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Notícias O estranho caso de uma campanha bacana, a favor dos livros, que incomoda

Bruce Torres

Let's be alone together.
O estranho caso de uma campanha bacana, a favor dos livros, que incomoda
Mauricio Stycer

Bruno (Malvino Salvador) acaba de descobrir que sua mãe, Ordália (Eliane Giardini) está namorando Herbert (José Wilker), ex-noivo de sua irmã Gina (Carolina Kasting). Triste, abatido, cabisbaixo, ele entra em casa e encontra Paloma (Paolla Oliveira) lendo na cama.

“Oi, meu amor”, ela diz. “O que foi?”, pergunta, assustada com a cara do amado. “Aconteceu alguma coisa? Você parece abatido?” Bruno se senta, suspira e diz: “É a vida, meu amor. A vida, às vezes, dá uma rasteira na gente”. Levanta a cabeça, sorri e pergunta: “O que você está lendo?”

“Tô lendo ‘Antes do Baile Verde’, da Lygia Fagundes Telles. Você sabe que eu adoro. Esse é um dos meus favoritos. Já li várias vezes. Ela costuma escrever sobre sentimentos profundos e misteriosos'', diz, antes de emendar: “Falando sobre mistério, eu posso saber o que aconteceu?” (a cena, exibida no capítulo de segunda-feira, 20, pode ser vista aqui)

Num país com índices indigentes de leitura, qualquer incentivo ao hábito de ler deve ser saudado com entusiasmo. É o caso desta campanha em curso em “Amor à Vida”. Walcyr Carrasco está claramente empenhado em promover livros na novela, o que deve ser elogiado com todas as letras.

Há, porém, um efeito colateral, talvez causado justamente pela empolgação do autor. Carrasco conseguiu algo aparentemente impossível com o seu esforço de divulgação de livros: está provocando incômodo.

De forma obsessiva, o autor tem inserido menções a livros nas mais variadas tramas e situações, frequentemente provocando a sensação de que a referência é forçada, não natural, como o merchandising de um produto qualquer. Em alguns casos, o efeito é tão canhestro que resulta cômico.

Recebi, por exemplo, a seguinte mensagem da leitora Edna Becker: “Você percebeu que na novela ‘Amor à Vida’ todo santo capítulo vem alguém do nada e cita algum livro que está lendo? Aqui em casa isso já virou motivo de piada. Dá até a impressão que eles estão devendo pagar algum castigo e são obrigados a fazer comerciais gratuitos de livros e autores.”

Para ilustrar o seu ponto, Edna cita uma cena, exibida há algumas semanas, na qual Vega (Christiane Triceri) desmascara Thales (Ricardo Tozzi), acusando-o de querer dar um golpe em Natasha (Sophia Abrahão). De repente, o tom da conversa muda e ela cita um autor e um livro. Reproduzo o texto da personagem Vega, dito de uma vez para Thales:
“Você não precisa escrever o romance do século. Você pode viajar pelo mundo, fazer reportagens e transformar isso em grandes livros. Como esse aqui, comprei pra você: ‘Dias de Inferno na Síria’, do jornalista Klester Cavalcanti. Foi para a Síria no meio da guerra. Foi preso, ameaçaram cegar os olhos dele. Ele voltou e escreveu esta experiência. Ganhou o prêmio Jabuti. Essa sim é uma bela maneira de viver. Agora, você! Fica tentando dar golpes em meninas ricas.”

“Ficou claro que a barra foi forçada. Diálogo ruinzinho”, escreve a leitora. A cena pode ser vista aqui.

Em entrevista ao jornal “Extra'', Carrasco explicou: “Quero mostrar que o livro é algo que todo mundo usa normalmente, que faz parte do cotidiano das pessoas, não só na vida escolar. São autores em quem eu boto fé… Estabeleço na minha cabeça que tipo de livro aquele personagem leria, qual gênero estaria mais de acordo e, assim, vou da alta literatura à autoajuda''.
 
Mas essa novela é toda ruinzinha, né? Tipo, a Linda, a menina autista prodígio. Aquela evolução toda não existe, agora sim na "recaída" parece de verdade.
 
Tá uma mistura de "Viver a Vida" (tetraplégica que só faltava ser trapezista) com "Insensato Coração" (a "cola" que unia o casal principal era o vilão, não havia entrosamento) e com "Avenida Brasil" (Nina indicando livros pro Tufão em vários episódios). A forma como o diálogo trabalha isso lembra aqueles programas onde o cara começa a falar de uma desgraça, faz um comentário e aí emenda, "vamos falar de coisa boa? Tekpix/Toptherm/etc." :lol:
 
E aquela Natasha falando do Raphael Draccon? Cada vez eu pensava em você :lol:

I knew you'd say that. :lol:

Bem, você tem uma trama paralela envolvendo espiritismo ou algo que o valha - o Raphael, que não o Draccon, sabe mais do que eu sobre o assunto - e aí coloca algo que remete a isso pois temos um escritor na história. Vá lá, beleza. Contudo, o que raios um livro sobre a Síria tem a ver com dar golpes nos outros?!
 
Eu vi essa cena. Ela queria dizer que ele poderia escrever livros ~legais~ ao invés de dar golpes nas novinhas.
 
Eu vi essa cena. Ela queria dizer que ele poderia escrever livros ~legais~ ao invés de dar golpes nas novinhas.

Eu também entendi isso. Mas daí a colocar um marketing que trava o diálogo? Isso foi demais. Pior que aquela propaganda "subliminar" da Jequiti.
 
Qual? Sou péssima nessas coisas. Até hoje não consegui enxergar o "alô diabo" que dizem ter no rótulo da Coca-Cola.

Se bem que logo essa novela chata tá acabando e terá uma Helena e um Doutor Moretti logo. #VemManoelCarlos
 
É... Como o autor do texto disse, a intenção é boa mas o Walcyr salgou a Santa Ceia.

Mas vamos pensar no saldo positivo. Novela tem muita coisa forçada...
 
Olha, qualquer leitura é melhor que nenhuma. Só acho.

[2]

Pra quem não tem hábito, uma leitura ruim pode ser a porta para leituras boas. E mesmo que só seja literatura ruim, desenvolve raciocínio e escrita. :yep:

E sim, desenvolve, por mais que não se acredite. Saindo do universo do fórum, em que a maioria lê coisas fodásticas e tem um ótimo desenvolvimento, vamos aos que não tiveram a chance que tivemos de nos desenvolver ou aos que não tiveram meios de aproveitar o pouco que tiveram. Esses se desenvolvem a partir do que achamos "pouco", "ruim",sim. Vejo na prática esse desenvolvimento ;)
 
Sei não. Será?

Outra coisa também: alguns (a maioria?) desses livros que ele tá fazendo merchandising já são best-sellers, né? para quê a propaganda então?
 
Mas como é que você vai saber qual livro é bom se não ler? A opinião do outro não vale... um milhão de tiazonas acham que 50 tons de cinza é ótimo, mas eu li e achei uma porcaria. Livros são produtos, né? E as novelas são vitrines. Cabelo, roupa, maquiagem... tudo faz sucesso quando aparece na novela. É válido que insiram livros também. Só espero que façam de uma forma menos *forçada*.
 
Sei não. Será?

Outra coisa também: alguns (a maioria?) desses livros que ele tá fazendo merchandising já são best-sellers, né? para quê a propaganda então?

Olha o preconceito... você está dizendo do alto da posição de alguém que tem seu intelecto desenvolvido através de anos de leitura. Dessa posição, é fácil criticar o desenvolvimento que a "baixa literatura" proporciona. Mas essa visão não leva em consideração o patamar que as pessoas que não se desenvolveram se encontram. Também não leva em consideração que uma das coisas mais importantes na leitura é o prazer. E uma pessoa que não teve acesso ou não teve vontade de ler "alta literatura" não vai ter o mesmo prazer - às vezes porque só de ver um nome consagrado a pessoa já acredita que vai ser difícil.

Best-sellers podem ser bons. A trilogia dos Jogos Vorazes é ótima, e Shakespeare foi teatro popular.
 
Olha o preconceito... você está dizendo do alto da posição de alguém que tem seu intelecto desenvolvido através de anos de leitura. Dessa posição, é fácil criticar o desenvolvimento que a "baixa literatura" proporciona. Mas essa visão não leva em consideração o patamar que as pessoas que não se desenvolveram se encontram. Também não leva em consideração que uma das coisas mais importantes na leitura é o prazer. E uma pessoa que não teve acesso ou não teve vontade de ler "alta literatura" não vai ter o mesmo prazer - às vezes porque só de ver um nome consagrado a pessoa já acredita que vai ser difícil.

Best-sellers podem ser bons. A trilogia dos Jogos Vorazes é ótima, e Shakespeare foi teatro popular.

Não acho que fosse preconceito ali na primeira pergunta, Ceinwyn. O que tinha em mente era mais as ideia da leitura como uma escada ou como um vídeo-game, de que você "evolui", passa de autores ruins para bons, ou de best-sellers para "clássicos" e também a de que qualquer coisa é melhor que nada.

No primeiro caso, não acho que isso aconteça. Quem lê livros "comerciais" só lê muito disso. É uma impressão. Não vejo problema (cada um lê o que quer e o prazer é importante como você disse), mas duvido da variação. E será que essa suposta variação importa? No segundo, acho que há um perigo em se ler pouco e qualquer coisa que é o de achar essa coisa o que de melhor há, como parece ter acontecido com muitos leitores de 50 tons.

Mas como é que você vai saber qual livro é bom se não ler? A opinião do outro não vale... um milhão de tiazonas acham que 50 tons de cinza é ótimo, mas eu li e achei uma porcaria. Livros são produtos, né? E as novelas são vitrines. Cabelo, roupa, maquiagem... tudo faz sucesso quando aparece na novela. É válido que insiram livros também. Só espero que façam de uma forma menos *forçada*.
Tá falando pessoalmente de mim? ou em geral? Eu já dei uma olhada na livraria (ou li) nos livros ou autores citados ali na reportagem. Acho que é assim que a gente descobre pessoalmente o que gosta e vai gostar ou não. Mas a questão da qualidade e de quem determina o que é bom e o que não é são mesmo problemas em uma democracia.

Concordo que seja vitrine, mas será que é uma tão boa para livros? O álbum do UOL diz que isso impulsionou as vendas (só não diz com base em quê se mediu isso. será que algum deles chegou aos mais vendidos depois de aparecer na novela? não estou sabendo)... Só acho que há outros meios mais eficazes de se vender livros hoje em dia (como a internet), mas as editoras é que devem saber.
 
Não acho que fosse preconceito ali na primeira pergunta, Ceinwyn. O que tinha em mente era mais as ideia da leitura como uma escada ou como um vídeo-game, de que você "evolui", passa de autores ruins para bons, ou de best-sellers para "clássicos" e também a de que qualquer coisa é melhor que nada.

No primeiro caso, não acho que isso aconteça. Quem lê livros "comerciais" só lê muito disso. É uma impressão. Não vejo problema (cada um lê o que quer e o prazer é importante como você disse), mas duvido da variação. E será que essa suposta variação importa? No segundo, acho que há um perigo em se ler pouco e qualquer coisa que é o de achar essa coisa o que de melhor há, como parece ter acontecido com muitos leitores de 50 tons.

Mas quanto maior for a divulgação, maior será o interesse de novos leitores, não é mesmo? Novela é uma mídia barata, e na minha opinião: Quem não tem o hábito de leitura, não irá procurar uma promoção na internet. Mas, pode ficar curioso se aparecer um personagem que gosta na novela, interagindo com um livro.

Eu sei que não se aplica muito, mas: Ano passado aqui na ong (sou professora aqui) dei de presente pra uma aluna uma edição de "O Morro dos Ventos Uivantes" porque ela tinha lido a referência em "Crepúsculo" e queria saber como era. Bom, no final ela acabou não gostando muito da história, mas foi um caminho, né? Eu também acredito muito no que você falou sobre "escada", e acredito também que a novela pode ser o primeiro degrau.
 

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