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Dostoievski profetiza...

  • Criador do tópico Paganus
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Paganus

Visitante
"A Rússia nunca terá, e nunca teve ainda, inimigos tão injuriadores, tão invejosos, tão caluniadores e até tão declarados como todos esses povos eslavos, logo após a Rússia os ter libertado e de a Europa ter concordado em reconhecer a sua libertação! E não contestem, nem gritem comigo que eu exagero ou que odeio os eslavos!
Depois da libertação, eles começam a sua nova vida, repito, precisamente a pedir à Europa, Inglaterra e Alemanha, por exemplo, a garantia e a proteção da sua liberdade, e, embora no concerto das potências europeias esteja também a Rússia, eles fazem isso precisamente para se defenderem da Rússia.
Começam obrigatoriamente por dizer para consigo mesmos, ou até mesmo em voz alta, que não devem o mínimo agradecimento à Rússia. Pelo contrário, dizem que dificilmente se salvaram das ambições da Rússia.
Talvez durante um século, ou mais, eles irão tremer constantemente pela sua liberdade e temer as ambições da Rússia; eles irão procurar as boas graças dos Estados europeus, irão caluniar a Rússia, contar mexericos sobre ela e intrigar contra ela.
Será particularmente agradável para os eslavos libertados dizer e gritar ao mundo que eles são povos cultos, capazes de assimilar a mais alta cultura europeia, enquanto que a Rússia é um país bárbaro, um colosso nórdico sombrio, que nem sequer tem sangue eslavo puro, perseguidor e que odeia a civilização europeia. Claro que entre eles aparecerão, desde o início, regimes constitucionais, parlamentos, ministros responsáveis, oradores, discursos. Isso irá consolá-los e deleitá-los.
Todavia, quando chega alguma desgraça séria, eles pedem obrigatoriamente ajuda à Rússia. Eles irão de alguma forma odiar, queixar-se e caluniar-nos junto da Europa, mas sentirão sempre instintivamente (claro que quando chegar alguma desgraça, e não antes) que a Europa é o inimigo natural da sua unidade, foi e será sempre, mas se eles existem na terra, é porque existe um enorme imã: a Rússia, que, atraindo-os irreversivelmente a todos para si, mantém a sua integridade e unidade. Chegará até o momento em que eles estarão quase num estado de já concordar conscientemente que, sem a Rússia, o grande centro oriental e grande força atratora, a sua unidade ruirá num momento, será desfeita em pedaços e até a sua própria nacionalidade desaparecerá no oceano europeu, como desaparecem algumas gotas separadas de água no mar.
Claro que, hoje, se coloca a questão: qual é então o proveito da Rússia, por que é que ela lutou por eles durante 100 anos, sacrificou o seu próprio sangue, as suas forças, o seu dinheiro? Terá sido apenas para colher ingratidão e um ridículo ódio insignificante?"

F. M. Dostoievski, Diário de Um Escritor, 1877
 
Claro que, hoje, se coloca a questão: qual é então o proveito da Rússia, por que é que ela lutou por eles durante 100 anos, sacrificou o seu próprio sangue, as suas forças, o seu dinheiro? Terá sido apenas para colher ingratidão e um ridículo ódio insignificante?

Então, por que será, né? :tsc:
Dostoievski (ou algum outro) responde a essa pergunta?
 
Então, por que será, né? :tsc:
Dostoievski (ou algum outro) responde a essa pergunta?

Para saber a resposta para essa pergunta, basta saber o que poderia ter significado o Imperium para a Santa Rússia. Dostô tentou responder a essa questão ao colocar a Terra Mãe como não apenas o berço da civilização eslavo-ortodoxa, como a sua nutriz, sua parteira, formadora, educadora, como sua força, energia, centro unitário primordial.

A legítima herdeira do legado imperial bizantino onde a Sinfonia da Tradição (Igreja-Império) seria entoada pelos séculos dos séculos até que Cristo voltasse.

Mas as forças caóticas da subversão iluminista, nacionalista, anti-imperial e anti-tradicional, com seu sucesso na desagregação da civilização tradicional europeia levaram suas tendências regressivas para o Leste. As nações eslavas foram pegas no seu turbilhão.

Ora, se a própria Rùssia também o foi e sofreu duramente baques na sua identidade com as progressivas ocidentalizações...
 
Ora, se a própria Rùssia também o foi e sofreu duramente baques na sua identidade com as progressivas ocidentalizações...

E você não acha que com essas ocidentalizações a Rússia passou (politicamente) a ser, para os eslavos, nada mais do que um país imperialista parecido (guardando as devidas proporções e diferenças) à França e Alemanha para a África e ao nosso tiozão norte-americano?
E que, sendo assim, talvez fizesse algum sentido essa declaração sobre a "mãe rússia" há 250 anos mas não mais agora e talvez nem na época em que o Dostoievski era vivo? :think:
 
E você não acha que com essas ocidentalizações a Rússia passou (politicamente) a ser, para os eslavos, nada mais do que um país imperialista parecido (guardando as devidas proporções e diferenças) à França e Alemanha para a África e ao nosso tiozão norte-americano?
E que, sendo assim, talvez fizesse algum sentido essa declaração sobre a "mãe rússia" há 250 anos mas não mais agora e talvez nem na época em que o Dostoievski era vivo? :think:

Para os eslavos e para si mesma, daí a necessidade dessas katharsis a que as renovações espirituais e intelectuais da Ortodoxia e do eslavofilismo e eurasianismo propunham. Processo, porém, interrompido pela revolução bolchevique que, apesar do seu papel importante de resguardar a Rùssia material e ideologicamente dos desvios ocidentais em diversos pontos, era um degrau mais baixo na escala de degradação espiritual.

Outras katharsis seriam necessárias, e ainda o são. Daí o papel do intelectual e do santo, ambos se unindo em algo mais profundo que escolas e misticismos vagos, mas em uma aliança espiritual profunda entre si e com a monarquia czarista, enquanto legítima representante do Império Russo, de sua alma.

Essa katharsis nada mais que é uma nova Revolução.

Contra os interesses imperialistas e internacionalistas do mundo ocidental, uma unidade política e espiritual de diversas nações com suas tradições religiosas, políticas, sociais unidas em torno de uma Ideia central, a Unidade transcendente de suas almas, seus 'Dasein' em torno de um Dasein único, que expresse e seja concretamente a pedra de fundação do novo Império russo, e um atestado da possibilidade de ressurreição de novos Impérios.

Eis a 4TP, a Quarta Teoria Política, a esperança dos novos eurasianistas. A última e mais decisiva guerra lutada heoricamente por Vladimir Putin.

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Bom, achei interessante trazer esse texto do Dostô para trazer uma nova luz à situação, em vez de ficarmos nas dicotomias estúpidas que tem pipocado por aí. Não espero que concordem comigo, muito menos que a minha esperança seja a de vocês.

Mas é importante esclarecer porque confiamos em Putin, porque eu creio que uma ressurreição vital do mundo, um muro às forças ocultas responsáveis pelas subversões da Kali Yuga, pode ser construído. E a fé de que tais forças de resistência existem e que lutarão quando a hora chegar.

Contra o imperialismo só há esperança no Imperium.
 
Não estou concordando nem discordando de você.
Só quero saber mais sobre o assunto.
Meu pai era lituano (báltico) e ele não falava sobre isso (a situação em seu país) talvez até por não se interessar muito pelo assunto, mas lembro que os parentes da família falavam mal dos russos e minha avó (mãe de meu pai, que era russa) era sempre deixada "de lado" nas conversas entre eles, que eram sempre em lituano, e a família da minha avó (composta de algumas irmãs e irmãos) era claramente diferente dos lituanos, dava pra notar isso inclusive nas (poucas) fotos que vi um dia.

Enfim, você acredita que o Vladimir Putin está lutando pela volta do "Imperium", como você disse?
A julgar pela biografia que li, ele está mais pra volta do comunismo, mas o comunismo hierárquico (com todos os benefícios para os que detém o poder) do jeito que era antes, na finada União Soviética. =/
 
Se as reformas que o Putin pretende realizar darão certo, só se pode saber a longo prazo. A sociedade hierarquizada nos moldes tradicionais não nascerá de projetos profanamente políticos, mas sim da gradual ressurreição do povo russo. O Imperium não é feito de ideias e projetos, mas de pessoas, de pessoas formadas e moldadas por uma tradição e valores, mas que encarnam esses valores em si, que se desindividualizam, se tornam cada vez menos pessoas individuais e cada vez mais símbolos vivos da presença de Deus.

As reformas mais urgentes tem de defender a Eurásia dos seus inimigos mais urgentes: o imperialismo globalista, atlantista. Para isso é natural que, aliado a reformas morais mais intempestivas, se tomem medidas duras contra o capitalismo. Putin já disse que o fim da U.R.S.S. foi o maior desastre geopolítico da história e ele tinha razão: por mais que carecesse de base metafísica e fosse mesmo a própria encarnação do Diabo, a União Soviética serviu para defender a Rùssia enquanto povo e nação dos efeitos mais corrosivos do liberalismo ocidental e das várias dissoluções culturais pós-modernas. Enquanto nacionalista e mesmo anti-internacionalista (apesar da expansão da revolução na Guerra Fria), o estalinismo, apesar dos seus excessos, se mostrou uma muralha de proteção da cultura eslava, mesmo quando a perseguia abertamente.

Curiosamente o sangue que foi derramado dos mártires fortaleceu a Ortodoxia enquanto que a lenta descristianização do Ocidente, sem perseguições abertas, serviu apenas para atrofiar a religião no Ocidente, e apodrecer a própria alma ocidental. Engraçado como quando o Mal tenta se fazer como Deus e a tudo manipular, acaba se cortando com a própria espada.

Assim é que se deve compreender o nacional-bolchevismo, o apoio da Terceira Via (fascismo, nacional-socialismo, strasserismo e outros movimentos e extrema-direita) à 4TP, do prof. Aleksandr Dugin, a congregação mesma de diversos comunistas ortodoxos à causa neo-eurasianista. Marx dizia que a revolução burguesa de 1789 apenas prefigurava, nas suas pequenas destruições da sociedade tradicional, as grandes destruições da revolução proletária. Da mesma forma, a revolução proletária servirá, no século XXI, como a destruição do mundo burguês, do sionismo e globalismo internacionalistas, do poder demoníaco da economia, do fim das oligarquias financeiras mundiais, do próprio sistema econômico global, enfim, como o sepultamento do mundo moderno... para que dessas ruínas, algo novo seja criado, algo novo e velho, um novo Estado que seja uma nova manifestação da mesma Tradição Primordial, nem nova nem velha, mas eterna.

Talvez seja mais um delírio ideológico, tal perigo sempre existe, mas quando se examina as formas pelas quais o cristianismo foi preservado à custa de tanto sofrimento nos países eslavos e pós-bizantinos e o que ocorreu com ele no Ocidente pós-iluminista, democrático, liberal ou simplesmente conservador-burguês, se compreende a complexidade e amplitude do problema, para além das fúteis dicotomias direita-esquerda, capitalista-socialista.
 
Última edição por um moderador:
Onde posso saber mais sobre essa "4TP, a Quarta Teoria Política" que você mencionou?

Tendo a acreditar que ela não tem o menor futuro se está se apoiando no Vladimir Putin, pra mim esse homem é o maior 71 da história, além de meio pirado. =/
 
Esses dias recentes, tive impulso de especular se a surpresa Russa dessa semana se limitaria a ficar localizada/regional (igual costuma acontecer com os outros conflitos dos países da Europa Oriental) ou se teria potencial para se alastrar pela Europa Ocidental. Se formos observar bem o assunto tem outras coisas que incomodam.

Penso que Obama, Putin, os ucranianos, os neofascistas e nazistas europeus infiltrados estão todos diante de um inimigo em comum invisível que pode acabar com a estabilidade de todos eles.

Por incrível que pareça, Obama é o que menos enxerga a atual "fobia de obrigações" pela qual anda passando o dito "cidadão ocidental" (ou será que enxerga e não pode fazer nada?). Obrigar-se a fazer algo hoje adquiriu, erradamente, uma imagem ruim quando deveria ser o que sempre foi, algo natural e não algo pervertido pela guerra (existe a hora de relaxar e existe a hora de ser firme\resoluto e o equilíbrio está no bom uso das duas opções). Quanto mais rica é a cadeira de governo mais difícil é enxergar o cenário amplo.

Putin vagamente ainda consegue ver alguma coisa porque apesar do regime usurpado os instintos de sobrevivência alertam a Rússia. Já os europeus rígidos (dos quais apenas uma parte pequena tem cores fascistas e nazistas) percebem que as "obrigações" do cidadão foram demonizadas pelo estado em favor de uma falsa fartura de bem estar social sem prestação de contas a partir de dinheiro alheio.

Uma vez que analistas alertavam no começo dos anos 2000 que o século 21 estava ficando mais parecido com o começo do século vinte do que com o futuro que desejávamos é notável que a sociedade ao invés de ter adquirido maturidade tenha caminhado para a mesma infantilização orgulhosa que precedeu os anos 20.

Naquela época todos pensavam que saberiam administrar facilmente, mas poucos sabiam de verdade e empurravam o problema pra frente com um visual estiloso novo. E aonde andava a integridade? Até mesmo o ambíguo conceito de honra estava em falta naquela época porque as leis estavam se torcendo com relativismo moral (alguma semelhança com o Brasil?).

Como as coisas andam parecidas, se este for mesmo um repeteco do século 20 (igual o analistas dizem) então as crises sociais que dispararam nos anos 00 e 10 são um ensaio para uma tensão social ainda pior que tende a vir no futuro (repetindo o que houve no século vinte culminando na segunda guerra, de armas mais terríveis e de mais longo alcance).

Isso tudo é angustiante de ver, as pessoas comuns que precisam trabalhar pra viver são as que mais sofrem com instabilidades sérias no país.
 
Última edição:
Onde posso saber mais sobre essa "4TP, a Quarta Teoria Política" que você mencionou?

If we free the socialism from its materialist, atheist and Modernist features and if we reject the racist and narrow nationalist aspects of the Third way doctrines we arrive at a completely new kind of the political ideology. We call it Fourth Political Theory (first being the liberalism, that we essentially challenge, the second the classical form of communism, the third the national-socialism and the fascism). Its elaboration starts from the point of intersection between different antiliberal political theories of the past (the communism and the Third way theories). So we arrive to thenational-bolshevism that represents the socialism without materialism, atheism, progressism and Modernism and the Third way theories without racism and nationalism. But that is only first step. The mechanical addition of deeply revised versions of the antiliberal ideologies of the past doesn’t give us the final result. It is only first approximation, preliminary approach. We should go further and make appeal to the Tradition and to Pre-Modern sources of inspiration. There we have Platonic ideal State, the medieval hierarchic society and theological vision of the normative social and political system (Christian, Islamic, Buddhist, Jewish or Hindu) . This Pre-Modern source is very important development of the national-bolshevism synthesis. So we need to find a new namefor this kind of ideology and “Fourth Political Theory” is quite appropriate for this. It doesn't tell us what this Theory is, but rather what it isn't. So it is a kind of invitation and appeal rather than the dogma. (A. Dugin)
Em resumo, o que essa teoria se trata é apenas uma intersecção de comunismo, fascismo (lato sensu, incluindo o nazismo, facismo stricto sensu, integralismo e ideologias análogas) e estatismo da Antiguidade e Idade Média. Ora, se lembrarmos que tanto o fascismo como o comunismo são igualmente inclusos no socialismo e que o fascismo também apelava a costumes e tradições do passado (no caso do nazismo, à cultura nórdica, como também apelava aos antigos romanos, gregos, espartanos, etc), Dugin intersecta ao fascismo conjuntos que já estavam praticamente incluídos no fascismo, com pouca ou nenhuma área de disjunção à ele. Chamar isso de "completely new kind of the political ideology" é forçar demais a barra - mas bastante esperado do caráter "revolucinário" de qualquer tipo de facismo. Temos apenas uma versão russa e religiosa de fascismo, onde o inimigo agora não são os judeus ou o que quer que seja, mas o ocidente, os EUA, a livre economia, etc - o que o permite dispensar o racismo e o nacionalismo, pois agora quem faz o papel de inimigo não é uma raça específica (o que ocorre também no caso do integralismo brasileiro ou mesmo no fascismo stricto sensu em seu início), e quem faz o papel de "grupo escolhido" não é uma nação específica. Troca-se os personagens que preenchem os rótulos, mas o modo de pensar e valorar as coisas é praticamente o mesmo.

Curiosamente quem é "o escolhido" são os membros de uma suposta "Tradição" que permearia as principais religiões, mas pelo visto os mais ilustres religiosos de suas respectivas religiões (budistas, católicos, islâmicos, judeus, etc) falham em percebê-la, já que praticamente todos eles acham que suas religiões são tradições únicas e distintas em pontos inconciliáveis das demais. Enfim, uma bobagem, e não-nacionalista apenas em sua forma teórica e verbal (pois segundo é afirmado a Tradição não estaria embarcada apenas na Rússia, ainda que tivesse nela seu principal bastião), já que na prática funciona como um postulado nacionalista pois serve aos interesses russos - assim como, por exemplo, a suposta supremacia da raça nórdica servia para alavancar a Alemanha, ainda que a raça nórdica supostamente não se confundisse com os alemães e incluísse outros povos, como os britânicos.
 
Última edição:
@Clara V. : http://www.4pt.su/pt-br

Esse site tem textos introdutórios interessantes, mas o ideal mesmo seria ler os livros do prof. Dugin.

Eu não me considero nem terceira-posicionista (fascista, nazista) nem quarta-posicionista (neo-eurasianismo do prof. Dugin e outros), mas pura e simplesmente tradicionalista, no sentido puro e estrito do termo, conforme cunhado pelos esoteristas e pensadores perenialistas René Guenon, Frithjof Schuon, Ananda Coomaraswamy, entre outros, e o grande Julius Evola. Influências adicionais seriam os pensadores conservadores-revolucionários da Alemanha pré-nazista, como Carl Schmitt, Ernst Junger.

Porém, tenho sim grandes esperanças em um renascimento do nacional-socialismo strasserista, na 4TP e na congregação das forças de Terceira Via em um front anti-liberal, anti-democrático, anti-moderno. Em suma, cremos em uma restauração do Imperium, conforme os moldes tradicionais gibelinos, congregando, apesar dos esforços estéreis de religiosos conservadores em congelar em blocos sem vida suas tradições, a união de todas as tradições religiosas e esotéricas de forma geral em um sistema de governo orgânico, unitário e autocrático/aristocrático, de caráter sacral e teocentrista, conforme as mesmas tradições, encarnações diversas da mesma Tradição Primordial.

Em outras palavras, aquilo que a 4TP defende que seja a legítima defesa da Tradição e do Imperium, e não uma mera galvanização pseudo-fascista de alguma autocracia neo-soviética, isso sim, é defendido por mim e por boa parte de meus confrades.

Coloque Putin e Dugin um dedo do pé fora da linha da estrita fidelidade ao Imperium e nos tornaremos seus piores inimigos.

Apenas corrigindo você, @Haran Alkarin , o comunismo não tem absolutamente NADA a ver com o fascismo e as ideologias de extrema-direita além do termo 'socialismo', que significa coisas muito diferentes nos dois sistemas. O socialismo nacional de Otto Strasser, assim como o fascismo originalmente, não apenas não possuíam o racismo biologicista a la Hitler como apelavam para um socialismo totalmente reacionário, que atacasse ambas as cabeças da hidra modernista e iluminista, o verme filhote dos dragões anti-tradicionais de 1789 e 1848, a saber, o comunismo e o capitalismo liberal.

Ambos, liberalismo e comunismo, são filhos do 'Esclarecimento', são como etapas sucessivas, ainda que superficialmente opostas, do mesmo espírito daemônico de supremacia economicista, individualismo, plutocracia, característicos do pensamento e práxis políticos da modernidade. Ambos são igualmente modernos.

As ideologias de Terceira Via (nazi-fascismo), por mais que apresentem elementos sub-pessoais, animalescos, brutais, totalitários, nasceram como legítimas reações para conter tanto a onda revolucionária soviética quanto impedir a desagregação dos restos de tradição intocados pelo demônio Mammon, o deus do capitalismo.

Já a Tradição, que não é nem Primeira, nem Segunda, nem Terceira nem Quarta Via, é algo de ordem absolutamente diferente, superior, de caráter sobre-humano, transcendente, a expressão viva daquilo que transcende a vida, a imagem do Eterno no temporal, do divino no humano, a Encarnação do Absoluto.

O nazi-fascismo nada mais foi que uma tentativa abortada, falha, caída de opor às forças de dissolução a luz da Tradição. Seus proponentes não estavam à altura dessa missão, nem a nível doutrinário nem espiritual. Falharam porque deviam falhar.

Ainda terei mais oportunidades de tratar cá aquilo que no fascismo e nazismo pode ser chamado de tradicional ou de anti-tradicional, quando criar o tópico das relações entre Julius Evola e o fascismo.

Aposta que acha legal a Rússia invadir a Ucrânia.
Não se invade aquilo que é seu.

A Ucrânia ser um país independente não passa de um acidente histórico, ela é mais russa que a própria Rússia. Diferente de uma Kosovo, a Ucrânia não apenas é um dos centros da cultura russa, mas ela foi a grande Kievan Rus, o berço do primeiro império eslavo e ortodoxo, um precursor da Moscou czarista.
 
@Paganus paganizando.

Então durante todos esses anos o governo da Rússia estava administrando a Ucrânia? Não sabia.
 
@Paganus paganizando.

Então durante todos esses anos o governo da Rússia estava administrando a Ucrânia? Não sabia.

É claro que não sabia, assim como não sabe nada de Kievan Rus, da história da formação da Rússia, seus principados medievais e os processos constantes de ocidentalização que sofreram, apesar da profunda ligação que sempre mantiveram com Moscou.

Aposto que não sabe também que o Império Russo e e sua cultura secular, assim como sua religiosidade e espiritualidade não caíram do céu com a queda da U.R.S.S., mas sempre estiveram lá.

Enfim, não sou eu que estou paganizando, você é que precisa estudar.
 
Cara, realmente não conheço a história da Ucrânia e da Rússia, mas isso não parece fazer muita diferença a partir do momento que a Ucrânia virou um país independente.
 
Cara, realmente não conheço a história da Ucrânia e da Rússia, mas isso não parece fazer muita diferença a partir do momento que a Ucrânia virou um país independente.
Isso faz toda a diferença do mundo. Se você não tem ciência dos profundos laços espirituais e culturais que ligam os dois países, como pode sequer dar pitaco sobre essa crise.

WTF?

Você não vê mesmo o absurdo disso?

Post interessante de um blog de um amigo meu, historiador eurasianista:

[SIZE=4 disse:
A Ucrânia é uma Rússia] [/SIZE]Acabo de ler notícia da BBC dando conta que o presidente Vladimir Putin pediu permissão ao Parlamento para usar tropas na crise ucraniana, de modo a preservar vidas de cidadãos russos. [http://www.bbc.com/news/world-europe-26400035] Eu tinha certeza de que a Rússia interviria no vizinho de alguma maneira, a fim de desestabilizar qualquer governo pró-OTAN que lá se estabelecesse. Mas não estava tão certo se ocorreria uma interferência direta. Para isso seria necessária ainda mais coragem do que aquela demonstrada no causo da Geórgia, mais especificamente Ossétia e Abkhazia. Bom, coragem não parece faltar ao presidente russo, pra alguma coisa lhe serve ter origem na KGB. A justificativa que está sendo usada pela Rússia, por sua vez, era bastante óbvia. Mais de vinte milhões de russos vivem nos países do antigo entorno soviético, e na Crimeia, uma das regiões mais ricas da Ucrânia, são inclusive maioria. As explicações oficiais para a intervenção na Geórgia também partiram daí.

Mas o que está ocorrendo na Ucrânia?


A Ucrânia é hoje, em vários sentidos, o centro do mundo. A situação é bastante complexa por um lado e de uma simplicidade meridiana por outro. Temos um presidente eleito cujo governo de merda e corrupto criou uma tremenda insatisfação popular. A população está nas ruas exigindo, em parte, mudanças no governo, e em parte, uma mudança do próprio governo. Esta população se divide em filo-liberais, forças ocidentalizantes, partidários da União Europeia, russófobos, russos étnicos e filo-russos, partidários da herança eslava, uniatas, ortodoxos que pretendem uma separação do Patriarcado de Moscou, ortodoxos fiéis à Igreja, anti-ocidentais, socialistas, nacionalistas de todos os tipos incluindo movimentos de terceira posição que sonham com algum tipo de isolacionismo e autonomia ucraniano. Mas, de fato, todo este caos, com ou sem a intenção de seus diversos agentes, não passa do cenário para uma disputa geopolítica pelo destino da Ucrânia e pelo controle da Eurásia. Os Estados Unidos e seu braço armado, a OTAN, pretendem, com ou sem a União Europeia, manter e aprofundar sua hegemonia, expandindo-se para o leste, criando mais um Estado títere em uma região vital em termos políticos, se possível expulsando de vez a presença militar russa da Crimeia e dando um xeque mate no país em termos geoestratégicos. A Rússia, que nasceu de fato em Kiev, visa sobreviver ao cerco, sendo vital para isso sustentar sua presença política, militar e demográfica em seu entorno histórico direto, ou seja, pelo menos no leste industrializado da Ucrânia, região que possui armas nucleares, milhões de russos étnicos e um frota de navios estacionada próxima a Sebastopol. Não há ''futuro autônomo'' para a Ucrânia sem que se leve em conta estes dois pólos, e quem pensa que há está apenas se iludindo. Ou o país cai no colo do Oeste, tornando-se títere de tropas que apontarão mísseis para a Rússia a partir de uma posição estratégica em pleno coração eurasiático, ou o país manterá os laços históricos que o unem à civilização russa, sendo a vanguarda de resistência à expansão da OTAN. A terceira opção é a divisão do país entre os dois lados após uma sangrenta guerra civil com intervenção maciça, ainda que nem sempre direta, de países estrangeiros. Ou seja, balcanização da região.



A Ucrânia é, histórica e culturalmente, uma Rússia. Foi lá que nasceu, no século X, o primeiro Estado russo, a Rus' de Kiev, que se expandiu para Oeste e leste organizando em torno de si as etnias da região, fossem ou não eslavas. A partir do século XII, Kiev sofreu concorrência de outros principados russos, e, depois, todos eles foram invadidos e dominados pela Horda Dourada. Depois que esta foi expulsa, a Ucrânia sofreu conquista ocidental, germânico-polonesa, da qual se viu livre pelas vitórias russas. Raramente o país foi autônomo ou possuiu fronteiras definidas. Sua religião, seu alfabeto, seus costumes, seu folclore, sua visão de mundo são tão russos quanto os dos demais russos. Falar, portanto, de ''opressão russa'' nesse causo é totalmente dissonante com a realidade. Milhões de russos que vivem na Ucrânia, e milhões de ucranianos, ainda que não russos, desejam manter vínculos com sua herança histórica e a aliança estreita com a civilização russa. A novidade aí está na existência daqueles que pretendam uma ruptura e transformação profunda nessa herança e vínculos, redefinindo a identidade ucraniana através de uma ''russofobia'' totalmente ridícula. Os soviéticos sacanearam a Ucrânia? Também não foram bonzinhos para os russos, e Stalin era georgiano. O que os soviéticos tinham, na verdade, era justamente aquilo que os russófobos querem perpetuar, uma busca por romper com a raiz do próprio país e se ajustarem a esquemas de pensamento e vida nascidos e exportados pela Europa.

Em tempo: antes que me acusem, não sou contra uma Ucrânia independente. Só tenho a plena consciência de que isso é incompatível com a ocidentalização do país e sua submissão à OTAN.

André Luiz dos Reis - historiador e evoliano, amigo e confrade meu
 

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