Adelinda
The possession of mankind
Este tipo de escrita é marcada pelo cunho social e de gênero, associadas à condição da mulher negra contemporânea, a fim de compartilhar um passado comum, marcado pela escravidão, diáspora e discriminação de vários tipos. Ela constitui uma “formação discursiva”, que liga passado e presente e que tem transmutado a experiência das mulheres em produção cultural.
A tradição oral tem grande importância na cultura africana, pois através dela são transmitidos valores culturais. Trata-se de um aspecto ligado ao matriarcalismo, pois cabe às mulheres alimentar a marca de sua descendência, que ligará os valores populares à cultura erudita, na literatura, fundando as diferenças entre sujeitos, cultura e representações de cunho simbólico.
O poema “Infância” de Drummond representa um olhar de fora sobre a questão da representação da mulher negra. O poema descreve uma ama negra, que chega no meio do dia e que chama para o café. Esta mulher, vive na senzala, que é radicalmente afastada da casa-grande, e é onde ela “aprendeu a ninar e nunca se esqueceu”. Este último trecho cabe duas possíveis leituras: ou a mulher não se esqueceu como ninar, mantendo a toada de ninar em sua voz ou ela não se esqueceu da senzala, reiterando na voz da negra a memória da escravidão, contida no cotidiano posterior a esta fase. Pode ser identificada uma “homenagem” à segunda mãe, condutora da memória através da voz e criadora de memórias. O poema, entretanto, não confere à mulher uma voz própria e esta imagem será desmentida na escrita feminina negra, que se posicionará contra a tradição de base escravista.
A literatura, como tratado do final da questão anterior, não conferia voz às mulheres negras, como pode ser visto em “Infância” de Drummond. A escrita das mulheres negras, trará uma posição contrária, alegando a discriminação das tradições negras na cultura vigente e conferindo voz àqueles que foram emudecidos por questões escravistas, dando margem à memória, à fala e à escrita crítica quanto a construção de uma nova cultura, que enfoca o ser humano como parte de suas heranças simbólicas. Assim, construir-se-á um novo presente, promovendo capacitação em se repensar o futuro além dos interditos históricos, contidos em uma relação reivindicatória.
Verifica-se, neste tipo discursivo, a preocupação social, a consciência feminina e a expressão estética de mulheres com múltiplas percepções da realidade, que buscam o tecer do que é real, do que imaginário e do que é ficção.Nessa escrita, são evocados “resíduos do cotidiano”, que se justapõem e contrastam, numa unidade assimétrica, um tecido fiado pela diversidade. Esses retalhos se opõem ao purismo acadêmico e reiteram padrões da estética. O corpus da literatura feminina funde ação e palavra e marca a textura da oralidade, que enlaça gerações de mulheres que narram uma história única, tendo preocupação com a história e os valores sociais criados através dela e concebendo reflexão sobre os mitos criados e sua responsabilidade na marginalização e desconhecimento cultural da comunidade negra.
A teoria afro-americana vê neste tipo de literatura um diálogo em que se perpetuam conexões significativas dos “discursos de minorias”, que reúne mulheres negras deslocadas pelo espaço e pelo tempo e que trazem cincunscritas, classificações limitadoras sobre a identidade criada sobre o feminino. Desta forma, tal literatura funciona enquanto forma de existir dentro dos conceitos sociais vigentes, buscando sentido e negociação dos valores latentes na sociedade, que rumam para uma nova visão do que é ser mulher e negra e do conteúdo que este tipo de produção cultural e modificadora pode abranger.
É constatado que a literatura feminina afrodescendente veicula diferentes manifestações através do espaço/tempo e que transcendem “individualidades autorais”. Neste sentido, a reflexão sobre a escravidão e a trajetória do negro após este período, revelam posicionamento sobre o regime escravocrata e sua posterioridade com avanços e frustrações. Destaca-se, portanto, a problemática da herança, do cotidiano e das possibilidades futuras da mulher e de suas inter-relações dentro e fora da comunidade negra, estimulando reconfigurações interpretativas através da crítica e dos elementos do cotidiano e do imaginário plural, reconstituído por vozes independentes e de rica textualidade.
A tradição oral tem grande importância na cultura africana, pois através dela são transmitidos valores culturais. Trata-se de um aspecto ligado ao matriarcalismo, pois cabe às mulheres alimentar a marca de sua descendência, que ligará os valores populares à cultura erudita, na literatura, fundando as diferenças entre sujeitos, cultura e representações de cunho simbólico.
O poema “Infância” de Drummond representa um olhar de fora sobre a questão da representação da mulher negra. O poema descreve uma ama negra, que chega no meio do dia e que chama para o café. Esta mulher, vive na senzala, que é radicalmente afastada da casa-grande, e é onde ela “aprendeu a ninar e nunca se esqueceu”. Este último trecho cabe duas possíveis leituras: ou a mulher não se esqueceu como ninar, mantendo a toada de ninar em sua voz ou ela não se esqueceu da senzala, reiterando na voz da negra a memória da escravidão, contida no cotidiano posterior a esta fase. Pode ser identificada uma “homenagem” à segunda mãe, condutora da memória através da voz e criadora de memórias. O poema, entretanto, não confere à mulher uma voz própria e esta imagem será desmentida na escrita feminina negra, que se posicionará contra a tradição de base escravista.
A literatura, como tratado do final da questão anterior, não conferia voz às mulheres negras, como pode ser visto em “Infância” de Drummond. A escrita das mulheres negras, trará uma posição contrária, alegando a discriminação das tradições negras na cultura vigente e conferindo voz àqueles que foram emudecidos por questões escravistas, dando margem à memória, à fala e à escrita crítica quanto a construção de uma nova cultura, que enfoca o ser humano como parte de suas heranças simbólicas. Assim, construir-se-á um novo presente, promovendo capacitação em se repensar o futuro além dos interditos históricos, contidos em uma relação reivindicatória.
Verifica-se, neste tipo discursivo, a preocupação social, a consciência feminina e a expressão estética de mulheres com múltiplas percepções da realidade, que buscam o tecer do que é real, do que imaginário e do que é ficção.Nessa escrita, são evocados “resíduos do cotidiano”, que se justapõem e contrastam, numa unidade assimétrica, um tecido fiado pela diversidade. Esses retalhos se opõem ao purismo acadêmico e reiteram padrões da estética. O corpus da literatura feminina funde ação e palavra e marca a textura da oralidade, que enlaça gerações de mulheres que narram uma história única, tendo preocupação com a história e os valores sociais criados através dela e concebendo reflexão sobre os mitos criados e sua responsabilidade na marginalização e desconhecimento cultural da comunidade negra.
A teoria afro-americana vê neste tipo de literatura um diálogo em que se perpetuam conexões significativas dos “discursos de minorias”, que reúne mulheres negras deslocadas pelo espaço e pelo tempo e que trazem cincunscritas, classificações limitadoras sobre a identidade criada sobre o feminino. Desta forma, tal literatura funciona enquanto forma de existir dentro dos conceitos sociais vigentes, buscando sentido e negociação dos valores latentes na sociedade, que rumam para uma nova visão do que é ser mulher e negra e do conteúdo que este tipo de produção cultural e modificadora pode abranger.
É constatado que a literatura feminina afrodescendente veicula diferentes manifestações através do espaço/tempo e que transcendem “individualidades autorais”. Neste sentido, a reflexão sobre a escravidão e a trajetória do negro após este período, revelam posicionamento sobre o regime escravocrata e sua posterioridade com avanços e frustrações. Destaca-se, portanto, a problemática da herança, do cotidiano e das possibilidades futuras da mulher e de suas inter-relações dentro e fora da comunidade negra, estimulando reconfigurações interpretativas através da crítica e dos elementos do cotidiano e do imaginário plural, reconstituído por vozes independentes e de rica textualidade.