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Metade das famílias de classe média vive 'enforcada'

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
Entre os entrevistados, 28% ganham para pagar dívidas e 22% são desorganizados; os mais pobres são os que se programam melhor

As classes C, D e E podem dividir a base da pirâmide, mas não lidam com questões financeiras da mesma maneira. Essa é outra constatação da pesquisa realizada pela consultoria Plano CDE. Apesar de ter mais renda, a classe média – aquela que puxou o consumo nos últimos anos – demonstra menos habilidade do que os mais pobres para lidar com as contas.

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Nailda tem cinco cartões e dívida equivalente ao triplo de sua renda​

A Plano criou três perfis de relacionamento de orçamento familiar. O organizado (faz a gestão de ganhos e gastos, se priva e, quando consegue, poupa). O desorganizado (não sabe quanto ganha ou gasta e entra no vermelho regularmente). O orientado pela dívida (que destina tudo que ganha ao pagamento das contas e vive com a corda no pescoço).

Apesar de serem considerados mais arriscados pelo sistema financeiro, porque têm renda inferior, os mais pobres se mostram bem mais organizados – 71% têm controle rigoroso das finanças.

As famílias de classe média que participaram da pesquisa tiveram um comportamento bem diferente – 22% se mostraram desorganizados e 28%, orientados pelas dívidas. Ou seja: metade deste grupo teve problemas para pagar as contas.

"Não podemos expandir o dado para o Brasil e dizer que metade da classe média, que reúne 98 milhões de pessoas – incluindo os 64 milhões de classe C – estão nessa condição", diz Luciana Aguiar, sócia diretora da Plano CDE. "Mas é possível dizer que há uma forte propensão a esse comportamento."

Na avaliação de Luciana, vários fatores contribuem para colocar a classe média nessa situação, além do fato de a renda oscilar. A falta de instrumentos financeiros adequados é uma delas. A classe média hoje recorre muito, por exemplo, ao cartão de crédito. Integrantes da pesquisa tinham cinco, alguns até dez cartões, que funcionavam como cheque especial.

Essa ineficiência também foi percebida em outras pesquisas. O SPC Brasil, empresa de cadastro de crédito, identificou no final do ano passado que 47% dos inadimplentes eram da classe C e estranhou o dado. "Na nossa avaliação, esse dado mostrou que a classe C não consegue se blindar com alternativas de crédito e rolagem de dívidas, como as classes A e B", diz Luiza Rodrigues, economista do SPC.

Dívidas. Há também questões comportamentais. As famílias que participaram da pesquisa responderam a 1.107 entrevistas. Nesses momentos, muitas diziam não ter dívidas. Mas, ao olhar em detalhe o orçamento nos diários financeiros, a Plano encontrava as dívidas.

"Definitivamente a noção de dívida entre os mais pobres não é a mesma dos economistas", diz Luciana. "Para eles, dívida é o que não conseguiram pagar – se renegociou ou parcelou um bem, não é dívida. O pagamento pode estar até atrasado, mas a pessoa só considera dívida quando decide que não vai pagar mesmo."

Essa classe também ampliou sua cesta de compras. Agora paga internet, TV por assinatura, plano de saúde, colocou o filho na escola privada, comprou uma moto, mas o supermercado ainda é o item que mais pesa no orçamento – 27% dos gastos. Essa composição faz com que essas pessoas fiquem mais fragilizadas diante de oscilações da economia. "À medida que avança, a camada mais baixa permanece sentindo a alta de preços dos produtos básicos, como alimentos, mas também passa a sentir parte da inflação de serviços. E sofre com as duas", diz o economista André Braz, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas.

Nailda Santos do Nascimento, 49 anos, está com dificuldades para lidar com os novos tempos. Ela tem carteira assinada e recebe por hora para cuidar da limpeza de um condomínio. Com os descontos, são pouco mais de R$ 500 por mês. Mas a sua principal fonte de renda é a pensão como viúva – R$ 1,6 mil. Com a renda de R$ 2,1 mil sustenta três filhas, numa casa própria em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo.

Em meados do ano passado, quando os gastos foram ficando maiores que os ganhos, começou a usar os cinco cartões de crédito que recebeu de lojas e bancos sem pedir, mas guardara para emergências. A dívida nos cartões passa de R$ 6 mil – o triplo de sua renda. Primeiro usou para pagar prestações atrasadas da faculdade da filha, depois para despesas pessoais e, por fim, os cartões bancaram a reforma da casa, que teve a estrutura abalada por uma infiltração do imóvel vizinho.

"Nunca tive o nome sujo porque, quando vejo que não vou conseguir pagar, renegocio, mas desta vez eu acho que não vou conseguir. Estou vivendo dos cartões e não saio mais do vermelho."

Fonte
 
Nailda Santos do Nascimento, 49 anos, está com dificuldades para lidar com os novos tempos. Ela tem carteira assinada e recebe por hora para cuidar da limpeza de um condomínio. Com os descontos, são pouco mais de R$ 500 por mês. Mas a sua principal fonte de renda é a pensão como viúva – R$ 1,6 mil. Com a renda de R$ 2,1 mil sustenta três filhas, numa casa própria em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo.
Em meados do ano passado, quando os gastos foram ficando maiores que os ganhos, começou a usar os cinco cartões de crédito que recebeu de lojas e bancos sem pedir, mas guardara para emergências. A dívida nos cartões passa de R$ 6 mil – o triplo de sua renda. Primeiro usou para pagar prestações atrasadas da faculdade da filha, depois para despesas pessoais e, por fim, os cartões bancaram a reforma da casa, que teve a estrutura abalada por uma infiltração do imóvel vizinho.
e porque a filha não trabalha pra [ajudar] pagar a própria faculdade? E a reforma da casa tem que ser bancada pelo vizinho.

o q eu percebo é que os jovens não trabalham mais! com 16 anos (ou até menos) já da pro jovem trabalhar meio período, mas os pais e o governo ficam poupando. Por menos que ganhe, já é um dinheiro que ajuda na renda. Mas não, ficam em casa o dia inteiro na internet, dançando funk, usando drogas. Antigamente jovens não estudavam porque tinham que trabalhar. Hoje em dia não estudam e nem trabalham. E nessa os pais se enfiam em dívidas pq o iphone pro filho não pode faltar...
 
Melody, sua reacionária. Pessoal não trabalha por que quer ficar de boa não viu, tem toda uma opressão por parte do sistema, que marginaliza e exclui quem não encaixa-se nos padrões do status quo.
 
Melody, sua reacionária. Pessoal não trabalha por que quer ficar de boa não viu, tem toda uma opressão por parte do sistema, que marginaliza e exclui quem não encaixa-se nos padrões do status quo.

Discordo. O que mais acontece é que as empresas não encontram gente qualificada pra trabalhar. A maioria dos membros dessa classe não tem muita qualificação e mais porque não querem. Experiência conta muito, mas todo mundo quer chegar já sentando na janelinha e não é assim que o mercado de trabalho privado funciona. Na área privada, existe uma hierarquia e você tem que começar de baixo e ascender aos poucos. Mas todo mundo quer começar ganhando 5k por mês. Até tem como isso acontecer, se passar num concurso público, mas considerando a realidade de quem não quer estudar nem o básico, imagina o que é necessário pra conseguir uma vaga no serviço público.
Eu concordo com a @melody que em muitas dessas famílias passa-se necessidade o mês inteiro, mas os filhos ostentam iphone, tênis de marca e os pais, perfumes Chanel nº 5 e Ferrari Black. Originais, porque muamba é coisa de pobre. Conheço gente que acha indispensável trocar de celular a cada lançamento. E faz o crediário com o dinheiro dos pais. O que falta nessa juventude (e eu sei, faço parte dessa geração) é que a galera quer tudo fácil, rápido e sem suar o cabelo. Some isso à cultura de ostentação e hierarquia de aparência que domina a classe media.
 
Já começa errado quando a pessoa ganha 500 reais e faz três filhos.

Ela claramente não tem condições de dar boas condições pra um filho (muito menos 3) e depois vai reclamar que o sistema ou o governo é que não da condições. Aí complica.

Pessoal trabalha 12, 16 horas por dia, põe filho no mundo pra escola ensinar as coisas, SUS dar a saúde e a internet educar. Aí o menino tem que se matar em ônibus lotado desde a infância, estudar em escola pública de péssima qualidade, arrumar sub emprego pra pagar a única faculdade que ele conseguiu entrar e ainda tem que competir com o playboy que teve toda a condição de se preparar, que vai de carro pra faculdade federal e tem tempo de sobra pra estudar. Eu só teria um filho se tivesse plena condição de pagar escola boa, plano de saúde bom, trasporte, segurança e o mais importante: tempo pra educá-lo eu mesmo. Mas não... Melhor transar sem pensar em nada e depois culpar o governo com umas piadinhas no facebook.

Óbvio que tem muito mais injustiça por trás, mas o cara passa a vida toda vendo as injustiças e reclamando, e faz três filhos pra viverem mais três vidas injustiçada reclamando até morrer (não antes de fazerem mais três filhos).
 
Já começa errado quando a pessoa ganha 500 reais e faz três filhos.

Ela claramente não tem condições de dar boas condições pra um filho (muito menos 3) e depois vai reclamar que o sistema ou o governo é que não da condições. Aí complica.

Pessoal trabalha 12, 16 horas por dia, põe filho no mundo pra escola ensinar as coisas, SUS dar a saúde e a internet educar. Aí o menino tem que se matar em ônibus lotado desde a infância, estudar em escola pública de péssima qualidade, arrumar sub emprego pra pagar a única faculdade que ele conseguiu entrar e ainda tem que competir com o playboy que teve toda a condição de se preparar, que vai de carro pra faculdade federal e tem tempo de sobra pra estudar. Eu só teria um filho se tivesse plena condição de pagar escola boa, plano de saúde bom, trasporte, segurança e o mais importante: tempo pra educá-lo eu mesmo. Mas não... Melhor transar sem pensar em nada e depois culpar o governo com umas piadinhas no facebook.

Óbvio que tem muito mais injustiça por trás, mas o cara passa a vida toda vendo as injustiças e reclamando, e faz três filhos pra viverem mais três vidas injustiçada reclamando até morrer (não antes de fazerem mais três filhos).

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Já começa errado quando a pessoa ganha 500 reais e faz três filhos.

Ela claramente não tem condições de dar boas condições pra um filho (muito menos 3) e depois vai reclamar que o sistema ou o governo é que não da condições. Aí complica.

Em geral, a natalidade está positivamente relacionada com o nível educacional. Assim, é de se esperar que famílias com menor educação - que também costumam ser mais pobres - tenham um planejamento familiar precário. Se você observar essa tabela aqui, fica bastante evidente que os estados menos desenvolvidos (mais pobres e com menores níveis educacionais) são os que possuem as maiores taxas de natalidade. Enfim, o lance é que o nexo de causalidade é geralmente inverso: são as más condições de renda e educação que levam a maiores taxas de natalidade.

Outro aspecto importante relacionado com a notícia tem a ver com o modelo de crescimento escolhido pelos últimos governos, pautado pelo estímulo ao consumo, sobretudo via maior acesso ao crédito. Se este se torna mais barato e suas condições são menos exigentes, por consequência mais indivíduos vão se endividar. E como o próprio planejamento financeiro das famílias costuma ser ruim, muitos acabam não conseguindo honrar a dívida depois.

Uma das consequências mais graves disso é que a poupança acaba sendo desestimulada, e com menores taxas de poupança temos menores taxas de investimento. E a falta de investimentos é um dos grandes motivos pelo qual o país não consegue crescer como poderia. Temos umas das menores taxas de investimento como proporção do PIB no mundo (como pode ser visto aqui) e estamos atrás de nossos semelhantes, tanto na América Latina quanto nos BRICS.
Perdeu-se a oportunidade de alavancar poupança e investimentos quando a condição externa era favorável (graças ao "efeito China"), e estamos perdendo também o bônus demográfico. Ou seja: não é um cenário muito animador.
 
E que eu que achava que era a inflação que desestimulava a poupança...

Eu não expliquei o processo todo, mas sim, inflação gera isso. São várias faces do mesmo fenômeno: a política monetária frouxa (mais crédito, taxa de juros artificialmente baixa) leva, por um lado, à estímulos ao consumo e, por outro, à inflação. E isso desestimula poupança. =]
 
Eu não expliquei o processo todo, mas sim, inflação gera isso. São várias faces do mesmo fenômeno: a política monetária frouxa (mais crédito, taxa de juros artificialmente baixa) leva, por um lado, à estímulos ao consumo e, por outro, à inflação. E isso desestimula poupança. =]

Confesso que eu mesmo me sinto desestimulado com essas taxas. Aliás, até títulos do tesouro. :(
 

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