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Noruega, o país mais próspero do mundo

ricardo campos

Debochado!
In Memoriam
Jamil Chade, enviado especial - O Estado de S.Paulo

TONSBERG - Como milhões de imigrantes pelo mundo, Simone Brannstrom decidiu deixar seu país em busca de uma vida melhor. Acabou encontrando trabalho num restaurante no Porto de Tonsberg, cerca de 100 quilômetros de Oslo, na Noruega. "Aqui ganho muito mais que em meu país", diz Simone. Mas ela não vem da África, do Sudeste Asiático ou de algum país empobrecido. Loira, de olhos azuis e sorriso fácil, Simone vem da Suécia, um dos países mais ricos do mundo. Ela e milhares de outros jovens suecos optaram nos últimos anos por cruzar a fronteira e trabalhar na Noruega, espécie de oásis regado a petróleo.


Quarenta anos depois da descoberta do petróleo no Mar do Norte, a Noruega conseguiu traduzir esse recurso natural em prosperidade e igualdade. Pela primeira vez em 2014, um país terá um Produto Interno Bruto per capita acima de US$ 100 mil e, segundo a ONU, jamais uma sociedade atingiu nível de desenvolvimento humano igual ao de Oslo. O salário mínimo é de 4,8 mil, cerca de R$ 14 mil, o desemprego é de 2% e, mesmo em uma era de austeridade, o sistema do bem-estar social se manteve intacto.

A Noruega foi um dos poucos países a atravessar a crise global sem grandes impactos e, nas últimas eleições, o único debate era o que fazer com o dinheiro que sobra nos cofres públicos.

Ao contrário do que o petróleo causou no Oriente Médio ou Venezuela, o dinheiro desse recurso natural foi administrado de forma a criar uma situação inédita. Em 100 anos, a Noruega deixou de ser um dos países mais pobres da Europa, convivendo com o gelo e a escuridão por metade do ano, para se transformar em sinônimo de riqueza e justiça social.

"Para muitos países, a descoberta do petróleo foi um problema. Mas nós conseguimos administrá-lo bem", declarou ao Estado Erling Holmoy, chefe da divisão de Estatísticas do governo da Noruega.

As contas demonstram isso. O país tem o maior fundo soberano do planeta, estimado em US$ 815 bilhões e os cofres do Estado estão abarrotados. O Estado norueguês comprou 1% de ações em bolsas de todo o mundo, investe em 3,2 mil empresas e, com apenas metade de seu superávit, poderia quitar as dívidas da Grécia. "A realidade é que estamos nadando em dinheiro", declarou Frode Rekve, que comanda o Instituto Norueguês de Mídia.

Hoje, a renda gerada pelo petróleo chega a US$ 40 bilhões por ano ao Estado. Um a cada três dólares obtidos pelas autoridades em Oslo vem do subsolo marinho. Mais da metade das exportações vem do setor de energia e o país já é o oitavo maior exportador mundial. Em termos per capita, a produção de barris na Noruega chega a ser superior à da Arábia Saudita.

Independente apenas desde 1905, a Noruega rejeitou em duas votações nos últimos 40 anos a ideia de fazer parte da União Europeia.

Estatais. Mas o modelo norueguês também tem outro componente: a forte presença do Estado em praticamente todos os campos da economia. Segundo especialistas, essa tendência começou depois da 2.ª Guerra Mundial, quando o governo nacionalizou empresas ligadas à Alemanha. Assim, o Estado ficou com 44% das ações da Norsk Hydro, tem participação de 37% na Bolsa de Valores de Oslo e em dezenas de empresas.

O capitalismo de Estado fez com que economistas ironizassem a situação chinesa. Uma piada contada entre analistas aponta que, no fundo, o modelo desenvolvido pelo Partido Comunista Chinês nos últimos dez anos não passa de uma cópia do modelo norueguês existente há meio século. Hoje, o Estado controla a petroleira Statoil, o grupo de telecomunicações Telenor, a fabricante de fertilizantes Yara, e o maior banco do país, o DnBNor.

Os sinais de prosperidade podem ser vistos em qualquer segmento. No início do ano, o governo da Noruega inaugurou uma ponte que acabou com o isolamento de um vilarejo com 74 moradores, no centro do país. A obra custou US$ 20 milhões.

As contas positivas e o sentimento de que os recursos são de todos também transformaram a maneira pela qual empregados e patrões negociam. Em Oslo, nada é como no resto do mundo. Os sindicatos, por exemplo, negociam a cada ano seus salários, dependendo das necessidades do setor exportador e para garantir que o produto nacional continue competitivo no mercado global. Nas eleições, partidos prometem não cortar impostos.

O sistema de bem-estar social permite que os homens cuidem de seus bebês e, a cada ano, o governo destina 2,8% do PIB para apoiar famílias em tudo que precisam para ter filhos. Mesmo aqueles que decidem não levar as crianças para creches recebem, a cada mês, um cheque de 200 para ajudar nos gastos.

A lei estabelece uma licença-maternidade de nove meses para a mãe, mas também quatro meses de licença para os pais. Nesses meses, quem paga o salário dos pais é o Estado. No ano passado, dois ministros do governo chegaram a se afastar de seus cargos pelo prazo determinado em lei, justamente para cuidarem de suas crianças.

Na avaliação do governo, esse incentivo para as mulheres e leis para garantir a igualdade de gênero são positivas para a economia. Hoje, empresas são obrigadas a dar 40% das vagas em seus conselhos para mulheres. Setenta e cinco por cento delas trabalham fora e, para o governo, isso representa maior atividade na economia e um número maior de pessoas pagando impostos.

Em recente entrevista ao New York Times, o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, foi taxativo. "A lição da Noruega é a participação feminina na economia. Isso ajuda no crescimento, nas taxas de natalidade e no orçamento", declarou.

O imposto de renda é elevado, atingindo 42%. Mas existe um consenso de que o valor é justo para manter o sistema e que, de uma certa forma, tudo é devolvido em serviços. O Estado paga do berçário ao enterro, financia estudantes e até banca férias.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,noruega-o-pais-mais-prospero-do-mundo,1153141,0.htm
 
Muito interessante.
No entanto, não dá para esquecer que o país tem uma população menor que a do Rio (a cidade) numa área um pouco maior que a de Goiás. Não digo nem países continentais como Brasil, EUA, China e Índia, mas queria ver um país de grande população como Alemanha ou França chegando nesse patamar.
 
Muito interessante.
No entanto, não dá para esquecer que o país tem uma população menor que a do Rio (a cidade) numa área um pouco maior que a de Goiás. Não digo nem países continentais como Brasil, EUA, China e Índia, mas queria ver um país de grande população como Alemanha ou França chegando nesse patamar.

A princípio ter população pequena pode ser positivo, mas se o país tiver uma população muito envelhecida acaba sendo um fator complicador mais adiante.

E mesmo que tenha (não estou a par de como é atualmente a pirâmide social norueguesa), muito provavelmente o país terá riqueza suficiente pra bancar sem nenhum risco a aposentadoria de muita gente. O diferencial está sendo o fato do país estar entre os que menos tem corrupção no mundo e sabendo administrar bem suas riquezas revertendo em benefícios a população isso sempre fará diferença.
 
Quem diz que não fica com inveja está mentindo.

Esse modelo de capitalismo de Estado parece o sonho.

@Grimnir, te devolvendo as cutucadas: dê seu parecer.
 
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Se tá ruim para uma sueca, imagina para o resto do mundo! Cheguei a suar pelos olhos ao imaginar o Brasil com os mesmo índices de Oslo... mas não! A realidade insiste em bater na minha cara.

Esse país não tem mais jeito. Não nessa geração.
 
@Grimnir, te devolvendo as cutucadas: dê seu parecer.

Sem essa de me cutucar, pfvr.

Sinceramente eu tenho que ler mais e pensar sobre o assunto. O meu primeiro pensamento é se esse quadro da Noruega é sustentável. De acordo com um artigo da The Economist, "petroleum accounts for 30% of the government’s revenues as well as a quarter of the country’s value added". Além disso, há muito tempo que a produção de petróleo do Mar do Norte está em declínio.

oil-prod-cons.gif


O que isso tudo significa, no entanto, é algo a se pensar.

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Uma outra questão a se analisar: o índice de liberdade econômica da Heritage (@Bruce Torres comentou sobre ele agora no Facebook e me deu a ideia de comparar Noruega e Brasil).

A Noruega é mais liberal que o Brasil em tudo, menos no aspecto tributário, trabalhista e de gastos de governo.
 
Última edição:
Aqui as coisas só funcionam bem se for pra arrecadar, vide esse novo projeto a ser testado no fim do ano para entrar em vigor em 2015 para automatizar a taxação de TUDO que seja comprado no exterior.
 
Sinceramente eu tenho que ler mais e pensar sobre o assunto. O meu primeiro pensamento é se esse quadro da Noruega é sustentável. De acordo com um artigo da The Economist, "petroleum accounts for 30% of the government’s revenues as well as a quarter of the country’s value added". Além disso, há muito tempo que a produção de petróleo do Mar do Norte está em declínio.

Lembrando que a Noruega se aproveitou muito bem da alta do petróleo ao longo dos últimos anos. Some essa alta do preço com a quantidade de petróleo dos caras e ainda o fato de que a população é minúscula e boom: renda per capita nas alturas.

Outra coisa importate que me vêm à cabeça (posso procurar dados mais exatos depois): salvo engano, apesar do tamanho do Estado lá, ele tem diminuído nos últimos tempos, o que aconteceu de maneira concomitante à tais aumentos da riqueza. Essa é uma pista valiosa.

Ainda: a situação atual do país não nos impede de pensar: como a Noruega seria se ela fosse ainda mais livre, se o Estado fosse menor?

E pra finalizar: a questão da sustentabilidade de longo prazo, como lembrou o Grimnir, também deve ser colocada na balança. Mas esse é um questito que demanda análises bastante detalhadas.
 
Aproveitando o tópico, ainda que fugindo um pouco do assunto...

Ainda: a situação atual do país não nos impede de pensar: como a Noruega seria se ela fosse ainda mais livre, se o Estado fosse menor?

Como melhor interpretar a lista de países por carga tributária, em especial muitos países bem-sucedidos na região mais alta (tributada) da lista? É comum liberais argumentarem que esses países são mais "livres economicamente" apesar dessa carga, ou tentar especificar a discussão em certos países (como os nórdicos) para mostrar que historicamente a fonte de sua prosperidade não teve a ver com a sua alta carga tributária.... Mas ainda assim me causa muita estranheza que muitos países ditos bem-sucedidos tenham essa alta carga tributária - se as duas respostas que ofereci acima explicassem totalmente, eu esperava que esses países estivessem melhor distribuídos por toda lista.
 
Na minha visão o ponto aí é que não é possível resumir ou mesmo aproximar a prosperidade de um país em função de sua carga tributária apenas. Existem inúmeros outros fatores que entram nessa questão, que de fato não pode ser dissociada do processo histórico: convém entender não somente as causas do enriquecimento dessas nações (que naturalmente não estão ligadas à alta carga tributária) como a evolução da taxação. Por exemplo, pode ser que exista uma tendência de que, à medida que os países crescem economicamente, o nível tributário se eleve. Assim, as duas coisas podem estar andando de maneira concomitante (produto e tributação crescendo), mas o nível de causalidade pode ser inverso. EUA é um bom exemplo.

De fato, se for olhar por esse prisma, é possível perceber que o gatilho do desenvolvimento e do crescimento econômico em fins do século XVIII e ao longo do XIX se dá de maneira "descolada" desses aspectos tributários. O tributação passa a crescer de maneira significativa no século XX, com o advento do welfare state. Ou seja: a ideia de um estado de bem estar vem após o fenômeno inicial do crescimento econômico, e pode-se dizer que é fruto deste: à medida que os problemas mais fundamentais de geração de riqueza começam a ser solucionados, passa-se para uma preocupação em distribuí-las e garantir condições mínimas cada vez mais elevadas para a população. Naturalmente, os teoricos dessa linha de pensamento (do welfare state) vêem o estado como o instrumento para promoção essa distribuição.

E ainda existem outras questões que merecem análise, como as dimensões populacionais e geográficas. Países maiores nesses aspectos tendem a ser mais heterogêneos, de forma que a ineficiência do setor público seja maior, o que pode levar à uma combinação de alta tributação e desenvolvimento relativamente baixo (caso brasileiro). É mais fácil saber onde e como aplicar recursos em países menores, onde também é mais fácil atingir "consensos" a respeito desses aspectos tributários, o que pode estimular um aumento da carga. Se a eficiência do gasto público percebida pela população é razoável, ela provavelmente estará mais disposta a abrir mão de parcela maior de seus ganhos para promover um "bem comum". Então acho que é fundamental analisar não somente a carga tributária em si, mas o retorno percebido pela população e os fatores que afetam a eficiência dos gastos públicos.
 
Muito interessante, Fëanor. Mas ainda retenho certa estranheza em relação a essa lista da carga tributária como percentual do PIB. Se eu plotar, a título de curiosidade, o índice de desenvolvimento econômico versus a carga tributária como percentual do PIB, tenho algo assim:

Sem título.png

Me parece muito estranho, eu esperava que os países mais livres economicamente tivessem uma menor carga tributária. É claro que não esperava uma relação perfeitamente linear ou algo que o valha, talvez certos países tenham alta carga tributária mas sejam muito mais livres em outros aspectos... mas esperava que tais contrapesos tivessem efeitos pontualmente em certos países, e não fossem tais que globalmente mascarassem o efeito da alta tributação na liberdade econômica. Olhando ingenuamente o gráfico, alguém poderia até concluir que essas taxas não influem significativamente no grau de liberdade econômica.

E eu acho que dá pra considerar que ambos os dados são dados "presentes", de forma que nessa análise não importa tanto para a situação se, por exemplo, certos países eram mais liberais antes de aumentarem suas taxas. Eram liberais no passado, e talvez por isso foram ricos, ok, mas se hoje aumentaram suas taxas, esperava que em geral diminuíssem substancialmente seu índice de liberdade econômica.
 
Última edição:
Na verdade essa é uma questão de cunho técnico né. A metodologia do cálculo do índice da heritage considera 10 fatores, cada um com peso de 1/10 para a composição do índice final. Assim, o nível da carga tributária vai ter realmente um impacto diluído sobre o valor do índice de liberdade econômica final.

E sobre a visualização relação em si, fiz uns testes aqui. Considerei três casos, e em cada um rodei um modelo linear e outro com termo quadrático, bem simples, para ver os ajustes. A ideia de incluir o termo quadrático é para verificar se a relação tem ponto de máximo/mínimo. Para quem não entender lhufas da parte estatística, posso explicar depois de maneira mais específica.

:seta: No primeiro caso, considerei todos os dados. A regressão linear simples não retornou um coeficiente de inclinação significativo, mas a regressão com termo quadrático foi um pouco melhor, com parâmetros signifcativos a 10% e 5%. Também se saiu melhor em termos do teste F e do R² ajustado:

Modelo linear
Modelo 1 - linear.jpg


Modelo com termo quadráticoModelo 1 - quadrático.jpg

Visualmente, o ajuste aos dados é um pouco estranho. Os países com mais alta tributação (Timor Leste e Coréia do Norte, respectivamente) puxam o ajuste para cima. A relação é côncava, mas na amplitude prática dos dados ela é quase linear:

Tax burden x index.png


:seta: No segundo caso, excluí os dados de Timor-Leste, cuja taxação é muito destoante dos demais (227,3% do PIB o_O - ainda tenho que pesquisar para entender como isso é possível). Novamente a regressão linear simples não retornou um coeficiente de inclinação significativo, ao passo que a regressão com termo quadrático foi consideravelmente melhor, com parâmetros signifcativos a 1%, teste F e R² ajustado bem melhores:

Modelo linear
Modelo 2 - linear.jpg


Modelo com termo quadrático:
Modelo 2 - quadrático.jpg

O ajuste aqui parece um pouco mais interessante em termos visuais, mas a Coréia do Norte continua puxando o começo da curva para cima, quase que forçando a relação a ser côncava.

Tax burden x index 2.png


:seta: No terceiro caso, além de Timor-Leste, excluí a Coréia do Norte, que também é bem destoante, com carga tributária de 100% do PIB. Nesse caso foi a regressão linear que se saiu melhor, com um coeficiente signifcativo, ao passo no outro modelo o termo quadrático não foi significativo:

Modelo linear
Modelo 3 - linear.jpg


Modelo com termo quadrático
Modelo 3 - quadrático.jpg

Nesse caso o ajuste visual é o mais bizarro. Os valores preditos do índice passam bem longe dos dados, e limitam-se dentro de um intervalo com valor mínimo de 53,2 e máximo de 66,5.

Tax burden x index 3.png


Afinal, o que eu quero dizer com isso tudo? Primeiro, o ajuste de uma função de relação entre o nível de tributação e o índice de liberdade econômica pode variar bastante, de acordo com o que consideramos (tanto em termos dos dados em si quando da forma da função). Segundo, que mesmo assim as relações não são exatamente claras. Claro, entra também nessa questão o fato de que eu estou usando modelos extremamente simples, que expressam unicamente a correlação entre duas variáveis isoladas, desconsiderando todos os demais aspectos desses países. Por fim, volta na questão da construção do Índice: como a tributação não tem um peso expressivo em sua composição, a relação entre ambos pode não ser muito clara, ou não ter um padrão aparente.
 
Há a questão de que muitos dos países com baixíssima arrecadação tributária, com relação ao PIB, o fazem não exatamente por não desejá-lo, mas por não terem estrutura para tal. Digam-me, como um país na África ou do Oriente Médio em estado de guerra civil ou, no mínimo, de extrema tensão social, poderia recolher impostos? Na verdade, num país assim nem a própria moeda fiduciária tem estabilidade própria (a não ser que dolarize a economia, como o Zimbábue o fez). Quanto mais manter uma Receita Federal e avaliar se o declarante está ou não sonegando Imposto de Renda. Além do mais, como a qualidade do serviço estatal é muito baixa, estes países não podem demandar uma carga tributária muito alta.

Estes mesmos países vão muito mal nos outros quesitos por um fato muito simples: eles não conseguem, devido ao seu estado de convulsão social, garantir o direito à propriedade privada por mecanismos de Estado (isso é, ao nível da entidade nacional reconhecida pela ONU). É tudo na base da bala, ou, na melhor das hipóteses, de questões tribais.

Há um outro caso relativamente numeroso de país com baixa carga tributária (mas alto gasto estatal, que é um dos indicadores usados) que são as petro-economias do Golfo Pérsico (e em outras partes do mundo, como Brunei). Não há muitos impostos, mas a economia é quase toda estatal porque a receita do petróleo o é (veja o monstro que é a Aramco). Esses governos financiam serviços sociais com seus petrodólares e, acima de tudo, são monarquias absolutas. Não há como ir tãaao bem no índice da Heritage.

Com a maior qualidade das instituições governamentais básicas, aumenta a capacidade de arrecadação do Estado. Com instituições democráticas mais sólidas, aumenta a pressão para a redistribuição de renda, enfim, para a implementação de um welfare state. De acordo com a peculiaridade cultural de cada lugar, é claro, mas tal demanda sempre existe em maior ou menor grau. Uma carga tributária maior é assim como que uma "taxa de condomínio", um prêmio a ser pago pela boa qualidade das instituições.

E Cingapura é o segundo no ranking. É um caso de país extremamnte sui generis, se você ler um pouco sobre ele, porque, se há elementos de liberalismo econômico, também há outros intrínsecos de planejamento estatal. A carga tributária é baixa, mas no lugar do welfare existe uma poupança compulsória, mais ou menos como o nosso FGTS, que pode ser usada para fins específicos (saúde, moradia, educação superior, aposentadoria) e transferido dentro da própria família. E acho que atualmente ela está em 20-25% do salário. Isso não deve contar nem como imposto, nem como gasto governmental, escapando ao ranking.

Enfim, há muitas formas heterodoxas de controle da economia em Cingapura, em Taiwan ou no Chile que fogem à metodologia da Heritage.
 

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