que ter no currículo pelo menos três longas-metragens prontos e exibidos.

Outra medida destacada por Rosana Alcântara, diretora da Ancine, é o da liberação do dinheiro pela agência só quando o produtor captar 80% ou mais do valor aprovado para a obra. Isso é feito para garantir que o valor dê conta de levar o projeto até o final. O advogado Toscano também explica que, mesmo com todas essas medidas, ainda é possível captar e não entregar o projeto. Hoje, no entanto, o rombo seria bem menor.

O sistema de classificação (ver tabela) deve ter alterações em breve para aperfeiçoar as regras de captação. Segundo a diretora da Ancine, a ideia é diminuir a quantidade de níveis para simplificar o processo.

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"A coisa corria mais frouxa"


Quando Fontes deu início ao seu ambicioso projeto, em 1999, a Ancine, que fomenta, regula e fiscaliza a produção cinematográfica no país, ainda não tinha sido criada. Isso só aconteceria dois anos depois. "Ali era um início da retomada do cinema. Então, a retomada já diz: as regras não estavam tão claras", diz Caio Gullane, que em 1996 fundou a Gullane Filmes com o irmão Fabiano. A produtora foi responsável por filmes importantes do cinema nacional, com "Bicho de Sete Cabeças", "Carandiru", "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias", entre outros. "A fiscalização [hoje em dia] está muito mais em cima. É muito difícil acontecer um caso igual ao 'Chatô'. A gente só tem crescimento no cinema brasileiro", afirma Gullane."Ele ['Chatô'] foi um ponto fora da curva sob vários aspectos: tempo de produção, tempo de captação, formas de organização e etc...", complementa Alcântara.

"Depois dessa história , a Ancine se burocratizou de uma maneira impressionante", concorda Susanna Lira, diretora e produtora que realizou 17 documentários em sua carreira. "Antigamente, a coisa corria mais frouxa, aí chegava no final e degringolava. Hoje, o produtor tem que ter um controle muito maior em relação às contas. É um trabalho a mais, mas eu prefiro que me questione logo do que chegar no final e uma conta não bater."

Efeito "Chatô"

Susanna conta que a burocracia já lhe rendeu situações engraçadas, como ter que escrever cartas para comprovar que é brasileira. "Isso já aconteceu várias vezes. Quando rola uma coisa meio absurda, a gente, que é do meio, diz que é o 'efeito Chatô'", conta ela. "Mas é importante deixar claro que, embora trabalhosa, a burocracia é necessária. É recurso público e tem que ter acompanhamento", diz ela.

Segundo a diretora, isso vem mudando, mas ainda falta no meio a consciência de que um filme é um produto como qualquer outro. "O audiovisual não pode se ver de maneira especial. Mesmo o pintor que faz uma tela na casa dele tem que pensar na galeria em que ele quer expor, como aquilo vai gerar recursos para ele", diz ela.

Caio Gullane tem discurso parecido. "Você tem que entregar o que vende, isso em qualquer setor. Se você vende dez carros, você tem que entregar dez carros."

Apesar de apoiar a regulação, o produtor salienta que as regras ainda precisam de aprimoramento. "Como trabalhamos de forma profissional, não temos nenhum problema em prestarmos conta, mas as regras precisam ser aprimoradas. Nenhum empresário gosta de perder tempo com burocracia."

Rosana Alcântara afirma que há esforços constantes de ajustes e aprimoramento dos procedimentos de captação da Ancine. "É uma agência reguladora em um mercado muito vivo, muito dinâmico, que sofre muito pelo impacto tecnológico. A agência está sempre ajustando e aprimorando seus procedimentos com objetivo de fazer com que o mercado mantenha uma estabilidade no processo produtivo. Estamos falando de um mercado que tem média de 115 filmes por ano."

Fonte: http://cinema.uol.com.br/noticias/r...e-caso-chato-nao-se-repetiria-hoje-em-dia.htm
 
Polêmica em torno de "Chatô" obrigou Fontes a distribuir filme sozinho

Foi em dezembro de 2014, durante as gravações da novela "Boogie Oogie", que Guilherme Fontes finalmente enxergou o fim do túnel para "Chatô", o longa mais polêmico do cinema nacional e que demorou quase 20 anos para ficar pronto. Em um papel de destaque no folhetim global, percebeu que finalmente teria dinheiro para finalizar e distribuir o filme. Exibindo pela primeira vez para imprensa nesta quinta (12) e com estreia marcada para o dia 19 de novembro, ele respira aliviado e torce agora pelo público nas salas.

Em menos de um ano, ele transformou uma de suas empresas, a Milocos Entretenimento, em distribuidora e começou a investir aos poucos para ter dinheiro suficiente para distribuir o filme sozinho caso não entrasse em acordo com alguma distribuidora tradicional do mercado. E foi isso que aconteceu.

O UOL apurou que Fontes tentou fechar negócio com duas distribuidoras: Europa e Playarte. A Europa confirmou que houve discussão, mas não acordo. A Playarte disse que não iria comentar o assunto. O ator e cineasta disse que só tentou essas duas e que não fechou negócio "por uma questão meramente burocrática".

Por conta da polêmica, que inclui diversas acusações a Guilherme de mau uso do dinheiro de leis de incentivo, ele diz que foi muito difícil juntar recursos para essa etapa final, assim como tinha certeza que não seria fácil um acordo com distribuidoras. No entanto, ele ressalta, a relação com essas empresas é ótima. "Eu tinha um pouco de medo. Eu achava que distribuidor era aquele que chegava e levava seu filho embora, mas não, as duas tiveram muito carinho por meu filme".

Estou mais preocupado agora que não deixem de pensar e falar sobre o filme, mas depois de assisti-lo. Quem falou, excomungou, xingou, essa é a chance agora de não ficar de bobo da parada - Guilherme Fontes, sobre polêmica em torno de "Chatô"

Mesmo com a negativa, exibir para profissionais de distribuição e exibição lhe deu confiança para enfrentar o desafio sozinho. "Esse mundo digital de hoje aproximou, simplificou e barateou essa operação". Com isso, Fontes fará um lançamento inicial de 40 cópias em formato digital, 25 em São Paulo e 15 no Rio. Isso seria impossível no começo dos anos 2000, quando o filme deveria ter sido lançado, já que foi só a partir de 2008 que o formato digital se popularizou no Brasil.

Segundo o diretor, o filme será exibido nas principais cadeias de cinema, Cinemark, Cinépolis, Kinoplex, UCI, Estação, Espaço Unibanco. Na semana seguinte, o filme deve ser lançado nos demais estados do Brasil, num total de 150 cópias. "Fazer esse trabalho tem sido minha nova paixão porque distribuir é mesma excitação que os atores têm na noite de estreia. É muito excitante saber que você está envolvido nos processos básicos de lançamento".

No final de 2014, Fontes foi condenado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) a devolver R$ 71 milhões aos cofres públicos por ter usado dinheiro incentivado e ainda não ter lançado o filme. O diretor recorreu e aguarda nova decisão. À reportagem, o TCU afirma que pediu para que a Ancine avaliasse a obra, mas ainda não há resultado sobre isso. Para Fontes, o processo será vencido em breve. "Tenho vencido os processos que me foram imputados incorretamente".

Ele garante que não se preocupa muito com o que pensam dele hoje em dia. "Estou mais preocupado agora que não deixem de pensar e falar sobre o filme, mas depois de assisti-lo. Quem falou, excomungou, xingou, essa é a chance agora de não ficar de bobo da parada". Tanta especulação em torno do filme, diz ele, tem sido ótimo para o marketing. "Se eu ganhasse um prêmio agora, seria o de marketing, porque nunca fizeram tanta propaganda do assunto. Mas só vou ganhar esse prêmio se tiver público".

No final da entrevista, Fontes faz uma recomendação. "Tem que assistir ao filme duas vezes". Para aumentar a venda de ingressos?, questiona a reportagem. "Claro que não", espanta-se ele. "Para você poder pegar todos os detalhes", diz Fontes, sem desistir do prêmio de marketing.
 
Pra não tumultuar o tópico de "Aquarius", apesar da polêmica relacionada...

Com 'Chatô' fora do Oscar, Guilherme Fontes desabafa: 'Um país de merda'
Cineasta revelou que pensa em 'concorrer em paralelo, que nem 'Cidade de Deus''

13/09/2016 11:21 / atualizado 13/09/2016 11:28

RIO — Um dia após o anúncio de que "Pequeno segredo", de David Schurmann, seria o filme brasileiro selecionado para disputar uma vaga no Oscar, foi a vez de Guilherme Fontes, diretor de "Chatô — O rei do Brasil", se manifestar contra a escolha nas redes sociais.

"Realmente, um país de merda", iniciou Fontes em texto-desabafo publicado em seu Facebook. "'Chatô' recebeu prêmio APCA de melhor diretor da Associação de Críticos, todos prêmios ABC de técnicos da Associação Brasileira de Cinematografia e concorre a 12 indicações da Academia Brasileira de Cinema. O Ministério da Cultura junto com Luis Carlos Barreto foram os responsáveis por mais de 15 anos do atraso do filme e o TCU afirma que eles estavam errados. 99% da crítica foi unânime e junto com o público reconhecem a alta qualidade do filme. E agora eles indicam ao Oscar um filme que ninguém viu. Patético".

Na publicação, motivada por uma crítica negativa do jornal "Folha de São Paulo" a "Pequeno segredo", o cineasta atacou Bruno Barreto e Carla Camurati, que integraram a comissão especial que selecionou o representante brasileiro. "O que eu podia esperar de uma comissão com um membro da família Barreto na presidência e uma Carla Camurati julgando? Esses dois frustrados e medíocres diretores que passaram anos me detonando de graça jamais seriam grandes pra reconhecer o oóbvio. Gente hipócrita. 'Pedalaram' apenas para não darem o braço a torcer. Porque são 'pequenos'", afirmou.

No fim, Guilherme Fontes ainda acenou com a possibilidade de concorrer ao Oscar paralelamente, nas categorias gerais. O cineasta citou "Cidade de Deus" (2002), que, apesar de ter sido indicado pelo Brasil, não concorreu na categoria de melhor filme estrangeiro em 2003, mas disputou outras quatro em 2004: melhor diretor (Fernando Meirelles), melhor roteiro adaptado (de Bráulio Mantovani), melhor fotografia (César Charlone) e melhor montagem (Daniel Rezende).

Fonte: http://oglobo.globo.com/cultura/fil...abafa-um-pais-de-merda-20101376#ixzz4KGHiqDOM
 
Chatô nasceu velho. Assisti o filme. E o roteiro não empolga. A fotografia é duvidosa e no fim este filme teria funcionado se tivesse sido lançado na época em que foi captado, um momento em que o cinema brasileiro estava se reconstruindo e o padrão das obras era ainda incipiente. Em 2016 esse filme não tem a menor chance concorrer com qualquer obra que seja. O filme envelheceu na ilha de edição.

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