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Copa 2014 "Eu não gosto da Fifa. Eu gosto da Copa. E dos protestos. E do Brasil."

Clara

Perplecta
Usuário Premium
"Pode-se gostar da Fifa ou detestá-la. Eu não gosto. Uma entidade habitada por figuras funestas como Joseph Blatter, atual presidente, e o recluso espectro de Ricardo Teixeira, não é boa coisa. Uma entidade que mostrou ao Brasil que João Havelange não era o bom velhinho, uma entidade que foi indiretamente responsável pela destruição do Maracanã não merece empatia. Mas, confesso, eu gosto da Copa. A Copa do Mundo, aquela que não levava o nome da Fifa ainda que vinculada à corporação, sociedade secreta, sei lá, da Copa eu gosto. Se existe essa Copa pura, ou não, ignoro, mas ela está impressa em algum lugar simbólico muito forte que é reativado quando o futebol se expressa ao longo da competição. Esse fenômeno independe da própria Fifa, do mercenarismo dos jogadores, dos intermediários, do poder da grana, de tudo de ruim.

Isto dito, digo mais: mesmo que não goste da Fifa, é útil observar que a Fifa tem razão ao dizer que a “culpa das manifestações” é do governo. Não que as manifestações sejam um problema, algo sobre que se deva imputar uma culpa, muito ao contrário. Mas são um problema para o governo e um néctar para a oposição. A Fifa não tem o monopólio do poder da grana, do fisiologismo, da demagogia. Se o governo quis fazer a Copa num ano eleitoral, num país com infraestrutura embaralhada, num país que planeja aos trancos e barrancos, a culpa é do governo mesmo. Se o Brasil escolheu 12 sedes (Blatter diz que Lula queria que fossem 17), a culpa é do governo. Foi o governo que assinou um caderno de encargos absurdo, foi o governo que submeteu o país às normas da Fifa.

Foi o governo que precisou da Copa Fifa no Brasil. O Brasil sobreviveria sem a Copa Fifa durante uns bons cem anos, ou mesmo até que o Sol se extingua daqui a 5 bilhões de anos, mas o Brasil é o país do futebol, e o governo crê que o Brasil precisa assegurar sua hegemonia no futebol e aposta na Copa das Copas. Não há uma Copa do Mundo paralela, só há a Copa da Fifa, se quiser Copa das Copas vai ter que lamber as botas do Blatter. O discurso de que a seleção é “patrimônio” do Brasil, salvaguarda da afirmação da identidade e da civilidade e da cordialidade, isso ninguém engole mais. O Brasil se transforma.

Mesmo assim, pode-se gostar da Copa, gostar de Neymar, torcer. Não estão decorando as ruas, pois hoje metade da vida se passa nas redes, as outras, ali se discute tudo, futebol, manifestações, Fifa, figurinhas, pontos de bafo para troca de figurinhas (e, paradoxalmente, graças às figurinhas se volta à rua para falar de Copa).

Mas o Brasil vive também uma era de radicalismos, de forma que quem diz que gosta da Copa é imediatamente identificado com a Fifa e com o governo e com superfaturamento e com tudo de ruim. Quem gosta da Copa, quem quer torcer, quem quer pintar a rua, vestir verde-amarelo, é um pária, um traidor da classe média sacrificada, carece ser patrulhado, ou até agredido. Nesse campo de batalha fragmentado, vive-se um suspense jamais visto, a ponto de se ter dúvidas sobre se a Copa acontecerá ou não.

Claro que a Copa pode não acontecer. Um planeta em voo livre não detectado pelos observatórios pode vir a se chocar contra a Terra. Uma tsunami pode atingir o litoral nacional. Mas o que se teme é que uma tal convulsão social se abata sobre o país que impeça a bola de rolar. Essa profecia, que é mais um desejo que um cenário provável, tem parentesco com a crença de que o mundo acabaria em 2012. Pode até ser que tenha acabado, pode ser que tenha acabado há mais tempo, pode ser que nem exista o mundo, que seja uma ilusão do indivíduo, ou uma ilusão minha, ou uma ilusão do Neymar, estão aí os solipsistas para apoiar, ao menos no terreno da filosofia, essa hipótese. Mas, caso o mundo não tenha acabado em 2012, e se a Copa de fato acontecer em 2014, o que será que será?

Será que daqui a duas semanas as ruas estarão pintadas? Ou, se não estiverem, o brasileiro vai dispensar o feriado e a cerveja e o carnaval?

Nesta semana ouvi no refeitório do jornal um cozinheiro dizer a um nutricionista que “está ficando mais confiante na seleção”. Quando começarem as televisões nos botequins a estourar as primeiras imagens, e quando Gana e Alemanha se enfrentarem, e quando vier a Espanha, quando o juiz entrar em campo e for xingado, e quando Dilma declarar aberta a Copa das Copas da Fifa das Fifas, o que será?

Quem vai renunciar ao espetáculo? Quem torce contra o Brasil vai perder o espetáculo? Se não houver Copa, como é que se vai torcer contra o Brasil?

Vexame mesmo é esse álbum de figurinhas. Papel cada vez pior, fotos horríveis, projeto gráfico infame. Comprei um, adquiri 30 pacotes e até agora não abri. Deixei na mala do carro. Como uma caveira de cavalo, um cachorro enterrado, um montinho artilheiro. Sinto saudades da estátua do Garrincha no Maraca e nem sei se vou conseguir assistir ao vivo a um jogo da Copa (não fui sorteado). Fazer o quê? Eu não gosto da Fifa. Eu gosto da Copa. E dos protestos. E do Brasil."

Fonte
 
"Eu não gosto da Fifa. Eu gosto da Copa. E dos protestos. E do Brasil."

Eu acho que só isso já diz muito.

Me irrita essas falsas dicotomias criadas no grito. "Se você é a favor da copa, você é um vendido, um coxinha ou um petista, você não se importa com os problemas do país...". Ou "se você é contra a copa você é baderneiro, deveria ter protestado quando o país se candidatou, você só quer ajudar a expor o Brasil ao ridículo, não ama seu país...". Sério, vontade de mandar esse pessoal à merda.

Eu tô me abstendo de falar qualquer coisa sobre copa e protestos antes do evento acabar. Eu vou ver os jogos sim. Vou torcer pelo Brasil sim, como se fosse qualquer outra copa. Mas também concordo que os protestos são válidos, e concordo que existem muitos aspectos negativos associados à realização do evento (dos quais já tá todo mundo cansado de falar).

Depois que coisa toda acabar, eu faço um saldo pessoal, se acho que foi um sucesso ou um fracasso para o país. Mas, de uma forma ou de outra, eu vou prestigiar o evento (pela televisão, mas ainda assim) e isso não torna minhas possíveis críticas ou elogios posteriores mais ou menos válidos.
 
"Eu não gosto da Fifa. Eu gosto da Copa. E dos protestos. E do Brasil."

Eu acho que só isso já diz muito.

Me irrita essas falsas dicotomias criadas no grito. "Se você é a favor da copa, você é um vendido, um coxinha ou um petista, você não se importa com os problemas do país...". Ou "se você é contra a copa você é baderneiro, deveria ter protestado quando o país se candidatou, você só quer ajudar a expor o Brasil ao ridículo, não ama seu país...". Sério, vontade de mandar esse pessoal à merda.

Eu tô me abstendo de falar qualquer coisa sobre copa e protestos antes do evento acabar. Eu vou ver os jogos sim. Vou torcer pelo Brasil sim, como se fosse qualquer outra copa. Mas também concordo que os protestos são válidos, e concordo que existem muitos aspectos negativos associados à realização do evento (dos quais já tá todo mundo cansado de falar).

Depois que coisa toda acabar, eu faço um saldo pessoal, se acho que foi um sucesso ou um fracasso para o país. Mas, de uma forma ou de outra, eu vou prestigiar o evento (pela televisão, mas ainda assim) e isso não me torna minhas possíveis críticas ou elogios posteriores mais ou menos válidos.

Parece que tudo se dividiu entre os "anti fifa" e os "pró fifa". =/
E acho chato porque parece que a maioria das pessoas não está aproveitando a copa como podia.
Vejo pelo meu bairro, algumas ruas ainda têm restos dos grafites e desenhos que a molecada (e outros nem tão moleques assim) fizeram em copas passadas (ainda dá pra ver até o galinho da copa da França, quase sumindo! :lol: ) nessa Copa só na minha rua fizeram umas pinturas.
Nem no meu trabalho fizeram os enfeites de sempre!

Acho que a gente precisa saber separar as coisas e fazer críticas e protestos.
Mas porquê não pode também torcer pelo Brasil?

Lembrei do livro "O Que é Isso Companheiro" do Fernando Gabeira em que ele conta que, quando foi exilado (na Argélia, acho) e teve a Copa de 1970 eles e os colegas de exílio combinaram de torcer pra Itália na final.
Ele conta que passou um tempo e ninguém aguentou e logo estavam torcendo pela seleção do Brasil. :rofl:
E vamos que a Copa de 70 foi a mais usada para propósitos políticos do que qualquer outra.
 
Como assim? Os anos de realização podem ser escolhidos?

Não, no caso o Brasil escolheu se candidatar a sede da Copa de 2014, e a FIFA entrou em acordo com o Brasil. Os anos de Copa são fixos, o que acontece é que ela sempre vai ser no mesmo ano das eleições gerais (enquanto as eleições municipais coincidem com os Jogos Olímpicos, ou seja, 2016 tem mais treta aí), coincidência que passou a acontecer depois da redemocratização brasileira, a partir da eleição do FHC.

Lembrei do livro "O Que é Isso Companheiro" do Fernando Gabeira em que ele conta que, quando foi exilado (na Argélia, acho) e teve a Copa de 1970 eles e os colegas de exílio combinaram de torcer pra Itália na final.
Ele conta que passou um tempo e ninguém aguentou e logo estavam torcendo pela seleção do Brasil. :rofl:
E vamos que a Copa de 70 foi a mais usada para propósitos políticos do que qualquer outra.

Mas isso aconteceu muito por conta de aquela ter sido a melhor seleção de todos os tempos, que encantou, encanta e vai encantar para todo o sempre. Não acho que isso aconteceria, por exemplo, se fosse a Seleção de 1990.
 
Eh o que defendo ha algum tempo.
Eu separo as coisas. Gosto de separar.

Vao a merda Ricardo Teixeira, Havelanjao e Marin.
Go Selecao Canarinho!
 
Eu sofro bullying dos meus amigos de esquerda, sempre que paro numa banca pra comprar figurinhas da Copa.
É como se eu fosse um imperialista sem escrúpulos e opressor só porque gasto alguns trocados com um hobby.
Eu fico com a impressão de que seguir esse argumento é parecido (só que às avessas) com aqueles direitistas adeptos do conceito de esquerda caviar. Alegar que eu não posso ser de esquerda porque comprei o último modelo do iphone é de uma incoerência gigante. Assim como também o é dizer que alguém é de direita só porque gosta de futebol e vai assistir à Copa do Mundo num estádio.
Eu vejo que ainda vivemos em um mundo que tenta colocar rótulos absolutistas em tudo e todos. A contemporaneidade mostra que isso é simplista demais. Em um mundo fragmentado, seres fragmentados e ações fragmentadas não podem simplesmente serem unidas forçadamente. Aceitar essa incapacidade humana é um primeiro passo para uma vida menos angustiante.
 
Não, no caso o Brasil escolheu se candidatar a sede da Copa de 2014, e a FIFA entrou em acordo com o Brasil. Os anos de Copa são fixos, o que acontece é que ela sempre vai ser no mesmo ano das eleições gerais (enquanto as eleições municipais coincidem com os Jogos Olímpicos, ou seja, 2016 tem mais treta aí), coincidência que passou a acontecer depois da redemocratização brasileira, a partir da eleição do FHC.
Por isso que achei estranho essa parte do texto. Ficou parecendo que se quisesse a Dilma poderia ter colocado a Copa pra ser em 2015.
 

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