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Processo contra cervejaria por suposta prática de publicidade abusiva


Fiz uma inversão nesse caso, já que muitas pessoas chamam cerveja de "loira", então suponhamos que seja a imagem de uma loira curvilínea e a frase: "é pelo corpo que se conhece a verdadeira loira".
Horrível e de mau gosto, como essa da moça negra. =/
Então concluo que é, antes de qualquer coisa, machista como muitos outros comercias de cerveja.
Por outro lado essa consegue ser pior porque traz o rótulo "negra" de uma maneira que pode sim, ser considerada pejorativa.
Assim, se eu fosse uma mulher negra ia me sentir duplamente ofendida, pelo machismo (quase descambando pra misoginia) e pela carga racista que traz "a verdadeira negra" = (cerveja-mulher-escrava) feita pra dar prazer.
Ou seja, comercial racista e machista, sim.
Só espero que os responsáveis (esses sim, "proficionais de publissidade") sejam processados e paguem por isso.

É o que eu acho, se alguém disser que é mimimi, dane-se. :tedio:
 
O nome da cerveja escura da Devassa é "negra" (assim como a pilsen e a pale ale são chamadas, respectivamente, de "loira" e a "ruiva"). A escolha dos nomes também foi machista? É pelo corpo [da cerveja] que se conhece a verdadeira negra [dark ale]. Sei lá.
 
mas o machismo viria mais da intenção do trocadilho, não da mensagem em si. e é inegável que há uma intenção de trocadilho. então pode ser machismo de um tipo leve (se é que existe uma escala para isso) mas está lá, embutido inclusive na ideia de que o público alvo do produto é formado por homens (ou seja: mulher não bebe cerveja), ideia essa que se perpetua em campanhas de cerveja há décadas (então apontar o dedo agora para a devassa é meio que procurar um bode expiatório).

mas a parte do racismo eu já não sei se acaba se enquadrando. porque quando fazem 'n' referências à loira não tem problema?
 
O nome da cerveja escura da Devassa é "negra" (assim como a pilsen e a pale ale são chamadas, respectivamente, de "loira" e a "ruiva"). A escolha dos nomes também foi machista? É pelo corpo [da cerveja] que se conhece a verdadeira negra [dark ale]. Sei lá.

Entendi o que escreveu a respeito da cerveja.
Mas o que tem isso com a imagem da moça negra na publicidade?
Esse é o problema, Grimnir, a conotação que fizeram a mulher, não o fato de a cerveja ser chamada de negra ou ruiva ou loira.
Eles falam da cerveja mas colocam a ilustração de uma mulher com a pele escura, vai me dizer que você foi morfindel bobo a ponto de não perceber a conotação sexual que eles fazem entre cerveja vs. mulher. :eek:

mas a parte do racismo eu já não sei se acaba se enquadrando. porque quando fazem 'n' referências à loira não tem problema?
Pra mim é a mesma coisa de mau gosto e machismo, conforme disse acima.

E sim, muitas propagandas de cerveja são machistas, mas essa daí atropelou nesse quesito, eu acho.
 
Po, não sei quotar no novo fórum! Vou só colar a passagem então:

"mas a parte do racismo eu já não sei se acaba se enquadrando. porque quando fazem 'n' referências à loira não tem problema?"

Simples ué, porque loiras nunca foram escravizadas no Brasil. Esse tipo de simetrização é errado pelo fato de que ao se brincar com um grupo racial sempre dominante nas relações sociais não carrega a carga histórica do que fazer o mesmo com um grupo racial que foi escravo no Brasil por quase 400 anos e que até hoje é nitidamente o grupo mais periférico e carente do país.

Veja, eu não sou daqueles que acha todo o tipo de brincadeira racial algo extremamente ofensivo, mesmo quando o alvo são grupos historicamente perseguidos (negros, indios, mais recentemente latinos nos programas de TV americana entre outros), mas o lance do comercial é muito escrachado, concordo com tudo que a Clara pontuou em seu post, e faço ainda uma ressalva: tá na mais do que na hora do pessoal de Publicidade começar a estudar um pouco de teoria critica né? Po, tudo bem que produtos tem seu publico alvo definidos e que a propaganda tenta sempre ser atrativa para esses, mas porra, essa esteriotipação cansativa que as propagandas fazem quase que sempre, tanto no Brasil quanto no mundo, não ajuda a mudar as concepções que tanto se luta para serem mudadas.
 
Simples ué, porque loiras nunca foram escravizadas no Brasil. Esse tipo de simetrização é errado pelo fato de que ao se brincar com um grupo racial sempre dominante nas relações sociais não carrega a carga histórica do que fazer o mesmo com um grupo racial que foi escravo no Brasil por quase 400 anos e que até hoje é nitidamente o grupo mais periférico e carente do país.

eu entendo o que você quer dizer e concordo com isso, mas eu tenho também a impressão de que a proteção excessiva acaba sendo por si só uma forma de perpetuar a exclusão: serão sempre um grupo à parte, e não parte do grupo, não sei. penso nesse seu raciocínio prolongado para o comportamento das crianças em sala de aula, por exemplo: "pedrinho, com o joãozinho não pode porque os antepassados dele foram escravizados, vai zoar teu amigo ruivo".
 
Eu entendo, o certo, na verdade, seria ninguém zoar ninguém pela suas características inatas, como cor, deformação e etc, e também acho que excesso de protecionismo pode gerar um sentimento de exclusão mesmo, porém no caso especifico da cerveja eu não acho que seja o problema de super proteção, mas sim da forma vulgar ao se referir a mulher negra. Esse tipo de coisa tá enraizado na sociedade e acredito que ninguém ache que se deva acabar com os sambas que falam com linguagem parecida, porém não é porque existe que deva continuar se repetindo.

E se formos além na questão do "grupo aparte", para o bem ou para o mal toda a sociedade é criada dessa forma, sempre existem grupos divididos, onde certos comportamento são censurados e outros não, claro que seria muito melhor simplesmente pensarmos que "esse negocio de racismo não existe" e que podemos viver todos, brancos, negros, indios, pobres, ricos e etc como se fôssemos todos a mesma coisa, porém isso falha ao entrar em contato com o real, pois as sociedades são fragmentadas mesmo, o que é importante é ensinar que as diferenças existem, vão existir ainda por muito tempo e que devemos aprender a lidar com elas, e que sim, infelizmente por toda a construção histórica do Brasil e do mundo, zoar o colega ruivo por ele ser ruivo é incomparável e muito menos agressivo do que zoar o colega negro por ser preto.
 
"mas a parte do racismo eu já não sei se acaba se enquadrando. porque quando fazem 'n' referências à loira não tem problema?"

Simples ué, porque loiras nunca foram escravizadas no Brasil. Esse tipo de simetrização é errado pelo fato de que ao se brincar com um grupo racial sempre dominante nas relações sociais não carrega a carga histórica do que fazer o mesmo com um grupo racial que foi escravo no Brasil por quase 400 anos e que até hoje é nitidamente o grupo mais periférico e carente do país.

Nope. Racismo é a discriminação por base em raça, etnia, etc. e vale em todas as direções. Criar essas exceções leva a criar "grupos privilegiados por serem desprivilegiados".

BTW, a associação de cerveja (pilsen, weissbier, etc.) a "loira gelada" é tão antiga e presente que é até de se estranhar que demorou tanto para surgir um equivalente a para os outros tipos de cerveja.
 
Discuti essa questão da Devassa com um colega meu outro dia. Ele acha racista, eu não.

Bom, na primeira parte, vou falar como eu interpreto a peça de publicidade.

Sexista, eu acho sim, tanto quanto eu acho uns 35-45% de toda publicidade focada em produtos que são, na nossa cultura, tipicamente masculinos, como a cerveja.

Pensando apenas na intencionalidade, sabemos (quer dizer, acho que todo mundo aqui está a par disso) que a Devassa produz variados tipos de cerveja, que, além do paladar, possuem aparência física distintas. A cada um de seus rótulos, está associado um biotipo feminino distinto.

E qual a mensagem básica? Um homem deve entender de cerveja da mesma forma como ele deve, por obrigação social, entender de mulher. Ele deve colecionar em sua memória diferentes sensações "cervejísticas" com a mesma obrigação com que coleta diferentes experiências sexuais, e reconhecer as que são verdadeiramente autênticas - ou tão autênticas quanto seria a Devassa Dark Ale.

É um discurso que perpetua a noção de "homem comedor, proativo sexualmente na vida x mulher objetificada e passiva em sua vida sexual".

Agora, racista? Tenho motivo para acreditar que não. Esta marca faz uma publicidade basicamente igual com outros tipos de mulheres. Por um certo ângulo até, a cervejaria está valorizando estética e sexualmente o corpo da negra - e sim, sabemos como a percepção de beleza e de atratividade é enviesada por muitas pessoas no Brasil, de acordo com a raça. No máximo, a mulher negra é colocada numa posição que seria tão miserável quanto a de mulheres de outra cor de pele.

Dito o que eu acho, vou falar agora da segunda parte: a imputabilidade penal.

A penalização de uma campanha publicitária ou de qualquer ato de comunicação, por outro lado, não deve estar amarrada à intenção do autor, que é algo subjetivo e sujeito a eterno debate. De boas intenções o inferno está cheio.

Eu não tenho certeza de que minha análise esteja correta. Mesmo supondo que ela esteja, ninguém tem a obrigação de digredir intelectualmente sobre todo o conteúdo não (já pensou, uma obrigação dessa?). Se o conteúdo ofender alguém logo à primeira vista, o autor deve responsabilizar-se de alguma forma por conta disso.

E mais: pode ser que alguém não saiba que a campanha é mais ampla, e tenha visto apenas a parte tocante a loiras, ruivas ou negras. Sem ter toda a informação possível, a pessoa sentiu-se ofendida. Ela deve ser reparada, afinal, ela não tem obrigação de conhecer todo o conteúdo de uma campanha publicitária - creio que todos nós temos coisas melhores ou mais urgentes a fazer, francamente.

Agora a terceira parte: como eu acho que deveria ser a responsabilização legal.

Creio que cada pessoa que tenha se sentido ofendida deve ser reparada financeiramente, por outro lado, acredito também que a empresa não deveria ter obrigação legal a priori de retirar a campanha de circulação, pois acho esse tipo de censura nocivo à evolução da cultura, à sua própria dialética.

É claro que isso, se divulgado, significa na prática uma farra judicial que vai impedir que a companhia veiculadora do anúncio tome um caminho distinto que não o cessamento de sua campanha e a mudança de imagem, e que não vai ser possível aferir o que realmente se passa no interior das pessoas que alegam terem sido abusadas discursivamente pela publicidade. Mas a Justiça não pode-se basear nisso.

De toda forma, uma não-censura deste caso facilita o acesso ao então aposentado anúncio como ferramenta de estudo de caso.
 
Pra variar uma propaganda de cerveja machista, eu pensei um pouco sobre isso antes de opinar, num primeiro momento eu não achei racista, mas depois sim, achei. Ele (com certeza quem fez isso foi um cara) além de transformar o corpo feminino em objeto de consumo ainda usa um esteriótipo racial. Então só são negras de verdade mulheres mais voluptuosas (ou seja lá o que ele quis dizer)?

Nossos publicitários são bons em certas áreas, mas em outras...
 
Pra variar uma propaganda de cerveja machista, eu pensei um pouco sobre isso antes de opinar, num primeiro momento eu não achei racista, mas depois sim, achei. Ele (com certeza quem fez isso foi um cara) além de transformar o corpo feminino em objeto de consumo ainda usa um esteriótipo racial. Então só são negras de verdade mulheres mais voluptuosas (ou seja lá o que ele quis dizer)?

Nossos publicitários são bons em certas áreas, mas em outras...

mas aí que eu entro na questão do racismo: a propaganda não mostra uma característica ruim das negras, mas uma boa: elas são gostosas. eu não consigo ver a exaltação de um atributo positivo como racismo. se fosse fazer alguma depreciação usando características das negras, eu até entenderia como tal, mas não é o caso. por isso acho que a cagada da propaganda é de ser machista (cerveja gostosa/mulher gostosa) e não racista.
 
Mas gostosa como é mostrado no comercial é algo depreciativo, a meu ver: algo pra ser usado pra se ter prazer e depois descartado pelos homens.
 
mas aí que eu entro na questão do racismo: a propaganda não mostra uma característica ruim das negras, mas uma boa: elas são gostosas. eu não consigo ver a exaltação de um atributo positivo como racismo. se fosse fazer alguma depreciação usando características das negras, eu até entenderia como tal, mas não é o caso. por isso acho que a cagada da propaganda é de ser machista (cerveja gostosa/mulher gostosa) e não racista.

Não, são coisas diferentes. Racismo é definir ou exaltar uma característica como típica de um grupo racial. Quem assiste/ia Everybody Hates Chris via isso bem, ao dizer que todo negro é bom em basquete ou que todo negro sabe dançar ou que todo asiático é super inteligente, isso é racismo. E quem não se enquadra nesse molde de verdadeiro negro, branco, asiático etc? Não é um autêntico xyz? Não existe racismo ao contrário ou racismo bom, racismo é racismo.

Já usar uma característica pra menosprezar ou rebaixar alguém baseado na etnia é injúria racial.
 
Não, são coisas diferentes. Racismo é definir ou exaltar uma característica como típica de um grupo racial. Quem assiste/ia Everybody Hates Chris via isso bem, ao dizer que todo negro é bom em basquete ou que todo negro sabe dançar ou que todo asiático é super inteligente, isso é racismo. E quem não se enquadra nesse molde de verdadeiro negro, branco, asiático etc? Não é um autêntico xyz? Não existe racismo ao contrário ou racismo bom, racismo é racismo.

Já usar uma característica pra menosprezar ou rebaixar alguém baseado na etnia é injúria racial.

eu não vou entrar nesse campo porque não é minha área e sei que vou dizer bobagem, morfindel. só acho que pedir para retirar uma propaganda do ar porque ela dá a entender que negras são gostosas só porque está dizendo que negras são gostosas é meio exagerado. se fosse para tirar do ar, que fosse pela coisificação da mulher, mas não por dizer que negras são gostosas. porque se for seguir essa linha de pensamento, tem uma caralhada de música na nossa mpb que então deveria ter sido censurada por exaltar os atributos do corpo de uma negra ou mulata. enfim, só opinião - não tenho conhecimento de terminologias de direito nem nada.
 
eu não vou entrar nesse campo porque não é minha área e sei que vou dizer bobagem, morfindel. só acho que pedir para retirar uma propaganda do ar porque ela dá a entender que negras são gostosas só porque está dizendo que negras são gostosas é meio exagerado. se fosse para tirar do ar, que fosse pela coisificação da mulher, mas não por dizer que negras são gostosas. porque se for seguir essa linha de pensamento, tem uma caralhada de música na nossa mpb que então deveria ter sido censurada por exaltar os atributos do corpo de uma negra ou mulata. enfim, só opinião - não tenho conhecimento de terminologias de direito nem nada.

Não, também acho que o maior erro é transformar a mulher em objeto, o racismo pode ser só a cereja do bolo, mas acho que deveriam usar o machismo como argumento para o processo.
 
Comentando sobre quase tudo o que já disseram:

- É racista? Não. Nessa situação eu acredito, sinceramente, que o preconceito está naquele que enxerga algo racista na propaganda.
- É machista? Óbvio. A objetificação é referente ao gênero, não à raça.

Agora o fato que eu acho mais tosco é ver que só pelo machismo ninguém (a sociedade de forma geral) liga, afinal é um comercial de cerveja, é assim mesmo, só pelo machismo não rolaria processo, denúncia, nada.

E sobre a imputabilidade penal que o ExtraTerrestre falou, eu discordo. Se for levar em consideração quem se sentir ofendido, qualquer coisa pode ofender qualquer um, fica relativo demais.
Já com a primeira parte de seu post penso exatamente o mesmo.
 

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