• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Noé (Noah - 2014)

Gerbur Forja-Quente

Defensor do Povo de Durin
Dei uma procurada e não encontrei o tópico desse filme, decidindo então criá-lo.

Segue o link de uma crítica do filme:

http://www.adorocinema.com/filmes/filme-194938/criticas-adorocinema/

Esse é o filme mais novo de Russel Crowe (Gladiador) e também Emma Watson ( a Hermione de Harry Potter), do director Darren Aronofsky (Réquiem para um Sonho e Cisne Negro).

É sempre difícil falar sobre um filme de origens bíblicas porque as pessoas parecem se dividir entre religiosos fanáticos e ateus fanáticos e assim, ironicamente, nunca conseguimos atingir toda a reflexão que poderíamos de um filme como esse. Mesmo assim, sem medo de ser feliz, lá vai eu lançando minha opinião:

Eu gostei muito do filme. Ele mexeu comigo, falou comigo. Gostei muito da discussão sobre a condição humana que o filme coloca. Pelo que me lembro, Noé é uma das poucas pessoas que conversam diretamente com Deus, e nesse filme não é assim. Esse filme apresenta uma nova visão de Noé, uma nova leitura. E se Deus não falase diretamente com Noé? E se Deus não falasse claramente com Noé sobre o que Ele espera de Noé? Porque é assim na vida das pessoas. Nós podemos rezar e falar com Deus, pedir alguma orientaçção e resposta, mas se essa orientação ou resposta é concedida, é feita não claramente, não diretamente, mas de uma forma muito subjetiva para cada um, como sonhos, ou percepções, e reflexões, por exemplo.

Quando Deus não fala claramente conosco, nós fazemos o que nós pensamos estar certo, ou o que nós temos "certeza" que está certo. Mas e se não estiver? E se nós tivermos interpretado a coisa toda de uma maneira que não é exatamente A verdade?

E se Deus não nos der a orientação que buscamos? E se Deus deixar que nós escolhermos de fato as coisas importantes de nossas vidas (e talvez as das de outras pessoas)? Eu nunca tinha parado para pensar como o livre-arbítrio pode ser tão aterrorizante como esse filme mostrou. Mas se pensarmos bem, de fato é.

Temos que tomar decisões sem garantias. E tomamos essas decisões baseadas nas concepções de "certo e errado" que temos dentro de nós mesmos, as concepções que aprendemos (ou não) com os nossos pais.

E a interpretação é uma coisa fundamental: o herói de uns pode ser o genocida de muitos outros. A interpretação pode diferenciar um fracassado de um herói. Pode distinguir um homem que deve ser punido de um homem que deve poder se perdoar. E nós podemos estar falando da mesma pessoa.

E se essa pessoa é você? O que é que você faria em seu lugar? E como é que você lida com as consequências do que fez? Porque esta é a condição humana. Nós estamos aqui por um tempo, tentando fazer o que é certo, sem maiores orientações que poderia nos isentar de qualquer culpa. Tudo o que você faz, para o bem ou para o mal é merito ou culpa somente de ti mesmo. Não tem como jogar a culpa para outra pessoa (ou em Deus), é contigo, é a sua vida, é a sua decisão e sua ação. Você é o protagonista da sua história. Por mais aterrador que isso pareça, essa é a sua condição. Não é como dizer que algo exista ou que algo não exista. É dizer que não há garantias de nenhum dos lados. No final, no silêncio das nuvens nubladas, é chegado o momento em que você tem que tomar uma decisão sem olhar para trás e conviver com as consequências.

Achei o filme fantástico. Altamente reflexivo. Não se prenda a visões religiosas ou atéicas para ver o filme. Vá de mente aberta e reflita sobre o filme que você assistiu e não sobre a história que você conhece e acredita ou sobre a história que você conhece e não acredita. Essa foi minha reflexão.

Nota 9.

Bom filme para vocês!
 
Última edição:
Bom, fui assistir já sabendo como era, então não fiquei de toda decepcionada. Mas me senti assim como quem leu o Hobbit e foi assistir A Desolação de Smaug, com todas aquelas mudanças. Uma adaptação, como dizemos do Hobbit.
Uma coisa que achei meio mal feito foi as bebês, que dava pra ver claramente que são bonecas.



amei, obrigado por compartilhar esta informação!
 
Bem, esse eu não curti. :lol:

Minha opinião pessoal é que tentou ser um monte de coisas ao mesmo tempo e falhou nelas. As referências são variadas e estão mesmo lá, mas achei mal executadas com quebras de ritmo, pontas soltas (a dublagem deu uma piorada naquilo que me perturbou). E eu entendo que é uma versão, mas como entretenimento não me encantou:

SYMPATHY FOR THE DEVIL
In Darren Aronofsky’s new star-gilt silver screen epic, Noah, Adam and Eve are luminescent and fleshless, right up until the moment they eat the forbidden fruit.

Such a notion isn’t found in the Bible, of course. This, among the multitude of Aronofsky’s other imaginative details like giant Lava Monsters, has caused many a reviewer’s head to be scratched. Conservative-minded evangelicals write off the film because of the “liberties” taken with the text of Genesis, while a more liberal-minded group stands in favor of cutting the director some slack. After all, we shouldn’t expect a professed atheist to have the same ideas of “respecting” sacred texts the way a Bible-believer would.

Both groups have missed the mark entirely. Aronofsky hasn’t “taken liberties” with anything.

The Bible is not his text.

In his defense, I suppose, the film wasn’t advertised as such. Nowhere is it said that this movie is an adaptation of Genesis. It was never advertised as “The Bible’s Noah,” or “The Biblical Story of Noah.” In our day and age we are so living in the leftover atmosphere of Christendom that when somebody says they want to do “Noah,” everybody assumesthey mean a rendition of the Bible story. That isn’t what Aronofsky had in mind at all. I’m sure he was only too happy to let his studio go right on assuming that, since if they knew what he was really up to they never would have allowed him to make the movie.

Let’s go back to our luminescent first parents. I recognized the motif instantly as one common to the ancient religion of Gnosticism. Here’s a 2nd century A.D. description about what a sect called the Ophites believed:

“Adam and Eve formerly had light, luminous, and so to speak spiritual bodies, as they had been fashioned. But when they came here, the bodies became dark, fat, and idle.” –Irenaeus of Lyon, Against Heresies, I, 30.9

It occurred to me that a mystical tradition more closely related to Judaism, calledKabbalah (which the singer Madonna made popular a decade ago or so), surely would have held a similar view, since it is essentially a form of Jewish Gnosticism. I dusted off (No, really: I had to dust it) my copy of Adolphe Franck’s 19th century work, The Kabbalah, and quickly confirmed my suspicions:

“Before they were beguiled by the subtleness of the serpent, Adam and Eve were not only exempt from the need of a body, but did not even have a body—that is to say, they were not of the earth.”

Franck quotes from the Zohar, one of Kabbalah’s sacred texts:

“When our forefather Adam inhabited the Garden of Eden, he was clothed, as all are in heaven, with a garment made of the higher light. When he was driven from the Garden of Eden and was compelled to submit to the needs of this world, what happened? God, the Scriptures tell us, made Adam and his wife tunics of skin and clothed them; for before this they had tunics of light, of that higher light used in Eden…”

Obscure stuff, I know. But curiosity overtook me and I dove right down the rabbit hole.

I discovered what Darren Aronofsky’s first feature film was: Pi. Want to know its subject matter? Do you? Are you sure?

Kabbalah.

If you think that’s a coincidence, you may want a loved one to schedule you a brain scan.

Have I got your attention? Good.

The world of Aronofsky’s Noah is a thoroughly Gnostic one: a graded universe of “higher” and “lower.” The “spiritual” is good, and way, way, way “up there” where the ineffable, unspeaking god dwells, and the “material” is bad, and way, way down here where our spirits are encased in material flesh. This is not only true of the fallen sons and daughters of Adam and Eve, but of fallen angels, who are explicitly depicted as being spirits trapped inside a material “body” of cooled molten lava.

Admittedly, they make pretty nifty movie characters, but they’re also notorious in Gnostic speculation. Gnostics call them Archons, lesser divine beings or angels who aid “The Creator” in forming the visible universe. And Kabbalah has a pantheon of angelic beings of its own all up and down the ladder of “divine being.” And fallen angels are never totally fallen in this brand of mysticism. To quote the Zohar again, a centralKabbalah text: “All things of which this world consists, the spirit as well as the body, will return to the principle and the root from which they came.” Funny. That’s exactly what happens to Aronofsky’s Lava Monsters. They redeem themselves, shed their outer material skin, and fly back to the heavens. Incidentally, I noticed that in the film, as the family is traveling through a desolate wasteland, Shem asks his father: “Is this a Zoharmine?” Yep. That’s the name of Kabbalah’s sacred text.

The entire movie is, figuratively, a “Zohar” mine.

If there was any doubt about these “Watchers,” Aronofsky gives several of them names: Semyaza, Magog, and Rameel. They’re all well-known demons in the Jewish mystical tradition, not only in Kabbalah but also in the book of 1 Enoch.

What!? Demons are redeemed? Adolphe Franck explains the cosmology of Kabbalah: “Nothing is absolutely bad; nothing is accursed forever—not even the archangel of evil or the venomous beast, as he is sometimes called. There will come a time when he will recover his name and his angelic nature.”

Okay. That’s weird. But, hey, everybody in the film seems to worship “The Creator,” right? Surely it’s got that in its favor!

Except that when Gnostics speak about “The Creator” they are not talking about God. Oh, here in an affluent world living off the fruits of Christendom the term “Creator” generally denotes the true and living God. But here’s a little “Gnosticism 101” for you: the Creator of the material world is an ignorant, arrogant, jealous, exclusive, violent, low-level, bastard son of a low level deity. He’s responsible for creating the “unspiritual” world of flesh and matter, and he himself is so ignorant of the spiritual world he fancies himself the “only God” and demands absolute obedience. They generally call him “Yahweh.” Or other names, too (Ialdabaoth, for example).

This Creator tries to keep Adam and Eve from the true knowledge of the divine and, when they disobey, flies into a rage and boots them from the garden.

In other words, in case you’re losing the plot here: The serpent was right all along. This “god,” “The Creator,” whom they are worshiping is withholding something from them that the serpent will provide: divinity itself.

The world of Gnostic mysticism is bewildering with a myriad of varieties. But, generally speaking, they hold in common that the serpent is “Sophia,” “Mother,” or “Wisdom.” The serpent represents the true divine, and the claims of “The Creator” are false.

So is the serpent a major character in the film?

Let’s go back to the movie. The action opens when Lamech is about to bless his son, Noah. Lamech, rather strangely for a patriarch of a family that follows God, takes out a sacred relic, the skin of the serpent from the Garden of Eden. He wraps it around his arm, stretches out his hand to touch his son—except, just then, a band of marauders interrupts them and the ceremony isn’t completed. Lamech gets killed, and the “villain” of the film, Tubal-Cain, steals the snakeskin. Noah, in other words, doesn’t get whatever benefit the serpent’s skin was to bestow.

The skin doesn’t light up magically on Tubal-Cain’s arm, so apparently he doesn’t get “enlightened,” either. And that’s why everybody in the film, including protagonist and antagonist, Noah and Tubal-Cain, is worshiping “The Creator.” They are all deluded. Let me clear something up here: lots of reviewers expressed some bewilderment over the fact there aren’t any likable characters and that they all seem to be worshiping the same God. Tubal-Cain and his clan are wicked and evil and, as it turns out, Noah’s pretty bad himself when he abandons Ham’s girlfriend and almost slays two newborn children. Some thought this was some kind of profound commentary on how there’s evil in all of us. Here’s an excerpt from the Zohar, the sacred text of Kabbalah:

“Two beings [Adam and Nachash—the Serpent] had intercourse with Eve [the Second woman], and she conceived from both and bore two children. Each followed one of the male parents, and their spirits parted, one to this side and one to the other, and similarly their characters. On the side of Cain are all the haunts of the evil species; from the side of Abel comes a more merciful class, yet not wholly beneficial -- good wine mixed with bad."

Sound familiar? Yes. Darren Aronofsky’s Noah, to the “T.”

Anyway, everybody is worshiping the evil deity. Who wants to destroy everybody. (By the way, in Kabbalah many worlds have already been created and destroyed.) Both Tubal-Cain and Noah have identical scenes, looking into the heavens and asking, “Why won’t you speak to me?” “The Creator” has abandoned them all because he intends to kill them all.

Noah had been given a vision of the coming deluge. He’s drowning, but sees animals floating to the surface to the safety of the ark. No indication whatsoever is given that Noah is to be saved; Noah conspicuously makes that part up during an awkward moment explaining things to his family. He is sinking while the animals, “the innocent,” are rising. “The Creator” who gives Noah his vision wants all the humans dead.

Many reviewers thought Noah’s change into a homicidal maniac on the ark, wanting to kill his son’s two newborn daughters, was a weird plot twist. It isn’t weird at all. In the Director’s view, Noah is worshiping a false, homicidal maniac of a god. The more faithful and “godly” Noah becomes, the more homicidal he becomes. He is becoming every bit the “image of god” that the “evil” guy who keeps talking about the “image of god,” Tubal-Cain, is.

But Noah fails “The Creator.” He cannot wipe out all life like his god wants him to do. “When I looked at those two girls, my heart was filled with nothing but love,” he says. Noah now has something “The Creator” doesn’t. Love. And Mercy. But where did he get it? And why now?

In the immediately preceding scene Noah killed Tubal-Cain and recovered the snakeskin relic: “Sophia,” “Wisdom,” the true light of the divine. Just a coincidence, I’m sure.

Okay, I’m almost done. The rainbows don’t come at the end because God makes a covenant with Noah. The rainbows appear when Noah sobers up and embraces the serpent. He wraps the skin around his arm, and blesses his family. It is not God that commissions them to now multiply and fill the earth, but Noah, in the first person, “I,” wearing the serpent talisman. (Oh, and by the way, it’s not accidental that the rainbows are all circular. The circle of the “One,” the Ein Sof, in Kabbalah, is the sign of monism.)

Notice this thematic change: Noah was in a drunken stupor the scene before. Now he is sober and “enlightened.” Filmmakers never do that by accident.

He’s transcended and outgrown that homicidal, jealous deity.

Let me issue a couple of caveats to all this: Gnostic speculation is a diverse thing. Some groups appear radically “dualist,” where “The Creator” really is a different “god” altogether. Others are more “monist,” where God exists in a series of descending emanations. Others have it that the lower deity “grows” and “matures” and himself ascends the “ladder” or “chain” of being to higher heights. Noah probably fits a little in each category. It’s hard to tell. My other caveat is this: there is no doubt a ton of Kabbalistimagery, quotations, and themes in this movie that I couldn’t pick up in a single sitting. For example, since Kabbalah takes its flights of fancy generally based on Hebrew letters and numbers, I did notice that the “Watchers” appeared to be deliberately shaped like Hebrew letters. But you could not pay me to go see this movie again so I could further drill into the Zohar mine to see what I could find. (On a purely cinematic viewpoint, I found most of it unbearably boring.)

What I can say on one viewing is this:

Darren Aronofsky has produced a retelling of the Noah story without reference to the Bible at all. This was not, as he claimed, just a storied tradition of run-of-the-mill Jewish “Midrash.” This was a thoroughly pagan retelling of the Noah story direct from Kabbalist and Gnostic sources. To my mind, there is simply no doubt about this.

So let me tell you what the real scandal in all of this is.

It isn’t that he made a film that departed from the biblical story. It isn’t that disappointed and overheated Christian critics had expectations set too high.

The scandal is this: of all the Christian leaders who went to great lengths to endorse this movie (for whatever reasons: “it’s a conversation starter,” “at least Hollywood is doing something on the Bible,” etc.), and all of the Christian leaders who panned it for “not following the Bible”…

Not one of them could identify a blatantly Gnostic subversion of the biblical story when it was right in front of their faces.

I believe Aronofsky did it as an experiment to make fools of us: “You are so ignorant that I can put Noah (granted, it's Russell Crowe!) up on the big screen and portray him literally as the ‘seed of the Serpent’ and you all will watch my studio’s screening and endorse it.”

He’s having quite the laugh. And shame on everyone who bought it.

And what a Gnostic experiment! In Gnosticism, only the "elite" are "in the know" and have the secret knowledge. Everybody else are dupes and ignorant fools. The "event" of this movie is intended to illustrate the Gnostic premise. We are dupes and fools. Would Christendom awake, please?

In response, I have one simple suggestion:

Henceforth, not a single seminary degree is granted unless the student demonstrates that he has read, digested, and understood Irenaeus of Lyon’s Against Heresies.

Because it's the 2nd century all over again.

Postscript

Some readers may think I'm being hard on people for not noticing the Gnosticism at the heart of this film. I am not expecting rank-and-file viewers to notice these things. I would expect exactly what we've seen: head-scratching confusion. I've got a whole different standard for Christian leaders: college and seminary professors, pastors, and Ph.Ds. If a serpent skin wrapped around the arm of a godly Bible character doesn't set off any alarms... I don't know what to say.

Update - 4/2/2014
 
Num primeiro momento, um dos elementos que mais me causou estranheza foram os Golems (anjos caídos). Eu achei muito caricatos e até pensei que parecia uma fusão de Bíblia com a Terra Média. @Bruce Torres, você leu alguma coisa sobre os gigantes?
 
Não vi esse filme mas quero muito ver. Esse papo de Golems me lembra muito algo que estava lendo uns dias atrás, eu gosto de ler textos antigos de diversas religiões e mitologias, e há uns tempos lia o Livro de Enoch, que é um evangelho apócrifo bem controverso. Basicamente conta sobre anjos que se rebelam, descem a Terra e tomam mulheres como esposas, e tem filhos com elas, mas esses filhos se tornam gigantes sangrentos e tudo. Enfim, tem semelhança com isso que vocês falaram do filme.
 
Lembrei de outros dois elementos não-bíblicos interessantes:

1) Noé contando a história dos 7 dias da criação e as imagens mostrando o desenvolvimento do universo de forma científica.

2) Noé falando...

... "crescei e multiplicai-vos", que é uma fala atribuída a Deus na Bíblia.
 
Num primeiro momento, um dos elementos que mais me causou estranheza foram os Golems (anjos caídos). Eu achei muito caricatos e até pensei que parecia uma fusão de Bíblia com a Terra Média. @Bruce Torres, você leu alguma coisa sobre os gigantes?

"E aconteceu que, como os homens começaram a multiplicar-se sobre a face da terra, e lhes nasceram filhas, viram os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas; e tomaram para si mulheres de todas as que escolheram.
Então disse o Senhor: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.
Havia naqueles dias gigantes na terra; e também depois, quando os filhos de Deus entraram às filhas dos homens e delas geraram filhos; estes eram os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama.
"
Gênesis 6:1-4 (Almeida Corrigida e Revisada Fiel)

Nesse caso os nefilins (gigantes) são filhos de anjos com seres humanos.

A mesma história é contada no Livro de Enoque, só que aqui os Vigilantes - nome dado a esses anjos que caíram mas que tinham como missão observar a Humanidade -, durante o Dilúvio, são aprisionados à Terra, aguardando pelo Juízo.

"E aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação, reservou na escuridão e em prisões eternas até ao juízo daquele grande dia."
Judas 6 (Almeida Corrigida e Revisada Fiel)
 
Não vi esse filme mas quero muito ver. Esse papo de Golems me lembra muito algo que estava lendo uns dias atrás, eu gosto de ler textos antigos de diversas religiões e mitologias, e há uns tempos lia o Livro de Enoch, que é um evangelho apócrifo bem controverso. Basicamente conta sobre anjos que se rebelam, descem a Terra e tomam mulheres como esposas, e tem filhos com elas, mas esses filhos se tornam gigantes sangrentos e tudo. Enfim, tem semelhança com isso que vocês falaram do filme.
Na Bíblia conta assim também, os anjos vêm à Terra por causa das mulheres, seus filhos híbridos são chamados Nefilins, gigantes violentos.
(Gênesis 6)
 
Não vi esse filme mas quero muito ver. Esse papo de Golems me lembra muito algo que estava lendo uns dias atrás, eu gosto de ler textos antigos de diversas religiões e mitologias, e há uns tempos lia o Livro de Enoch, que é um evangelho apócrifo bem controverso.

Às vezes eu não entendo essa controvérsia dos apócrifos. Se você for conferir o Cânon, vai ver textos que se assemelham e remetem diretamente a esses textos gnósticos - tipo o livro de Judas, como mencionei acima, e a natureza cósmica de Cristo no Evangelho de João.

@Grimnir , sobre o 1) chamam isso de evolução teísta; e 2) a Tradição diz que Moisés teria escrito o Pentateuco, mas, como você disse, é interessante ver Noé dizendo aquilo que deveria ser dito pelo próprio Deus. Só que Deus não fala nesse filme, Ele manda sinais - ótima sacada, BTW. Temos apenas Noé como a autoridade interpretativa de tais sinais, o que sempre acaba gerando conflitos graves na dinâmica familiar e um certo incômodo no espectador.

P.S.: Sobre o gnosticismo, sim, é controverso. Eu falei besteira, me desculpem. Os gnósticos cristãos viam Javé (AT) e Deus (NT) como entidades separadas, e achavam Cristo não tinha corpo físico, pois a matéria é má. Se fosse assim, então, não haveria Sacrifício, o que ia contra os ensinamentos da Igreja Primitiva. Contudo, é fato que os Evangelhos, os Nevi'im (livros dos Profetas), Judas e Revelação apresentam características gnósticas.
 
Última edição:
Lembrei de mais uma: Acho que no filme não falam "Deus" uma única vez, só fala "O Criador".

Deus é chamado de "Deus" uma única vez, pelo que me lembro, por Matusalém. Acho que o velhinho o chama assim por ter uma intimidade maior com o Criador, uma vez que ele demonstrou ter também alguns poderes certamente concedidos por esse Criador.

Engraçado pensar que depois de alguns milhares de anos, não só chamamos Deus de "Deus", como o chamamos de "Pai", rs. Ficamos íntimos demais.
 
Eu não gostei do filme, não só do aspecto puramente cinematográfico, mas principalmente das adaptações que fizeram.

Entre várias coisas estranhas posso citar aqueles guardiães, que mais pareciam os ents do Senhor dos Anéis ajudando Noé a fazer, construir a arca.

Também não entendi o porquê de mudarem a história no tocante à família de Noé, uma vez que, segundo a Bíblia, além dele, sua esposa e seus filhos, foram salvas do dilúvio as esposas de seus três filhos, que, com exceção do mulher de Sem, foram descartadas do filme.

Do mesmo modo achei que não precisavam inventar aquela história da gravidez da única nora de Noé e o seu desejo de matar a criança se não fosse do sexo masculino. Para mim isso foi deveras bizarro.

Não é simplesmente questão de religiosidade, mas entendo que, se alguem tem a intenção de fazer um filme inspirado na Bíblia não deveria ter mudado tantas coisas assim.
 
Não é simplesmente questão de religiosidade, mas entendo que, se alguem tem a intenção de fazer um filme inspirado na Bíblia não deveria ter mudado tantas coisas assim.

Disseste bem, "inspirado". O problema é: o cânon é mais vasto que isso. E, infelizmente, convenhamos que aqueles três capítulos de Gênesis narrando o Dilúvio não são um texto com apelo dramático tão bom assim.
 
Disseste bem, "inspirado". O problema é: o cânon é mais vasto que isso. E, infelizmente, convenhamos que aqueles três capítulos de Gênesis narrando o Dilúvio não são um texto com apelo dramático tão bom assim.

Concordo, mas pelo menos, o pouco que é narrado no Gênesis, deveria constar do filme, como, por exemplo, as três esposas dos filhos de Noé, que foram simplesmente ignoradas. Seria o mesmo que filmar a vida de Jesus Cristo e fazer ele não ter 12 apóstolos ou fazer Pedro ou João traí-lo e não Judas Iscariotis.

Bem, essa é a minha opinião.
 
Concordo, mas pelo menos, o pouco que é narrado no Gênesis, deveria constar do filme, como, por exemplo, as três esposas dos filhos de Noé, que foram simplesmente ignoradas. Seria o mesmo que filmar a vida de Jesus Cristo e fazer ele não ter 12 apóstolos ou fazer Pedro ou João traí-lo e não Judas Iscariotis.

Bem, essa é a minha opinião.

Se bem que aí você não teria pathos - convenhamos, a história original é muito fraquinha. Além disso, pela história original, não fazia o menor sentido a cena em que Noé amaldiçoa Canaã, o que me soa mais como uma tentativa retroativa dos judeus de justificarem seu controle sobre a Palestina e o porquê de guerrearem contra os cananeus adoradores de Baal. Como na Midrash, Aronofsky procurou preencher os buracos e consertar o que havia de fraco e que não suportaria uma reflexão lógica com base nos elementos artísticos dispostos. (Aliás, como alguém consegue levar Noé a sério de forma religiosa me deixa surpreso.) Coloque as três esposas: acabou o drama. Coloque Deus em papel ativo: deus ex machina. Dê 100 anos pra Noé construir a Arca: Tubal-Caim já teria matado todo mundo. Agora, eu não vejo como tais mudanças prejudicam a metáfora principal tanto do filme como da história original, reflexões sobre a natureza e as consequências da Fé. É como quando você assiste "A Última Tentação de Cristo" e vê Jesus pedindo a Judas que este o traia - é preciso que isso aconteça. Ou quando ele vislumbra o que teria acontecido se não tivesse aceitado a missão - afinal, ele não era homem também, suscetível às tentações? Da minha parte, tais interpretações são benvindas, reforçando as "mensagens" e demonstrando que há muito mais do que os dogmas permitem ver.

EDIT: Aliás, gostei da sacada sobre o porquê da Marca de Caim ainda estar presente na Humanidade.
 
Última edição:
Se bem que aí você não teria pathos - convenhamos, a história original é muito fraquinha. Além disso, pela história original, não fazia o menor sentido a cena em que Noé amaldiçoa Canaã, o que me soa mais como uma tentativa retroativa dos judeus de justificarem seu controle sobre a Palestina e o porquê de guerrearem contra os cananeus adoradores de Baal. Como na Midrash, Aronofsky procurou preencher os buracos e consertar o que havia de fraco e que não suportaria uma reflexão lógica com base nos elementos artísticos dispostos. (Aliás, como alguém consegue levar Noé a sério de forma religiosa me deixa surpreso.) Coloque as três esposas: acabou o drama. Coloque Deus em papel ativo: deus ex machina. Dê 100 anos pra Noé construir a Arca: Tubal-Caim já teria matado todo mundo. Agora, eu não vejo como tais mudanças prejudicam a metáfora principal tanto do filme como da história original, reflexões sobre a natureza e as consequências da Fé. É como quando você assiste "A Última Tentação de Cristo" e vê Jesus pedindo a Judas que este o traia - é preciso que isso aconteça. Ou quando ele vislumbra o que teria acontecido se não tivesse aceitado a missão - afinal, ele não era homem também, suscetível às tentações? Da minha parte, tais interpretações são benvindas, reforçando as "mensagens" e demonstrando que há muito mais do que os dogmas permitem ver.

Bruce, respeito muito a sua opinião e a dos demais que gostaram do filme, mas pra mim, mesmo como entretenimento foi fraco; além do mais, volto a insistir, se alguém faz um filme baseando-se em uma história, seja esta verdadeira ou não, fico indignado quando se altera a mesma, mudando inclusive a personalidade de todos os personagens, o que foi o que aconteceu, pois o personagem Noé do filme não tem nada a ver com o personagem original, como o Deus do filme não tem nada a ver com o Deus da Bíblia, entre tantas coisas absurdas.
 
Bruce, respeito muito a sua opinião e a dos demais que gostaram do filme, mas pra mim, mesmo como entretenimento foi fraco; além do mais, volto a insistir, se alguém faz um filme baseando-se em uma história, seja esta verdadeira ou não, fico indignado quando se altera a mesma, mudando inclusive a personalidade de todos os personagens, o que foi o que aconteceu, pois o personagem Noé do filme não tem nada a ver com o personagem original, como o Deus do filme não tem nada a ver com o Deus da Bíblia, entre tantas coisas absurdas.

Relaxa, cara, não quero mudar sua cabeça, mas você expôs pontos interessantes que eu resolvi explorar e ampliar. Contudo,

1) infelizmente adaptação é isso, sempre há riscos. Eu gostei, você não. Paciência;
2) eu não sei se dá pra dizer que mudou a "personalidade" visto que é a visão do Javista/Eloísta/Sacerdote sobre Noé, a qual é até controversa quando lembramos da cena da bebedeira e da maldição de Canaã;
3) você diz que "o Deus do filme não tem nada a ver com o Deus da Bíblia". Sinceramente, eu discordo. O que vi ali foi puro Javé.
 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.404,79
Termina em:
Back
Topo