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[COLUNA] Infância não é carreira e filho não é troféu

Morfindel Werwulf Rúnarmo

Geofísico entende de terremoto
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Nesse mundo contemporâneo, ter, ser, saber, parecem fazer parte de uma competição. Nesse mundo, alguns pais e algumas mães acabam acreditando que é preciso que seus filhos saibam sempre mais que os filhos de outros. E isso sim seria então sinal de adequação e o mais importante: de sucesso.

O que uma criança deve saber aos 4 anos de idade? Essa foi a pergunta feita por uma mãe, em um fórum de discussão sobre educação de filhos, preocupada em saber se seu filho sabia o suficiente para a sua idade.

Segundo Alicia Bayer, no artigo publicado em um conhecido portal de notícias americano – The Huffngton Post -, o que não só a entristeceu mas também a irritou foram as respostas, pois ao invés de ajudarem a diminuir a angústia dessa mãe, outras mães indicavam o que seus filhos faziam, numa clara expressão de competição para ver quem tinha o filho que sabia mais coisas com 4 anos. Só algumas poucas indicavam que cada criança possuía um ritmo próprio e que não precisava se preocupar.

Para contrapor às listas indicadas pelas mães, em que constavam itens como: saber o nome dos planetas, escrever o nome e sobrenome, saber contar até 100, Bayer organizou uma lista bem mais interessante para que pais e mães considerem que uma criança deve saber.

Veja alguns exemplos abaixo:

  • Deve saber que a querem por completo, incondicionalmente e em todos os momentos.
  • Deve saber que está segura e deve saber como manter-se a salvo em lugares públicos, com outras pessoas e em distintas situações.
  • Deve saber seus direitos e que sua família sempre a apoiará.
  • Deve saber rir, fazer-se de boba, ser vilão e utilizar sua imaginação.
  • Deve saber que nunca acontecerá nada se pintar o céu de laranja ou desenhar gatos com seis patas.
  • Deve saber que o mundo é mágico e ela também.
  • Deve saber que é fantástica, inteligente, criativa, compassiva e maravilhosa.
  • Deve saber que passar o dia ao ar livre fazendo colares de flores, bolos de barro e casinhas de contos de fadas é tão importante como praticar fonética. Melhor dizendo, muito mais importante.
E ainda acrescenta uma lista que considera mais importante. A lista do que os pais devem saber:

  • Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.
  • Que o fator de maior impacto no bom desempenho escolar e boas notas no futuro é que se leia às crianças desde pequenas. Sem tecnologias modernas, nem creches elegantes, nem jogos e computadores chamativos, se não que a mãe ou o pai dediquem um tempo a cada dia ou a cada noite (ou ambos) para sentar-se e ler com ela bons livros.
  • Que ser a criança mais inteligente ou a mais estudiosa da turma nunca significou ser a mais feliz. Estamos tão obstinados em garantir a nossos filhos todas as “oportunidades” que o que estamos dando são vidas com múltiplas atividades e cheias de tensão como as nossas. Uma das melhores coisas que podemos oferecer a nossos filhos é uma infância simples e despreocupada.
  • Que nossas crianças merecem viver rodeadas de livros, natureza, materiais artísticos e a liberdade para explorá-los. A maioria de nós poderia se desfazer de 90% dos brinquedos de nossos filhos e eles nem sentiriam falta.
  • Que nossos filhos necessitam nos ter mais. Vivemos em uma época em que as revistas para pais recomendam que tratemos de dedicar 10 minutos diários a cada filho e prever um sábado ao mês dedicado à família. Que horror! Nossos filhos necessitam do Nintendo, dos computadores, das atividades extraescolares, das aulas de balé, do grupo para jogar futebol muito menos do que necessitam de nós. Necessitam de pais que se sentem para escutar seus relatos do que fizeram durante o dia, de mães que se sentem e façam trabalhos manuais com eles. Necessitam que passeiem com eles nas noites de primavera sem se importar que se ande a 150 metros por hora. Têm direito a ajudar-nos a fazer o jantar mesmo que tardemos o dobro de tempo e tenhamos o dobro de trabalho. Têm o direito de saber que para nós são uma prioridade e que nos encanta verdadeiramente estar com eles.
Então, o que precisa mesmo – de verdade – uma criança de 4 anos?

Muito menos do que pensamos e muito mais!

Fonte
 
Que cada criança aprende a andar, falar, ler e fazer cálculos a seu próprio ritmo, e que isso não tem qualquer influência na forma como irá andar, falar, ler ou fazer cálculos posteriormente.

Posso dar um testemunho de fé, irmãos da Valinor? Já trabalhei como professora auxiliar (explicando: era professora de um aluno com 'n' deficiências cognitivas em uma sala de aula de escola estadual pública, aqui em SC) e escutei da boca de uma professora do quinto ano (faixa etária de onze, doze anos), que sua turma ainda não estava alfabetizada, porque sempre existia a desculpa que cada criança aprende em um ritmo diferente e blá, blá, blá.

Eu acho muito, mas muito bonito na teoria. Mas na prática, tem uma porção de professores transferindo suas responsabilidades de alfabetizadores para o desafortunado do ano seguinte. É claro que não se pode alfabetizar uma criança de quatro anos, mas a zoeira tá sem limites faz tempo e a desculpa é justamente essa.
 
Sério, quase me emociono ao ver pais brincarem com filhos nas praças públicas, isso é raro ultimamente.

É muito raro mesmo. O mais comum é que os pais não levem os filhos para brincar em espaços abertos - e quando o fazem, ficam no celular o tempo inteiro. Não prestavam atenção nas brincadeiras favoritas dos filhos ou se a criança tinha dificuldades de socialização ou então, pior ainda, se seus próprios filhos eram crianças agressivas.
 
Sim, não tem. Mas ela dá uma brecha pra falta de responsabilidade, entende? @Ranza
 
Entendo sim, mas nesse caso o problema não é a teoria e sim o funcionário ruim, a medida tem que ser tomada contra ele. Veja por exemplo no caso do meu setor, cada funcionário programa numa velocidade diferente e em um nível diferente, mas o prazo tem que ser cumprido do mesmo jeito.
 
Concordo totalmente. Mas como punir um profissional irresponsável, quando em teoria a culpa não é dele? Entende que isso é um círculo vicioso sem fim? Seria muito legal se a infância fosse respeitada e não vendida como um produto para os pais, mas ela não é. Em algumas escolas, por causa da falta do compromisso, em outras por causa do excesso de cobrança. Complicado de todo o jeito.
 
Se tem uma coisa que não tenho absolutamente nada do que reclamar é em relação a época dos meus 4 anos. Só muito a agradecer.

Vivia na época num sítio em Pres. Prudente brincando com outras crianças em rua de terra com amplo acesso a natureza e numa época totalmente desprovida de computadores e celulares e onde algumas vezes até "fabricava" meus próprios brinquedos, tudo que uma infância saudável poderia me proporcionar inclusive sujar os pés na terra. Tudo isso antes de entrar na escola coisa que só fui saber o que é aos 6 anos.

Mas é fato que hoje numa época de "tanta informação" e por consequência competição a tendência é de uma cobrança dos pais cada vez mais prematura que as crianças brinquem cada vez menos e saibam cada vez mais (de preferência pra "ontem", o mais cedo possível). Confesso que acho isso muito preocupante, pois se não houver o mínimo de equilíbrio entre essas partes o conceito de infância no futuro a curto e médio prazo ficará totalmente comprometido.
 
Opa, voltamos com a discussão. Valeu, Furia. <3

Confesso que acho isso muito preocupante, pois se não houver o mínimo de equilíbrio entre essas partes o conceito de infância no futuro a curto e médio prazo ficará totalmente comprometido.

Isso vai nortear meu trabalho aqui na ong esse ano. Minha turma tem seis anos e está entrando agora no ensino fundamental. Ano passado, estavam brincando na creche e esse ano, sentadinhos na alfabetização. Estou há quinze dias planejando atividades lúdicas para equilibrar as coisas.
 
Lá em Caconde o esquema era Maternal -> Pré 1 -> Pré 2 -> 1ª série. Se na primeira série vc tem que ter 7 anos (quase) completos, significa que a criança vai com 4 anos pro maternal, certo?
Daí no ano em que eu ia completar 4 anos, minha mãe perguntou se eu queria ir pra escola, respondi "não" ( :lol: ), ela perguntou o que eu ia fazer então, respondi "vou pra casa da vó" ( :amor: )
Resultado: passei 1 ano acordando às 6 da manhã e indo com meu tio pra roça, curtindo meus avós, brincando com galinhas e porcos, fazendo bolo e café com barro, e acompanhado meu tio pelos sítios vizinhos :eba:
Pra completar, foi minha vó, que só fez a 1ª série, quem me ensinou a somar e subtrair :yep:
 
Eu acho a matemática uma ferramenta maravilhosa, porém utilizada de uma forma estúpida. Alunos meus travavam nas quatro operações, mas ninguém os lograva nas bolinhas de gude. :lol:
 
Eu vejo hj pessoas ou que toleram muita coisa dos filhos, ou são rígidos em demasia. Tem alunos meus que dizem não poder chegar em casa com um 9,5, enquanto outros os pais dão de tudo, são super permissivos e nem sabem e nem querem saber se o filho está bolando aula ou não...

Equilíbrio sempre é bem vindo. Quem ama, não mima nem cobra em demasia.
 
Lá em Caconde o esquema era Maternal -> Pré 1 -> Pré 2 -> 1ª série. Se na primeira série vc tem que ter 7 anos (quase) completos, significa que a criança vai com 4 anos pro maternal, certo?
Daí no ano em que eu ia completar 4 anos, minha mãe perguntou se eu queria ir pra escola, respondi "não" ( :lol: ), ela perguntou o que eu ia fazer então, respondi "vou pra casa da vó" ( :amor: )
Resultado: passei 1 ano acordando às 6 da manhã e indo com meu tio pra roça, curtindo meus avós, brincando com galinhas e porcos, fazendo bolo e café com barro, e acompanhado meu tio pelos sítios vizinhos :eba:
Pra completar, foi minha vó, que só fez a 1ª série, quem me ensinou a somar e subtrair :yep:

Comigo aconteceu parecido. Aqui em Jarinu tinha pré e depois 1ª serie. E minha mãe me colocou já na primeira serie e pronto. Muita gente criticou e no meu circulo de amizades jarinuense todos fizeram pré escola menos eu :banana:
Não é uma coisa que eu sinto falta, pode parecer loucura da minha parte mas acho que uma criança de 4/5 anos ainda não está "pronta" pra ir pra escola. É claro que há casos e casos, mas acho que na vida tudo tem seu tempo. Inclusive a escola :yep:
 

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