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Lima Barreto!!!!!!

Pveti

Usuário
Gostaria de saber o que vocês acham dele?????
Gosto muito do seu jeito de fazer criticas, mas não li nenhum livro dele...
"O Policarpo" tá esperando desde o ano passado, mas não tive tempo...
Dos contos que li o Numa e a Ninfa eu achei bom, o Homem que falava Javanês também curti, Um Musico extraordinário (que curtia o Julio Verne),Porque não se matava e A nova California...
Claro que não li todos seus contos, mas entre os que li esses que mais me marcaram...
 
Ôpa! Alguém indica um livro? To precisando conhecer outros autores brasileiros, pq só Machadão e a família Veríssimo não dá!
 
Seus contos são demais! =D
Agora o O Policarpo...tb, faz tempo
q eu qro ler, mas nãoo sobra tempo não...
porém assim, eu li algumas passagens, e parece se mto bom
eh um nacionalismo sóo!
 
Eu li "Recordações do Escrivão Isaías Caminha", e achei bacana,
recomendo! Quando li não criei grandes expectativas, mas acabei
me surpreendendo. Gosto da forma como ele critica a imprensa neste
livro. Caso queiram saber mais sobre o livro, achei algo na internet
e vou colar aqui (:


O primeiro romance de Lima Barreto é uma forte crítica à sociedade hipócrita e preconceituosa e a imprensa (que ele mesmo fez parte). É um livro pungente em todos os sentidos, de leitura obrigatória.

O jovem Isaías Caminha, menino do interior, tomou gosto pelos estudos através da desigualdade de nível mental entre o seu pai, um ilustrado vigário, e sua mãe. Admirava o pai que lhe contava histórias sobre grandes homens. Esforçou-se muito nas instruções e pouco brincava. Tinha ambições e um dia finalmente decide ir para o Rio fazer-se doutor:

"Ah! Seria doutor! Resgataria o pecado original do meu nascimento humilde, amaciaria o suplício premente, cruciante e omnímodo de minha cor... Nas dobras do pergaminho da carta, traria presa a consideração de toda a gente. Seguro do respeito à minha majestade de homem, andaria com ela mais firme pela vida em fora. Não titubearia, não hesitaria, livremente poderia falar, dizer bem alto os pensamentos que se estorciam no meu cérebro. [...]

Quantas prerrogativas, quantos direitos especiais, quantos privilégios, esse título dava! Podia ter dois e mais empregos apesar da Constituição; teria direito à prisão especial e não precisava saber nada. Bastava o diploma. Pus-me a considerar que isso devia ser antigo... Newton, César, Platão e Miguel Ângelo deviam ter sido doutores!"

Aconselha-se com o tio Valentim. Este visita o Coronel Belmiro, chefe eleitoral local, que redige uma carta recomendando Isaías para o Doutor Castro, deputado. Segue paro o Rio com algum dinheiro e esta carta.

Instala-se no Hotel Jenikalé, na Praça da República e conhece o Senhor Laje da Silva - diz ser padeiro e é incrivelmente afável com todos, em especial com os jornalistas. Através dele conhece o doutor Ivã Gregoróvitch Rostóloff, jornalista de O Globo, romeno, sentia-se sem pátria e falava 10 línguas. Vai assim conhecendo o Rio de Janeiro. Decide procurar o Deputado Castro para conseguir seu emprego e poder cursar Medicina.

Dirige-se a Câmera: "subi pensando no ofício de legislar que ia ver exercer pela primeira vez, em plena Câmera dos Senhores Deputados - augustos e digníssimos representantes da Nação Brasileira. Não foi sem espanto que descobri em mim um grande respeito por esse alto e venerável ofício [...] Foi com grande surpresa que não senti naquele doutor Castro, quanto certa vez estive junto dele, nada que denunciasse tão poderosa faculdade. Vi-o durante uma hora olhar tudo sem interesse e só houve um movimento vivo e próprio, profundo e diferencial, na sua pessoa, quando passou por perto uma fornida rapariga de grandes ancas, ofuscante sensualidade." Tenta falar com o doutor Castro mas não consegue. Quando finalmente consegue, visitando a sua residência particular (casa da amante) este o recebe friamente dizendo que era muito difícil arranjar empregos e mando o procurar no outro dia. Caminha depois descobre que o deputado estava de viajem para o mesmo dia e é tomado por um acesso de raiva:

Patife! Patife! A minha indignação veio encontrar os palestradores no máximo de entusiasmo. O meu ódio, brotando naquele meio de satisfação, ganhou mais força [...] Gente miserável que dá sanção aos deputados, que os respeita e prestigia! Porque não lhes examinam as ações, o que fazem e para que servem? Se o fizessem... Ah! Se o fizessem!

Com o dinheiro no fim, sem emprego, recebe uma intimação para ir à delegacia. O hotel havia sido roubado e prestava-se depoimentos. Ao ouvir as palavras do Capitão Viveiros: "E o caso do Jenikalé? Já apareceu o tal "mulatinho"?" Isaías reflete:

Não tenho pejo em confessar hoje que quando me ouvi tratado assim, as lágrimas me vieram aos olhos. Eu saíra do colégio, vivera sempre num ambiente artificial de consideração, de respeito, de atenções comigo [...] Hoje, agora, depois não sei de quantos pontapés destes e outros mais brutais, sou outro, insensível e cínico, mais forte talvez; aos meus olhos, porém, muito diminuído de mim próprio, do meu primitivo ideal [...] Entretanto, isso tudo é uma questão de semântica: amanhã, dentro de um século, não terá mais significação injuriosa. Essa reflexão, porém, não me confortava naquele tempo, porque sentia na baixeza de tratamento, todo o desconhecimento das minhas qualidades, o julgamento anterior da minha personalidade que não queriam ouvir, sentir e examinar.

Levado a presença do delegado, começa o interrogatório:

- Qual é a sua profissão?

- Estudante.

- Estudante?!

- Sim, senhor, estudante, repeti com firmeza.

- Qual estudante, qual nada!

A sua surpresa deixara-me atônito. Que havia nisso de extraordinário, de impossível? Se havia tanta gente besta e bronca que o era, porque não o podia seu eu? Donde lhe vinha a admiração duvidosa? Quis-lhe dar uma resposta mas as interrogações a mim mesmo me enleavam. Ele por sua vez, tomou o meu embaraço como prova de que mentia.

Com ar de escarninho perguntou:

- Então você é estudante?

Dessa vez tinha-o compreendido, cheio de ódio, cheio de um santo ódio que nunca mais vi chegar em mim. Era mais uma variante daquelas tolas humilhações que eu já sofrera; era o sentimento geral da minha inferioridade, decretada a priori, que eu adivinhei na sua pergunta.

O delegado continua o interrogatório até arrebatar chamando Caminha de malandro e gatuno, que, sentindo num segundo todas as injustiças que vinha sofrendo chama o delegado de imbecil. Foi para o xadrez.

Passa pouco mais de 3 horas na cela e é chamado ao delegado. Este se mostra amável, tratando-o por "meu filho", dando-lhe conselhos. Caminha sai da delegacia e decide mudar-se também do hotel. Passa a procurar emprego mas na primeira negação percebe que devido a sua cor seria muito difícil se ajustar na vida. Passa dias perambulando pelas ruas do Rio, passando fome, vendendo o que tinha para comer algo, até avistar Rostóloff que o convida para dar um passada na redação de O Globo - onde passa a trabalhar como contínuo.

Nesta altura a narrativa sofre um corte. A ação de Caminha é posta de lado para descrever minunciosamente os funcionamentos da imprensa carioca. Todas as características dos grandes jornalistas, desde o diretor de O Globo, Ricardo Loberant aos demais redatores e jornalistas são explicitadas de maneira cruel e mordaz.

O diretor é retratado como ditador, temido por todos, com apetite de mulheres e prazer, visando somente ao aumento das vendas do seu jornal. Somos apresentados então a inúmeros jornalistas como Aires d'Avila, redator-chefe, Leporace, secretário, Adelermo Caxias, Oliveira, Menezes, Gregoróvitch. A tônica de O Globo era a crítica acerba ao governo e seus "desmandos", Loberant se considerava o moralizador da República. Isaías se admira com a falta de conhecimento e dificuldade para escrever desses homens que nas ruas eram tratados como semi-deuses e defensores do povo.

Por este tempo, Caminha havia perdido suas grandes ambições e acostumava-se com o trabalho de contínuo.

É notável o que se diz do crítico literário Floc (Frederico Lourenço do Couto) e do gramático Lobo - os dois mais altos ápices da intelectualidade do Globo. Lobo era defensor do purismo, de um código tirânico, de uma língua sagrada. Acaba num hospício, sem falar, com medo que o falar errado o tenha impregnado e tapando os ouvidos para não ouvir.

Floc "confundia arte, literatura, pensamento com distrações de salão; não lhes sentia o grande fundo natural, o que pode haver de grandioso na função da Arte. Para ele, arte era recitar versos nas salas, reqüestar atrizes e pintar umas aquarelas lambidas, falsamente melancólicas. [...] as suas regras estéticas eram as suas relações com o autor, as recomendações recebidas, os títulos universitários, o nascimento e a condição social."

Certa noite, volta entusiasmado de uma apresentação de música e vai escrever a crônica para o dia seguinte. Após algum tempo, o paginador o apressa. Ele manda esperar. Floc tenta escrever o que viu e ouvira, mas seu poder criativo é nulo, sua capacidade é fraca. Ele se desespera. O que escreve rasga. Após novo pedido do paginador, ele se levanta, dirige-se a um compartimento próximo e se suicida com um tiro na cabeça.

Estando a redação praticamente vazia, o redator de plantão chama Isaías e pede para que ele se dirija para o local onde Ricardo Loberant se encontra e jurasse que nunca diria o que viu. Isaías vai ao local indicado e surpreende Loberant e Aires d'Avila numa sessão de orgia e os chama apressadamente para o jornal.

Loberant passa então a olhar com mais atenção a Isaías e o promove até repórter. Divide confidências e farras. Isaías ganha a proteção e dinheiro de Ricardo Loberant. Depois da euforia inicial, Isaías se ressente.

Lembrava-me de que deixara toda a minha vida ao acaso e que a não pusera ao estudo e ao trabalho com a força de que era capaz. Sentia-me repelente, repelente de fraqueza, de falta de decisão e mais amolecido agora com o álcool e com os prazeres... Sentia-me parasita, adulando o diretor para obter dinheiro...

Em dado momento do livro, Lima Barreto escreve: "Não é o seu valor literário que me preocupa; é a sua utilidade para o fim que almejo." Valor literário entenda-se como o "valor" vigente naquela época, do escrever bonito e empolado, gramaticalmente correto, em busca de palavras desconhecidas em empoerados dicionários, em busca da forma. Literatura era tudo, menos comunicação e arte.


Fonte: http://www.portrasdasletras.com.br

Nada contra e-books e semelhantes, mas enquanto buscava informações sobre o livro encontrei-o umas tantas vezes. Eu não gosto muito de ler no computador, mas caso algum de vocês tenha interesse, vou colar um dos links que encontrei aqui:
http://pt.wikisource.org/wiki/Recorda%C3%A7%C3%B5es_do_escriv%C3%A3o_Isa%C3%ADas_Caminha
 
Dele só li O Triste Fim de Policarpo Quaresma, gostaria de ler mais. Sou curioso por aquele livro de nome estranhdo que parece uma brincadeira com o nome do nome país (Os Burzungundangas, sei lá), e por Clara dos Anjos, que é um nome tão delicado e romântico que nem parece ter relação com o estilo lúcido e direto do qual tenho lembrança.

Por sinal, antes de ler mais algo dele preciso mesmo é reler Policarpo Quaresma.
 
Eu li "O Triste fim de Policarpo Quaresma". Uma das minhas obras preferidas... Nunca vi um título tão adequado para um livro. Muito bom!
 
[align=justify]O Triste Fim de Policarpo Quaresma é um livro que tenho que ler novamente, pois li já faz bastante tempo, e quero ver quais as diferenças que vou encontrar nesse e naquela leitura. Lima Barreto tem uma escrita leve e fluida, bem agradável de ler. Li dele também o conto O Homem que Sabia Javanês, que recomendo veementemente.[/align]
 
ó lá, para quem quiser conhecer um pouco mais do que triste fim, está saindo uma daquelas coletâneas bacanudas da companhia das letras >> http://www.livrariacultura.com.br/scripts/cultura/resenha/resenha.asp?nitem=22288713&sid=71121041112926396064786132&k5=D9674A3&uid=
 
sobre outro lançamento do escritor:

[size=large]Os relatos de uma temporada no inferno[/size]
Cosac Naify edita um luxuoso livro com dois textos, um depoimento e uma ficção, nos quais o escritor Lima Barreto trata da perda da sanidade
[size=x-small]por Marcio Renato dos Santos[/size]

Lima Barreto (1881-1922) atravessou a existência caminhando so­­bre brasas. Negro, disputou es­­pa­­ço entre uma elite branca, e isso no final do século 19, imediatamente após o fim oficial da escravidão, em um contexto histórico assumidamente racista, que era o Rio de Ja­­neiro, então capital do país.

O escritor foi um outsider. Dono de uma cultura refinada e de um texto excelente, que o credenciaram a publicar e a colaborar em diversos jornais, não conseguia o reconhecimento, nem social, muito menos financeiro, os quais ele tanto ambicionou.

Autor de alguns dos romances mais elogiados pela crítica, como Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909) e Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915), Barreto tinha problemas com o álcool.

Entre o Natal de 1919 e fevereiro de 1920, ele permaneceu in­­ternado no Hospício Nacional dos Alienados, no Rio de Janeiro, e o resultado dessa experiência está registrado em Diário do Hospício, um relato a respeito da segregação, que acaba de chegar ao mercado em uma luxuosa edição da Cosac Naify.

O livro, de 352 páginas, traz também O Cemitério dos Vivos, um romance inacabado, em diálogo com Diário do Hospício.

Mas é no texto testemunhal que Barreto atinge a excelência enquanto narrador do problema da perda da sanidade. O escritor reconhece no Diário que enfrenta uma situação aparentemente sem solução, que o debilita e, mesmo depois de re­­ceber alta, opta por permanecer internado.

O motivo?

É que na casa de sua família não havia condição de ele se recuperar, e o escritor ainda admite que, nas ruas, poderia voltar a se embriagar e, uma vez bêbado, não seria mais senhor de seus atos.

Barreto é perspicaz ao comentar o comportamento de outros colegas, uns mais agressivos, ou­­tros aparentemente dóceis, mas todos sujeitos a atos tresloucados, como subir em um telhado e arremessar telhas ou sair em disparada gritando pelos corredores do hospício.

“O que dizer da loucura? Mergulhado no meio de quase duas dezenas de loucos, não se tem absolutamente uma impressão geral dela. Há, como em todas as manifestações da natureza, indivíduos, casos particulares, mas não há ou não se percebe entre eles uma relação de parentesco muito forte. Não há espécies, ou raças de loucos; há loucos só”, escreveu Barreto, neste diário que é um dos depoimentos mais genuínos e bem-escritos produzidos por um escritor brasileiro. GGGG

Serviço:
Diário do Hospício e O Cemitério dos Vivos, de Lima Barreto. Cosac Naify, 352 págs., R$ 55.

Fonte: Gazeta do Povo
 
Lima Barreto

[align=justify]Um grande mistério para mim envolvendo Lima Barreto é por que ele tentou insistentemente (3 vezes em 1917, 1919 e 1921, na primeira com 36 anos) entrar para a Academia Brasileira de Letras.

Para alguém que criticava tanto a intelectualidade nacional como ele, é intrigante. Será que ele só queria algum tipo de reconhecimento? Ou a Academia era mais respeitável?... De qualquer forma, tendo escrito o que escreveu e sendo mulato acho bem difícil que fosse aceito.[/align]
 
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"O homem que falava javanês" é sensacional! Nunca tinha lido nada dele, mas me apaixonei por esse! :grinlove:
 
Cantona vai ser tipo, o rei da festa, né? A gente podia fazer uma coroa e umas fotos promocionais. Que cês acham?
 
Dele li na época de escola "Triste fim de Policarpo Quaresma" e 'O homem que falava javanês'. Curti bem mais o segundo.
 

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