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Eleições 2014 Mais de 92% dos deputados federais não foram eleitos apenas pelos seus próprios votos

Ana Lovejoy

Administrador
Apenas 36 dos 513 deputados federais que vão compor a Câmara dos Deputados na próxima legislatura (2015-2018) alcançaram o quociente eleitoral com seus próprios votos. O número corresponde a meros 7% do total. Desses, 11 são parentes de políticos tradicionais em seus Estados. Os outros 477 eleitos foram “puxados” por votos dados à legenda ou a outros candidatos de seu partido ou coligação. O número é o mesmo de 2010, quando também houve apenas 36 deputados eleitos com votação própria.

Os números foram calculados pela Secretaria Geral da Mesa da Câmara. O quociente eleitoral é calculado dividindo-se o número de votos válidos no Estado pelo número de vagas na Câmara a que tem direito cada Estado.

Por exemplo, o Distrito Federal tem direito a oito deputados. Dividindo-se os 1,45 milhões de votos válidos por oito, chega-se ao quociente eleitoral de 181,7 mil. Este é o número de votos necessários para um candidato se eleger por conta própria no DF. Porém, nenhum deputado atingiu esse quociente na última eleição.

Além do Distrito Federal, nenhum deputado dos seguintes Estados alcançou o quociente eleitoral na última eleição: Acre, Alagoas, Amapá, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Rio Grande do Norte, Roraima, Rio Grande do Sul e Tocantins.

Entre os 36 deputados que conseguiram atingir o quociente eleitoral, cinco são de São Paulo, cinco de Minas Gerais e cinco do Rio de Janeiro. Em Pernambuco, quatro deputados foram eleitos com seus próprios votos; e, na Paraíba e no Ceará, três. Em Goiás e Santa Catarina, dois atingiram o quociente eleitoral. No Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Sergipe e Roraima, apenas um atingiu o quociente eleitoral.

Distorções

A forma de eleição baseada no quociente eleitoral é chamada de sistema proporcional. Segundo o diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz, esse sistema, somado ao quadro de pulverização partidária e formação de alianças no País, tem levado a algumas distorções: “Na Câmara, muita gente se elege com votação muito pequena. Tivemos, na Região Norte, pessoas eleitas com menos de 10 mil votos.”

Em contraposição, dezenas de candidatos foram muito bem votados e ainda assim não foram eleitos. É o caso, por exemplo, do deputado Antonio Carlos Mendes Thame (PSDB): ele recebeu 106,6 mil votos em São Paulo, mas não foi reeleito. Entretanto, o candidato Fausto Pinato (PRB) foi eleito com 22 mil votos, graças à votação expressiva de Celso Russomanno, do mesmo partido.

Puxadores de votos

Com 1,52 milhão de votos, Russomanno foi o deputado mais votado de São Paulo e “puxou” quatro candidatos para a Câmara: além de Fausto Pinato, ele ajudou a aleger o cantor sertanejo Sergio Reis (45,3 mil votos); Beto Mansur (31,3 mil) e Marcelo Squasoni (30,3 mil). Todos são do PRB, já que o partido não fez coligação.

O segundo colocado em São Paulo, deputado Tiririca (PR), teve pouco mais de 1 milhão de votos e elegeu sozinho dois deputados, além de si próprio: Capitão Augusto (46,9 mil votos) e Miguel Lombardi (32 mil), ambos do PR, que também não se coligou.

fonte
 
Caracaaaaa, não tinha noção de como tinha fica nessa eleição.

Olhando assim de primeira, o sistema proporcional parece uma abominação, mas em essência ele faz sentido.

Se 1,5 milhões de pessoas que votaram no Russomanno representam 7,6% da população do estado de São Paulo, então o partido/coligação que Russomanno representam deve ter 7,6% das cadeiras destinadas para o estado de São Paulo. O número de cadeiras que São Paulo tem direito no Congresso, se não me engano, é (total de cadeiras no Congresso)*(população de SP)/(população Brasil).

Continuando: Só que Russomanno é uma pessoa só, de modo que não pode ocupar mais de uma cadeira e nem seu voto pode valer mais que um. Assim sendo, o partido/coligação tem o direito de pegar os seus próximos candidatos até preencher todas as vagas conquistadas.

Parece injusto? Talvez sim.

E se vigorasse o sistema majoritário, ao invés do proporcional? Nesse casos, quem tem mais voto entra e ponto final. Russomanno tem 1,5 milhões de votos? Não faz diferença. Ele vai ocupar uma cadeira assim como o último deputado a ocupar a última cadeira destinada ao estado de São Paulo. Suponha que Russomanno seja o único de seu partido/coligação que entrou no Congresso e que o último a entrar também seja o único de seu partido/coligação e que ele teve, sei lá, 50 mil votos. Russomanno representa 1,5 milhões de eleitores mas o seu partido/coligação tem o mesmo peso do partido do último a entrar.

Parece injusto? Talvez sim.

É por isso que a reforma política é difícil.
 
Sou bem mais um sistema majoritário. Cada partido teria de caprichar nos seus candidatos ao invés de pôr só um carro-chefe (geralmente uma sub-celebridade) pra puxar os minúsculos.
 
A princípio isso parece melhor mesmo, mas você não pode esquecer que numa votação, quanto mais votos, melhor. No sistema majoritário, o Russomanno vale 1, mas no proporcional, ele vale por 5 (ou mais, nem sei direito, mas vale mais que 1).

Uma das propostas é o voto em lista fechada. Os partidos montam um rank dos melhores (huehuehue) deputados e você vota na legenda. Nesse sistema, o ideal é que os partidos ou coligações sejam bem claros ao definir uma agenda de propostas ou uma lista de valores e tal. É basicamente a mesma coisa que o sistema atual, mas de repente o partido pode não querer colocar o Tiririca em primeiro lugar na lista.
 
só faltou a chibata no fim do post, heim, @Calib

****

eu estaria de acordo com o sistema proporcional se:

1. ao votar, as pessoas tivessem noção que não votam apenas no candidato, mas no partido/coligação. mas elas não têm. não, não vou entrar nos méritos "pobre não sabe votar", porque não é só pobre. tenho um monte de amigo supostamente esclarecido e bem de vida que compartilha aquelas asneiras tipo se a maioria votar nulo a eleição é anulada, por exemplo. galera vota sem nem conhecer o sistema, dá nisso. "haha, vou votar tiririca porque pior não fica". amigo, conhece os outros candidatos que podem ser puxados pelo tiririca? foi sondar lá o partido dele? vai ficar de boa se ele trouxer um candidato escrotão com ele? etc. pessoal nem pensa nisso.

2. dessem uma enxugada em termos de partido, considerando alinhamento político e não siglas babacas que no final das contas não dizem porcaria nenhuma para os candidatos. esquerda, centro, direita, etc, seguindo compasso político e que quem se filiasse soubesse que está concordando em seguir a linha geral de pensamento desse partido. sei que estamos falando de deputados, mas tomem o exemplo da marina, que jura de pés juntos que é a favor do casamento gay, mas o partido dela que obrigou a mudança no programa sobre isso.

como não funciona assim, acho que uma reforma no sistema se faz mais do que necessária. primeiro porque caímos no problema da representação: 92% não foram escolhidos diretamente pelo povo. o povo não queria esses caras lá, falando por eles. sei que vou pegar um exemplo ruim porque eles foram na realidade puxadores de votos, mas há por aí um número enorme de mini bolsonaros e felicianos EM OUTROS PARTIDOS que aproveitam essa puxação de voto para ganhar uma vaguinha que não teria. o que visava um equilíbrio vira um desequilíbrio já que uma vez eleitos eles formam alianças próprias, vide a dita "bancada evangélica", que é composta por membros dos mais variados partidos. e mesmo vendo do outro lado: se eu não me engano o jean willys na eleição anterior só entrou por causa de um puxador do partido dele.

e aí você pega caso como o do ratinho jr. deputado estadual aqui do paraná. 300 mil votos. ÓBVIO que votam nele porque é uma figura conhecida entre um monte de gente desconhecida. isso que eu falo sobre o voto no candidato, não no partido. muita gente que votou ratinho não faz ideia de qual partido ele é, vota porque é popular, vota porque o material de divulgação dele é azul e não vermelho então ele não tem relação com pt, vota porque ele é filho do ratinho, etc. negócio é: assembléia legislativa tinha só duas vagas do PSC. Agora, por causa do ratinho jr., tem DOZE. PMDB tá com sete, PT com três. agora me conte: onde está o equilíbrio desse processo?

equilíbrio por equilíbrio, eu acho que antes das eleições já deveria ser reservado um número x de vagas por partido, e aí quem tivesse mais voto dentro desse partido ocupasse as vagas. todo mundo estaria de fato igualmente representado.

porque do jeito que tá, dá nisso, né >>> http://noticias.r7.com/eleicoes-201...mais-conservador-desde-1964-diz-diap-06102014
 
O que você descreveu é mais ou menos o voto em lista aberta em dois turnos. Me parece a melhor opção, mas é um sistema que torna a eleição um pouco mais complexa.

Primeiro as pessoas votam nas legendas, com base no conteúdo programático - o que em tese deveria ser a agenda de prioridades legislativas e os valores do partido. Essa votação definiria quantas cadeiras cada partido teria do total de cadeiras do estado.

Depois seria feita uma votação por candidato e aí as vagas previamente definidas são ocupadas por ordem de votação.

O principal risco que eu penso é que poderia não mudar nada se um partido colocar um puxador de voto para representa-lo no primeiro turno (voto na legenda). Pq aí, né, vão votar no partido X não pelo conteúdo, mas pq é o partido do candidato Y. E aí o sistema perde totalmente o sentido.
 
O que você descreveu é mais ou menos o voto em lista aberta em dois turnos. Me parece a melhor opção, mas é um sistema que torna a eleição um pouco mais complexa.

Primeiro as pessoas votam nas legendas, com base no conteúdo programático - o que em tese deveria ser a agenda de prioridades legislativas e os valores do partido. Essa votação definiria quantas cadeiras cada partido teria do total de cadeiras do estado.

Depois seria feita uma votação por candidato e aí as vagas previamente definidas são ocupadas por ordem de votação.

O principal risco que eu penso é que poderia não mudar nada se um partido colocar um puxador de voto para representa-lo no primeiro turno (voto na legenda). Pq aí, né, vão votar no partido X não pelo conteúdo, mas pq é o partido do candidato Y. E aí o sistema perde totalmente o sentido.

Mas só que para isso funcionar, tem de eliminar todos os partidos nanicos que não possuem nem uma ideologia própria e só estão ali para garantir uma vaga por estarem coligados ao partido dominante. E é bem melhor um puxador de votos com meio ou um milhão de votos lá do que alguém que se elegeu por tabela; pois este não sofrerá pressão alguma de seus eleitores.

Do jeito que está, não se tem controle nenhum do quem realmente está no Congresso, pois, há a costumeira dança de cadeiras entre os políticos que abandonam seus partidos em troca de uma vaga em algum Ministério do Governo.
 
E a pergunta de um milhão de dólares é: Como definir quais são os partidos sem ideologia? E como evitar que essa definição iniba o surgimento de novos partidos com ideologia definida?
 
E a pergunta de um milhão de dólares é: Como definir quais são os partidos sem ideologia? E como evitar que essa definição iniba o surgimento de novos partidos com ideologia definida?

É tão difícil assim formar um partido que seja de Esquerda, Direita ou Centro? Precisa mais do que isso ainda? O que existe aqui é pura fisiologia partidária com partidos ditos de oposição que não se constrangem em formar uma coalizão em determinado Estado se tiver vantagem.
 
Uma ideia boa é o sistema 'proporcional' com a seguinte correção: o deputado que ganhou, sei lá, sete cadeiras, ocupa ele mesmo as sete cadeiras, tendo direito a sete votos e tudo mais (mas salários e outros gastos sendo só referente a um deputado mesmo).
 
É tão difícil assim formar um partido que seja de Esquerda, Direita ou Centro? Precisa mais do que isso ainda? O que existe aqui é pura fisiologia partidária com partidos ditos de oposição que não se constrangem em formar uma coalizão em determinado Estado se tiver vantagem.

Eu acho que precisa. Direita e esquerda é muito pouco, muito simplista.
 
Enquanto nenhuma reforma for feita, não adianta criticar o Tiririca. A lei atual permite puxadores de votos e enquanto isso for legal, tendo um ao seu dispor, nenhum partido nanico que tem ambição de se projetar vai querer abrir mão disso.
 
Eu acho que o que estimula os nanicos é fato de que eles são remunerados mesmo sem ter representatividade alguma (através do Fundo Partidário e futuramente, quem sabe, também com o financiamento público de campanha). Só isso já é uma tremenda distorção.
 
Eu acho que precisa. Direita e esquerda é muito pouco, muito simplista.

Pouco? O Brasil nem tem um partido de Direita atualmente e a esquerda é fragmentada em vários partidos por questões de divergências pessoais de seus fundadores. E nem adianta citar PSDB pois ele é de Centro-Esquerda :dente:

Tá complicado o caso do Brasil.
 
Pouco? O Brasil nem tem um partido de Direita atualmente e a esquerda é fragmentada em vários partidos por questões de divergências pessoais de seus fundadores. E nem adianta citar PSDB pois ele é de Centro-Esquerda :dente:

Tá complicado o caso do Brasil.

Esse debate é eterno. Localizar os nossos partidos no espectro político é uma dificuldade. Partidos conservadores tem aos montes. Eles são de direita? Tudo depende do que você chama de direita. Além disse, a esquerda é toda fragmentada pq o espectro político é assim mesmo, ué.
 
Uma ideia boa é o sistema 'proporcional' com a seguinte correção: o deputado que ganhou, sei lá, sete cadeiras, ocupa ele mesmo as sete cadeiras, tendo direito a sete votos e tudo mais (mas salários e outros gastos sendo só referente a um deputado mesmo).
Eu acho essa ideia horrível. O congresso iria parecer uma empresa com ações na bolsa, o mais votado seria o sócio majoritário. E no fim seria praticamente o mesmo sistema vigente atualmente, só mudando a questão de partido pra indivíduo.
 
Eu acho essa ideia horrível. O congresso iria parecer uma empresa com ações na bolsa, o mais votado seria o sócio majoritário. E no fim seria praticamente o mesmo sistema vigente atualmente, só mudando a questão de partido pra indivíduo.

Mas a intenção da ideia era ser o mesmo sistema vigente mesmo, uma ideia para manter o sistema proporcional frente a outros sistemas (como o distrital), apenas corrigindo a mazela dos puxadores de votos que levam à Câmara candidatos com votação irrisória. Se parece uma bolsa de valores é uma questão estética né, mas se for assim o congresso já uma bolsa de valores, com partidos mais votados sendo os sócios majoritários. Não vejo porque levar lá políticos sem votação expressiva para representar as pessoas que votaram nesses partidos mais votados; antes o deputado deveria representar quem votou nele apenas (a parte questões de arredondamento), e nada mais apropriado e democrático que um deputado mais votado tenha mais poder de voto.
 

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