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Notícias Paulo Coelho cancela participação na Feira de Frankfurt l

Ana Lovejoy

Administrador
A menos de uma semana do começo da Feira do Livro de Frankfurt, onde o Brasil será o país homenageado, o escritor Paulo Coelho cancela sua participação na programação do evento. A informação foi dada por Coelho ao jornal alemão “Die Welt”, a qual o GLOBO teve acesso, e será publicada no domingo. Paulo Coelho acaba de cancelar a participação como protesto por autores como Eduardo Spohr, Thalita Rebouças e Raphael Draccon não terem sido convidados. Ele tentou levá-los por conta própria à feira, mas não conseguiu.

Em entrevista ao jornal alemão, Paulo Coelho disse manter contato com jovens escritores do Brasil, mas que, quando o governo chega para apresentar oficialmente a cultura brasileira em outros lugares, infelizmente esses são ignorados e a políticagem interna acaba predominando.
"Falei publicamente e conversei com muitos colegas escritores que não foram convidados para Frankfurt como Eduardo Spohr, Carolina Munhóz, Thalita Rebouças, André Vianco, Felipe Neto e Raphael Draccon, só para mencionar alguns nomes. Eu tentei ao máximo levá-los para a feira, mas sem sucesso. Então, por protesto, eu decidi não ir mais para Frankfurt, o que foi uma decisão difícil por diversos motivos", disse Paulo Coelho ao “Die Welt". "Primeiro porque eu sempre quis ser convidado para um evento como este pelo meu governo, mas também porque tenho fortes laços com a Feira de Frankfurt, especialmente com seu diretor Jürgen Boos, que não só reconheceu o processo de transformação do impresso para o digital, como colocou o tópico até na programação da feira".
Os autores citados pelo escritor, são alguns dos principais best-sellers do país, e representam o gênero da literatura infanto-juvenil, grande fenômeno de vendas do mercado editorial brasileiro. Em posições públicas, Paulo Coelho tem se manifestado um apoiador desses autores. Na entrevista ao jornal alemão, ele critica ainda feiras de livros como a de Genebra e Paris, por caírem no mesmo problema.
“Outras feiras do mesmo molde, como a de Genebra e Paris estão deteriorando porque se prendem a antigos conceitos. Eu não vou para Frankfurt mesmo com a alta estima que tenho por essa feira, porque simplesmente não aprovo o modo que está sendo representada a literatura brasileira. Não quero posar de um Robin Hood brasileiro. Nem de Zorro ou Cavaleiro Solitário. Mas não pareceria certo ser parte da delegação oficial brasileira, do qual não conheço a maioria dos escritores e que exclui tantos outros”, disse Coelho na entrevista.
O best-seller brasileiro disse ainda ficar chateado com a situação, criticando o governo da presidente Dilma.
“Isso é apenas um dos diversos pontos críticos do atual cenário governamental brasileiro. Eu apoiei esse governo e estou muito decepcionado com isso. Existe uma lei que permite grandes empresas como a Volkswagen investirem parte de seus impostos em projetos culturais. Essa lei foi modificada de tal forma que a alta costura brasileira é sustentada por essas taxas, uma indústria que não precisava desse tipo de apoio de forma alguma”, afirmou Coelho. “Para mim, o atual governo brasileiro é um desastre. Onde quer que eu vá, as pessoas sempre me perguntam o que está acontecendo de errado em meu país. O governo fez grandes promessas e não as manteve. Isso é o que está acontecendo de errado.”
Paulo Coelho tinha dois auditórios reservados para ele. Um no Hotel Maritmim, de dois mil lugares, e outro na própria feira, com 800.

fonte
 
Paul Rabbit disse:
O best-seller brasileiro disse ainda ficar chateado com a situação, criticando o governo da presidente Dilma.
“Isso é apenas um dos diversos pontos críticos do atual cenário governamental brasileiro. Eu apoiei esse governo e estou muito decepcionado com isso. Existe uma lei que permite grandes empresas como a Volkswagen investirem parte de seus impostos em projetos culturais. Essa lei foi modificada de tal forma que a alta costura brasileira é sustentada por essas taxas, uma indústria que não precisava desse tipo de apoio de forma alguma”, afirmou Coelho. “Para mim, o atual governo brasileiro é um desastre. Onde quer que eu vá, as pessoas sempre me perguntam o que está acontecendo de errado em meu país. O governo fez grandes promessas e não as manteve. Isso é o que está acontecendo de errado.”

De fato, é uma crítica minha de longa data isso. Nesse ponto eu concordo.
 
Adélia Prado, Adriana Lisboa, Affonso Romano de Sant’Anna, Age de Carvalho, Alice Ruiz, Ana Maria Machado, Ana Miranda, André Sant’Anna, Andrea del Fuego, Angela Lago, Antonio Carlos Viana, Beatriz Bracher, Bernardo Ajzenberg, Bernardo Carvalho, Carlos Heitor Cony , Carola Saavedra, Chacal, Cíntia Moscovich, Cristovão Tezza, Daniel Galera, Daniel Munduruku, Eva Furnari, Fábio Moon e Gabriel Bá, Fernando Gonsales, Fernando Morais, Fernando Vilela, Ferréz, Flora Süssekind, Heitor Ferraz, Ignácio de Loyola Brandão, João Almino, João Gilberto Noll, João Ubaldo Ribeiro, Joca Reiners Terron, José Miguel Wisnik, José Murilo de Carvalho, Lelis, Lilia Moritz Schwarcz, Lourenço Mutarelli, Luiz Costa Lima, Luiz Ruffato, Manuela Carneiro da Cunha, Marçal Aquino, Marcelino Freire, Maria Esther Maciel, Maria Rita Kehl, Marina Colasanti, Mary Del Priori, Mauricio de Sousa, Michel Laub, Miguel Nicolelis, Nélida Piñón, Nicolas Behr, Nuno Ramos, Patricia Melo, Paulo Coelho, Paulo Henriques Britto, Paulo Lins, Pedro Bandeira, Roger Mello, Ronaldo Correia de Brito, Ruth Rocha, Ruy Castro, Sérgio Sant’Anna, Silviano Santiago, Teixeira Coelho, Veronica Stigger, Walnice Nogueira Galvão e Ziraldo.

Fonte: http://www.snel.org.br/anunciado-os-70-autores-que-irao-a-feira-de-frankfurt-representando-o-brasil/
 
De fato, é uma crítica minha de longa data isso. Nesse ponto eu concordo.

eu concordo tb, mas não sei, fiquei com a sensação de que ele está atirando para todos os lados. eu sei que há relação entre incentivo e novos autores, mas não entendo pq o que é para ser um protesto contra a não ida de autores populares de repente vira protesto contra a forma como o governo financia projetos culturais. talvez tenha faltado algo na entrevista que deixasse essa relação mais clara.
 
eu concordo tb, mas não sei, fiquei com a sensação de que ele está atirando para todos os lados. eu sei que há relação entre incentivo e novos autores, mas não entendo pq o que é para ser um protesto contra a não ida de autores populares de repente vira protesto contra a forma como o governo financia projetos culturais. talvez tenha faltado algo na entrevista que deixasse essa relação mais clara.

Ou talvez esse ponto tenha sido adicionado por ele pra dar uma cara mais séria e menos "meus amigos não vem" ao protesto dele.
 
eu concordo tb, mas não sei, fiquei com a sensação de que ele está atirando para todos os lados. eu sei que há relação entre incentivo e novos autores, mas não entendo pq o que é para ser um protesto contra a não ida de autores populares de repente vira protesto contra a forma como o governo financia projetos culturais. talvez tenha faltado algo na entrevista que deixasse essa relação mais clara.

Também achei que a ponte que ele fez de um assunto a outro veio "do nada". Contudo, acho que tem mais uma coisa que impede a ida de tais autores para a Feira:

A coordenadora do Centro Internacional do Livro da Biblioteca Nacional, Moema Salgado, afirma que é um pedido da feira que os escritores convocados tenham livros traduzidos para outras línguas.

Fonte: http://www.estadao.com.br/noticias/...tores-para-a-feira-de-frankfurt,1081300,0.htm

Senão me engano, dos que ele citou já há um traduzido (Eduardo Spohr) e outro em vias de (Raphael Draccon). Mesmo lidando com isso, talvez chame a atenção a fala da ministra quando questionada sobre critérios étnicos ao definir a lista:

“Toda lista tem um recorte que provoca discussão. O critério não foi étnico, mas a qualidade estética e a tradução. A Feira de Frankfurt é comercial”.

Precisa dizer mais? :lol:
 
Um monte de nomes muito maiores e mais conhecidos do que a patotinha do Coelho, e ele se sente na obrigação de protestar em seu favor, apenas porque "não conhece" os convidados? WTF? Não conhece a obra ou as pessoas? Tem que ser miguxo dele ou basta ser famoso e lido pelos outros?
 
Um monte de nomes muito maiores e mais conhecidos do que a patotinha do Coelho, e ele se sente na obrigação de protestar em seu favor, apenas porque "não conhece" os convidados? WTF? Não conhece a obra ou as pessoas? Tem que ser miguxo dele ou basta ser famoso e lido pelos outros?

Isso me lembra daquele outro tópico do Raphael Draccon e seus miguxos que acham que mandam no cenário literário atual. :rofl:
 
Quando ele diz :
Eu não vou para Frankfurt mesmo com a alta estima que tenho por essa feira, porque simplesmente não aprovo o modo que está sendo representada a literatura brasileira. Não quero posar de um Robin Hood brasileiro. Nem de Zorro ou Cavaleiro Solitário. Mas não pareceria certo ser parte da delegação oficial brasileira, do qual não conheço a maioria dos escritores e que exclui tantos outros”, disse Coelho na entrevista.

Não parece um protesto cheio de rancor por ele nunca ter sido considerado "escritor de verdade" como esses outros autores que o Bruce listou?

Assim, ele meio que tomou as dores dos autores que vendem (Eduardo Sphor, Thalita Rebouças, André Vianco e até o nefando Raphael Draccon) porque se enxergou neles, no início da carreira, quando vendia bastante aqui no Brasil, não era considerado um bom escritor e não fazia/não faz parte dessa turma.

Acho que ele queria mesmo dar um empurrãozinho pra esses autores novos (e que vendem, assim como ele, Paulo Coelho) no exterior.

Se for por aí (mesmo com o rancor que parece estar embutido) acho até louvável a atitude dele, de querer levar esse povo pra feira.
 
Não parece um protesto cheio de rancor por ele nunca ter sido considerado "escritor de verdade" como esses outros autores que o Bruce listou?

Assim, ele meio que tomou as dores dos autores que vendem (Eduardo Sphor, Thalita Rebouças, André Vianco e até o nefando Raphael Draccon) porque se enxergou neles, no início da carreira, quando vendia bastante aqui no Brasil, não era considerado um bom escritor e não fazia/não faz parte dessa turma.

Acho que ele queria mesmo dar um empurrãozinho pra esses autores novos (e que vendem, assim como ele, Paulo Coelho) no exterior.

Se for por aí (mesmo com o rancor que parece estar embutido) acho até louvável a atitude dele, de querer levar esse povo pra feira.

Não querendo entrar no mérito da qualidade de sua obra - ponto sensível em qualquer discussão sobre arte e literatura -, mas ao dizer

Paul Rabbit disse:
"[...]não pareceria certo ser parte da delegação oficial brasileira, do qual não conheço a maioria dos escritores e que exclui tantos outros."

ele parece - talvez sem querer - considerar apenas o grupinho dele como relevante nesse escopo. É bacana que ele esteja tentando dar uma força para esses caras - embora, convenhamos, eles não precisem tanto -, mas é necessário refletir sobre quão relevante é, culturalmente, levar tais autores pra Feira - sim, é uma questão comercial, mas também é de vitrine cultural. De certo modo, até penso que a escolha de Coelho para integrar essa delegação se deve mais à relevância que sua obra ganhou no Exterior que pelos parâmetros ditos "estéticos".
 
vou colocar quote do calib e da clara juntos pq minha resposta seria a mesma, mas antes:

Isso me lembra daquele outro tópico do Raphael Draccon e seus miguxos que acham que mandam no cenário literário atual. :rofl:

"Primeiro, eu amo Rubem Fonseca. Acho que ele é um dos escritores mais viscerais e desde o anúncio da lista dos escritores brasileiros em Frankfurt, defendi veemente que ele deveria estar lá." :rofl: :rofl: :rofl:

Um monte de nomes muito maiores e mais conhecidos do que a patotinha do Coelho, e ele se sente na obrigação de protestar em seu favor, apenas porque "não conhece" os convidados? WTF? Não conhece a obra ou as pessoas? Tem que ser miguxo dele ou basta ser famoso e lido pelos outros?

Quando ele diz :


Não parece um protesto cheio de rancor por ele nunca ter sido considerado "escritor de verdade" como esses outros autores que o Bruce listou?

Assim, ele meio que tomou as dores dos autores que vendem (Eduardo Sphor, Thalita Rebouças, André Vianco e até o nefando Raphael Draccon) porque se enxergou neles, no início da carreira, quando vendia bastante aqui no Brasil, não era considerado um bom escritor e não fazia/não faz parte dessa turma.

Acho que ele queria mesmo dar um empurrãozinho pra esses autores novos (e que vendem, assim como ele, Paulo Coelho) no exterior.

Se for por aí (mesmo com o rancor que parece estar embutido) acho até louvável a atitude dele, de querer levar esse povo pra feira.

o problema do paulo coelho é que ele se atropela e fala besteira misturada com coisa importante, e aí o que se comenta é a besteira. aquela entrevista dele sobre o ulysses caber num tweet tinha muita coisa relevante em termos de produção nacional, mas do que se lembra? da péssima escolha para exemplificar a ideia dele.

mesma coisa aqui, agora. ele tem pontos relevantes, mas fala de um jeito que é um sarsicho só, não dá para entender a ligação entre um e outro e, pior, dá a impressão que é só birra com a galera da ~~alta literatura~~.
 
Não querendo entrar no mérito da qualidade de sua obra - ponto sensível em qualquer discussão sobre arte e literatura -, mas ao dizer
ele parece - talvez sem querer - considerar apenas o grupinho dele como relevante nesse escopo. É bacana que ele esteja tentando dar uma força para esses caras - embora, convenhamos, eles não precisem tanto -, mas é necessário refletir sobre quão relevante é, culturalmente, levar tais autores pra Feira - sim, é uma questão comercial, mas também é de vitrine cultural. De certo modo, até penso que a escolha de Coelho para integrar essa delegação se deve mais à relevância que sua obra ganhou no Exterior que pelos parâmetros ditos "estéticos".

Então, é o que a Ana escreveu, o importante que ele diz acaba se perdendo no meio das bobagens e/ou coisas ditas de um jeito estranho.

Penso que seria bacana se o que ele queria era que os jovens escritores também estivessem na feira; mas que eles fossem no lugar dos outros (porque na visão do PC eles são mais relevantes) aí é claro que não.

Mas dessa maneira atropelada que o texto d´O Globo mostrou: não vou na Feira - jovens não convidados - protesto - governo ruim - wiskas sachê, não dá entender a linha de pensamento do Paulo Coelho mesmo. =/
 
post do paulo coelho com entrevista completa para o jornal alemão:

WELT AM SONNTAG: Na próxima semana, a maior feira literária do mundo abre suas portas em Frankfurt. O Brasil é o país de honra, mas você que é o autor brasileiro de maior sucesso não participará. Por que recusou o convite do Ministério da Cultura?
PAULO COELHO: Estou em constante contato com jovens escritores do meu país. Mas quando o governo chega para apresentar oficialmente a cultura brasileira em outros lugares, infelizmente esses são ignorados e a políticagem interna acaba predominando. O Ministério da Cultura do Brasil convidou 70 pessoas para irem à Frankfurt…
WaS: 70 escritores.
PC: Eu duvido que sejam todos escritores profissionais. Dos 70 escritores convidados, eu conheço apenas 20, então os outros 50 nunca ouvi falar. Presumo que sejam amigos de amigos de amigos. Nepotismo. O que me incomoda mais: EXISTE uma nova e excitante cena literária brasileira. Mas a maioria desses jovens autores não está nessa lista.
WaS: Por que você não exerceu sua influência como membro da Academia?
PC: Falei publicamente e conversei com muitos colegas escritores que não foram convidados para Frankfurt como Eduardo Sphor, Carolina Munhóz, Thalita Rebouças, André Vianco, Felipe Neto e Raphael Draccon, só para mencionar alguns nomes. Eu tentei ao máximo levá-los para a feira, mas sem sucesso. Então, por protesto, eu DECIDI não ir mais para Frankfurt, o que foi uma decisão difícil por diversos motivos. Primeiro porque eu sempre quis ser convidado para um evento como este pelo meu governo, mas também porque tenho fortes laços com a Feira de Frankfurt, especialmente com seu diretor Jürgen Boos, que não só reconheceu o processo de transformação do impresso para o digital, como colocou o tópico até na programação da feira. Ele iniciou vários fóruns e painéis com o assunto. Outras feiras do mesmo molde, como a de Genebra e Paris estão deteriorando porque se prendem a antigos conceitos. Eu NÃO vou para Frankfurt mesmo com a alta estima que tenho por essa feira porque simplesmente não aprovo o modo que está sendo representada a literatura brasileira. Não quero posar de um Robin Hood brasileiro. Nem de Zorro ou Cavaleiro Solitário. Mas não pareceria certo ser parte da delegação oficial brasileira, do qual não conheço a maioria dos escritores e que exclui tantos outros.

WaS: Isso te deixa claramente chateado.
PC: Porque isso é apenas um dos diversos pontos críticos do atual cenário governamental brasileiro. Eu apoiei esse governo e estou muito decepcionado com isso. Existe uma lei que permite grandes empresas como a Volkswagen investirem parte de seus impostos em projetos culturais. Essa lei foi modificada de tal forma que a alta costura brasileira é sustentada por essas taxas – uma indústria que não precisava desse tipo de apoio de forma alguma. Esse é apenas um detalhe, mas é um exemplo do que acontece em larga escala. Para mim, o atual governo brasileiro é um desastre. Onde quer que eu vá, as pessoas sempre me perguntam o que está acontecendo de errado em meu país. O governo fez grandes promessas e não as manteve. Isso é o que está acontecendo de errado.
WaS: Recentemente centenas de milhares de pessoas em mais de 140 cidades protestaram contra a corrupção, má gestão e desigualdade social. O que passa pela sua mente quando vê todas essas imagens de tumultos nos noticiários?
PC: Estou muito preocupado, sobretudo porque não parece ter um fim breve. Tudo começou quando aumentaram as tarifas de ônibus. E quando, após a Copa das Confederações, um país louco por futebol como o Brasil admitiu publicamente que temos problemas mais urgentes que modernizar nossos estádios para o Campeonato Mundial – isso já foi uma grande declaração. No entanto, todo mundo foi pego de surpresa pelo escopo de raiva pública. Porque o Brasil tinha sido cotado como o novo país do momento. O problema é que uma grande parte da população não tem sido capaz de lucrar com esse momento. A violência no Rio de Janeiro é um grande problema. O governador prometeu encontrar uma solução, mas ele não manteve sua promessa. São Paulo não tem uma situação melhor. Não importa onde você olha, o demônio da corrupção está olhando de volta pra você. Em uma situação tão tensa, elevar as tarifas de ônibus parece ter sido a gota d’água para quebrar as costas do camelo. Pessoas respondem coisas desse tipo. Com a minha fundação apoio crianças carentes de favelas durante anos, sem nunca ter recebido apoio financeiro ou até mesmo uma palavra de reconhecimento por parte do governo. Eu me encontro em uma situação semelhante à de muitos colegas brasileiros. Eu votei no governo de esquerda, pelo qual tinha grandes esperanças. Estive cego por muito tempo, não querendo ver o que acontecia de errado. E eu me mantenho pela minha crítica.


WaS: Nestas circunstâncias, o que você espera do campeonato mundial no próximo ano? O ex-craque Ronaldinho mostrou pouca simpatia pelos manifestantes. Ele disse que campeonatos não eram sobre construções de hospitais ou ruas, mas sim de estádios.
PC: Essa foi uma observação muito estúpida. Ronaldinho deveria ter mantido sua boca fechada. Claro que hospitais, escolas e acima de tudo um bom sistema de transporte público é muito mais importante para um país como o Brasil que estádios de futebol. O transporte público ainda é um grande problema no Brasil. A infraestrutura não é apenas ruim, mas uma decadência total. No entanto, não perdi por completo a esperança que antes da Copa vamos chegar aos nossos sentidos e usar os investimentos para o campeonato de uma forma que os brasileiros possam lucrar, mesmo após os jogos. Estou em dúvida, no entanto. Mas agora estou falando há um tempo sobre o Brasil e percebi que não pintei um quadro muito positivo do meu país.
WaS: Isso é ruim?
PC: Não, você pode manter isso. Especialmente porque já expresso parte dessa crítica no Facebook e no Twitter, embora em pequenos pedaços e não em um grande bloco como está sendo agora em nossa conversa. Essa é a grande coisa sobre redes sociais. Se eu tenho algo a dizer, digo. Não preciso dar longas entrevistas a jornalistas que predominantemente vão procurar fraquezas e argumentos falhos e focar neles diversas vezes. Hoje em dia, eu prefiro dividir os meus comentários imediatamente com os meus 8,5 milhões de seguidores no twitter, ou com meus 12 milhões de amigos no Facebook. Instantaneamente. Globalmente.
WaS: A revista Forbes declarou que você é a segunda personalidade mais influente no twitter depois de Justin Bieber. No Facebook você agora tem mais seguidores do que Madonna. Não se torna assustador ter este número crescente de devotos on-line esperando que você dê um significado a suas vidas?
PC: Nem um pouco. Eu gosto de participar de redes sociais porque é divertido e acho gratificante. Agora estou ligado aos meus leitores de todo o mundo de uma maneira que antes das redes sociais emergirem não era possível. Deixe-me dar-lhe um exemplo: sessões de autógrafos costumavam ser frustrante. 200 ou 300 pessoas ficavam muito felizes, porque conseguiam um autógrafo meu. Muitos outros ficavam irritados porque tinham esperado na fila e foram mandados para casa de mãos vazias, já que não posso assinar livros por oito horas a fio.

WaS: Mas para enviar mensagens no Twitter e no Facebook para seus fãs em todos os cantos do mundo, todos os dias, pode ser cansativo também, certo?
PC: Eu não preciso estar on-line todos os dias e não estou. Você não tem que escrever um livro a cada dia a fim de se considerar um escritor, não é? Eu uso o twitter e posto no Facebook sempre que sinto que quero.

WaS: Você tem vontade de salvar o mundo através das redes sociais?
PC: Eu não quero salvar o mundo, eu meramente construo algumas pontes. E atualmente não sou o único. O novo presidente iraniano abriu sua conta própria no Twitter (ou teve alguém para fazer isso por ele) e escreveu: “Feliz ano novo, meus amigos judeus”. Uma pequena mudança paradigmática, que não deve passar despercebida.
WaS: O que você diz a seus colegas escritores que consideram Blogs e Twitter uma perda de tempo?
PC: Francamente, eu não entendo a recusa. As redes sociais permitem que você experimente novas formas de escrita. Eu escrevo de uma forma diferente em um blog, do que faria em um romance, tweet ou em um post no Facebook. Nas redes sociais, posso discutir temas que meus leitores ou eu considero importante. Isso não significa que todos esses posts tenha que transformar em um livro. Mas através dessas redes posso chegar a uma comunidade gigantesca. Em pessoas que não vão mais a muitas livrarias e são pouco interessadas em livros. Eles pensam que livros são chatos. Minha experiência é a seguinte: se eu publicar textos em seu ambiente midiático, posso atraí-los para os meus livros. Não devemos demonizar essas novas formas de comunicação.
Também acho desconcertante quando os meus colegas escrevem: “a internet mata literatura” e em seguida publicam esses textos online. Eles escrevem na internet para reclamar da internet. Isso é como ser casado e só falar com sua esposa a fim de reclamar dela. Isso não funciona.

WaS: Você recentemente chocou o mundo editorial com um experimento altamente incomum. Em seu site incentiva usuários a baixar vários formatos e traduções de seus próprios livros. Gratuitamente. No entanto, as vendas de seus livros impressos continuam a aumentar apesar disso ou por causa desses downloads gratuitos, o que causa curiosidade entre a indústria editorial que está convenientemente ignorada. Por que ninguém lhe imitou ainda?
PC: Eu não tenho resposta para isso. Eu fico me repetindo: se você é um verdadeiro artista, então o seu principal objetivo é ser notado.
WaS: Na verdade, você já era um autor best-seller antes mesmo da chegada de downloads – que acabou sendo uma ferramenta de marketing interessante para impulsionar ainda mais suas vendas.
PC: Isso é o que eu continuo ouvindo: Paulo Coelho pode se dar ao luxo de permitir downloads gratuitos de seus livros, porque ele já é famoso. Eu sempre discordo: “eu sou quem eu sou hoje porque sempre tomo riscos e porque estou aberto a novas ideias”. Muitos colegas dizem: “eu não dou os meus livros gratuitamente na internet”. O que já mostra que eles não entendem o núcleo do mundo digital – que compartilhar une. Não consigo explicar por que meus livros impressos vendem melhor hoje do que antes dos meus compartilhamentos, mas o que parece ser o caso é que a maioria dos leitores que baixa o primeiro livro de graça, depois sentem certa obrigação de comprar o livro impresso. Pelo menos os jovens escritores não parecem pessimistas com as redes sociais. Muitos jovens escritores brasileiros abraçam essas oportunidades. Para eles sou um pouco de modelo. Eles até inventaram um bom apelido para mim: me chamam de Mago dos Nerds.
WaS : Isso é um elogio?
PC: Eu acredito realmente que sim.
 
"Mago dos nerds". :gotinha:

Todos Valinoreanos chora.

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E a entrevista não está muito diferente do texto.


E alguém sabe se pelos menos 50 dessa lista não é de escritores?

Lista do Bruce:

Adélia Prado, Adriana Lisboa, Affonso Romano de Sant’Anna, Age de Carvalho, Alice Ruiz, Ana Maria Machado, Ana Miranda, André Sant’Anna, Andrea del Fuego, Angela Lago, Antonio Carlos Viana, Beatriz Bracher, Bernardo Ajzenberg, Bernardo Carvalho, Carlos Heitor Cony , Carola Saavedra, Chacal, Cíntia Moscovich, Cristovão Tezza, Daniel Galera, Daniel Munduruku, Eva Furnari, Fábio Moon e Gabriel Bá, Fernando Gonsales, Fernando Morais, Fernando Vilela, Ferréz, Flora Süssekind, Heitor Ferraz, Ignácio de Loyola Brandão, João Almino, João Gilberto Noll, João Ubaldo Ribeiro, Joca Reiners Terron, José Miguel Wisnik, José Murilo de Carvalho, Lelis, Lilia Moritz Schwarcz, Lourenço Mutarelli, Luiz Costa Lima, Luiz Ruffato, Manuela Carneiro da Cunha, Marçal Aquino, Marcelino Freire, Maria Esther Maciel, Maria Rita Kehl, Marina Colasanti, Mary Del Priori, Mauricio de Sousa, Michel Laub, Miguel Nicolelis, Nélida Piñón, Nicolas Behr, Nuno Ramos, Patricia Melo, Paulo Coelho, Paulo Henriques Britto, Paulo Lins, Pedro Bandeira, Roger Mello, Ronaldo Correia de Brito, Ruth Rocha, Ruy Castro, Sérgio Sant’Anna, Silviano Santiago, Teixeira Coelho, Veronica Stigger, Walnice Nogueira Galvão e Ziraldo.
 
E alguém sabe se pelos menos 50 dessa lista não é de escritores?

Lista do Bruce:

não vou mentir que conheço todo mundo ali porque não conheço, mas a maior parte é de gente conhecida (e não o contrário, como diz o coelho). e se um dos critérios de seleção era ter algo publicado á traduzido em outra língua, então é claro que o coelho tá falando uma besteira bem grandona: a ignorância dele não faz dos escritores da lista menos escritores. pode até abrir alguma discussão no caso dos quadrinhos com o moon e o bá e o mauricio de sousa, mas acho que ficaria por aí.
 
não vou mentir que conheço todo mundo ali porque não conheço, mas a maior parte é de gente conhecida (e não o contrário, como diz o coelho). e se um dos critérios de seleção era ter algo publicado á traduzido em outra língua, então é claro que o coelho tá falando uma besteira bem grandona: a ignorância dele não faz dos escritores da lista menos escritores. pode até abrir alguma discussão no caso dos quadrinhos com o moon e o bá e o mauricio de sousa, mas acho que ficaria por aí.

É, foi o que pensei, sobre os quadrinhos. =/

Peguei uma pessoa pra procurar no google (porque reconheci o sobrenome Schwarcz=Cia das Letras) e vi que Lilia Moritz Schwarcz é antropóloga e professora.

Imagino que se for pesquisar outros nomes vai acontecer a mesma coisa e descobriremos que muitos não são romancistas, mas isso não os deixa menos ligados ao mundo da literatura e dos livros, afinal.

Ele podia ter pesquisado e pensado um pouco antes de declarar

Dos 70 escritores convidados, eu conheço apenas 20, então os outros 50 nunca ouvi falar. Presumo que sejam amigos de amigos de amigos. Nepotismo.
 
pode até abrir alguma discussão no caso dos quadrinhos com o moon e o bá e o mauricio de sousa, mas acho que ficaria por aí.

Se bem que HQs ganharam status de literatura séria e os gêmeos e o Maurício já produzem para o mercado estrangeiro - além de terem obras próprias traduzidas.

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E alguém sabe se pelos menos 50 dessa lista não é de escritores?

Nem todos são romancistas, mas há ali poetas, cronistas, antropólogos, historiadores, ensaístas... Gente mais relevante que a turminha do Paul Rabbit! :lol:
 

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