Bom, confesso que ao menos 20% do que ele disse eu realmente não entendi, porque ele realmente fala muito rápido, quando não resmunga/come algumas palavras, hehehe.
Sorry! Preciso de um curso de inglês urgente...
Mas vamos por partes, porque o tema rende!
Ótima contribuição, Lew. Fantástico o vídeo! Foram minutos muito bem gastos. Eu concordo contigo que esse vídeo talvez gere um tópico a parte, mas não sei se o assunto é o interesse do pessoal. Eu também não entendi muito bem como funciona a mente dele, mas se entendesse, seria um gênio também. Acho que ele possui algum tipo de sinestesia, sei lá.
Provavelmente sim, pois todas as pessoas dotadas de uma forma de raciocínio não-linear têm algum tipo de memória associativa a algum sentido físico. Ele usa janelas de vidro para poupar papel, mas o uso do vidro deu a ele maior noção de profundidade - o que quer dizer que ele têm uma excelente noção espacial/de proporção, ou seja, o tato aliado à visão. Posso estar enganada, mas Jacob Barnett usa dodecaedros e formas geométricas coloridas para compor seus cálculos - estou procurando as referências para postar aqui - e isso indica uma forma de raciocínio tridimensional, que escapa ao linear conhecido. O que quero dizer com
linear e não-linear a gente vê adiante, para o post não ficar repetitivo.
A ideia do "stop learning and start thinking" é muito boa, mas acho que deve ser avaliada com cuidado, justamente pq não acho que a principal implicação seja a desconstrução dos métodos de ensino atuais. No final do vídeo ele pergunta se Einstein e Newton realizaram suas proezas matemáticas apenas por serem gênios. Com certeza a resposta é não. Como o próprio garoto diz, o mundo está cheio de indivíduos com elevado QI que não conseguem usar o máximo de suas capacidades. Em termos objetivo, QI não é uma condição suficiente para grandes proezas. Será talvez uma condição necessária? Eu acho que sim.
Isso quer dizer que se todos nós pararmos de aprender e começarmos a pensar seremos como Einstein, Newton ou então Jacob Barnett? Duvido muito. Isso não quer dizer que não possamos tirar algum proveito disso, né? Talvez se as escolas e as empresas estimulassem esse "tempo criativo" (mas pra valer, tipo por 24 hrs, como ele falou - e não como uma brincadeira de 1 horinha), então poderíamos encontrar resultados interessantes - Desde ideias criativas até o descobrimento de potenciais gênios.
Creio que a pessoa não precisa ser um gênio, criança-índigo ou ter um QI muito além da maioria das pessoas para descobrir como sua mente funciona. O que pude ler nas entrelinhas de sua teoria é o fato de que, por ter uma forma de raciocínio diferenciada, ele foi diagnosticado como problemático. Aí é que começam os problemas com os sistemas didáticos atuais.
As crianças, durante o período de aprendizado e na aquisição da bagagem de conhecimento, não são tratadas de forma individual, mas como uma massa uniforme. Não é de agora que descobrimos gênios que, na época escolar, eram tratados como 'alunos problemáticos', pois o sistema didático não se adequa às suas necessidades, e aos diferentes tipos de inteligências existentes. É óbvio que Barnett, assim como Einstein, Newton, Thomas Edison e tantos outros possuem certas áreas cerebrais ativas que permitem um raciocínio não-linear, mas trabalhar a inteligência específica daquele aluno não é difícil. Digo isso porque Barnett teve a incrível 'sorte' de ser diagnosticado autista, e sua educação foi trabalhada de forma diferente.
O erro do sistema didático atual, assim como a maioria dos testes de QI, é deduzir que todo ser humano em idade de aprendizado detém um
raciocinio linear: aquele regido pelo lado esquerdo do cérebro (também deduz que toda criança seja destra, o que é absurdo), com capacidade para aplicar a metodologia aprendida, adicionada à velocidade no processamento de cálculos, para obtenção de resultados. Isso é um erro terrível. Um teste de QI pode até detectar um gênio com incrível velocidade de processamento de cálculos mentais e de dedução lógica (testes sempre baseados em cálculos matemáticos), mas jamais irá detectar um gênio da arte, da comunicação ou da música, que por excelência têm um raciocínio não-linear.
O
raciocínio não-linear é caracterizado pelo uso do lado direito do cérebro (o que gera indivíduos canhotos ou ambidestros), com capacidade para abstrair a metodologia aprendida e, a partir do acúmulo de bagagem cognitiva, não somente processar, mas criar resultados novos. São indivíduos que possuem certo nível de sinestesia e criatividade acima da média, mas baixa capacidade de processamento de cálculos. São áreas completamente distintas do cérebro humano em atividade, que caracterizam o
conceito de Inteligências Múltiplas.
Portanto, a 'sorte' de Barnett foi a de ter sido tirado do ambiente didático linear, tendo outras áreas do cérebro estimuladas, despertando sua capacidade cognitiva diferenciada - pois se ele tivesse sido mantido no sistema tradicional, seria considerado um 'aluno problemático', com dificuldades de aprendizado e baixo rendimento escolar, além de dificuldades de relacionamento interpessoal. Tudo bem que o sistema de educação especial não surtiu tanto efeito visível sobre ele, mas decerto abriu conexões e atividades neuroquímicas o suficiente para que ele 'desabrochasse' sua capacidade cerebral sem as amarras do ensino engessado.
Penso que o pior erro do sistema didático atual é não levar em consideração o conceito de Inteligências Múltiplas, analisando individualmente cada criança e encaminhando-a um sistema de ensino que seja adaptado e adaptado às suas capacidades cognitivas dominantes, de forma que ela adquira a bagagem de conhecimento necessária ao indivíduo adulto, mas de forma a possibilitar esse desabrochar das capacidades totais.
A parte de como o raciocínio dele funciona eu nem prestei atenção direito, Seiko. Mas acho que é bem nessa linha que você e o Grimnir expuseram, pelo pouco que entendi.
Mas tem um equívoco no que você disse: não é que ele criou uma teoria sobre parar de aprender e começar a criar e, bom, não vejo como algo nesse sentido possa ser comprovado ou não. O ponto dele é: chega um determinado momento que, para criar coisas novas, você precisa se desvincular daquilo que está em voga, precisa ser criativo, you need to think outside the box (a expressão é essa mesmo? Corrijam-me se estiver equivocado.). E ele exemplifica suas ideias através de Newton e Einstein, sujeitos que revolucionaram a física, a ciência e a nossa maneira de enxergar o mundo através de suas ideias. Mas perceba que a proposta dele é muito mais geral: essa quebra de paradigma, por assim dizer, deve acontecer em qualquer área.
Perfeitamente, Lew. Tu pegou o cerne da teoria dele: a quebra de paradigmas, ao olhar pra fora da caixa. O ruim é que o sistema didático nos educa e nos engessa, desde cedo, a só olhar para dentro dela. Indivíduos com raciocínio linear conseguem ir bem, como já expliquei, mas indivíduos de raciocínio não-linear costumam enfrentar muitas dificuldades. Vou dar um exemplo simples de como eu via a escola, antes de entender como a minha mente funciona, e depois desse processo - claro, eu
não estou comparando ou igualando minha capacidade cognitiva à de Barnett, porque seria absurdo demais. Ele de fato é um gênio, eu não - para esclarecer alguns pontos.
Sempre tive muita dificuldade em exatas. Tomando o conceito de raciocínio linear/não-linear, nasci canhota, mas fui educada como destra para me adequar ao sistema didático (claro, é mais fácil para uma professora ensinar uma criança destra a escrever), o que desenvolveu certo senso de ambidestria. Na escola, tinha dificuldades terríveis de relacionamento, em exatas e análise sintática, mas era excelente em redação, em artes e esportes. Com sorte, fiz reforço escolar com uma professora que apresentou uma forma de cálculo onde aprendi a raciocinar com porporções, e não com fórmulas - desperta essa capacidade, comecei a empregar a capacidade de processamento de cálculos por proporções, cores e imagens, ao invés de fórmulas prontas e lineares.
Isso ficou evidente na faculdade de design, onde a maioria se matava em 'desenho técnico' (matéria exclusivamente exata, que lida com geometria e cálculos para desenhos tridimensionais de produtos para que sejam desenhados de forma matematicamente exata) e eu tirava as maiores notas. Por que? Porque ali tinham indivíduos com a mesma capacidade cognitiva que a minha e o mesmo perfil neurológico - canhotos e ambidestros, músicos, artistas plásticos e ilustradores, terrivelmente ruins em exatas e em raciocínio lógico - mas ainda engessados pelo método de cálculo do sistema didático linear, que lhes foi marretado desde cedo e eles ainda tinham dificuldades terríveis. A diferença é que aprendi a adequar a informação à minha forma de raciocinar - cores, formas e proporções - ignorando as fórmulas prontas dadas pelo professor.
O resumo: essa quebra de paradigmas só acontece quando identificamos e eliminamos as amarras impostas à capacidade cognitiva inerente a todos, nesse caso, implementadas desde cedo pelo sistema didático que tende a uniformizar os indivíduos, facilitando o processo para os educadores, mas abafando ou até anulando capacidades raras de garotos como Barnett, que são gênios em potencial.
E o Grimnir tocou num ponto fundamental: temos que entender a proposta do garoto com cuidado. Ok, Newton e Einstein pararam de aprender pra criar a Mecânica Clássica e a Relatividade Especial e Geral, respectivamente. Mas, antes disso, eles aprenderam PRA CARALHO. Nós devemos sim parar de aprender, largar os livros num certo momento, mas apenas depois de termos uma bagagem considerável e, evidentemente, pessoas diferentes demandam tempos diferentes pra adquirir essa bagagem. Ele aprendeu em duas semanas o que eu estou estudando na faculdade há quatro ANOS. Com 14 anos, ou até antes, ele já tinha conhecimento suficiente pra parar de aprender cosmologia e começar a criar. Eu sequer entendo cosmologia, então não adianta eu resolver começar a criar em cima de algo que sequer aprendi.
Esse é o ponto chave da teoria dele. Ele aprendeu em duas semanas o que você precisou de quatro anos por dois motivos: primeiro, por obviamente ter uma linha de raciocínio totalmente não-linear (lado direito do cérebro) aplicado ao conhecimento puro em exatas (lado esquerdo do cérebro), o que dá a ele áreas cerebrais ativas extras + mais conexões neurais para o processamento da informação. Segundo, porque ele não aprendeu por um professor, mas adaptou a carga de informação à sua capacidade cognitiva. Ele não foi marretado por um sistema linear que obriga a decorar e aplicar fórmulas, mas ele primeiramente absorveu o conceito do que estava aprendendo, e depois aplicou a metodologia. A maioria acha física, cosmologia e matemática muito hard porque faz o processo completamente inverso.
'Perguntar pelo João sem conhecer o João' é impossível, por isso ele precisou aprender sobre
o que pensar, antes de pensar - mas a ele não foi imposto 'como pensar'. Tendo memorizado a carga teórica sem amarras, ele digeriu e memorizou tudo de acordo com sua capacidade cognitiva - e o mais interessante, sem ficar com o nariz nos livros em tempo integral, tentando decorar isso ou aquilo. Isso faz dele um gênio: a sua capacidade de aplicar o que aprendeu, à sua forma, e reter tudo isso sem dificuldades.
Em certa medida eu acho que é isso que o Google faz quando concede 20% da jornada de trabalho para os seus empregados trabalharem em seus projetos pessoais. Eu não sei até onde isso é um mito, mas a ideia parece ótima. Com certeza vai ter muita gente usando os 20% pra pensar em besteira, mas aqueles com potencial vão ter maior chance de aproveitar esse tempo.
O Google é hoje uma das maiores megacorporações do planeta não por um motivo à toa, mas por atuar como uma mega laboratório experimental de neurolinguística em tempo integral, que valoriza seu material humano não somente como material humano, mas como amostragem. Já é cientificamente comprovado que os períodos de 'ócio criativo' não são só necessários, mas são fundamentais para grandes criações - que é a matéria-prima do Google, diga-se de passagem.
Só que, num mundo onde isso é ainda visto como coisa de gente louca, é uma realidade que iremos demorar para presenciar a chegada dessa leitura neurolinguística em empresas mais conhecidas.
Eta post comprido. Se alguém leu tudo, comenta aí...