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[Catolicismo] No Princípio era o Verbo...

Calion Alcarinollon

Cristão Católico
Saudações a todos!
Deus vos abençoe.


Criei este tópico para comentar sobre algo que sempre me intrigou. A questão da Criação do Mundo.
A Bíblia, no livro do gênesis, possui o hino da criação do Universo, o qual represento abaixo:


Novae Vulgatae Liber Genesis disse:
In capitulus primus:
1
1 In principio creavit Deus caelum et terram.
2 Terra autem erat inanis et vacua, et tenebrae super faciem abyssi, et spiritus Dei ferebatur super aquas.
3 Dixitque Deus: “Fiat lux”. Et facta est lux.
4 Et vidit Deus lucem quod esset bona et divisit Deus lucem ac tenebras.
5 Appellavitque Deus lucem Diem et tenebras Noctem. Factumque est vespere et mane, dies unus.
6 Dixit quoque Deus: “Fiat firmamentum in medio aquarum et dividat aquas ab aquis”.
7 Et fecit Deus firmamentum divisitque aquas, quae erant sub firmamento, ab his, quae erant super firmamentum. Et factum est ita.
8 Vocavitque Deus firmamentum Caelum. Et factum est vespere et mane, dies secundus.
9 Dixit vero Deus: “Congregentur aquae, quae sub caelo sunt, in locum unum, et appareat arida”. Factumque est ita.
10 Et vocavit Deus aridam Terram congregationesque aquarum appellavit Maria. Et vidit Deus quod esset bonum.
11 Et ait Deus: “Germinet terra herbam virentem et herbam facientem semen et lignum pomiferum faciens fructum iuxta genus suum, cuius semen in semetipso sit super terram”. Et factum est ita.
12 Et protulit terra herbam virentem et herbam afferentem semen iuxta genus suum lignumque faciens fructum, qui habet in semetipso sementem secundum speciem suam. Et vidit Deus quod esset bonum.
13 Et factum est vespere et mane, dies tertius.
14 Dixit autem Deus: “Fiant luminaria in firmamento caeli, ut dividant diem ac noctem et sint in signa et tempora et dies et annos,
15 ut luceant in firmamento caeli et illuminent terram. Et factum est ita.
16 Fecitque Deus duo magna luminaria: luminare maius, ut praeesset diei, et luminare minus, ut praeesset nocti, et stellas. "
17 Et posuit eas Deus in firmamento caeli, ut lucerent super terram
18 et praeessent diei ac nocti et dividerent lucem ac tenebras. Et vidit Deus quod esset bonum.
19 Et factum est vespere et mane, dies quartus.
20 Dixit etiam Deus: “Pullulent aquae reptile animae viventis, et volatile volet super terram sub firmamento caeli”.
21 Creavitque Deus cete grandia et omnem animam viventem atque motabilem, quam pullulant aquae secundum species suas, et omne volatile secundum genus suum. Et vidit Deus quod esset bonum;
22 benedixitque eis Deus dicens: “Crescite et multiplicamini et replete aquas maris, avesque multiplicentur super terram ”.
23 Et factum est vespere et mane, dies quintus.
24 Dixit quoque Deus: “Producat terra animam viventem in genere suo, iumenta et reptilia et bestias terrae secundum species suas”. Factumque est ita.
25 Et fecit Deus bestias terrae iuxta species suas et iumenta secundum species suas et omne reptile terrae in genere suo. Et vidit Deus quod esset bonum.
26 Et ait Deus: “Faciamus hominem ad imaginem et similitudinem nostram; et praesint piscibus maris et volatilibus caeli et bestiis universaeque terrae omnique reptili, quod movetur in terra”.
27 Et creavit Deus hominem ad imaginem suam;
ad imaginem Dei creavit illum;
masculum et feminam creavit eos.
28 Benedixitque illis Deus et ait illis Deus: “Crescite et multiplicamini et replete terram et subicite eam et dominamini piscibus maris et volatilibus caeli et universis animantibus, quae moventur super terram”.
29 Dixitque Deus: “Ecce dedi vobis omnem herbam afferentem semen super terram et universa ligna, quae habent in semetipsis fructum ligni portantem sementem, ut sint vobis in escam
30 et cunctis animantibus terrae omnique volucri caeli et universis, quae moventur in terra et in quibus est anima vivens, omnem herbam virentem ad vescendum”. Et factum est ita.
31 Viditque Deus cuncta, quae fecit, et ecce erant valde bona. Et factum est vespere et mane, dies sextus.
Tradução disse:
1
1 No princípio criou Deus o céu e a terra.
2 A Terra, contudo, era inrija e vazia, a treva sobre a face do abismo, e a brisa de Deus pairava sobre a água.
3 Disse então Deus: “Haja luz”. E houve luz.
4 E viu Deus a luz, que era boa, e dividiu Deus luz de escuridão.
5 Alcunhou Deus à luz Dia e à tenebridade Noite. Se fez tarde e manhã, dia um.
6 Então disse Deus: “Faça-se firmamento no meio das águas e divida-se águas de águas”.
7 E fez Deus firmamento que dividisse as águas, as que estavam sob o firmamento, das outras, as que haviam sobre o firmamento. E assim se fez.
8 E chamou Deus ao firmamento Céu. E houve tarde e manhã, dia dois.
9 Disse realmente Deus: “Congreguem-se as águas, que sob o céu estão, num único lugar, e apareça o solo”. E assim foi feito.
10 E chamou Deus ao solo Terra e à congregação das águas alcunhou Mar. E viu Deus que era bom.
11 E falou Deus: “Gere a terra erva verde e a erva faça semente e o lenho pomífero frutifique segundo sua família, cuja semente gere a si próprio sobre a terra”. E isso ocorreu.
12 E produziu a terra erva verde e a erva gestou semente segundo sua família e a árvore lenhosa fez fruto, que tem em si semente segundo a espécie sua. E viu Deus que fez bem.
13 Passou a tarde e a manhã, dia terceiro.
14 Mas disse Deus: “Façam-se lâmpadas no firmamento celeste, a fim de dividir dias e noites e constituam-se em sinais do tempo, dos dias e anos,
15 que luzam no firmamento dos céus e iluminem a terra. E isso foi feito.
16 Então fez Deus duas grandes lâmpadas: uma lâmpada maior, que presida o dia, e um lâmpada menor, que presida a noite, e as estrelas."
17 E pôs-las Deus no firmamento celeste, e luziram sobre a terra
18 e presidiram o dia e a noite e dividiram luz de tenebridade. E viu Deus que tudo era bom.
19 Veio a tarde e a manhã, dia quarto.
20 Nisto, disse Deus: “Pululem as águas de répteis e animais viventes, e volitem os pássaros sobre a terra mas sob o firmamento do céu”.
21 E criou Deus as grande baleias e todos os animais viventes que rastejam, que fervilham nas águas segundo suas espécies, e todos os pássaros segundo suas famílias. E viu Deus que tudo saiu bem;
22 e abençoou-lhes Deus dizendo: “Crescei e multiplicai-vos e enchei as águas marinhas, e as aves, que se multipliquem sobre a terra”.
23 A tarde e a manhã, dia quinto.
24 Com isso, disse Deus: “Produza a terra animais viventes segundo os gêneros seus, domesticáveis e répteis e bestas terrestes segundo as espécies suas”. E isso foi feito.
25 E fez Deus as feras da terra segunda suas espécies e os animais domesticáveis segundo as espécies suas e todos os répteis da terra em suas famílias. E viu Deus que foi bom.
26 E afirmou Deus: “Façamos o homem a imagem e semelhança nossa; e presida sobre os peixes dos mares e os pássaros do céu e as bestas do Universo e sobre a totalidade dos répteis da terra, que se movem sobre a terra”.
27 E criou Deus ao homem a sua imagem;
à imagem de Deus criou a eles;
homem e mulher os criou.
28 Bendisse-lhes Deus e disse-lhes Deus: “Crescei e multiplicai-vos e enchei a terra e submetei-a e dominai sobre os peixes do mar e aos pássaros do céu e aos animais do Universo, que se movem sobre a terra”.
29 Dixitque Deus: “Eis que dou-vos toda erva que gera semente sobre a terra e a totalidade das árvores, que tem em si próprias frutos portando sementes, para-servir-vos de alimento
30 e todos os animais da terra e todos os pássaros do céu e absolutamente todos, os que se movem na terra e os animais que vivem, todas as ervas verdes e alimentícias”. E assim foi feito.
31 E viu Deus tudo aquilo que fez, e eis que era tudo bom. E passou tarde e manhã, dia sexto.


No início do Novo Testamento, destaca-se a primeira amostra da filosofia católica de que se tem notícia: O Evangelho de João. Neste Evangelho, percebe-se uma reflexão sobre a relação entre Cristo, enquanto Palavra (ou Verbo) de Deus; e a Criação. Testifico-a abaixo:


Novae Vulgatae Evangelium Secundum Ioannem disse:
In capitulus primus dicit:
1
1 In principio erat Verbum, et Verbum erat apud Deum, et Deus erat Verbum.
2 Hoc erat in principio apud Deum.
3 Omnia per ipsum facta sunt, et sine ipso factum est nihil, quod factum est;
4 in ipso vita erat, et vita erat lux hominum,
5 et lux in tenebris lucet, et tenebrae eam non comprehenderunt.
6 Fuit homo missus a Deo, cui nomen erat Ioannes;
7 hic venit in testimonium, ut testimonium perhiberet de lumine, ut omnes crederent per illum.
8 Non erat ille lux, sed ut testimonium perhiberet de lumine.
9 Erat lux vera, quae illuminat omnem hominem, veniens in mundum.
10 In mundo erat, et mundus per ipsum factus est, et mundus eum non cognovit.
11 In propria venit, et sui eum non receperunt.
12 Quotquot autem acceperunt eum, dedit eis potestatem filios Dei fieri, his, qui credunt in nomine eius,
13 qui non ex sanguinibus neque ex voluntate carnis neque ex voluntate viri, sed ex Deo nati sunt.
14 Et Verbum caro factum est et habitavit in nobis; et vidimus gloriam eius, gloriam quasi Unigeniti a Patre, plenum gratiae et veritatis.
Tradução disse:
1
1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e Deus era o Verbo.
2 Estava no princípio com Deus.
3 Todas as coisas por Ele feitas são, e sem Ele nada há, do que se fez;
4 n'Ele estava a Vida, e a Vida era a Luz do homens,
5 e a Luz na tenebridão luziu, e as trevas Lhe não compreenderam.
6 Foi um homem enviado por Deus, cujo nome era João;
7 que veio em testemunho, em testemunho sobre o Luminar, para que todos cressem por ele.
8 Não era ele a Luz, mas como de testemunho sobre o Luminar.
9 Era a Luz vera, que ilumina todos os homens, vinda ao mundo.
10 No mundo Ele esteve, e o mundo por Ele foi feito, e o mundo a Ele não reconheceu.
11 Por salvação veio, contudo não O receberam.
12 Porém aqueles que O aceitaram, tratados podem por Filhos de Deus ser, eles, que queram em Seu nome,
13 que nem do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus nasceram.
14 E o Verbo carne foi feito e habitou conosco; e vimos a gloria d'Ele, gloria como que do Unigênito do Padre, plena graça e verdade.

O que pensais sobre tal?
 
Última edição por um moderador:
Deveras, "o Verbo" é realmente algo difícil de compreender.
Parece uma alusão direta à Palavra de Deus (vide citação do Gênesis), a qual, percebe-se, foi usada para criar o Mundo. De fato, no Hino da Criação, os verbos são abundantes, principalmente o que saem da boca de Deus. Por exemplo: fiat, dividat, congregentur, appareat, germinet, faciens, entre muitos outros. Então, realmente o Verbo criou o Mundo. O Catecismo diz que a Escritura e a Tradição, juntas, são o próprio Verbo em sua forma escrita. Cristo é o Verbo, portanto Cristo criou o Mundo. Cristo é a Bíblia, portanto a Bíblia também é Deus. Cristo é a Tradição, portanto a Tradição também é Deus. A Bíblia e a Tradição são o Verbo (Filho) que é o Criador (Pai), sendo elas mantidas pelo Espírito Santo. Portanto, Deus uno e trino é a própria essência da Palavra. Ou seja, a Palavra duoforme de Deus criou o Mundo. Se a Tradição e a Bìblia são filhas da Igreja, que é "coluna e sustentáculo da Verdade", a Igreja criou o Mundo. Se Deus está em toda a parte na Igreja, sendo ela fruto de Deus e da Palavra, e, tendo estas dentro de si em seu apogeu, a Igreja é Deus.

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Este raciocínio pode dar resultados surpreendentes... Sem dúvida, a filosofia, vislumbrada sob a luz do Magistério, é fascinante.
 
Esse assunto é interessante. Tinha um tópico na área Tolkien que falava dos reflexos da criação de um idioma no universo da Terra-Média. Tem uma passagem na bíblia que fala do verbo se tornar carne que é uma das chaves para se ler os textos.

Ao apresentar dois sentidos para o verbo ser (o espiritual e o carnal) somos introduzidos a dois tipos diferentes de sistema de comunicação ou da linguagem, um sistema humano e um sistema angelical (a língua dos anjos que aparece na música do Renato Russo), usados para descrever espaço e tempo distintos um do outro (muitas moradas na casa de Deus)

Em outras palavras, a partir da observação de uma raiz no mundo real se derivam 2 representações simbólicas na forma de uma palavra (o ser material e outro ser que é um ser especial, divino e não material se Ele preferir assim)

Minha teoria é que quando duas manifestações possuem uma diferença muito grande entre si o observador, que aqui no caso foi o escritor (ou "os") escritores, não relaciona os dois sentidos a mesma fonte. De fato, porque na prática a distância que separa observador e observado pode cegar a ponto de inutilizar a interpretação. Talvez caiba aqui escrever a palavra interpretação em maiúsculas porque é preciso que o alcance de quem ouve esteja afinado com a voz que pronuncia o verbo.

Quando o verbo se manifesta pela palavra milagre (miraculum) aponta uma maravilha ou evento incrível de ser visto, podendo ser no mundo humano ou no angelical.

Olhando da perspectiva humana (principalmente da época) dá para ver que Jesus ao "realizar maravilhas" entre as pessoas estava num plano diferente dado pelo significado de maravilha carnal. Novamente ocorre a separação entre o idioma humano (rude, incompleto e primitivo) que usa uma palavra terrena (de peso temporário) comum para definir algo que até num idioma melhorado não poderia ser descrito por vozes humanas em oposição a uma língua angelical. O verbo (o Ser) que executa a maravilha tem um poder de comando e de governo diferente de uma pessoa comum. Uma comparação muito pobre seria analisar o "quero" de uma criança com o "quero" de um soldado da Delta force armado diante de um inimigo. Os dois indivíduos são pessoas usando o mesmo verbo (querer), mas o poder de realizar o feito e as formas com que o soldado se relaciona com o verbo possui grande distância.
 
Última edição:
Neoghoster Akira disse:
Esse assunto é interessante. Tinha um tópico na área Tolkien que falava dos reflexos da criação de um idioma no universo da Terra-Média. Tem uma passagem na bíblia que fala do verbo se tornar carne que é uma das chaves para se ler os textos.

Ao apresentar dois sentidos para o verbo ser (o espiritual e o carnal) somos introduzidos a dois tipos diferentes de sistema de comunicação ou da linguagem, um sistema humano e um sistema angelical (a língua dos anjos que aparece na música do Renato Russo), usados para descrever espaço e tempo distintos um do outro (muitas moradas na casa de Deus)


Em outras palavras, a partir da observação de uma raiz no mundo real se derivam 2 representações simbólicas na forma de uma palavra (o ser material e outro ser que é um ser especial, divino e não material se Ele preferir assim)


Minha teoria é que quando duas manifestações possuem uma diferença muito grande entre si o observador, que aqui no caso foi o escritor (ou "os") escritores, não relaciona os dois sentidos a mesma fonte. De fato, porque na prática a distância que separa observador e observado pode cegar a ponto de inutilizar a interpretação. Talvez caiba aqui escrever a palavra interpretação em maiúsculas porque é preciso que o alcance de quem ouve esteja afinado com a voz que pronuncia o verbo.


Quando o verbo se manifesta pela palavra milagre (miraculum) aponta uma maravilha ou evento incrível de ser visto, podendo ser no mundo humano ou no angelical.


Olhando da perspectiva humana (principalmente da época) dá para ver que Jesus ao "realizar maravilhas" entre as pessoas estava num plano diferente dado pelo significado de maravilha carnal. Novamente ocorre a separação entre o idioma humano (rude, incompleto e primitivo) que usa uma palavra terrena (de peso temporário) comum para definir algo que até num idioma melhorado não poderia ser descrito por vozes humanas em oposição a uma língua angelical. O verbo (o Ser) que executa a maravilha tem um poder de comando e de governo diferente de uma pessoa comum. Uma comparação muito pobre seria analisar o "quero" de uma criança com o "quero" de um soldado da Delta force armado diante de um inimigo. Os dois indivíduos são pessoas usando o mesmo verbo (querer), mas o poder de realizar o feito e as formas com que o soldado se relaciona com o verbo possui grande distância.

Sim, meu caro.
O Catecismo fala sobre esse "super-efeito" da Palavra de Deus.

Catechismum Catholicae Ecclesiae disse:
PARS PRIMA
PROFESSIO FIDEI


SECTIO PRIMA
« CREDO » – « CREDIMUS »


CAPUT SECUNDUM
DEUS HOMINI OCCURRIT


ARTICULUS 3
DE SACRA SCRIPTURA


I. Christus – Unicum sacrae Scripturae Verbum


101 Deus, Suae bonitatis condescensione, ut Se hominibus revelet, ad illos verbis loquitur humanis. « Dei enim verba, humanis linguis expressa, humano sermoni assimilia facta sunt, sicut olim aeterni Patris Verbum, humanae infirmitatis assumpta carne, hominibus simile factum est ».88


102 Omnibus sacrae Scripturae verbis, Deus unum solummodo Verbum dicit, Suum unicum Verbum in quo Ipse Se totum exprimit:89


« Meminit caritas vestra, cum sit unus sermo Dei in Scripturis omnibus dilatatus, et per multa ora sanctorum unum Verbum sonet, quod cum sit in principio Deus apud Deum, ibi non habet syllabas, quia non habet tempora ».90


103 Hac de causa, Ecclesia divinas Scripturas semper est venerata, sicut etiam Domini veneratur corpus. Fidelibus Panem vitae porrigere non desinit sumptum ex mensa tam Verbi Dei quam corporis Christi.91


104 In sacra Scriptura indesinenter invenit Ecclesia suum nutrimentum suamque virtutem,92 quia in illa accipit non verbum tantum humanum, sed id quod ipsa revera est: Verbum Dei.93 « In Sacris enim Libris Pater qui in caelis est filiis Suis peramanter occurrit et cum eis sermonem confert ».94

Não só isso, como no texto que realcei, ele mostra que Deus não só usa a Palavra; ele É a Palavra.

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Assim como em Tolkien, o Universo é a forma física da Música e de "", imperativo do verbo "", que significa "ser, estar, existir".
 
Isso é o básico do básico da teologia trinitária mas ainda existe muita desinformação, principalmente nesses tempos em que os blasfemos afirmam catedraticamente suas interpretações profanas e seculares das Escrituras, arvorados em tomos de erudição filológica e histórica, cegos aos sentidos anagógicos dos textos sagrados, sentidos claramente apontados, vividos e cridos pelos Santos Padres da Igreja. A exegese cristã sempre viu no prólogo do Evangelho de São João não apenas a prova inconteste de Sua Divindade como da relação entre o Logos divino e o Cristo. Cristo não é apenas um homem nem 'apenas' um deus, como um Apolo, Júpiter, Minerva, Odin etc. Ele é o próprio Absoluto encarnado para a salvação da humanidade e em uma relação hipostática de Si para Si de Imagem do Absoluto. Cristo é a encarnação do Logo, pelo qual existe todo o cosmo, em que o mundo e os homens vivem, como o impulso vital, o sangue ontológico que corre pelas veias supremamente reais de Toda a manifestação e em mesmo além dela, procedendo das realidades inférnicas e telúricas até às mais etéricas, angélicas, celestiais.

A teologia dos Padres viu desde muito cedo (principalmente com os Padres Capadócios no século IV) o Logos como a hipóstase da Trindade em que se refletem os antigos ensinos da filosofia pagã aristotélica sobre o Primeiro Motor Imóvel e a distinção neoplatônica entre a essência do Um e a atividade (energeia) pela qual o Ser Se pensa a Si mesmo e nessa atividade não-potencial e não-atual, mas energética, se veem os processos pelos quais se emanam toda a realidade do mundo. São Máximo, o Confessor expandirá essas noções no século VII com sua cosmologia e a doutrina dos logoi de todas as coisas e relações, culminando na teológica mística dos ascetas orientais e suas reflexões sobre a Luz incriada, tema que será retomado e desenvolvido, no Oriente ortodoxo, por São Gregório Palamás (século XIV) na teologia da distinção entre a ousia (essência) divina, que é imparticipável e incognoscível, e sua energeia, ou energias divinas incriadas (participáveis e cognoscíveis pela iluminação dos intelectos agentes purificados de suas paixões pelas mesmas energias, a graça incriada).

Excelente tópico, Calion.
 
Os católicos e cristãos em geral discordarão de mim, mas vou postar a opinião que tenho.

As palavras têm PODER. Simples assim. Estou pesquisando (e praticando após um certo tempo parada, apenas estudando e lendo "passivamente") uma corrente que lida justamente com... palavras.

E não é à toa que em inglês a palavra "spell" pode ser o substantivo "encantamento", como também pode ser "soletrar".

Não é por acaso!!

Logo, o Calion alguns dirão que sou herege (rçrçrç) mas é assim que eu penso. "O Verbo" é simplesmente o poder de criação e/ou modificação da realidade.
 
Os católicos e cristãos em geral discordarão de mim, mas vou postar a opinião que tenho.

As palavras têm PODER. Simples assim. Estou pesquisando (e praticando após um certo tempo parada, apenas estudando e lendo "passivamente") uma corrente que lida justamente com... palavras.

E não é à toa que em inglês a palavra "spell" pode ser o substantivo "encantamento", como também pode ser "soletrar".

Não é por acaso!!

Logo, o Calion alguns dirão que sou herege (rçrçrç) mas é assim que eu penso. "O Verbo" é simplesmente o poder de criação e/ou modificação da realidade.

Se você estudasse algo de verdade, como tratados de magia hermética veria que há uma estreita relação entre o Logos divino e as fórmulas verbais mágicas, como o mantra, o dikr islâmico, a Oração ortodoxa do Coração etc.

Se o Verbo fosse simplesmente 'um poder criação/modificação da realidade' ele não seria porra nenhuma. Só o é, tal magia oculta só funciona por causa do Cristo, ou melhor, por causa do poder do Absoluto manifestado na realidade, seja a nível ontológico seja a nível energético.

Em resumo, falta estudo e sobra achismo.

E que merda é essa de católicos E cristãos? Católicos não são cristãos?
 
Última edição por um moderador:
Se o Verbo fosse simplesmente 'um poder criação/modificação da realidade' ele não seria porra nenhuma. Só o é, tal magia oculta só funciona por causa do Cristo, ou melhor, por causa do poder do Absoluto manifestado na realidade, seja a nível ontológico seja a nível energético.

Ow Pagz, não acho que seja legal discutir que só funciona "por causa do Cristo" ou "por causa do Buda" ou "por causa do Krishna" ou o nome que a pessoa quiser dar... pq os cristãos vão chamar de Cristo, os muçulmanos vão chamar de Allah, um ateu vai chamar de Placebo e por aí vai...

Importante é que FUNCIONA. Rçrçrçrçrçrçrçrçrç.

Mas vc tem a sua opinião sobre o assunto e tem o direito de manifestá-la, claro. Só não acho bom ficar discutindo quem ou o que ativa isto.
 
Ow Pagz, não acho que seja legal discutir que só funciona "por causa do Cristo" ou "por causa do Buda" ou "por causa do Krishna" ou o nome que a pessoa quiser dar... pq os cristãos vão chamar de Cristo, os muçulmanos vão chamar de Allah, um ateu vai chamar de Placebo e por aí vai...

Importante é que FUNCIONA. Rçrçrçrçrçrçrçrçrç.

Mas vc tem a sua opinião sobre o assunto e tem o direito de manifestá-la, claro. Só não acho bom ficar discutindo quem ou o que ativa isto.

O meu ponto é exactamente este, carajo. Tudo é Um, não importa como as tradições o caracterizem.
 
Ateus chamaram isso de Placebo? Você está sendo muito generosa. Tem muita coisa ai que eu chamo é de loucura mesmo...

O uso mágico das palavras é verdadeiro. Palavras com fins meditativos (mantras) e de suporte místico (como a Oração de Jesus) são ainda mais facilmente atestados pela psicologia como tendo eficácia para concentração. Mas o aspecto mágico, espiritual e metafísico dessas práticas ultrapassam qualquer tipo de conhecimento científico sobre o assunto, por este se focar unica e exclusivamente em seus aspectos exteriores, fenomênicos.

No caso da metafísica da palavra e do som qualquer discurso racional é inválido pela própria natureza superior do assunto. Existe toda uma relação simbólica entre os sons das palavras e doutrinas cosmológicas (Deus criando o mundo pela Sua palavra) na Kaballah, por exemplo. O que o 'mago' vai realizar nada mais é que a associação hermética entre o microcosmo (homem) e o macrocosmo (cosmo) através do som que tem caráter metafísico para transcender a diferença entre Deus e o Eu, atingindo assim o fim místico, o solve et coagula da maçonaria.

Um exemplo desse uso excelso é o pranayama, uma técnica ióguica de respiração que visa concentrar o praticante na busca pela libertação do samsara. Isso vai além da meditação. O pranayama é o sopro divino que atesta a existência de Brahman em tudo. O hindu que pratica a técnica acaba assimilando seu espírito (atman) ao Brahman que a tudo faz respirar. Essas homologações simbólicas são abundantes no hinduísmo.
 
Última edição por um moderador:
Realmente, no nível divino não se separa (pelo contrário, se une). As linguagens e idiomas, bem como a palavra, são também o universo (existem muitos pontos em que não há separação entre estudo e estudioso) e portanto são herdeiras das qualidades do utilizador.

Por exemplo, as gargantas élficas de Tolkien produziam os melhores músicos enquanto os elfos tinham sido melhores que os homens na arte da palavra. Porque é disso que se trata, de arte penetrante e livre igual aos olhos dos elfos.

De modo que uma das manifestações da palavra é o som, também muito aproveitado não apenas em rituais religiosos mas na vida(que é cheia de rituais). E existem freqüências sonoras que podem apagar uma chama de vela tanto quanto é desagradável arranhar unhas em um quadro negro. O som é mais uma variação do que chamamos de poder do toque, que é uma necessidade física humana (a necessidade de amar pelo toque).

E aqui é preciso observar que a palavra mentalizada difere da palavra pronunciada, que é diferente da palavra escrita que é diferente da experiência sensorial humana do utilizador.

A forma como o utilizador encara a experiência sensorial flutua de momento para momento e afeta a relação com o mundo.

Agora, nós sabemos que cada experimento gera uma quantidade infinita de dados, muitíssimo maior do que o observador é capaz de digerir, com um número respectivo e não processável de tabelas. E nessa riqueza de informações a palavra escolhe e resume em significados e emoções a capacidade do utilizador, focalizando a atenção forçadamente e carregando junto dela parte da cultura de um grupo.

Tudo isso é o lado humano da palavra. Mas quando se caminha na direção do aperfeiçoamento das línguas, de todas elas, se pudéssemos comparar e aproveitar o melhor de todas as vozes e línguas em todo o universo, a tendência é haver um idioma mais forte e profundo, de som grave e esteticamente belo, que combine o máximo do significado com máximo da manifestação.

Naquele ponto a criação se aproxima do que foi ordenado pelo verbo bíblico. Ou seja, é um outro nível. É como comparar a foto de um carro com um carro de verdade. Ambas são imagens de um carro e tratam do mesmo carro mas a manifestação é incomparável.

Teve uma vez que notei essas mudanças sensoriais em uma atividade cotidiana. Quando fui aos EUA eu parei em um café na beira do mar junto com o grupo de turismo. Enquanto o grupo ficou livre para visitar a orla eu me sentei numa mesa na calçada e pedi ao garçom que trouxesse uma salada e um suco.

Algumas garotas tinham convidado para ir num lugar comer pizza, mas de algum modo quis ficar sentado olhando a praia enquanto o sabor do que eu havia pedido aguçava cada vez mais o cheiro do mar e a imagem do ambiente. Mas algo mudou no meio do caminho.

Enquanto eu aproveitava o momento o guia chegou de repente enquanto eu estava curtindo e começou a conversar comigo sentado na cadeira enquanto comia uns pãezinhos. A seguir todas as garotas que haviam pedido pizza se levantaram da mesa delas com pratos e taças e sentaram em volta da nossa conversa. (esse final ficou interessante, sentar-se ao redor da conversa).

De algum modo, aquela experiência sensorial havia escapado do controle, expandindo e mudando o significado sem que eu houvesse pedido.

Do mesmo jeito funciona a oração humana. Às vezes ela não possui som, às vezes é um significado imensurável sem palavra mas isso não impede que ela seja ouvida. Em realidade comunicação é um conceito maior que o conceito de palavra. Tanto quanto a luz é mais básica que fogo (que precisa de ar para brilhar). Enquanto que da perspectiva divina a oração é mais que um pedido sendo a condição fundamental para o novo estado.
 
Última edição:
Cara, preguiça de ler tudo isso que já escreveram, então vou simplesmente dar minha opinião e ver os posts seguintes ao mesmo.
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1 No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e Deus era o Verbo.
2 Estava no princípio com Deus.

14 E o Verbo carne foi feito e habitou conosco; e vimos a gloria d'Ele, gloria como que do Unigênito do Padre, plena graça e verdade.

Olha, antes eu vou explicar meu conceito de Trindade, o que é a Trindade para mim: Deus é três e é uno. Sabemos que Deus é composto por Pai, Filho, e Espírito Santo, mas o que é cada uma dessas coisas? Pai, é essencialmente Deus, a forma infinita e completa do Ser Supremo que Ele é. Um dia, Adão comeu o Fruto Proibido. Muito tempo depois, Deus resolveu (resolveu não, né, como onisciente ele já tinha resolvido desde o passado infinito, só estava esperando o Cronos certo) se sacrificar pela humanidade, à fim de que ela não perecesse. Pegou então Deus parte de sua própria essência infinita, e criou Filho. Diga: O que ocorre quando vc tira um pedaço do infinito? Continua infinito. Deus pegou uma parte de si mesmo e transformou em carne, e houve Filho. Já o Espírito, imagino que seria algo como a essência de Deus que percorre todo o Cosmos, e que está dentro de todos nós, mas preciso estudar isso depois.

Tenho também uma teoria de que Pai, Filho, e Espírito Santo, seriam, de um ponto de vista, representações humanas da onisciência, onipotência, e onipresença de Deus (outra coisa que devo estudar mais). Pai é onisciente, sabe de tudo. O Filho é a maior demonstração de poder que poderia haver: Deus em carne, portanto é a onipotência. E o Espírito que percorre o Cosmos: A onipresença.


Voltando aos versículos: Visto que estamos em João, imagino que "Verbo" seria um nome para Messias. Se, em algum momento da história, Deus retirou parte de sua essência e a transformou em carne, então, antes de que ele tivesse feito isso, não havia um Filho. E "o Verbo estava com Deus, e Deus era o Verbo. Estava no princípio com Deus."
E o Verbo carne foi feito e habitou conosco. O Verbo CARNE foi FEITO. Acho que já deu pra entender, né?

Mas pq João chamaria Jesus Emanuel de Verbo? Bom, na Bíblia temos o Antigo e Novo Testamento. Em Gênesis, temos que Deus falava diretamente com, por exemplo, Abraão. Deus falou para Abraão sacrificar Isaque, por exemplo. Até que, na época de Moisés, Deus deu sua Lei Suprema: Os 10 Mandamentos. Todo o Antigo Testamento gira em torno d'Os 10 Testamentos e das Leis de Moisés.
Já no Novo, veio um cara: Jesus. Ele mudou a coisa toda, mudou todas as Leis. Antes era "Olho por olho, dente por dente", mas Jesus disse que devemos dar nossa outra face. Em um período d.C, vivemos seguindo a lei de Cristo.
Onde quero chegar: Assim como Moisés foi porta-voz de Deus no Antigo Testamento, Jesus nos é porta-voz no Novo Testamento. E Jesus é o Verbo, que trás a palavra dAquele que está no Reino Eterno.

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OFF: Calion, tenta usar menos o termo Catolicismo, pq várias outras religiões seguem a Bíblia como verdade, ok?
 
Se a Trindade é consubstancial como é que você pega uma 'parte' dela? O que é uma 'parte' da essência?

Só se divide aquilo que pertence à matéria, a forma (eidos) é pura essência, não se divide porque não se trata de matéria mas de uma formação una e indivisível. A Trindade TODA é Deus, onipotente, onipresente, eterna, imutável etc.

Isso é bem complicado mas podemos dizer que se não podemos explicar a Trindade podemos dizer que os nomes de seus membros se definem pela sua relação mútua.

O Pai é a fonte da Trindade. Dele é gerado preeternamente (sim, antes da Criação e do próprio tempo) o Filho e do Pai se processa o Espírito.

O Verbo existe com toda a Trindade, consubstancial e divina, o Mesmo Deus, desde sempre. Em nenhum momento se dá a geração do Filho e a processão do Espírito. Esse processo é eterno.

Católicos creem no filioque, que o Espírito procede do Filho também, mas isso quebra a monarquia do Pai segundo a teologia ortodoxa, além de ter criado uma série de problemas teológicos que afastaram ainda mais ortodoxos de romanistas.
 

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