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Book of Lost Tales- parte 1- Capítulo 2- The music of Ainur

Ainda não li tudo, também estou comparando com o Ainulindalë d'O Silmarillion. Mas aqui vão minhas primeiras impressões:

Nesse segundo capítulo conhecemos as primeiras versões para o Ainulindalë. Eriol começa a questionar quem são os Valar, se são deuses e tal. A resposta é que sim, porém as histórias contadas pelos homens sobre eles são "estranhas" e "distantes da realidade"...

Fica acertado que Eriol permanecerá mais um tempo na Cottage of Lost Play, para ouvir mais histórias. No dia seguinte, um velho chamado Rúmil é quem conta a Eriol sobre Ilúvatar e a Música dos Ainur.
Thus it was that the Ainulindalë was first to be heard by mortal ears.
Esse Rúmil permaneceu na obra e aparece n'O Silmarillion como sendo a pessoa que registrou a fala e a música. Bacana que ele é um velho todo versado, sabe a língua de todos os pássaros, conhece um pouco até da língua dos Valar.
Rúmil de Tirion foi o nome do estudioso que conseguiu adequar sinais ao registro da fala e da música, alguns para serem gravados em metal ou em pedra, outros para serem desenhados com pincel ou pena. (O Silmarillion)
Baseado nessas primeiras formas de escrita que Fëanor inventou as Tengwar.
Na juventude, aperfeiçoando a obra de Rúmil, Fëanor criou as letras que levam seu nome, e que os eldar usam desde então. (O Silmarillion)
Só um parênteses, também temos neste capítulo uma primeira referência a Tevildo, príncipe dos gatos, uma versão de vilão anterior ao Sauron. :dente::gato:
Tevildo Prince of Cats was a demonic servant of Melko and the remote forerunner of Sauron
 
OK, terminei e fiz uma listinha das diferenças que achei as mais legais/significativas. :smile:

Pequenas diferenças:

* Terra não é chamada de Arda e Ilúvatar não é chamado de Eru;
* Existem apenas quatro grandes Valar -> Manwë, Melko, Aulë e Ulmo;
* Manwë e Varda tem filhos;
* Toda aquela parte dos Valar construindo as coisas em Arda n'O Silmarillion não tem aqui. Não sei se será explicado melhor nos próximos capítulos.

Diferenças maiores:

* A primeira grande diferença que percebi da música dos Ainur aqui pra versão d'O Silmarillion foi o discurso de Ilúvatar "chamando a atenção" de Melko(r), quando ele levanta as duas mãos e a música pára. Na versão d'O Silmarillion não tem essa parte em que Ilúvatar é tão incisivo e enfático ao falar dele. Aqui ele chama a música de Melko(r) de várias coisas horríveis,
through Melko have terror as fire, and sorrow like dark waters, wrath like thunder, and evil as far from my light as the depths of the uttermost of the dark places, come into the design that I laid before you. Through him has pain and misery been made in the clash of overwhelming musics; and with confusion of sound have cruelty, and ravening, and darkness, loathly mire and all putrescence of thought or thing, foul mists and violent flame, cold without mercy, been born, and death without hope.
Achei muito boa essa parte, pena que não sobreviveu na versão final. :(

* Os elfos ressucitam nas suas próprias crianças! 8O Não sei bem o que achar disso, acho que seria uma grande confusão a mesma personalidade reaparecer várias vezes na história (já pensou o Fëanor?? Imagina a dor de cabeça). O que acham?
It is however of one with this gift of power that the Children of Men dwell only a short time in the world alive, yet do not perish utterly for ever, whereas the Eldar dwell till the Great End unless they be slain or waste in grief (for to both of these deaths are they subject), nor doth eld subdue their strength, except it may be in ten thousand centuries; and dying they are reborn in their children, so that their number minishes not, nor grows.

* Outra diferença é que n'O Silmarillion Eru convida os Ainur a morarem em Arda:
Logo, eu digo: Eä! Que essas coisas Existam! E mandarei para o meio do Vazio a Chama Imperecível; e ela estará no coração do Mundo, e o Mundo Existirá; e aqueles de vocês que quiserem, poderão descer e entrar nele. (O Silmarillion)
Enquanto que no capítulo dá a entender que partiu de alguns Ainur o desejo de morar lá e que foi concedido por Ilúvatar, até pelo desejo de proteger o que foi realizado da música e até de instruir os Filhos de Ilúvatar.
(...) but some others, and among them many of the most beautiful and wisest of the Ainur, craved leave of Ilúvatar to dwell within the world. For said they: "We would have the guarding of those fair things of our dreams, which of thy might have now attained to reality and surpassing beauty; and we would instruct both Eldar and Men in their wonder and uses whenso the times come that those appear upon Earth by your intent, first the Eldar and at length the fathers of the fathers of Men."
Knowing all their hearts, still did Ilúvatar grant the desire of the Ainur, nor is it said he was grieved thereat.
Aqui eu prefiro como ficou n'O Silmarillion, sei lá, acho muito phoda quando Ilúvatar se pronuncia e fala palavras poderosas. :mrpurple: Apesar de que faz todo o sentido eles próprios desejarem morar lá.
 
Eu não achei muito marcantes as diferenças entre os dois textos, mas teve uma passagem que chamou a minha atenção. Eu nunca entendi muito bem qual era o domínio de Melkor, já que Ulmo controlava os mares e Manwë era o senhor dos céus. No capítulo do Book of Lost Tales é dito que:

There Melko ruled both fires and cruellest frost, both the uttermost colds and the deepest furnaces beneath the hills of flame; and whatso is violent or excessive, sudden or cruel, in this worl is laid to his charge, and for the most part of jusice.

Parece meio difícil definir essa deidade, mas tem um forte elemento caótico nele, em aposição ao lado cósmico ("ordeiro") dos outros deuses.

Acho que esse trecho não ficou na versão final do Silmarillion.

Aliás, é curioso pq isso ajuda a explicar uma pergunta que foi feita aqui no fórum sobre pq o Um Anel só poderia ser destruído na Montanha da Perdição. Talvez lá o "elemento Melkor" fosse mais forte.
 
Pior que eu também não lembro de nenhuma passagem que dissesse que ele controlava esses extremos (frio e calor). Mas agora que você falou, fui dar uma olhada rápida no Silmarillion e achei isso (não sei se tem mais coisas):
E ele [Melkor] desceu sobre Arda com poder e majestade maiores do que os de qualquer outro Vala, como uma montanha que avança sobre o mar e tem seu topo acima das nuvens, que é revestida de gelo e coroada de fumaça e fogo, e a luz dos olhos de Melkor era como uma chama que faz murchar com seu calor e perfura com um frio mortal.
 
Eu vi esse trecho também, mas parece uma descrição bem mais metafórica do que a do BoLT, né?
 
Bem mais, esse trecho sempre passou batido pra mim e se não fosse pela leitura do BoLT continuaria assim. Legal saber um pouquinho do que se passava pela cabeça do Professor em relação ao personagem.
E a questão do Elemento Morgoth faz sentido mesmo, aliás a criação do anel em Mount Doom pode ter tido uma "ajudinha".
 
Eu não achei o tópico em que perguntavam pq o Um Anel só poderia ser destruído na Montanha da Perdição, mas eu tinha uma teoria, totalmente sem base. A criação dos anéis é um processo tanto mágico quanto físico. O argumento é muito básico - quanto maior a energia mágica desejada para o artefato, mais energia física será necessária para forjá-lo. Algo como: os anéis menos foram feitos em forjas simples, mas para fazer um "master ring", somente usando a maior fonte de calor da Terra-média. O argumento de que Morgoth é essa fonte de energia caótica e extrema só reforça o pq da criação do Um Anel ter ocorrido na Montanha da Perdição. De novo, isso tudo é pura especulação e interpretação criativa.
 
Parece meio difícil definir essa deidade, mas tem um forte elemento caótico nele, em aposição ao lado cósmico ("ordeiro") dos outros deuses.

Essa reflexão sobre os "domínios de Melkor" me lembra a discussão que iniciei aqui sobre a "filiação" dos maiar de fogo, naquele sentido que se diz que Sauron era filiado a Aulë ou que Eönwë era filiado a Manwë. Lá acabou surgindo a conjectura de que o fogo era algo que de certa forma era ligado diretamente a Melkor, e assim teríamos uma espécie de analogia aproximada entre quatro elementos (terra, fogo, ar, água) e quatro valar (Aulë, Melkor, Manwë, Ulmo), embora havendo muitas intersecções entre esses domínios.
 
Essa reflexão sobre os "domínios de Melkor" me lembra a discussão que iniciei aqui sobre a "filiação" dos maiar de fogo, naquele sentido que se diz que Sauron era filiado a Aulë ou que Eönwë era filiado a Manwë. Lá acabou surgindo a conjectura de que o fogo era algo que de certa forma era ligado diretamente a Melkor, e assim teríamos uma espécie de analogia aproximada entre quatro elementos (terra, fogo, ar, água) e quatro valar (Aulë, Melkor, Manwë, Ulmo), embora havendo muitas intersecções entre esses domínios.

Um ótimo tópico, @Haran Alkarin. Eu só acho curioso que num dos trechos que você citou é dito que "ele [Melkor] ocupou o pensamento com um frio severo e implacável" e que "houve um longo conflito entre os dois, no qual Melkor sempre desfigurava ou desfazia as obras de Aulë; e Aulë se exauria a reparar os tumultos e as desordens de Melkor". A teoria do fogo é muito boa e faz bastante sentido se pensarmos nos quatro elementos, mas fico pensando se Melkor não traz consigo a energia da caos. Teoricamente o caos seria um elemento essencial quando em equilíbrio com a ordem, mas parece que Melkor é um elemento indesejável. Por outro lado, mesmo sendo ele uma divindade associada ao fogo, o que acontece com seu domínio uma vez que ele ficou aprisionou no Void? Também é curioso que estejamos falando de fogo e caos, que são justamente dois elementos associados ao deus Loki, mas essa comparação já deve ter sido feita aqui no fórum.

Voltando ao tema da música dos Ainur, parece uma coincidência que Eru tenha interrompido a dissonância de Melkor três vezes. Por três vezes os Valar enfrentaram Melkor, sendo que no último confronto houve interferência do próprio Eru, encerrando o conflito, assim como ele encerrou a dissonância na terceira vez:

Ergueu-se então Ilúvatar, e os Ainur perceberam que ele sorria E ele levantou a mão esquerda,e um novo tema surgiu em meio à tormenta, semelhante ao tema anterior e ao mesmo tempo diferente; e g anhava força e apresentava uma nova beleza. Mas a dissonância de Melkor cresceu em tumulto e o enfrentou. Mais uma vez houve uma guerra sonora, mais violenta do que antes, até que muitos dos Ainur ficaram consternados e não cantaram mais, e Melkor pôde dominar. Ergueu-se então novamente Ilúvatar, e os Ainur perceberam que sua expressão era severa. Ele levantou a mão direita, e vejam! Um terceiro tema cresceu em meio à confusão, diferente dos outros. Pois, de início parecia terno e doce, um singelo murmúrio de sons suaves em melodias delicadas; mas ele não podia ser subjugado e acumulava poder e profundidade. E afinal pareceu haver duas músicas evoluindo ao mesmo tempo diante do trono de Ilúvatar, e elas eram totalmente díspares. Uma era profunda, vasta e bela, mas lenta e mesclada a uma tristeza incomensurável, na qual sua beleza tivera principalmente origem. A outra havia agora alcançado uma unidade própria; mas era alta, fútil e infindavelmente repetitiva; tinha pouca harmonia, antes um som uníssono e clamoroso como o de muitas trombetas soando apenas algumas notas. E procurava abafar a outra música pela violência de sua voz, mas suas notas mais triunfais pareciam ser adotadas pela outra e entremeadas em seu próprio arranjo solene. No meio dessa contenda, na qual as mansões de Ilúvatar sacudiram, e um tremor se espalhou, atingindo os silêncios até então impassíveis, Ilúvatar ergueu-se mais uma vez, e sua expressão era terrível de ver. Ele então levantou as duas mãos, e num acorde, mais profundo que o Abismo, mais alto que o Firmamento, penetrante como a luz do olho de Ilúvatar, a Música cessou.
 
Poxa, queria eu estar participando desse grupo, mas eu já sou mais lento e começar atrasado não ia ajudar nada...

Só tem esses livros em inglês né? Deixa a leitura ainda mais lenta principalmente em palavras como "loathly mire" :wall:

Acho que vou ver só as discussões mesmo.
 
Sempre vi Melkor como associado ao caos mesmo, mas lendo o BoLT e o tópico do @Haran Alkarin acho que existe certa associação com o fogo e o gelo/frio, algum controle sobre estes elementos (controle como forma de gerar o caos?).

Verdade, três vezes! Será uma espécie de premonição, visão do que está por vir? (Viajei agora)

Poxa, queria eu estar participando desse grupo, mas eu já sou mais lento e começar atrasado não ia ajudar nada...

Só tem esses livros em inglês né? Deixa a leitura ainda mais lenta principalmente em palavras como "loathly mire" :wall:

Acho que vou ver só as discussões mesmo.

Bora lá, não desanima com os termos tensos, dá pra ir entendendo mais ou menos (e também uso o Google :P).
 
parece uma coincidência que Eru tenha interrompido a dissonância de Melkor três vezes. Por três vezes os Valar enfrentaram Melkor, sendo que no último confronto houve interferência do próprio Eru, encerrando o conflito, assim como ele encerrou a dissonância na terceira vez:

Quando li Silmarillion, me parece que Eru criou primeiro a música, e todos os acontecimentos dela, e depois criou Arda como uma forma visual exatamente para mostrar o que todos aqueles sons representavam. Não lembro exatamente onde está escrito isso, vou até procurar.

Em outras palavras, o que aconteceu em Arda e o que aconteceu na música eram representações (ou interpretações) diferentes da mesma coisa:

Então falou Iluvatar e disse: - Poderosos são os Ainur, eo mais poderoso dentre eles é Melkor; mas, para que ele saiba, e saibam todos os Ainur, que eu sou Ilúvatar, essas melodias que vocês entoaram, irei mostrá-las para que vejam o que fizeram. (...)

Repare que ele disse "fizeram".

E lhes mostrou uma visão, dando-lhes uma imagem onde antes havia somente o som. E eles viram um novo mundo tornar-se visível aos seus olhos (...) e enquanto contemplavam, perplexos, esse Mundo começou a desenrolar sua história, e parecia que o mundo tinha vida e crescia. E Ilúvatar voltou a dizer: - Contemplem sua Música! Esse é seu repertório.

E o texto segue em dizer como a criação do mundo nada mais era que uma outra interpretação da Música, não somente sonora.

Ou seja, não é coincidência, é o mesmo fato acontecendo outra vez.


PS: loathly mire é lodo repugnante! Nunca vi isso na vida.
 
O Christopher Tolkien chama a atenção pra essa diferença: na versão d'O Silmarillion Arda é uma forma visual da música como você disse. No BoLT, Arda só é contemplada pela primeira vez pelos Ainur quando esta passa a existir.
But by far the most important difference is that in the early form the Ainur's first sight of the World was in it actuality ('even now the world unfolds and its history begins', p. 55), not as a Vision that was taken away from them and only given existence in the words of Ilúvatar: Eä! Let these things Be! (The Silmarillion p. 20).
 

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