Eu tava totalmente cético pra ir ver esse filme.
Precisaram me chamar várias vezes até eu decidir ir ver.
Quase perco um filme ducaralhodaporradefoda.
Depois de anos vivendo de Whedon, Bay, Snyder e derivados, é um sopro de esperança para o gênero de ação. E vindo de um cara que alguns até tinham desistido de acompanhar a carreira (tipo eu), mas que faz um retorno triunfal ao estilo Zemeckis em 2012 (na verdade, até melhor que o Zemeckis em 2012).
Quanto a pergunta do 3D, só pra dizer que esse filme é 3D convertido e não 3D real. Ou seja, ele não foi rodado em 3D.
Mas as cenas em plano aberto e as cenas da multidão com o Immortan Joe são tão absurdamente bem feitas, límpidas e com profundidade de foco total, que eu acho que o Miller talvez tenha feito essas cenas pensando numa visualização 3D. Mesmo as cenas de ação são limpas o suficiente para o 3D continuar compreensível. Em outras cenas em close ele se utiliza bastante de uma profundidade menor, mas essas cenas são poucas durante o filme. Ele se entrega em 2 ou 3 vezes ao gimmick de tacar coisas na tela, mas ao menos na última delas ele aproveita pra fazer um belo corte pra cena seguinte.
Falando nisso, que fotografia maravilhosa.
As cenas de ação, apesar de ter os cortes rápidos típicos de filmes de ação de hoje, são organizados. Belo trabalho da equipe de montagem que não pulava eixos durante os cortes rápidos, e quando mudava de eixo intercalava com um plano mais aberto para compreensão da cena. Primoroso. Com esse tipo de organização dos planos, pode fazer os cortes mais rápidos que quiser que vai continuar compreensível.
A trilha acompanha bem esse processo, apesar de eu achar em alguns momentos ela querendo um protagonismo desnecessário. Só que o ritmo do filme é tão intenso que suprimia esses momentos.
Por fim, os personagens quase acabam sendo secundários. Mas não são, claro. E por se tratar de um roteiro bem simples de ação literalmente do início ao fim do longa, os pequenos detalhes dos trejeitos que o Tom Hardy utilizou para Max, a mesma loucura do Toecutter no Immortan Joe, a sobriedade da Charlize, etc, fazem toda a diferença. Até o Hoult, que eu tenho ressalvas, eu só fui perceber que era ele mais pra frente no filme quando ele fica menos insano.
Falando em roteiro, existe uma localização temporal para este filme em relação a trilogia, ou é uma releitura?
Pois o mundo pós-apocalíptico deste filme parece estar em um estágio mais avançado que o do primeiro filme, apesar de estar alinhado com os 2 seguintes. Trazer de volta o mesmo ator de Toecutter com um corpo desfigurado não sei se é só pra fazer uma referência ou se é algo do roteiro. Mas aí desalinharia com o Max que deveria estar mais velho também.
Mas enfim, nada disso importa. O filme não é sobre historinha, e ele deixa isso bem claro.
Agora eu só estou com mais receio ainda de ver a trilogia e não gostar... De achar podrona - assim com aparência de coisa barata. Porque é certo que com a tecnologia de hoje não se compete =P
Não tenha.
O Miller pegou a grana desse filme e fez quase tudo por técnicas práticas e muito pouco por computação. Computação gráfica ficou a parte da tempestade, alguns detalhes nas capotagens (estas em si, reais, mas alguns detritos ou corpos voando foram digitalizados), etc.
Claro que mesmo assim os filmes anteriores não possuem a grandiosidade (em termos quantitativos mesmo) desse pela grana. Mas a qualidade técnica da direção está toda lá já. Além de que por mais que Charlize e Hardy estejam fantásticos, Mel Gibson é um badass legítimo.
PS:
Assisti em sessão dupla com Vingadores 2.
Na boa.
Foi até covardia.