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A questão do suicídio.

Mavericco

I am fire and air.
Usuário Premium
O tema é complexo e é provável que o texto dê o que falar. Acho que em parte pela falta de jeito do Joca... Não sei. Mas é uma discussão interessante. Deve ser lido integralmente, de preferência duas vezes:

A questão do suicídio
por Joca Reiners Terron

Com frequência, tem-se falado da crescente profissionalização dos escritores brasileiros. Andam com excesso de trabalho, cheios de oportunidades etc. O mercado editorial é uma mãe, e mesmo que a maior parte dos autores não sobreviva de direitos autorais (parece ser apenas questão de tempo que os livros comecem a vender, é o que se diz), não lhes faltam serviços muito bem pagos de preparação de texto, tradução, revisão, redação de aparatos (que é jargão para orelhas, sinopses, releases e demais instrumentos utilizados na divulgação de um livro) e o circuito de festivais literários só aumenta, com gordos cachês para os palestrantes (cuja frequente solicitação obriga os autores a desenvolver seu talento retórico, ao qual também é desejável somar-se alguma propensão à comédia stand-up, muito em voga nos dias de hoje), hospedados habitualmente em hotéis e resorts de alto nível, além de alimentados com o que há de melhor na rica e variada culinária regional do país, ademais três vezes ao dia (pelo menos nos dias em que tais escritores se encontram no cumprimento da função para a qual foram convidados, de palestrantes ou então debatedores, e que não são poucos ao ano). Alguns até colaboram com a imprensa e escrevem em blogues, meios reconhecidamente esbanjadores no que se refere a pró-labores. São todos uns vendidos.

O óbvio reflexo desse processo (e o relativo conforto que tão recente condição lhes atribui, ainda mais se acrescida às vultuosas somas distribuídas pelos prêmios e bolsas de criação literária ou mesmo a alta grana resultante da venda de histórias para o cinema), é a queda acentuada da taxa de suicídio entre escritores brasileiros das novas, novíssimas e nem tão novas gerações. Evidentemente, a consolidação do ofício não parece ser o único motivo para que isso aconteça.

Não é de hoje que se sabe das relações entre criatividade artística e doenças mentais. Aristóteles menciona a ligação entre melancolia e “enfermidades oriundas da bile negra” em um ensaio clássico que lhe foi atribuído, Problema xxx, no qual comenta aspectos da medicina antiga, que relacionava os quatro elementos naturais – a saber, água, terra, fogo e ar – à tipificação dos humores, divididos em sangue, fleuma, bile amarela dos coléricos e bile negra dos melancólicos. O escritor, o poeta e o filósofo, portanto, estariam sob influência de Saturno, planeta que rege os humores. Desse modo, ao nascer tinham seu destino artístico assinalado, ao mesmo tempo em que eram condenados à instabilidade psíquica. Essa condição bipolar, aparentemente, facilitava (ou induzia) à compreensão anímica da realidade, culminando em obras de arte (no caso, obras de arte clássicas, ou seja obras que deram sentido àquilo que atualmente se compreende como arte).

A coisa não parou por aí: em um curioso livrinho de 1997 chamado …Or Not to Be, A Collection of Suicide Notes, Mark Etkind cita estudos mais recentes, como aqueles realizados pelo psiquiatra Kay Jamison, que afirmam que maníacos depressivos usam rimas, aliterações e palavras idiossincráticas em proporção muito maior que outras pessoas. “Quando pensamos em escritores criativos”, afirma Jamison, “pensamos em ousadia, sensibilidade, inquietude e descontentamento, todas qualidades do temperamento maníaco depressivo”. Etkind lamenta o fato de que a mesma doença que conduz artistas à grandeza, também os impeça de usufruir de seu sucesso. Pesquisas do dr. Jamison concluíram que 1) Escritores sofrem de dez a vinte vezes mais de crises maníaco-depressivas do que outras pessoas; 2) Entre os britânicos, amostragem indica que 38% dos artistas criativos passam por tratamentos de transtornos de humor. Entre poetas, a porcentagem é ainda mais alta, atingindo 50%.

É notória, assim como anacrônica, a conformação romântica da persona literária. O escritor contemporâneo, para ajustar medidas de seu próprio éthos, recorre a crenças passadistas. O incrível é que não se suicide mais. O estudo de Jamison constatou o aumento estatístico de suicídios ocorridos após a morte de uma figura pública, invariavelmente um artista. É chamado de “Efeito Werther”, pois refere-se à onda de suicídios causada no século 18 pelo romance de Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther. A. Alvarez, em seu ensaio O Deus Selvagem, afirma que “no ponto mais alto do Romantismo a vida em si mesma era como se fosse ficcional, e o suicídio se tornou um ato literário.” Para verificar a índole composta de recusas e ressentimentos dos escritores atuais, basta visitar o Facebook. A lista de acusações de uns contra outros é imensa: são vendidos. Entreguistas. A panelinha do norte acusa a do sul de privilégios e submissão às forças do capital. E vice-versa. No entanto, não se suicidam mais. Por quê? Parece-me um contrassenso.

Essa mistura inseparável entre vida e arte que parece subsistir à prova da passagem do tempo nas mídias sociais conspira para que a literatura permaneça em sua posição aprioristicamente imaterial, que não deve ser conspurcada por aspectos comerciais ou mesmo que não possa ser profissionalizada, tornando-se motivo de sustentação financeira de quem a faz, com o preço de não ser literatura, de ser outra coisa qualquer que não seja literatura verdadeira. Comparada com o negócio das artes plásticas, da música popular ou do cinema, por exemplo, onde artistas sobrevivem de sua produção (e até enriquecem) não pertence a 2013 mas a 1787, ano da publicação do livro de Goethe.

E no entanto, não se suicidam.

Tenho uma teoria a respeito, vaga como provavelmente é vago este artigo: não se suicidam porque não estão mais sozinhos, porque agora têm com quem falar. Não são muitos, apenas uns cinco ou seis amigos que comentam a cada vitupério essencial de um, que retribui ao brado retumbante de outro, e assim vão, nessa pequena cadeia inconsútil de almas de outrora, perdidas no presente desses espasmos e frêmitos digitais de Facebook. Às vezes brigam entre si.

Não faz mal ressaltar que, assim como Edwin Schneidman, eu nunca li um bilhete de suicídio que desejasse ter escrito.

E no entanto não se suicidam, nem mesmo no Facebook onde poderiam apagar seus perfis, porém não apagam.

http://www.blogdacompanhia.com.br/2013/11/a-questao-do-suicidio/

Acho que podemos trazer de volta uma discussão sobre a ficcionalização do próprio escritor que discutimos num tópico sobre o artigo do Luís Antônio Giron. Destaco essa passagem aqui do texto do Joca:

A. Alvarez, em seu ensaio O Deus Selvagem, afirma que “no ponto mais alto do Romantismo a vida em si mesma era como se fosse ficcional, e o suicídio se tornou um ato literário.”

Esse ato de colocar o escritor ele-mesmo numa trama ficcional talvez tenha efeitos colaterais insuspeitados a princípio. Talvez seja uma forma de lidar com a angústia que o processo criativo envolve, sem recair na retaliação física (tipo o Drummond que, de tanto dar esporros na sua persona lírica, foi se distanciando de seu corpo [vide o poema da mão suja] e criando um a espécie de saco-de-pancadas [que é o José]). Talvez seja uma forma de manter a idealidade e contravencionalidade do fazer literário. Poder atacar e subsistir. O que desaguaria em exemplos irônicos como o da vendagem do Leminski: um poeta que defendia a poesia como uma in-utilidade desbancar um best-seller.
 
Esse ato de colocar o escritor ele-mesmo numa trama ficcional talvez tenha efeitos colaterais insuspeitados a princípio. Talvez seja uma forma de lidar com a angústia que o processo criativo envolve, sem recair na retaliação física (tipo o Drummond que, de tanto dar esporros na sua persona lírica, foi se distanciando de seu corpo [vide o poema da mão suja] e criando um a espécie de saco-de-pancadas [que é o José]). Talvez seja uma forma de manter a idealidade e contravencionalidade do fazer literário. Poder atacar e subsistir. O que desaguaria em exemplos irônicos como o da vendagem do Leminski: um poeta que defendia a poesia como uma in-utilidade desbancar um best-seller.

Outro dia comentei com minha namorada que todo autor ultrarromântico era belo apenas de longe - quando você entende a forma como ele se entregava à uma vontade platônica no que concernia o sentimento amoroso, quando você a forma como ele abraça a angústia que imprime em seu texto, isso deixa de ser bonito. Você valoriza a qualidade do texto, mas começa a questionar a sanidade do sujeito - e aí a gente lembra que a maior parte deles ficou maluca depois dos trinta anos... Às vezes me pergunto se tal risco não surge com a autoficção, seja na literatura ou na TV, se a confusão entre autor e narrador/protagonista não leva a tais crises.
 
se o terron se suicidasse o problema tava resolvido. pelo menos teria se provado seu ponto d vista.
 
Não apenas na literatura, mas nas artes de um mode geral, a tristeza não aparece como conseqüência do ato de criar, mas sim o inverso.
Talvez este post tenha sido pensado depois do texto da Ainurian, que acredito ter muito a ver com o pensamento em questão.
Acredito que a taxa de suicídios diminui não pela consolidação de escritor como profissão, mas pela mudança da sociedade de um modo geral, que se tornou bem menos introspectiva e meditativa, impedindo uma real reflexão que leve às pessoas a este tipo de pensamento macabro (falo pelo que vivo, claro, mera especulação), fazendo tanto a taxa de suicídios quando a qualidade das obras caírem (novamente, minha opinião).

Sim, meus momentos mais criativos foram também os de maior angustia. Eu criava para expurgar a dor, para que ela deixasse de ser apenas algo que habitava minha mente. Se tornava algo concreto, e, de alguma forma, isso impedia que essa amargura me consumisse. Agora, fazendo uma macro, as canções consideradas mais belas, assim como romances e pinturas, remetem ao sofrimento, o que me faz acreditar que não foi diferente com os grandes autores, compositores e artistas que as fizeram.

Isso me remete a algumas pesquisas, como por exemplo a sobre como a raiva é mais contagiantes que a alegria. Não só a raiva, mas sentimentos ruins no geral. O que me faz pensar que há tantas coisas boas quanto ruins no mundo, mas de alguma forma acreditamos e damos atenção geralmente as coisas ruins (notícias, acontecimentos, conversas, etc), e deixamos nos afetar por isso. Nunca vemos o lado bom da vida.

O texto também fala do papel da virtualização das obras em geral, o que me faz pensar que é tão mais triste você escrever seus pensamentos num caderno e ficar relendo e revivendo aquele sentimento quando é consolador ter amigos, ainda que virtuais, comentando e dando apoio em cima de textos postados. O que me leva a acreditar que falte revisão de texto e sobre consolo. Um modo cruel e frio de ver a situação, claro, mas que não deixa de ter uma certa lógica em minha mente.

Sempre lembrando, claro, que é tudo uma grande especulação de uma leiga.
 
O tema é complexo e é provável que o texto dê o que falar. Acho que em parte pela falta de jeito do Joca... Não sei. Mas é uma discussão interessante. Deve ser lido integralmente, de preferência duas vezes:

lendo o texto eu fiquei mais com a sensação de que ele queria cutucar alguns colegas de profissão do que qualquer coisa. aquele começo e aquela conclusão lá, sei não.
 
Outro dia comentei com minha namorada que todo autor ultrarromântico era belo apenas de longe - quando você entende a forma como ele se entregava à uma vontade platônica no que concernia o sentimento amoroso, quando você a forma como ele abraça a angústia que imprime em seu texto, isso deixa de ser bonito. Você valoriza a qualidade do texto, mas começa a questionar a sanidade do sujeito - e aí a gente lembra que a maior parte deles ficou maluca depois dos trinta anos... Às vezes me pergunto se tal risco não surge com a autoficção, seja na literatura ou na TV, se a confusão entre autor e narrador/protagonista não leva a tais crises.

Seria uma espécie de "síndrome Dom Quixote"? =P

Ou seria uma tendência de profissionalização ou busca pela profissionalização da atividade de escrita? Com o Romantismo, isso meio que foi quebrado, né? O poeta passou cada vez mais a se distanciar da sociedade, deixando de lado aquela visão integradora que a poesia clássica tinha -- do poeta como incluso na sociedade, no que ele buscava por formas consolidadas e, não raro, dirigia poemas a mecenas etc. No começo até estava dando certo o poeta do lado de fora, pois muitos desses românticos eram playboys... O foda foi quando começaram a surgir uns Baudelaire's da vida...

Não quero dizer bem no sentido de que estamos regredindo, é claro. Mas acho que essa coisa da profissionalização da escrita que o Joca mencionou é algo interessante também. E, se for mesmo, aí eu acho que é ponto pra literatura contemporânea trabalhar com isso do escritor trazer o próprio escritor pro romance. Pois sabemos que o escritor vai se tornando uma marca, um produto por si só... Então aloprar com isso é aloprar de dentro da nave, de dentro da embalagem, o que a própria literatura vinha fazendo há um tempinho com toda a metalinguagem que ela aplicava em si mesma (tipo o João Cabral dizer, no Antiode, que a poesia é feita de fezes).

Não apenas na literatura, mas nas artes de um mode geral, a tristeza não aparece como conseqüência do ato de criar, mas sim o inverso.
Talvez este post tenha sido pensado depois do texto da Ainurian, que acredito ter muito a ver com o pensamento em questão.
Acredito que a taxa de suicídios diminui não pela consolidação de escritor como profissão, mas pela mudança da sociedade de um modo geral, que se tornou bem menos introspectiva e meditativa, impedindo uma real reflexão que leve às pessoas a este tipo de pensamento macabro (falo pelo que vivo, claro, mera especulação), fazendo tanto a taxa de suicídios quando a qualidade das obras caírem (novamente, minha opinião).

Ah, fica tranquila: literatura contemporânea nos deixa todos leigos :beer:

Gostei bastante do seu post. Isso que você falou da sociedade deixar de ser introspectiva e meditativa é interessante também. A introspecção do indivíduo tornou-se pública (+1 ponto literatura contemporânea). Expomos nossa rotina e pretendemos ganhar alguma coisa com isso... Como se todos pudéssemos, numa oferta divina chamada "sorte", nos alçarmos à condição de celebridades ou coisa do tipo.

Só não sei se isso influenciaria na qualidade da obra... Claro que é um parâmetro. Mas é claro também que obras ruins sempre existiram. E muitos escritores não saberão tratar esse tipo de coisa. No entanto, creio que, quando muito, é somente uma forma nova de se chegar à literatura ruim. Assim como o hermetismo foi há uns 70 anos atrás, a jocosidade há uns 90, a indeterminação há 130, a vassalagem há 1000.

lendo o texto eu fiquei mais com a sensação de que ele queria cutucar alguns colegas de profissão do que qualquer coisa. aquele começo e aquela conclusão lá, sei não.

Também fiquei com essa impressão... Por isso até tentei abstrair mais a coisa pra trazer uma discussão, no mínimo, pra cá. Porque, né, muito irônico ele chamar esses escritores de vendidos quando ele mesmo é colunista do blog da maior editora nacional. Certamente faltou seriedade pro Joca na hora de ver isso aí. Não dá pra gente querer usar os parâmetros contestáveis com que costumamos rotular a obra vendida... Mesmo porque isso não necessariamente influi na qualidade dela. Se a tendência é a da profissionalização da literatura, é normal que a obra literária deva ser vendável para ser veiculável.
 
Também fiquei com essa impressão... Por isso até tentei abstrair mais a coisa pra trazer uma discussão, no mínimo, pra cá. Porque, né, muito irônico ele chamar esses escritores de vendidos quando ele mesmo é colunista do blog da maior editora nacional. Certamente faltou seriedade pro Joca na hora de ver isso aí. Não dá pra gente querer usar os parâmetros contestáveis com que costumamos rotular a obra vendida... Mesmo porque isso não necessariamente influi na qualidade dela. Se a tendência é a da profissionalização da literatura, é normal que a obra literária deva ser vendável para ser veiculável.

essa parte dos vendidos foi obviamente uma piada, mas foi já um cutucão (embora ache que não um cutucão nos colegas). blog ser meio conhecido como esbanjador "no que se refere a pró-labores"? esses caras normalmente escrevem de graça para os blogs (que são, via de regra, meios "amadores" de comunicação). acho que a cutucada nesse primeiro parágrafo ficou bem nisso, de jornal que paga uma merreca para artigos de escritores, ou blogs que contam com a presença deles "na brodágem", e aí se o escritor fala em um pagamento decente, ainda é taxado de vendido.

mas aquele último parágrafo, fazendo relação com facebook, não sei. ele tá criticando colegas que usam a rede para fazer um social, ou, no final das contas, está criticando o público que não consegue ver que eles são "gente como a gente", apesar da imagem de gênios loucos que fazemos deles?
 
mas aquele último parágrafo, fazendo relação com facebook, não sei. ele tá criticando colegas que usam a rede para fazer um social, ou, no final das contas, está criticando o público que não consegue ver que eles são "gente como a gente", apesar da imagem de gênios loucos que fazemos deles?

Tenho o nome de alguns que gostaria que cometessem facebook- e twittercídio. :lol:
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Seria uma espécie de "síndrome Dom Quixote"? =P

Ou seria uma tendência de profissionalização ou busca pela profissionalização da atividade de escrita? Com o Romantismo, isso meio que foi quebrado, né? O poeta passou cada vez mais a se distanciar da sociedade, deixando de lado aquela visão integradora que a poesia clássica tinha -- do poeta como incluso na sociedade, no que ele buscava por formas consolidadas e, não raro, dirigia poemas a mecenas etc. No começo até estava dando certo o poeta do lado de fora, pois muitos desses românticos eram playboys... O foda foi quando começaram a surgir uns Baudelaire's da vida...

Mas é que com o romantismo isso se torna parte do autor, o eu-lírico se confundindo com o autor. Essa entrega que ele faz, mais forte que na literatura que precede o romântico, acaba por impactá-lo de maneira agressiva. Um paralelo interessante seria David Bowie-Ziggy Stardust. :lol:

Não quero dizer bem no sentido de que estamos regredindo, é claro. Mas acho que essa coisa da profissionalização da escrita que o Joca mencionou é algo interessante também. E, se for mesmo, aí eu acho que é ponto pra literatura contemporânea trabalhar com isso do escritor trazer o próprio escritor pro romance. Pois sabemos que o escritor vai se tornando uma marca, um produto por si só... Então aloprar com isso é aloprar de dentro da nave, de dentro da embalagem, o que a própria literatura vinha fazendo há um tempinho com toda a metalinguagem que ela aplicava em si mesma (tipo o João Cabral dizer, no Antiode, que a poesia é feita de fezes).

Toda obra carrega um pouco do autor nela, mas essa tendência da autoficção - algo nada novo, visto que o Philip Roth e o John Updike (além da beat generation) já fazia isso - parece trazer algo de mais grave nessa era da informação. (Vide o caso Ricardo Lísias e "Divórcio".)

Ah, fica tranquila: literatura contemporânea nos deixa todos leigos :beer:

Amei essa frase.
 
Última edição:
eu só consigo pensar em 1 careca q pinta as unhas.

Tem uns autores metidos a "alterna" que estão sendo publicados em editoras grandes mas que ainda se acham a(o) "última(o) bolacha/biscoito do pacote". É tudo "punk de boutique".
 
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