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Boyhood: Da infância à Juventude (Boyhood, 2014)

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    10

Vëon

Do you know what time it is?
Estreia agora dia 19 em Sundance o filme que o Richard Linklater vem filmando aos poucos nos últimos 12 anos.

Richard Linklater has been shooting segments of Boyhood for over a decade in order to convey the impact of time on a family that includes Patricia Arquette, Ethan Hawke, and a young son played by newcomer Ellar Coltrane (who ages from 7 to 18 over the course of the film).

Ansioso!
 
Não peguei em Berlin, mas peguei por acaso num hotel que fiquei fim de semana passado.

Que filmão.
Apesar de muito da publicidade se dar em cima dessa questão de ser um filme filmado durante longos 12 anos, o filme em momento algum fica chamando atenção pra isso e se auto-vangloriando. Não. Essa é apenas um dos fatores que contribuem para a narração da história do menino e sua família.

Dois pontos me deixaram na dúvida:

1)
Foi só eu ou o garoto no final do filme tava parecendo DEMAIS com o próprio Ethan Hawke? A fisionomia, o corpo magro e esguio, a barba mal feita.
Não sei se digo kudos para o pessoal da maquiagem ou se é um efeito do filme no meu cérebro.

2)
A Nicole no finalzinho do filme deveria ser a menina que disse que o cabelo dele estava "kewt" quando ele ainda era criancinha?
O filme não estava indo muito nessa vibe de colocar essas coincidências dignas de melodrama, com excessão do gerente do restaurante / encanador indo agradecer a mãe pelo conselho.
Mas não sei porque o nome dela ficou guardado na minha cabeça no bilhete e me veio direto quando a "outra" Nicole apareceu no final.
No IMBd eu não achei qual seria a atriz que seria a Nicole criança, só tem a atriz que fez a Nicole adulta (e é o último crédito, que está em ordem cronológica).
Mas enfim. Não achei entrevista de alguém perguntando isso pro Linklater.
** Posts duplicados combinados **
Ah, e você sabe que está assistindo um filme do Linklater quando se depara com cenas tipo a do menino e uma colega de bicicleta conversando e andando, enquanto que o fundo vai demarcando espacialmente o tempo levado pela conversa.
Lindo plano.
 
Última edição:
Já disse antes, mas é meu filme favorito do ano até agora (Amantes Eternos, Sob a Pele, Grande Hotel Budapeste, Coherence e Selfish Giant são alguns dos outros que recomendaria fortemente).

1)
Foi só eu ou o garoto no final do filme tava parecendo DEMAIS com o próprio Ethan Hawke? A fisionomia, o corpo magro e esguio, a barba mal feita.
Não sei se digo kudos para o pessoal da maquiagem ou se é um efeito do filme no meu cérebro.

Não acho que tenha sido proposital, mas isso me lembrou de uma declaração do Linklater sobre sequels:

Boyhood.jpg

=]

2)
A Nicole no finalzinho do filme deveria ser a menina que disse que o cabelo dele estava "kewt" quando ele ainda era criancinha?
O filme não estava indo muito nessa vibe de colocar essas coincidências dignas de melodrama, com excessão do gerente do restaurante / encanador indo agradecer a mãe pelo conselho.
Mas não sei porque o nome dela ficou guardado na minha cabeça no bilhete e me veio direto quando a "outra" Nicole apareceu no final.
No IMBd eu não achei qual seria a atriz que seria a Nicole criança, só tem a atriz que fez a Nicole adulta (e é o último crédito, que está em ordem cronológica).
Mas enfim. Não achei entrevista de alguém perguntando isso pro Linklater.

Não acho que seja spoiler, mas por via das dúvidas...

Nem reparei nisso, mas acho que não deve ser a mesma personagem não. O argumento que me convenceu disso foi este (grifo meu):

Traditionally I would agree but this film is written in a completely different way. It's not really about a central narrative or written in an entirely filmic way. It's pure reality, a collage of moments from a boy's life. In a film where every actor plays the character over a number of years, if Linklater wanted it to be the same girl he would have cast the girl at the start to reappear later on.

http://www.reddit.com/r/movies/comments/2b3knd/official_discussion_boyhood_spoilers/
 
Não acho que seja spoiler, mas por via das dúvidas...

Nem reparei nisso, mas acho que não deve ser a mesma personagem não. O argumento que me convenceu disso foi este (grifo meu):
É, eu pensei nisso. Principalmente pelos créditos serem na ordem cronológica e não ter nenhuma razão para o Linklater esconder isso.

Os 2 únicos argumentos que eu poderia me agarrar seria o fato que o filme tem uma cena desse tipo (o gerente indo agradecer a mãe), apesar de ser a única, e eu não encontrar crédito para a menininha (papel secundário, mas ainda assim ela ganha nome e um tempinho de quadro).
 

Sabe aquele filme slice of life sem grandes pretensões, mas que te cativa? É esse aí.

É bem light, na primeira meia hora tive a sensação de estar vendo Sessão da Tarde, mas a abordagem da vida do garoto é a melhor possível; não consigo imaginar uma forma mais apropriada para contar a história. Quanto à duração, com um pequeno intervalo à 1h30, eu não me senti cansado em nenhum momento, com a história andando no ritmo ideal.

No início do filme olhei para o Ehan Hawke e pensei: "Nossa, ele está bem conservado." Só depois fui lembrar que era ele 12 anos atrás. :) Outra coisa que eu me peguei pensando é no que os atores pensavam durante as cenas, considerando que nas vidas deles eles já poderiam ter passados por conflitos semelhantes aos do personagem ao longo dos anos de filmagem. Imagina o cara gravar uma cena, um ano depois ele volta, relê o roteiro e pensa: "Caralho, eu vivi exatamente isso desde a última cena que gravei."
 
filmão. linklater e essa questão de como o tempo nos afeta podia render um tcc né. deixo só dois poréns porque sou chatonilda (possíveis spoilers):

1. gostaria que a história tivesse um pouco mais da vida do pai e da mãe juntos, e talvez um marido bêbado a menos. acho até para evitar a repetição: começa tudo bem, cara trata bem o mason, de repente acontece algo que o cara vira um babaca, etc.

2. na hora que a mãe apareceu falando pro encanador que ele deveria estudar eu pensei "wut?", foi tão do nada aquilo, aí já imaginei que viria algo tipo aquela cena, mas mesmo quando ela chegou, foi meio constrangedora, sabe. para não dizer desnecessária.

mas só isso. o sentinela falou sobre a duração do filme, olha, concordo totalmente: mal sente o tempo passar. e eu nem fiz pausa nem nada. quando vi que faltava só mais meia hora para acabar até me assustei. e olha, tem uma penca de filme com duração menor que não prende minha atenção desse jeito. e o que acho um mérito: prender a atenção mesmo sendo uma história sem um conflito a ser solucionado.

ponto para a trilha (adoro esse poder que a música tem de fazer a gente viajar no tempo). e eu sei que tem muita coisa que o linklater pode ter filmado e ficou fora na hora de editar porque não nos diz nada nos dias de hoje, mas algumas passagens ali me deixaram O__________o (especialmente as de política). e o modo como ele foi esperto em captar objetos do nosso dia-a-dia que também marcam a passagem do tempo, por exemplo, os aparelhos de tv e video game (se eu for falar da minha infância, lembro da telefunken onde via changemen, e uma sharpezinha onde jogávamos nintendinho, por exemplo). enfim, muito legal.
 
Spoilers


Ah, mas eu não vi o segundo padastro como o primeiro, você achou?
O primeiro desde o principio tinha um "q" de estranheza e forçação na relação dele com as crianças (com a mãe parecia mais genuíno). Ele pegou uma fase ainda de obediência e calmaria das crianças e ele próprio causava o conflito.
O segundo era mais um cara direto/seco/deprimido do que um escroto. E as cenas de conflitos entre ele e Mason se iniciam com momentos de rebeldia adolescente do garoto do que em um estouro sem motivo do padastro.
 
Spoilers


Ah, mas eu não vi o segundo padastro como o primeiro, você achou?
O primeiro desde o principio tinha um "q" de estranheza e forçação na relação dele com as crianças (com a mãe parecia mais genuíno). Ele pegou uma fase ainda de obediência e calmaria das crianças e ele próprio causava o conflito.
O segundo era mais um cara direto/seco/deprimido do que um escroto. E as cenas de conflitos entre ele e Mason se iniciam com momentos de rebeldia adolescente do garoto do que em um estouro sem motivo do padastro.

(SPOILERS)

faz sentido vendo assim. é que vendo de um jeito mais geral, os dois têm uma fase boa seguida de escrotice. o professor nos dois primeiros anos é gente boa, inclusive mais gente boa com o mason do que com o próprio filho. é quando ele começa a beber mais que começam os problemas de fato: aquela encheção com as crianças antes de elas encontrarem o pai, o corte de cabelo forçado, etc. mas pelo menos dois anos de tranquilidade a família teve.

aí com o outro pai, o cara é todo legalzão (aquela cena do "que horas são?" no momento brinca um pouco com nossa expectativa "ih, o mason deu azar e o cara vai ser mala como o anterior", mas na sequência nossa ideia acaba se confirmando, já que ele começa a querer controlar o mason). note que no mesmo dia do "que horas são?" o mason responde de boa para a mãe que inclusive fumou baseado e tá tudo ok, tudo de boa. eu não sei bem se o mason passou por uma fase "rebelde", fora o lance de matar aula para ficar revelando foto no quarto escuro ele é meio que um guri normal - inclusive arruma emprego e tudo o mais.

tem uma cena que ele abre a lata de cerveja de manhã - aquilo meio que tocou um alarme para mim. em um filme em que o tempo é apertado para servir em pouco menos de três horas, nada é por acaso nas cenas. ele poderia estar passando na cozinha para tomar um suco e aí deu um sermão no mason, mas está lá, sentado, abrindo uma lata de cerveja. eu não acho que a mãe deixaria o cara só porque ele estava sendo rigoroso com o mason, ou por ser direto/seco/deprimido, tinha algo mais de errado por ali, entende?
 
(SPOILERS)

faz sentido vendo assim. é que vendo de um jeito mais geral, os dois têm uma fase boa seguida de escrotice. o professor nos dois primeiros anos é gente boa, inclusive mais gente boa com o mason do que com o próprio filho. é quando ele começa a beber mais que começam os problemas de fato: aquela encheção com as crianças antes de elas encontrarem o pai, o corte de cabelo forçado, etc. mas pelo menos dois anos de tranquilidade a família teve.

aí com o outro pai, o cara é todo legalzão (aquela cena do "que horas são?" no momento brinca um pouco com nossa expectativa "ih, o mason deu azar e o cara vai ser mala como o anterior", mas na sequência nossa ideia acaba se confirmando, já que ele começa a querer controlar o mason). note que no mesmo dia do "que horas são?" o mason responde de boa para a mãe que inclusive fumou baseado e tá tudo ok, tudo de boa. eu não sei bem se o mason passou por uma fase "rebelde", fora o lance de matar aula para ficar revelando foto no quarto escuro ele é meio que um guri normal - inclusive arruma emprego e tudo o mais.

tem uma cena que ele abre a lata de cerveja de manhã - aquilo meio que tocou um alarme para mim. em um filme em que o tempo é apertado para servir em pouco menos de três horas, nada é por acaso nas cenas. ele poderia estar passando na cozinha para tomar um suco e aí deu um sermão no mason, mas está lá, sentado, abrindo uma lata de cerveja. eu não acho que a mãe deixaria o cara só porque ele estava sendo rigoroso com o mason, ou por ser direto/seco/deprimido, tinha algo mais de errado por ali, entende?
Spoilers



Sim, verdade. Ele não era um cara ideal. Mas a impressão que ele me passou é a do típico veterano de guerra deprimido em que o alcoolismo é mais apenas um side-effect pra ressaltar esse sentimento. E nesse sentido ele em nenhum momento chega a ser uma grande ameaça como o primeiro padrasto foi. Ele é um cara afundado psicologicamente e que a sua única ameaça é que ele pode levar quem está em volta junto.
A rebeldia que me referia não era num estilo Juventude Transviada, mas no sentido de independência da adolescência, o afastamento dos pais (no caso, da mãe). A cena do padrasto bebendo na varanda é a cena de um típico pai esperando o filho voltar tarde pra casa (e a rebeldia é Mason ter dito que voltaria antes).

Concordo que Linklater constrói personagens tão identificáveis que dá vontade de conhecer mais a fundo a vida de alguns deles. Mas o filme é mais fortemente sob o ponto de vista do Mason, e nesse caso ele pouco ou nada presenciou a vida de casal dos pais. O que o afetou foram os outros relacionamentos da mãe.
Lembro que fiquei com muita vontade de saber sobre a vida das crianças filhas do padrasto escroto também. Mas é fora do escopo do filme mostrar sobre eles já que a idéia era explicitar como essas relações tão intensas de amizade entre Mason e os outros 2 filhos podem acabar assim de repente mesmo.
 
eu achava que as crianças apareceriam em um outro momento, fiquei esperando alguma cena que desse alguma sensação de conclusão para aquela história. mas aí lembrei do que o filme representa (um pedaço da vida de um garoto) e bem, a vida é assim. tem gente que é importante para nós num dia, e pouco tempo depois some e você nunca mais sabe o que foi feito delas.
 
Pra mim é o filme do ano. Não acho que terá algum outro filme esse ano que me toque como ele.
 
Pra mim a única parte wtf foi o irmão do pai que apareceu pela primeira vez (e com esposa) na formatura do Mason o_O
Os pais da madastra de Mason o tratando como neto (dando a arma de presente e tals) tbm foi meio estranho, mas não tanto quanto o irmão que apareceu do nada...

Enfim, ótimo filme =D
 
Pra mim a única parte wtf foi o irmão do pai que apareceu pela primeira vez (e com esposa) na formatura do Mason o_O
Os pais da madastra de Mason o tratando como neto (dando a arma de presente e tals) tbm foi meio estranho, mas não tanto quanto o irmão que apareceu do nada...

Enfim, ótimo filme =D

nossa, nem tinha me ligado nessa questão do irmão. mas o dos pais da madrasta eu até entendo: com os saltos no tempo a gente perde a parte em que eles se conhecem e se relacionam. eu já vi muito pai e mãe tratando os enteados dos filhos como se fossem netos, é bem comum. a estranheza fica mais pelo que a gente não vê, mas o filme todo depende muito de quem está assistindo inferir o que aconteceu no pulo de um ano para outro.
 
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Reactions: Bel
Saiu um featurette bem bacana sobre a criação do filme: The Making of Boyhood: 12 Years on Film
Brilhante.
Quando você vê esse tipo de making of você enxerga os propósitos dos participantes, as motivações e porque o filme evoca questões tão mais profundas em comparação a assistir toneladas de making of de alguns blockbusters.
10 minutos mais relevantes do que 40 DVDs especiais com capa de couro e o caralhado.
 
Algumas matérias sobre a montagem do filme e sobre a escrita de um dos pontos cruciais do filme.

http://www.vulture.com/2014/12/how-boyhoods-saddest-moment-came-together.html
a_560x0.jpg
a_560x0.jpg
a_560x0.jpg



http://carpetbagger.blogs.nytimes.com/2014/12/17/below-the-line-editing-boyhood/?_r=0
“But we were very cautious not to be too hasty about making big, broad decisions about removing material early on. We were willing to be in mid-process at the end of every year, for many years.”

“A few times we took something out early on and we ended up putting it back in years later,” she said. “It was kind of a rolling process that kept percolating.”

“We knew early on that we didn’t want to have a big demarcation from year to year. We didn’t want to have a title or any gimmicky transition that would mark the change. Our goal was to make the transitions wash by, and then later, a few minutes into the next year, the audience can recognize a change.”
 
Mason: Aren't you jumping ahead by, like, 40 years or something?

Mom: I just thought there would be more.
Essa cena... :cry:

Nas duas vezes que vi o filme, me emocionou. Ri da observação do Mason e desabei logo depois. :dente:

http://carpetbagger.blogs.nytimes.com/2014/12/17/below-the-line-editing-boyhood/?_r=0
“But we were very cautious not to be too hasty about making big, broad decisions about removing material early on. We were willing to be in mid-process at the end of every year, for many years.”

“A few times we took something out early on and we ended up putting it back in years later,” she said. “It was kind of a rolling process that kept percolating.”

“We knew early on that we didn’t want to have a big demarcation from year to year. We didn’t want to have a title or any gimmicky transition that would mark the change. Our goal was to make the transitions wash by, and then later, a few minutes into the next year, the audience can recognize a change.”

"We knew early on that we didn’t want to have a big demarcation from year to year. We didn’t want to have a title or any gimmicky transition that would mark the change."

A montagem segue a filosofia do projeto como um todo, o roteiro também não mostra aqueles eventos típicos, que demarcam momentos importantes na vida dos personagens. Nada de cerimônias (de casamento, de formatura), nem de primeiro beijo ou transa. São os eventos do dia a dia, os momentos aparentemente banais em que nada grande acontece, que dizem mais sobre os personagens e fazem o filme se situar sempre no presente. Não é à toa que uma cena como a do encanador que progride na vida e agradece o conselho soa meio fora da proposta do filme. Não fiquei incomodado com ela, mas certamente é um momento "roteirizado" e, por isso, menos natural no contexto do filme.
 
Todo mundo cresceu com e torceu pelo protagonista. Identifiquei a minha vida na dele em várias partes. Quem saiu ileso do filme não tem alma.
 

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