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"Je Ne Suis Pas Charlie"

  • Criador do tópico Paganus
  • Data de Criação
P

Paganus

Visitante
por Christopher Pankhurst

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Assim como praticamente todo mundo que está comentando sobre o massacre no Charlie Hebdo eu não sabia praticamente nada sobre essa publicação salvo pela publicidade que ela recebeu subsequentemente. Do que eu pude ver ela parecer se especializar em charges satíricas de uma variedade grosseira e não muito engraçada. Apesar do fato de que eu me oporia à maioria de suas perspectivas editoriais eu ainda acho que o que aconteceu no dia 7 de janeiro em Paris é bastante triste. Mas então já havia alguma coisa triste sobre uma revista publicada por esquerdistas idosos que se percebiam como parte da vanguarda do radicalismo político.

Outro cartunista do sistema com ilusões similares de um status de dissidente é Steve Bell do The Guardian. Sua resposta ao massacre foi desenhar os assassinos vestindo roupas bobas e perguntando, "Por que os idiotas ainda riem de nós?". Ninguém está rindo, Steve. Eu suponho que isso possa provocar uns risos de uma criança de cinco anos que ainda ache palhaços engraçados, mas o fato é que não há nada especialmente digno ou elogiável sobre esse tipo de caricatura em particular. Se ele deixa de ser engraçado, então começa a ser um exercício em uma triste frustração.

Talvez eu não esteja entendendo muito bem as coisas. Eu até gosto de Calvin & Hobbes, e minha exposição enquanto criança à obra de Charles Schultz me deu uma profundidade de compreensão filosófica que eu jamais fui capaz de recapturar quando adulto. Desenhos que escarrancham o vácuo entre a inocência e a experiência podem evocar um senso blakeano do paraíso perdido da infância, e momentaneamente fornecer alívio do stress da vida quotidiana. Os cartoons doCharlie Hebdo, em contraste, parecem incorporar os piores aspectos da infância, sendo pueris, ofensivos e ressentidos.

É claro, muitos levantarão a objeção de que meu gosto pessoal em cartoons é irrelevante; que o importante é que devemos todos nos solidarizar com o Charlie Hebdo diante desse ataque brutal a nossas liberdades. Mas eu considero essa posição como profundamente falha. Primeiramente, eu questionaria a natureza da "liberdade" que está sendo defendida. Como outros já apontaram, não há absolutamente nenhuma liberdade de expressão na Europa para aqueles que querem dizer algo radicalmente divergente da narrativa multicultural dominante. Isso é verdadeiro tanto para muçulmanos quanto para a direita radical. A liberdade de expressão que aqueles que adotaram o slogan "Je suis Charlie" advogam é a liberdade para um milieu esquerdista amplo que apoia o multiculturalismo, e não para as opiniões dissidentes.

Em segundo lugar, eu discordo da visão de mundo proposta pelo Charlie Hebdo e sua gente. Alguns poderiam ver isso como sendo de pouca visão diante da verdadeiramente real ameaça islâmica. Mas eu diria que é a construção de falsas alianças que é de visão curta. A equipe do Charlie Hebdo e o milieu esquerdista geral jamais apoiaram ninguém da direita dissidente que tenha sido preso por suas opiniões e eles não começarão a apoiá-los agora. Essa não é uma discordância menor dentro de uma igreja ampla. Eu discordava da política do Charlie Hebdo antes de 7 de janeiro, e eu ainda discordo dela agora. Eu não vou alterar minha visão de mundo em resposta aos assassinatos.

Em terceiro lugar, eu não apoio a publicação de material criado deliberadamente para ofender as sensibilidades religiosas das pessoas. Talvez eu deva acrescentar rapidamente que eu não apoio a censura desse material, nem o assassinato dos responsáveis por ele. Mas também não posso aceitar a elevação desse tipo de material à epitome da civilização ocidental. Ouvindo nossos políticos falando dá até para pensar que a provocação crua da parte mais íntima da religião islâmica é a culminação para a qual a cultura ocidental tem evoluído por dois milênios. Vamos ignorar o fato de que Nick Griffin foi julgado, e completamente condenado por todos os políticos do sistema, por dizer coisas relativamente singelas em comparação ao que era publicado pelo Charlie Hebdo. A hipocrisia é notável, mas não muito surpreendente. Mas essa é a diferença entre a liberdade de expressão de esquerda e a liberdade de expressão de direita. Eles nunca farão uma distinção explícita, mas ela está lá para quem procurar por ela.

Alguns sugeriram que os cartunistas do Charlie Hebdo deveriam ser admirados por sua coragem e eu concordaria com isso. Suas ações parecem ter sido pensadas para provocar os muçulmanos e eles sabiam que esse era um caminho perigoso. Eles certamente mostraram coragem nesse sentido. Mas a qualidade mais admirável é a coragem combinada com sabedoria, e o Charlie Hebdo certamente carecia dessa qualidade. Seu senso de radicalismo consistia em um "foda-se" vazio dirigido a um sistema que já se havia degenerado logo após o 68. É o radicalismo da geração Monty Python, eternamente dando tapinhas nas próprias costas por uma iconoclastia que já estava ultrapassada há uns anos.

Os esquerdistas e multiculturalistas que estão agora tão determinados em proteger valores burgueses como a "liberdade de ofender" viraram suas costas à juventude trabalhadora da Europa há muito tempo atrás. Suas prioridades são claras. Ao invés de confrontarem a difícil tarefa de construir um futuro para sua juventude eles preferem jogar jogos tolos e irresponsáveis, lançando para todo lado a única citação de Voltaire que conhecem em um pique de narcisismo prepotente. Tudo isso tem menos que ver com idéias nobres de liberdade do que com a auto-indulgência de uma elite entediada. A juventude trabalhadora da Europa tem questões mais urgentes para lidar, como o caso de Rotherham (só para dar um exemplo) demonstrou.

Eu não posso me unir ao clamor de afirmar "je suis Charlie" porque eu penso que tal posição é esquizofrênica. Os apoiadores da liberdade de expressão apoiam esse direito para aqueles que defendem o multiculturalismo, mas eles apoiam prisão e censura para aqueles que se opõem. E em busca dessa falsa liberdade de expressão se espera que todos apoiemos a rudeza pueril dirigida àqueles cuja integração dentro do multiculturalismo está se provando a mais difícil. É como se os multiculturalistas na verdade, lá no fundo, não acreditassem na própria retórica, e desejassem solapar seu próprio projeto por meio de um ato petulante, ainda que reprimido, de provocação infantil. Isso é literalmente insano. Je ne suis pas Charlie.

Fonte
 
Está sendo bastante difícil separar as duas partes de forma racional, assim como explicar de forma menos emocional o porquê de não apoiar a postura da Charlie.

Sou designer e ilustradora. Gosto e compreendo a subversão convertida em humor, quando feito de forma inteligente. Mas a postura da Charlie, bem no olho do furacão, foi de uma insolência incauta - o humor de gosto duvidoso e pouco palatável até mesmo para não-muçulmanos tinha o único intuito de insultar e de chocar, nada mais. Interessante esse paralelo: 'a liberdade de se expressar não significa liberdade para ofender', e poucas pessoas enxergam a tênue linha que separa a coragem da estupidez, e a opinião do generalismo.

Ir contra essa postura quase sempre esquizofrênica da Charlie (mesmo para quem sempre fora contra, até mesmo antes do atentado) está sendo cosida ao apoio ao ato infame de terrorismo de forma errada e leviana. O radicalismo não tem lugar numa situação como esta. E relativizar, aos olhos de muitos, está se tornando um sinônimo de contemporizar com o terror. E essa ausência de meio-termo é inaceitável.
 
Última edição:
Os apoiadores da liberdade de expressão apoiam esse direito para aqueles que defendem o multiculturalismo, mas eles apoiam prisão e censura para aqueles que se opõem.
O clássico: "todos tem a liberdade de expressão, desde que seja para concordar comigo".
 
"valor burgues da liberdade de ofender". dafuq são valores burgueses? dafuq é burgues?

enfim, liberdade de ofender está aí, é a vida. se vamos debater ou não em quais instancias alguem pode processar por ofensa, é outro papo. agora, até onde eu sei, para se ter uma ofensa, tem que ter um ofendido. maomé foi ofendido, nao seus seguidores. eu sei q pode parecer uma leitura meio cínica, mas na prática é isso, estão atacando um símbolo religioso, nao um indivíduo que possa se sentir ofendido. além do q, em q uma crítica a um símbolo afeta a capacidade de um individuo ou de um grupo de continuar cultuando-o? em nadaaaaaaaaaa. então continuo achando o máximo essa valor burgues.
 
estão atacando um símbolo religioso, nao um indivíduo que possa se sentir ofendido.

Véi, cê tá falando de uma face do Islã totalmente corrompida, que estupra crianças, apedreja mulheres e destrói países. Fundamentalistas não pensam assim, porque são MALUCOS e te explodem se fizer isso. Não que isso seja certo. Mas é o que eles fazem. Como isso pode ser resolvido? Isso está em discussão na ONU, enquanto o governo norteamericano está salivando para erradicar a 'ameaça muslim' da face da Terra.

São dois os pontos em questão:

1. O humor da Charlie é, na minha opinião, discutível, mas defendo o direito de fazê-lo. Todos tem o direito de criticar esse Islã podre e corrompido que mata inocentes. Mas eles foram incautos em fazer piadas sabendo que a Europa está infestada de fundamentalistas, apenas respaldados pela Declaração de Direitos Humanos, e acenderam um barril de pólvora.

2. Ser contra o tipo de humor que a Charlie faz não significa em absoluto apoiar ou justificar uma ação terrorista. Uma coisa não tem nada a ver com a outra.


Agora, pergunto: como iniciar um diálogo com uma etnia já tão suscetível, agora que os ânimos estão exaltados por causa uma piada de mau gosto?
 
Esse é meu último post na Valinor. É um post de despedida de um mundo virtual por causa de responsabilidades inadiáveis, urgentes, que não podem ser assumidas através unicamente de militância na internet. Não acho que eu tenha testamento melhor do que a amizade com as pessoas daqui e o que possuo de melhor e pior nos posts e discussões em que me envolvi.

O legadinho do Pagz na Valinô. :lol:

Mas é simbólico que esse tópico seja meu último aqui. Nele espero fazer minha defesa do Islã e minha análise dessa situação.

"valor burgues da liberdade de ofender". dafuq são valores burgueses? dafuq é burgues?

enfim, liberdade de ofender está aí, é a vida. se vamos debater ou não em quais instancias alguem pode processar por ofensa, é outro papo. agora, até onde eu sei, para se ter uma ofensa, tem que ter um ofendido. maomé foi ofendido, nao seus seguidores. eu sei q pode parecer uma leitura meio cínica, mas na prática é isso, estão atacando um símbolo religioso, nao um indivíduo que possa se sentir ofendido. além do q, em q uma crítica a um símbolo afeta a capacidade de um individuo ou de um grupo de continuar cultuando-o? em nadaaaaaaaaaa. então continuo achando o máximo essa valor burgues.

Hahaha, engraçado que seu segundo parágrafo responde ao primeiro.

O que são valores burgueses?

"estão atacando um símbolo religioso, nao um indivíduo que possa se sentir ofendido"

Essa dissociação entre o símbolo e o representado, entre a instituição e a pessoa, entre o indivíduo e a pessoa, entre o Ser-evento e a teorização da realidade, é a marca mais distintiva da visão burguesa da vida, da realidade social e econômica, da espiritualidade. É a quantificação dos valores, sua irreprodutibilidade fora dos quadros mais ou menos fixos da sociedade burguesa, a repetição de valores pós-medievais e, finalmente, a absorção desses des-valores por uma militância esquerdista irresponsável.

E aqui faz-se eco novamente das teorias de Carl Schmitt. O Estado sofre erosão em sua identidade e autoridade políticas enquanto se politiza a sociedade, politização que favorece a ação egoísta e irresponsável de grupos isolados que atendem a agendas ideológicas próprias sem comprometimento com a decisão política a nível nacional e continental. O resultado é a cisão no seio da democracia liberal, entre o povo e suas legítimas aspirações e uma representatividade falida, atacada por todos os lados por uma sociedade polarizada entre uma massa arrebanhada pelo consumismo burguês e minorias intelectuais e agitadoras, violentas e, não me canso de repetir, irresponsáveis.

A França não está longe de uma guerra civil, como há anos a Europa se cansa de se ver invadida por multidões de imigrantes islâmicos que ela não pode suportar, compreender, dar as mãos para que possam se naturalizar e se conformar ao tecido econômico e social, tanto por causa do preconceito de décadas de ódio que foi alimentado por esse mesmo Ocidente em suas guerras imperialistas que, vejam só!, não só foram apoiadas pela Europa Ocidental como uma nebulosa 'guerra ao terrorismo' como ocasionaram essas migrações em massa de muçulmanos.

E enganam-se vocês se pensam que toda a extrema-direita está com muita vontade de exterminar imigrantes. Isso é desconhecimento puro, simples e preconceituoso do neofascismo. Há muitas vozes, particularmente aquelas formadas pelas ideias de um Alain de Benoist, que dizem a verdade mais fundamental sobre esse assunto:

Alain de Benoist disse:
(...) Os partidos políticos especializados na denúncia anti-imigração não são mais que partidos ideológicos pequeno-burgueses, que tentam capitalizar sobre os medos e as misérias do mundo actual praticando a política do bode expiatório. A experiência histórica mostrou-nos ao que conduzem tais tocadores de flauta! É necessário distinguir aqui a imigração dos imigrantes. A imigração é um fenómeno negativo, pois é ela própria fruto da miséria e da necessidade e os problemas sérios que coloca são bem conhecidos. É assim preciso tentar, se não suprimi-la, que o carácter demasiado rápido e maciço que a caracteriza hoje em dia seja o menor possível. É bem evidente que não resolveremos os problemas do Terceiro Mundo convidando as suas populações a vir em massa instalar-se nos países ocidentais! Ao mesmo tempo, temos que ter uma visão mais global dos problemas. Crer que é a imigração que atenta principalmente contra a identidade colectiva dos países de acolhimento é um erro. O que atenta contra as identidades colectivas é, em primeiro lugar, a forma de existência que prevalece hoje em dia nos países ocidentais e que ameaça estender-se progressivamente ao mundo inteiro. Os imigrantes não têm culpa que os europeus já não sejam capazes de dar ao mundo o exemplo de um modo de vida que lhes seja próprio! A imigração, deste ponto de vista, é uma consequência antes de ser uma causa: ela constitui um problema porque, face aos imigrantes que normalmente conservam as suas tradições, os ocidentais já decidiram renunciar às suas. A americanização do mundo, homogeneidade dos modos de produção e de consumo, o reino da mercadoria, a extensão do mercado planetário, a erosão sistemática das culturas pelo efeito da mundialização corroem a identidade dos povos muito mais que a imigração. (...)

Alain de Benoist in "C'est-à-dire".

A responsabilidade não será respondida por grupos militantes defensores de minorias e advogados de agendas ocidentalistas e imperialistas travestidas de esquerdismo como não o será por grupos fanáticos de muçulmanos cansados de não conseguirem adaptar sua visão religiosa a um mundo profano, dessacralizado e blasfematório como o da Europa ocidental do pós-guerra. A responsabilidade cairá sobre os governos europeus, sobre sua submissão sem resistências às agendas e planos imperialistas dos Estados Unidos no Oriente médio e na própria Europa, sobre seu silêncio criminoso aos crimes de guerra ocidentais na Iugoslávia e na Sérvia, pela manipulação de informações e mentira generalizada na Ucrânia e na Nova Rússia. Essa situação foi criada pela Europa não menos que pelos EUA, foi criada, preparada, engendrada pelo imperialismo que violou e viola regularmente a soberania de países islâmicos, que não compreende o Islã e sua mensagem, que o vilipendia, o ofende, porque a sede de poder do ocidental não conhece limites, ele não se contenta em crucificar Cristo diariamente nos seus sonhos e delírios de um paraíso na terra livre de Deus, moralidade, religião, normatividade social e justiça e equidades nas relações, ele tem de estender sua sanha civilizatória e predatória a todos os povos que não sejam degenerados como ele, que não compartilhem de suas doenças morais, sua esquizofrenia espiritual, sua falta de centro, de vida, de alma.

Ocorre, porém, que o Ocidente não se responsabilizará, como não se responsabiliza hoje.

Como na Ucrânia, o imperialismo continuará marchando sobre o Oriente médio, pisoteando o Islã em sua encarnação histórica de forma não diferente do que a Grã-Bretanha fez com as províncias do antigo califado turco que, para o bem e para o mal, continuava o legado do Sunni Islam. Não deixará de ver terroristas nos guerreiros da Shii'a Islam que conduziram uma Revolução gloriosa no Irã, na Nova Pérsia, e que com o Hezbollah conduzem uma campanha sagrada e essencial de resistência e defesa dos valores propriamente islâmicos como o compreende o Xiísmo. Como na Ucrânia, onde o golpe russófobo do Maidan, arquitetado por líderes ocidentais e executado por militantes neo-nazistas do Privy Sektor e elites oligárquicas, e como a mitologia que Obama criou para camuflar que o ISIS nasceu do mesmo grupo de takfiri animalescos, considerados heréticos e nada islâmicos, mas mais pagãos que muçulmanos por autoridades religiosas tanto sunitas quanto xiitas. Sim, o mesmo grupo que de mercenários e homens de rapina, bandoleiros, terroristas e bandidos que eram se tornaram uma força militar poderosa e implacável graças ao financiamento do Tesouro americano, seu recrutamento, seleção e armamento pela CIA e OTAN. A mesma série de estupros a nacionalidades e etnias árabes e semitas em geral será perpetrada sob essa nuvem difusa e indecifrável com o nome de 'terrorismo internacional', ou 'fundamentalismo islâmico', nomes iguais para fenômenos completamente diferentes e por vezes até opostos.

Ninguém explicará para vocês, meus caros, no Jornal Nacional ou n'O Globo, muito menos na Folha, que o radicalismo wahabi/salafista que é o fundamento ideológico por trás de organizações como Al Qaeda, o Talebã e sua frente Al Nusra; ou que esse radicalismo é uma reação à invasão ocidental dos costumes e práticas sociais e políticas ao mundo islâmico. Ou que esses grupos foram muitas vezes financiados pelo Ocidente para atender a desestruturações e desestabilizações políticas e sociais, como a Guerra do Afeganistão entre EUA e URSS. E que isso se repete amíude, como no Iraque de Saddam ou o Iraque atual, ou como na derrubada do poder na chamada Primavera Árabe, cujo sonho de uma democracia ocidental transportada para o oriente-médio, sendo tão diferente do nacionalismo árabe pós-colonial, não poderia ser mais que uma tentativa bem planejada e calculada de desestabilização de lideranças árabes que não podiam, que não podem, ser manipuladas, controladas pelo Ocidente para seus fins, como o socialismo de terceira via de Muammar Ghadaffi na Líbia e o socialismo secularista anti-democrático de Bashar al-Assad. Ou que mesmo na época da divisão das ex-províncias imperiais turcas em países minúsculos e fragmentários andou lado a lado com a colaboração ocidental ao wahabismo/salafismo a condução de narrativas que culminariam em cenários lucrativos e geopoliticamente estáveis para o ocidente na chamada Crise do Petróleo.

Não se entenderá a profundida mística da jihad iraniana que no seu anti-ocidentalismo criou um novo sonho de uma nova Pérsia nacional, orgulhosa e identificada tanto com suas raízes zoroástricas, mazdeístas quanto com sua essência islâmica e nada disso seria realizado fora daquela dialética mística característica do xiísmo. Não entenderá o que significa a doutrina dos Aiatolás, sua revolução espiritual, sua ousadia metafísica, imperial. Nem se entenderá como que a Irmandade Muçulmana e o Hamas, ambos sunistas, são perdoados pelos xiitas em suas traições por causa de uma consciência responsável pela UNIDADE do mundo islâmico contra a ameaça satânica que representa o Ocidente. Ou o amor de que são alvos os palestinos como um ícone vivo e agonizante dos filhos de Deus, mártires eternamente perseguidos e queimados vivos nos templos de Mammom pela sua 'ímpia', fidelidade à terra em que nasceram, viveram e criaram seus filhos. Não se compreenderá o nacionalismo egípcio, sua ousada e secular terceira-via em contraposição tanto ao socialismo quanto ao capitalismo, sua fecundidade política que engendraram o ecologismo socialista de Ghadaffi e movimentos análogos do socialismo laico árabe (que muitos ignorantes colocam no mesmo saco de 'terrorismo islâmico').

Ninguém verá e se admirará da beleza do sofrimento redentor que a Síria padece, a Síria, a terra dos meus irmãos cristãos ortodoxos da Igreja de Antioquia, a Síria dos primitivos hebreus, fenícios, dos arameus que forneceram sua língua bela a Jesus em suas pregações sobre a divinização do homem, a Síria do misticismo sufi, das pequenas revoluções de um xiísmo jovem, exuberante em suas especulações e mergulhos extáticos no Oceano de Divindade. Deus! Não vos conhecerão a alma, meu belo Líbano, o frescor dos teus cedros, das tuas árvores, dos teus bosques e praias iluminados pelo Sol dourado da esperança e tingido pelo sangue de incontáveis mártires cristãos e muçulmanos, de herois jihadistas, a terra do Hezbollah em sua guerrilha sagrada, nacionalista, vital contra os estupros da Besta Mammônica encarnada em Tel Aviv, na violação direta desta monstruosidade antinatural e perversa contra os vales férteis, belos e doces do Líbano.

Se vocês não buscarem compreender o Islã, jamais compreenderão a essência de sua divisão entre Sunni e Shi'ia, a identidade legalista, jurídica, 'católica' que o sunismo representa, conforme encarnado no califado islâmico e nas sua realizações culturais, filosóficas e científicas, nos seus tratados jurídicos e tradições mística de 'sunnificação' do sufismo. Nem entenderão o fundamento místico-esotérico da metafísica angélica, ascética, de martírio do xiísmo com sua entrega total e fascínio com uma liberdade que só pode ser atingida na realização de unicidade com a Divindade. Indo mais atrás, não se fascinarão, como eu, ao ler no Alcorão o Profeta declamar tão bela e maravilhosamente sobre Allah, sobre a Divindade, o Misericordiosíssimo, o Perfeitíssimo, Aquele Sem Forma e Luz Maravilhosa, o Misericordioso, Compassivo Pai de Todos, o Senhor e Deus, Aquele diante do Qual todo joelha se dobra (muslimya). Não haverá história do Islã para vocês e, pior, não haverá sequer Islã como uma história belíssima, em constante iluminação e auto-revelação que ao mesmo tempo que destroi os pagãos na sua jihad pela manifestação do Poder de Allah na Terra, a Ummah islâmica, ou sua evolução social e cultural, sua relevância espiritual e contínua defesa do diálogo com outras religiões e crenças (sim!) e com outros povos (Sim!), e da legislação compassiva que vê os cristãos como irmãos e pune severamente o muçulmano que tiraniza seu irmão cristão e judeu (SIM!).

Mais além, nem vocês, nem eu, seremos jamais capazes de compreender a história do islamismo, dos povos árabes e muçulmanos de maneira geral, de sentir na nossa pele seus desejos, anseios, projetos bem como suas dores, seu sofrimento, seu vivenciamento uns dos outros, da Divindade, o grau de sua pureza moral, tradicionalismo, vivência total e absoluta do ascetismo da renúncia a todo prazer, conforto, comodidade em função da alegria eterna e serena de viver na carne como compatriotas dos Céus na mesma Ummah, o símbolo terreno do Califado Celestial.

E respondendo à sua pergunta, @Grimnir , isso é que é valor burguês. Se quer saber o que valoriza o burguês basta olhar o que despreza o muçulmano. O Islã é a resposta negativa, é a negação da burguesia enquanto valor e civilização, sua antítese e antídoto, seu remédio, sua total contrariedade. O Islã na sua idealidade é a guerra total, irrestrita e extremamente responsável, carregada de responsabilidades inadiáveis, totais, contra os valores mundanos de prosperidade material, de preconceitos econômicos e sociais de classe, contra comodismo e conforto, contra a aparência de virtude, contra o moralismo. Contra tudo isso, esse burguesismo, é que se levanta uma das tradições mais radicalmente fieis a si mesmas, a tradição da jihad, da Pequena Guerra Santa contra os inimigos da Ummah, contra um Ocidente pútrido e decaído que lhe envenena a alma e lhe deseja escravizar, até a Grande Guerra Santa, a da batalha eterna, incessante, espiritual, interna, da alma contra Shaytan e seus anjos, contra as paixões, contra si mesmo em busca da purificação e iluminação que advém tanto pela iniciação esotérica e pela oração na tradição exotérica quanto pela libertação.

Saiam um pouco dessa teia de informações excessivas e estéreis, se abeirem do Islã com olhos e ouvidos abertos, e tentem, por mais difícil e antitética a vocês que seja o espírito do Islã, recobrar o verdadeiro sentido da mensagem do Profeta e da história dos povos e nações islâmicas. Aí sim podemos conversar sobre o assunto com alguma isonomia.
 
Última edição por um moderador:
Ninguém explicará para vocês, meus caros, no Jornal Nacional ou n'O Globo, muito menos na Folha, que o radicalismo wahabi/salafista que é o fundamento ideológico por trás de organizações como Al Qaeda, o Talebã e sua frente Al Nusra; ou que esse radicalismo é uma reação à invasão ocidental dos costumes e práticas sociais e políticas ao mundo islâmico. Ou que esses grupos foram muitas vezes financiados pelo Ocidente para atender a desestruturações e desestabilizações políticas e sociais, como a Guerra do Afeganistão entre EUA e URSS. E que isso se repete amíude, como no Iraque de Saddam ou o Iraque atual, ou como na derrubada do poder na chamada Primavera Árabe, cujo sonho de uma democracia ocidental transportada para o oriente-médio, sendo tão diferente do nacionalismo árabe pós-colonial, não poderia ser mais que uma tentativa bem planejada e calculada de desestabilização de lideranças árabes que não podiam, que não podem, ser manipuladas, controladas pelo Ocidente para seus fins, como o socialismo de terceira via de Muammar Ghadaffi na Líbia e o socialismo secularista anti-democrático de Bashar al-Assad. Ou que mesmo na época da divisão das ex-províncias imperiais turcas em países minúsculos e fragmentários andou lado a lado com a colaboração ocidental ao wahabismo/salafismo a condução de narrativas que culminariam em cenários lucrativos e geopoliticamente estáveis para o ocidente na chamada Crise do Petróleo.

Não se entenderá a profundida mística da jihad iraniana que no seu anti-ocidentalismo criou um novo sonho de uma nova Pérsia nacional, orgulhosa e identificada tanto com suas raízes zoroástricas, mazdeístas quanto com sua essência islâmica e nada disso seria realizado fora daquela dialética mística característica do xiísmo. Não entenderá o que significa a doutrina dos Aiatolás, sua revolução espiritual, sua ousadia metafísica, imperial. Nem se entenderá como que a Irmandade Muçulmana e o Hamas, ambos sunistas, são perdoados pelos xiitas em suas traições por causa de uma consciência responsável pela UNIDADE do mundo islâmico contra a ameaça satânica que representa o Ocidente. Ou o amor de que são alvos os palestinos como um ícone vivo e agonizante dos filhos de Deus, mártires eternamente perseguidos e queimados vivos nos templos de Mammom pela sua 'ímpia', fidelidade à terra em que nasceram, viveram e criaram seus filhos. Não se compreenderá o nacionalismo egípcio, sua ousada e secular terceira-via em contraposição tanto ao socialismo quanto ao capitalismo, sua fecundidade política que engendraram o ecologismo socialista de Ghadaffi e movimentos análogos do socialismo laico árabe (que muitos ignorantes colocam no mesmo saco de 'terrorismo islâmico').

Ninguém verá e se admirará da beleza do sofrimento redentor que a Síria padece, a Síria, a terra dos meus irmãos cristãos ortodoxos da Igreja de Antioquia, a Síria dos primitivos hebreus, fenícios, dos arameus que forneceram sua língua bela a Jesus em suas pregações sobre a divinização do homem, a Síria do misticismo sufi, das pequenas revoluções de um xiísmo jovem, exuberante em suas especulações e mergulhos extáticos no Oceano de Divindade. Deus! Não vos conhecerão a alma, meu belo Líbano, o frescor dos teus cedros, das tuas árvores, dos teus bosques e praias iluminados pelo Sol dourado da esperança e tingido pelo sangue de incontáveis mártires cristãos e muçulmanos, de herois jihadistas, a terra do Hezbollah em sua guerrilha sagrada, nacionalista, vital contra os estupros da Besta Mammônica encarnada em Tel Aviv, na violação direta desta monstruosidade antinatural e perversa contra os vales férteis, belos e doces do Líbano.

Se vocês não buscarem compreender o Islã, jamais compreenderão a essência de sua divisão entre Sunni e Shi'ia, a identidade legalista, jurídica, 'católica' que o sunismo representa, conforme encarnado no califado islâmico e nas sua realizações culturais, filosóficas e científicas, nos seus tratados jurídicos e tradições mística de 'sunnificação' do sufismo. Nem entenderão o fundamento místico-esotérico da metafísica angélica, ascética, de martírio do xiísmo com sua entrega total e fascínio com uma liberdade que só pode ser atingida na realização de unicidade com a Divindade. Indo mais atrás, não se fascinarão, como eu, ao ler no Alcorão o Profeta declamar tão bela e maravilhosamente sobre Allah, sobre a Divindade, o Misericordiosíssimo, o Perfeitíssimo, Aquele Sem Forma e Luz Maravilhosa, o Misericordioso, Compassivo Pai de Todos, o Senhor e Deus, Aquele diante do Qual todo joelha se dobra (muslimya). Não haverá história do Islã para vocês e, pior, não haverá sequer Islã como uma história belíssima, em constante iluminação e auto-revelação que ao mesmo tempo que destroi os pagãos na sua jihad pela manifestação do Poder de Allah na Terra, a Ummah islâmica, ou sua evolução social e cultural, sua relevância espiritual e contínua defesa do diálogo com outras religiões e crenças (sim!) e com outros povos (Sim!), e da legislação compassiva que vê os cristãos como irmãos e pune severamente o muçulmano que tiraniza seu irmão cristão e judeu (SIM!).

Mais além, nem vocês, nem eu, seremos jamais capazes de compreender a história do islamismo, dos povos árabes e muçulmanos de maneira geral, de sentir na nossa pele seus desejos, anseios, projetos bem como suas dores, seu sofrimento, seu vivenciamento uns dos outros, da Divindade, o grau de sua pureza moral, tradicionalismo, vivência total e absoluta do ascetismo da renúncia a todo prazer, conforto, comodidade em função da alegria eterna e serena de viver na carne como compatriotas dos Céus na mesma Ummah, o símbolo terreno do Califado Celestial.

Tudo isso será explicado, entendido e muito bem estudado sim. Mas nos museus e livros de história. A ação terrorista fundamentalista é Saturno. É o velho que não reconhece que o seu tempo já se foi, e tenta engolir o novo. O tempo dos deuses já se passou. Já há muito que é a vez dos Homens.

O rosto do futuro do oriente médio não será o desses genocidas em massa que você tanto reverencia e tenta justificar no seu tópico de despedida. Será o de uma garota que quer se livrar de todas as restrições impostas à Vida por uma lei e uma sociedade amparadas em escritas religiosas de milênios atrás. A Razão já venceu sobre a Loucura há muito tempo. A guerra ideológica já acabou há muitos anos. Esses episódios esporádicos, que persistem em nos enojar de tempos em tempos, nada mais são do que ecos do passado, que dissiparão suas vibrações, pouco a pouco, até se silenciarem para sempre.
 
Última edição:
Não apoio nem um nem outro. Matar e matar, pra mim que não defende a pena de morte, nunca existe um motivo para se matar alguém. Porém eu não sou desses defensores de que a liberdade de expressão está acima de tudo, muitos usam disso para tirar a responsabilidade de seus atos. A França passa por um momento delicado demais para simplesmente levar uma charge dessa a público, podia ter promovido uma comoção em massa da comunidade muçulmana o que poderia acarretar em algo pior.
Momento ruim para um humor questionável, ação gera reação.
 
enquanto o governo norteamericano está salivando para erradicar a 'ameaça muslim' da face da Terra.
Eu acho que o governo norteamericano não é tão ingenuo assim. Uma guerra específica contra determinado país muçulmano é uma coisa. Agora uma guerra contra a "ameaça muslim" é algo totalmente diferente. Só se for pra descobrir qual é o verdadeiro potencial que o terrorismo tem.
 
Eu acho que o governo norteamericano não é tão ingenuo assim. Uma guerra específica contra determinado país muçulmano é uma coisa. Agora uma guerra contra a "ameaça muslim" é algo totalmente diferente. Só se for pra descobrir qual é o verdadeiro potencial que o terrorismo tem.

O discurso islamofóbico já começou, vide o vídeo que postei no tópico do atentado. A imprensa já está dando um ar sensacionalista, sabendo da repercussão de uma opinião errada... Quando os ianques querem, eles promovem a lavagem cerebral, confunde o povo, propõe a solução e já sai com armas em punho pra bancar os 'defensores da liberdade'. Que os deuses queiram que eu esteja errada. :tsc:
 
Não apoio nem um nem outro. Matar e matar, pra mim que não defende a pena de morte, nunca existe um motivo para se matar alguém. Porém eu não sou desses defensores de que a liberdade de expressão está acima de tudo, muitos usam disso para tirar a responsabilidade de seus atos. A França passa por um momento delicado demais para simplesmente levar uma charge dessa a público, podia ter promovido uma comoção em massa da comunidade muçulmana o que poderia acarretar em algo pior.
Momento ruim para um humor questionável, ação gera reação.

Quem disse que liberdade de expressão tira a responsabilidade? Depois entra na Justiça.
 
Não. Tudo tem de ser oito e oitenta? O que está sendo defendido aqui é uma forma inteligente de se fazer uma crítica humorística. Há muitas formas de se fazer humor com um assunto polêmico sem soar ofensivo a ponto de provocar a ira de um grupo armado e perigoso. É tão difícil assim, 'raciocinar' o modo como se faz o humor ao invés de simplesmente chocar e tocar o 'foda-se, eu posso, quero e vou fazer'?
 
Não. Tudo tem de ser oito e oitenta? O que está sendo defendido aqui é uma forma inteligente de se fazer uma crítica humorística. Há muitas formas de se fazer humor com um assunto polêmico sem soar ofensivo a ponto de provocar a ira de um grupo armado e perigoso. É tão difícil assim, 'raciocinar' o modo como se faz o humor ao invés de simplesmente chocar e tocar o 'foda-se, eu posso, quero e vou fazer'?

Ok. Então você está dizendo que não precisamos ir para o extremo de não falar nada. Basta ir para o extremo de não fazer humor burro. O que continua sendo o mesmo problema. Pela sua lógica, você acha que os extremistas seriam mais compreensivos com um humor inteligente? Além disso, quem vai definir o que é humor inteligente e burro?
 
Na verdade o que critico não é o fato de se fazer humor ou não, e sim a tentativa de transformar esse povo em mártir em uma luta contra um "inimigo comum". Não vivo em um mundo onde exista bem e mal, como eu disse, os dois lados estão errados, os dois pagaram com a vida.
 
Não vivo em um mundo onde exista bem e mal, como eu disse, os dois lados estão errados, os dois pagaram com a vida.

Quando que os "dois" lados estão errados, @Ranza? Pelo amor de deus. Um lado só errou no episódio. Fazer sátira com religião é permitido em qualquer país razoavelmente civilizado do século XXI. E, na minha opinião, só existe liberdade de expressão plena mesmo. Ou você aceita ouvir e dizer tudo, ou já virou censura, porque só deixa dizer o que te é conveniente - ou pelo menos o que não te é inconveniente.

Já no caso de sátira religiosa, não está atingindo nenhuma pessoa física dos dias de hoje. Nem pessoa jurídica, já que não é marca de ninguém. É só um símbolo, é uma "coisa". Maomé e Jesus são personagens de textos e ficções. Literatura. Quer dizer, então, que agora não se pode mais fazer sátira com nazismo também, né? South Park ou Bastardos Inglórios não podiam ter feito piadas com o Hitler, porque vai saber qual neonazista não o idolatra. Pelo amor de deus, cara. Nessa situação só teve um lado errado. Se você acredita minimamente nos ideais liberais, você tem obrigação de defender o direito da revista de fazer o que quiser de sátira com Maomé, Buddha, Jesus Cristo e quem for. Mesmo que ache sem graça e nojenta a sátira, tem que defender o direito de a charge ser feita.
 

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