Meu irmão (Fernando) está lendo os livros da saga Crônicas do Gelo e Fogo e inspirado nela criou uma fã-fic baseada na obra do Mestre George R.R. Martin. Como eu achei que ficou muito bom, resolvi compartilha-la a fim de termos um retorno critico do pessoal por aqui. E quem sabe futuramente teremos mais um escritor de obras de fantasia fantástica brasileiro renomado
P.s.: Avilan e Wolkarin são os dois continentes onde se passa a história.
-----------
Capitulo 1
Ernand
O dia estava ensolarado em Tawreos. As mangueiras estavam cheias, e ocasionalmente, uma manga caía. Perto dali, Marq Winnie estava brincando com uma espada de madeira, acertando um oponente de palha.
- Vá com calma, não está em um torneio - disse seu irmão, o Príncipe Ernand. - Faça movimentos mais ligeiros, pelos lados. Não por cima.
O irmão olhou-o, olhou para o boneco e voltou a bater nele como antes.
- Quero fazer do meu jeito.
- Do seu jeito você morrerá em seu primeiro combate de espadas de aço com gume.
Marq bufou, e passou a golpear como o mais velho ensinara.
- Continue treinando. Falarei com o rei.
- Papai está com o meistre Ameon - Disse entre um golpe e outro. - Ele tropeçou e machucou a mão.
Tropeçou? Mas ele não tropeça quando está sóbrio. Será que bebeu muito vinho? Ernand esqueceu o pensamento, e foi de encontro ao rei.
Deixando o irmão treinar, dirigiu-se à torre do meistre. Encontrou-o conversando com seu pai. Quando o meistre o viu, fez uma reverência e
disse :
- Bom dia, meu príncipe. o rei Robin tropeçou no pátio e machucou o punho. Abriu um pequeno corte, mas já fiz o curativo.
- Obrigado, meistre. Meu pai estava bêbado? - Soltou uma gargalhada.
- Bêbado o cacete - respondeu o rei. - Estava sóbrio, e muito. Apenas tropeçei em uma maldita pedra.
- Certo. Obrigado por seus serviços, meistre.
- Não há de que, meu príncipe. A propósito, chegou uma carta de Costa Negra. Lorde Dickon vem nos visitar, com a senhora Tyene e os filhos.
- Uma boa notícia - disse o rei. - Lorde Dickon é um bom amigo meu. Me ajudou na rebelião dos Hosterlin, há de dezoito anos atrás. Já lhe contei a história?
Só uma centena de vezes. O rei contava para seus filhos homens mais histórias de suas aventuras do que a ama de leite falava de cavaleiros, donzelas e dragões.
- Se quiser contar, conte-a. O meistre dirá se há mentiras nelas. - O príncipe sorriu.
- Tudo bem - sentou-se em um banco e começou a falar - O ano era de 744, o reino estava em paz, mas Arys Hosterlin, então senhor das Ilhas chuvosas marchou contra a Costa negra. Marchou não, navegou, pois não se pode andar na água. - Sorriu. - Chegou lá com vinte mil homens e uma centena de navios. Disse que ia conquistar Costa Negra, e se auto proclamar rei das Ilhas Chuvosas e da Costa Oeste. Pois bem, Dickon Ryger pegou em armas e nós, os Tawhunter, também. Somadas, nossas forças chegavam a cento e vinte mil homens.
"Foi uma guerra fácil de ser vencida. Mas meu pai, o Rei Royne terceiro, foi morto pelos Hosterlin. Na última batalha eu lutei em combate singular com Timeon, herdeiro das Ilhas Chuvosas, e o matei na Colina Vermelha, com um golpe que fez as tripas dele saltarem para todos os lados" O rei soltou uma gargalhada.
- Boa parte é verdade - disse o meistre. - Mas nenhuma tripa foi para fora.
- É só para dramatizar a situação, meistre. Os cantores adoram fazer isso.
- E as amas de leite também - disse Ernand. - Bem, meistre, que vem fazer Lorde Dickon aqui em Tawreos?
Meistre Ameon sentou num banco e limpou a garganta.
- Primeiramente, ele está vindo para o Banquete Real, em honra à visita do Rei Marq Robert, da Península de Jorqen. E segundo... - Sua voz tornou-se mais pesada. - Ele acredita que os Tullish estejam planejando uma guerra para conquistar o norte, vossa graça.
Ernand ficou surpreso. Os Tullish eram aliados dos Tawhunter havia mais de dois séculos. O rei Edward morrera havia um mês, e seu filho, hoje o Rei Dixon, sempre fora avesso ao pai. Enquanto Edward era bom e amigável, Lewis era arrogante e orgulhoso. Nunca achava demais maltratar um criado ou um plebeu. Ernand não gostava do novo rei do Sul, e Robin também não.
- Se isso for verdade, teremos que reunir todo o nosso poderio, e ficar nas muralhas.
- Nas muralhas? - Ernand perguntou, surpreso - Mas sempre dizem que os covardes se escondem atrás de muralhas.
- Isto é besteira, Ernand! - respondeu o rei, irritado - Todos sabem que é mais fácil vencer nas muralhas, e essa conversa é apenas para intimidar.
- Como quiser. Mas o sul ainda é mais populoso.
- Eu sei. Mas nossa "boa vizinhança" faz com que formemos muitas alianças. E se não houver, podemos fazer com casamentos.
- Como assim? - perguntou Ernand, ansioso - Eu com quem?
- Não só você... - respondeu o rei - o Marq, a Ticy, a Sophie e Elizabeth. Vou aproveitar minha grande prole e ganhar alianças para a guerra - o rei soltou uma gargalhada. Ernand Sorriu.
- Vamos voltar para o pátio, pai?
- Sim filho. Obrigado, meistre.
- Não há de que, vossa Graça. - Ameon reverenciou-o.
Desceram as escadas da torre do rei, e foram ao pátio de treinos, onde alguns jovens treinavam, fazendo o som que Ernand mais gostava : Aço batendo em aço. Marq Winnie veio correndo dos estábulos, com um sorriso no rosto.
- Papai! O tio Marq Robert está aqui?
Mas ele já chegou? Será que já conseguiram terminar os preparativos?
Um sorriso surgiu no rosto do rei. Marq Robert era um grande amigo dele, e marido de sua irmã, Pricille.
- A rainha Pricille também veio? - Perguntou Robin
- Sim! Ela, o príncipe Lewis Edward, e quase toda a corte.
O semblante do rei e príncipes era o mesmo, todos sorrindo nitidamente, de orelha a orelha. Mais uma manga caiu, a três metros de Ernand, e foi rolando até junto de seus pés.
- O filho da mãe chega sem avisar! Não tivemos tempo de terminar o banquete! - o rei soltou uma gargalhada e os príncipes riram com ele.
Ernand se despediu dos dois, e foi à procura das irmãs. Procurou em suas torres, no grande salão, na cozinha, e encontrou-as no Jardim das Flores, com as três correndo entre bromélias, rosas e margaridas. Ticy tinha um cravo nos cabelos, Elizabeth trajava uma roupa simples, e Sophie estava com os cabelos emaranhados.
- Senhoras - disse Ernand, com o braço apoiado em um tronco de carvalho, - O rei Marq Robert, da Península de Jorqen está em nosso castelo, junto dele estão a Rainha Pricille, o Príncipe Lewis Edward e toda sua corte jorqense.
- Diz a verdade, irmão? - perguntou Ticy, com receio.
- Sim querida irmã, digo a verdade.
- A ultima vez que vi o tio foi há quatro anos! - disse Sophie.
- Eu estava em Weinfeld, mas cheguei a tempo de vê-lo. - acrescentou Elizabeth.
- Sim Sophie, eu lembro. - Ernand desencostou-se da árvore - Acho melhor as princesas se arrumarem para saudar o rei.
- Tens razão - disse Ticy, alizando as saias. - Vamos irmãs, o rei merece o melhor.
Após de despedir da princesas, Ernand dirigiu-se a seu quarto. Passando pelo pátio de treinos, mais uma manga caiu. Ele olhou-a, e viu que se estragou na queda. Pegou a manga e jogou-a em outra, ainda na mangueira, que estava mais bonita. Pegou o punhal e começou a corta-la e comê-la ali mesmo, com o doce sumo escorrendo pelo queixo. babando
Enquanto passava pelos estábulos, não pode evitar a conversa de dois guardas próximos.
- A princesinha é engraçada - disse um deles, alto e magro, com cabelos grisalhos.
- Quem, Sophie? - perguntou o outro, com uma barriga saliente.
- Sim, a própria - respondeu o primeiro.
- Mas porquê? - o barrigudo estava em dúvida.
- Você já viu ela com os cabelos emaranhados? - perguntou o grisalho com um tom zombeteiro.
- Já. Porquê?
- Porque ela parece um leão desengonçado! - e soltou uma gargalhada.
- Haha! É verdade! E corre como uma pata!
Ambos desataram a rir, enquanto o rosto de Ernand enrubrecia. Chegou por de trás de ambos e disse :
- Sores. Devo lembrar-vos que a proteção da Princesa Sophie está sobre vossas responsabilidades? Se ouvir mais uma conversa deste, ou de pior nível, envolvendo alguma de minhas irmãs, cortar-lhe-eis a língua. Ou seria melhor enfrentar-los em uma justa?
Os guardas troçeiros empalideceram. Ernand tinha, com 15 anos, um metro e noventa e cinco, e era forte como um touro. Além disso, era ágil com a espada.
- Perdão, meu príncipe. - disse o gordo - Juremos pela Mãe e pelo Pai que não faremos mais isto.
Acho que sou temido. Ou será respeito? Um pouco de cada está bom.
- Melhor assim. Voltem a seus trabalhos.
Quando chegou a seu quarto, sentou-se na cadeira e chamou o escudeiro
- DEN! Venha cá garoto.
O menino veio. Tinha apenas 12 anos, mas Ernand o achava bom arqueiro para a idade.
- Me chamou, senhor. Príncipe?
- Sim. Prepare meu banho.
Após o garoto sair, Ernand despiu-se e entrou na banheira. Quando terminou, voltou a chamar o escudeiro. Que chegou tímido, mas quando entrou no quarto, arregalhou os olhos.
- Que cara é essa, Den? Já viu-me nu muitas vezes. Olhe para mim, nos meus olhos. A cabeça de cima, não a de baixo - soltou uma gargalhada. O garoto ficou vermelho como um tomate.
- Você esqueceu de minhas roupas. Ande, pegue minhas roupas de baixo, meu gibão de couro, meus calções e minha armadura. - Den ficou imóvel.
- Vá!
Com a ajuda de Den, Ernand vestiu-se e colocou a armadura. O peitoral era de aço dourado, com o urso, símbolo de sua casa, cercado por turmalinas. Os olhos do urso eram rubis, Em cada um dos ombros, um urso nas manoplas. O elmo era uma cabeça de urso rugindo. Seu manto era verde, com o urso em marrom. As cores da casa Tawhunter.
Após se vestir, foi ver o tio, na torre de honra. Enquanto descia as escadas viu um gato arisco, todo negro, com um rato na boca.