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Notícias Mano vê Brasil sem padrão e critica estrutura da CBF

Turgon

Mugiwara no Ichimi
Demitido da seleção brasileira em novembro do ano passado, Mano Menezes está de volta ao cenário. Ainda sem emprego, é verdade, mas com opiniões fortes e o desejo de ver o futebol brasileiro mais bem estruturado no futuro. Para o técnico, o ponto de partida da mudança tem de ser a Confederação Brasileira de Futebol.

- Penso que a nossa estrutura na CBF, como instituição voltada para o futebol, deixa a desejar – declarou o treinador em entrevista exclusiva ao Globo, na tarde da última segunda-feira, em São Paulo.

Mano Menezes, que ficou de julho de 2010 a novembro de 2012 no comando da seleção brasileira, estipulou um prazo para retomar o trabalho como técnico (ou pelo menos voltar a analisar propostas): 11 de junho, dia em que completará 51 anos de idade. O treinador entende que sua missão agora é ajudar o futebol pentacampeão do mundo a encontrar um padrão, algo que ele não vê mais presente no país.

- Não temos padrão. Não sabemos como o futebol brasileiro joga. Se você olhar na Alemanha, há isso. Invariavelmente, todas as equipes da Bundesliga jogam muito parecidas. Isso é padrão – acrescentou o treinador, que por conta disso não acredita que a Seleção chegará como favorita à Copa do Mundo de 2014.

Em uma conversa de pouco mais de uma hora, Mano explicou como foi sua demissão da seleção brasileira, disse que deixou seu planejamento com Carlos Alberto Parreira, falou sobre o futuro de Neymar e também a respeito de Andrés Sanches e do desafeto Romário, que o acusou de fazer “esquema” na CBF. Leia a íntegra da entrevista:

Como você recebeu a notícia de sua demissão da seleção brasileira? Acha que foi traído pelos dirigentes da CBF?

Mano Menezes: Recebi um convite para dirigir a Seleção em outra administração (sob o comando de Ricardo Teixeira). Iniciei e conduzi como achei que tinha de conduzir. Sabia que os primeiros momentos seriam duros, porque iríamos fazer uma renovação muito grande. E não tem renovação sem preço. Tínhamos uma consciência muito grande disso. Quando houve a alteração na presidência (Teixeira renunciou e deu lugar a José Maria Marin), tivemos uma conversa como gosto de ter. Sentei com o novo presidente e com o Andrés Sanches (então diretor de seleções), porque quem trabalha no futebol sabe que hierarquia é importante. Disse ao presidente, então, que entendia o direito dele de escolher o profissional que achava mais adequado para dirigir a seleção brasileira, porque é um cargo de extrema confiança. Coloquei essa situação muito clara para que ele tomasse as decisões que queria tomar. E que a única coisa que eu queria nesse processo todo era respeito profissional. E quando ele tomou a decisão da troca de treinador, eu acho que estava exercendo o direito dele. A maneira como isso foi feito, um pouco mais para cá ou um pouco mais para lá, cabe ao presidente, porque é da responsabilidade dele. Não me senti traído, apenas frustrado. Ainda mais num projeto dessa magnitude, na seleção mais vencedora do mundo. Iniciei um trabalho de quatro anos e quando as coisas começaram a engrenar, com mais ou menos dois anos e meio, eu saí. Não me sinto magoado e não tenho rancor, até porque nunca fui assim na minha vida.

Ser demitido na sua melhor fase na Seleção e não ter mais a chance de dirigir o time na Copa do Mundo no Brasil aumentaram a frustração?

Não pelo fato de a Copa ser no Brasil. Dirigir a Seleção é sempre uma missão grandiosa. São poucos os técnicos que receberam essa chance. Vou continuar sentindo muito orgulho por ter feito esses dois anos e meio da maneira que achava que deveria. Mas é óbvio que eu me sinto frustrado pela interrupção.

Você se sentiria mais respeitado, talvez, se tivesse sido demitido após um resultado ruim, se é que a medalha de prata pode ser considerada ruim?

Não cabe a mim fazer avaliação se deveria ser no primeiro momento ou no segundo. Não houve o aproveitamento de um resultado (para mandar embora). Se não, teriam feito depois da perda da medalha de ouro. As pessoas que tomam essa decisão têm sua responsabilidade. As escolhas são difíceis, assim como as minhas como o treinador. Eu convocava e convivia com contestações e incompreensões. O dirigente também. Eles sabem o que estão fazendo. E provavelmente pensaram fazer o melhor.

Certamente, o Ricardo Teixeira conversou com o Marin ao entregar a presidência. Talvez tenha até pedido que você fosse mantido no cargo. Mas com sua demissão, seria natural fazer o mesmo e passar para o Felipão tudo o que foi feito antes. Isso aconteceu? Você e o Felipão conversaram?

Não tenho conhecimento sobre o tipo de relação do Teixeira com o Marín. Conhecendo o Ricardo Teixeira como conheci nesse período, acho difícil que ele tenha feito algum tipo de pedido. Ele não interfere no trabalho de ninguém. Sempre te dá liberdade para fazer o que acha que deve ser feito. Presidente não pode estar toda hora conversando com seu técnico, dizendo que deve ser feito isso ou aquilo, se não ele estará tirando a autoridade do seu treinador. E se tem alguém que não pode perder autoridade para conduzir um time de estrelas, esse alguém é o técnico. Do técnico para o técnico, esse é um dos grandes problemas que a estrutura da CBF tem. Você não pode, quando sai alguém, não ter um profissional para deixar o que foi feito até então. E a CBF não tem essa pessoa. A CBF tem de ter um manager. Alguém efetivo, que não depende do técnico que chegue ou saia. Exatamente porque você precisa ter nessa pessoa todas as informações. E a pessoa que chega, no caso o Felipão, vai concordar ou não, vai fazer as modificações que quer. Mas precisa saber. Pela relação que vinha tendo com o Parreira (coordenador técnico da Seleção), já que várias vezes conversamos porque o procurei e tive nele uma pessoa muito correta para conversar sobre experiência, deixei todas as informações com ele. Ali tinha tudo especificado, número de convocações, tempo jogado, desempenho na Seleção... Obviamente que o Felipão teve conhecimento disso.

Quando assumiu a seleção brasileira, em julho de 2010, você fez uma renovação quase que total em relação à Copa do Mundo da África do Sul. Acha que isso atrasou o processo de construção da equipe?

Não acho que tenha atrasado, estava tudo dentro de um cronograma aceitável para o caminho que escolhemos. Sempre coloco isso com muito cuidado, porque as pessoas podem dizer que a escolha de ter feito uma transformação desse tamanho foi do treinador. E realmente foi minha como treinador. Então, não tenho de reclamar disso. Apenas tenho de entender que as pessoas não compreendem. No contexto do torcedor, ele quer ver a Seleção ganhando mais. E certamente eu poderia ter escolhido esse caminho mais fácil. Mas queríamos um caminho que, inclusive, contemplaria uma transformação do jeito de jogar, que paralelamente foi uma das bandeiras levantadas à época. Isso tem um custo. Tínhamos de passar por esse caminho e trabalhamos para passar com menos traumas possíveis.

Você participou do processo de reconstrução do Corinthians e viu o clube crescer em estrutura. O que você encontrou na CBF ao assumir estava muito aquém do que o futebol brasileiro representa para o mundo?

Essa é uma questão importantíssima para tratar. E deixando bem claro que não tem nada a ver com nomes individuais, porque essa é uma outra coisa que sempre fico triste quando abordamos os assuntos do futebol brasileiro. Se você fala uma frase, alguém sempre pensa que você está dirigindo a alguém. E nós gostamos de fazer isso, pessoalizar para criar polemica. Aí o outro responde, “brigamos” e não avançamos na discussão. E precisamos avançar sem brabeza, sem biquinhos. Apenas com ideias, discutindo as minhas com as de outros, de dirigentes, como gente grande, madura, porque me parece claro que não está bom. E quando não está bom, você precisa propor algo diferente. Caso contrário, vai continuar não estando bom. Penso que a estrutura na CBF, como instituição voltada para o futebol - e não estou envolvendo questões políticas -, deixa a desejar. Nós não temos um centro de treinamento adequado. O nosso foi feito com base em outra realidade, em outros tempos. É localizado em um lugar (Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro) que não favorece no período das competições mais importantes, que são no meio do ano. E nós sabemos que o clima da serra é pior nesse período. Temos questões de neblina, de deslocamento. Tudo isso precisa ser mais prático e mais atual. Quando ele foi feito, foi ótimo, mas hoje não é mais. Estava sendo planejada a construção de um novo centro de treinamento. E se discutiu muito o que seria contemplado nele. E eu defendo que a CBF deveria ter um centro de excelência, como outros esportes têm e outras seleções também. Isso é uma parte da história. E a outra é como a gente vê tudo isso, os profissionais que vamos trazer. Escolhas com filosofia muito clara. Fizemos uma escolha para a base (chamando Ney Franco para comandar a base e dirigir a seleção sub-20) e vimos o resultado. Essas escolhas são importantes. São elas que vão modificar o futebol brasileiro.

Esse resultado que você diz foi com Lucas, Neymar e Oscar?

Claro! Quando o Ricardo Teixeira pediu que eu fizesse paralelamente a coordenação das categorias de base, eu perguntei se era possível fazer um trabalho como eu acreditava. E ele disse: “faça o trabalho como você acha que deve fazer”. Mas não tínhamos até então um técnico com a capacidade e a trajetória que o Ney Franco tinha. E os jogadores que estávamos levando para a Sub-20 já eram titulares em seus clubes. Então, não cabia o mesmo tipo de comportamento que tinha até pouco tempo. Não que os outros não fossem bons, mas hoje a realidade é outra. Os jogadores se tornam titulares precocemente em seus times. E é preciso dar uma referência mais forte na Seleção. Esse foi o primeiro entendimento. Depois, tivemos de acumular o cargo, porque tínhamos de pagar um salário mais alto ao Ney e então demos também a coordenação geral. Fizemos, então, uma pesquisa rápida e poucos jogadores da base estavam chegando à seleção principal. Mas vimos resultado num curto espaço de tempo. Hoje temos Fernando, Lucas, Oscar e Neymar convocados para a Copa das Confederações. Lembrando que esse trabalho começou em 2011 e estamos em 2013.

No Brasil, pode parecer crime dizer que a Seleção não é favorita à Copa. Mas pensando friamente, é errado pensar que em 2018 o time estará mais maduro e mais pronto para vencer do que em 2014?

Não é errado pensar que em 2018 a equipe vai estar mais madura. O que é errado pensar é que ela não tem condições de ganhar em 2014, porque um futebol talentoso como o nosso sempre é capaz de ganhar uma Copa do Mundo. Da mesma maneira que perdemos algumas sendo favoritos, nós podemos ganhar uma não sendo. E isso (favorito) tenho certeza que não seremos até 2014. Tem outras seleções que vão chegar num estágio mais adequado e com mais maturidade. Uma delas é a Alemanha, que começou na Copa do Mundo da África do Sul esse processo. Alguns anos atrás, eles reuniram pessoas competentes para fazer uma análise do futebol e viram que não era mais o futebol de antes. Isso se estendeu como estrutura para todo o futebol alemão. A Alemanha fez isso muito bem.

O saudosismo do talentoso futebol brasileiro impede os dirigentes de terem a humildade de reconhecer que é necessário evoluir?

Penso que o fato de nós sermos a seleção que mais ganhou títulos, que jogou todas as Copas, que até quando não ganhou foi longe é a maior dificuldade para entender que os outros avançaram mais do que nós. Neste momento, não somos o melhor futebol do mundo. É difícil aceitar isso. Isso acontece dentro de um clube também. Quando se torna ganhador com determinado grupo é difícil aceitar que ele está acabando, porque aquilo é muito forte, os jogadores são importantes, o treinador também, e a direção às vezes demora a fazer a modificação. Agora é o momento propício para discutirmos algumas situações.

O jogador brasileiro divide muito a atenção no futebol com compromissos comerciais, eventos... Os europeus têm mais facilidade de foco?

Não acho que esse seja um problema exclusivo dos jovens brasileiros que estão chegando à Seleção. É uma questão da estrutura que o futebol tem hoje. Os números ficaram muito grandes e as exigências também passaram a ser maiores. Não basta só jogar futebol. Os envolvimentos com a imagem trazem outras coisas. E ele se tornou algo que não era até pouco tempo no futebol brasileiro. O jogador, inclusive, era visto com certo receio para algumas questões sociais, ele era meio marginalizado, visto até com certo preconceito. Hoje isso existe ainda, mas não para o uso da imagem, nem para as questões sociais. Isso criou uma necessidade de assumir novos compromissos. Existem pessoas gerindo a carreira e eles viram nisso uma possibilidade de maior ganho. E ninguém vai dizer ao jogador que ele não deve ganhar isso. A imagem é algo muito peculiar. Uns são muito aceitos, como imagem de mercado, outros nem tanto. Mas na medida em que você tem mais compromissos, cria-se um problema objetivo, que é deixar de entender que o principal continua sendo o futebol E se o futebol deixar de existir e o atleta parar de gerar expectativa, todo esse paralelo também não vai existir. Com raras exceções.

O Neymar, obviamente, é um exemplo claro desses jogadores que têm muitos compromissos comerciais e gera enorme expectativa dentro de campo. Você vê o atacante pronto para a Copa do Mundo? Acha que a CBF está certa em tomar a decisão de blindá-lo enquanto estiver convocado?

É uma questão subjetiva se alguém está pronto ou se falta um pouquinho para ficar mais maduro. Pela juventude, ele está em desenvolvimento. Mas um ano às vezes provoca muitas modificações. Uma coisa é sempre ser elogiado. Outra é ser elogiado e criticado. É preciso contemporizar, separar as boas das ruins. Precisa ouvir, ler e isso vai transformá-lo em outro profissional. De resto, é realmente inteligente a CBF proteger. Quando estava na Seleção, eu, numa discussão sobre desgaste físico, disse que o lugar que ele mais descansava era na seleção brasileira, porque ele não pegava helicóptero para compromisso comercial, por exemplo.

Você falou de ouvir e ler para ser tornar um profissional melhor. Você faz isso com frequência?

Claro. Todas as pessoas que estão envolvidas num mundo como o nosso precisam fazer isso, porque não existe mais 80. É oito ou 8000. Ou você é muito bom ou é muito ruim. Ou é burro ou genial. Aí você faz uma alteração circunstancial, vence e daqui a pouco é genial de novo. Tem que saber que não foi tão genial, porque o tombo ali na frente é maior ainda. E o contrário também. As avaliações internas e os parâmetros são importantes para não se perder, seja para ilusão ou decepção.

Essa experiência da demissão te tornou um profissional melhor?

Certamente. É como jogo de futebol. Se o jogo é muito lento, não tem qualidade, exigência, você sai dele com um tipo de evolução. Se é intenso, de qualidade, exigindo tudo, você sai melhor, porque precisa encontrar outros recursos para sobreviver nessa situação. A vida da gente na profissão é exatamente assim.

Qual problema fez o Brasil deixar de ser o melhor no futebol?

A formação dos profissionais da área técnica. Talvez sejamos um dos poucos países do mundo que não exige formação para os profissionais se tornarem técnico de futebol. E eu acho isso um absurdo. Hoje essa formação depende muito do interesse individual que cada um tem para se desenvolver. É uma exigência da Fifa em alguns países, está se estendendo pela América do Sul e daqui a pouco chega ao Brasil. Será preciso cumprir uma mínima exigência para dirigir uma time de Série A. Mas hoje não existe. Então, não temos padrão. Não sabemos como o futebol brasileiro joga. Se você olhar na Alemanha, há isso. Invariavelmente, todas as equipes da Bundesliga jogam muito parecidas. Isso é padrão. São padrões que hoje não temos. E se não temos é porque nossos profissionais não trabalham na mesma linha, porque não tem formação. A nossa formação não está boa como deveria estar e isso é retratado nos jogadores que formamos. Hoje, tecnicamente, nossos jogadores estão piores. E tecnicamente não é fazer malabarismo com a bola. Tecnicamente é passar bem, dominar bem, saber a tática individual de cada função. Não estou falando que todos são incompetentes. Há ilhas que fazem certo. Mas estamos falando do padrão do futebol brasileiro.

É essa falta de padrão que obriga o Neymar a sair do país para evoluir?

É. Penso que sim. Não acho que o Neymar não vá se desenvolver se ficar no futebol brasileiro a vida toda. Apenas penso que ele poderia se desenvolver mais ao estar lá fora. Penso que ele é extremamente talentoso, o maior dos últimos tempos no Brasil. Mas se comparar com a curta mudança de estilo que o Lucas passa na França já temos uma ideia do que vai acontecer com o Neymar se também estiver lá. Os campos são melhores, a velocidade é maior, porque a grama é rala, cortada do mesmo tamanho, a intensidade é mais alta e os jogadores têm disciplinas táticas mais rígidas. Tudo isso vai fazer com que ele passe por coisas que ele ainda não passou e toda vez que você passa por isso precisa apresentar novas soluções. Isso é evolução. A gente acredita que ele vai apresentar essas soluções, porque ele tem capacidade para isso.

Quais são os seus planos para o futuro?

Eu vou voltar a trabalhar depois do meu aniversário (dia 11 de junho). Vou estar com 51 e certamente está na hora de voltar a trabalhar. A decisão de não fazer imediatamente, pós-seleção, foi porque saí enfraquecido depois de um trabalho interrompido. Preparei-me para dirigir a Seleção na Copa do Mundo de 2014 e vinha fazendo isso há dois anos e meio. A partir do momento que você é demitido, precisa avaliar, analisar as decisões que tomou. Qual deve ser mantida? Qual deve mudar? Isso denota um tempo, você não está preparado para outro trabalho em sequência, porque não vai ser um bom técnico se assumir imediatamente. No segundo semestre deste ano, que está próximo, certamente vou trabalhar.

Você já está fortalecido?

Sim. Os dias se passaram e até a sequência da seleção brasileira, aquilo que foi mantido, ajudou. Do grupo que vinha sendo convocado, apenas dois jogaores que estão na lista da Copa das Confederações não foram chamados por mim: o Filipe Luís e o Dante. Todos os outros fizeram parte das convocações. É importante comparar. Chegou um novo técnico e a linha de trabalho seguiu muito parecida. Isso comprova que estava no caminho certo.

Qual a sua prioridade agora: trabalhar na Europa ou no Brasil?

Meu projeto pessoal envolve escolher, dentro das possibilidades, um lugar que me permita fazer um bom trabalho. Essa é a exigência número um. Porque técnico vive de bom trabalho. Não adianta nada ir à Europa para dizer que fui à Europa e dirigir um clube que não tem condições de passar da 15ª colocação. Não vai me acrescentar nada momentaneamente. Isso não quero. Essa é a parte que será determinante na decisão que vou tomar nos próximos 30 dias.

Quanto tempo demorou para você ter a primeira proposta de trabalho depois de ser demitido da Seleção? Foram horas, dias, semanas ou meses?

Eu recebi uma antes mesmo de ser demitido (risos). Acho que o dirigente era bem informado. Na verdade, no futebol, funciona assim: as pessoas fazem uma sondagem primeiro. Como eu não tinha interesse em dirigir clube algum, não fomos para proposta. Recebemos, sim, algumas sondagens.

Muito se fala sobre a sucessão do Marín na CBF. Haverá uma eleição em breve. Você acha que o Andrés Sanches, com quem você trabalhou no Corinthians e mantém amizade, seria um bom nome para renovação?

Falar do Andrés é meio complicado. Essa é uma desvantagem em relação aos seus amigos. Quando fala bem dele, pensam que você está querendo promover. Aí você acaba se constrangendo e não falando. Andrés é um grande dirigente. A experiência que tive com ele no Corinthians foi ótima. Mas não gosto de apontar nomes. Não cabe aos técnicos isso, não é da nossa área. Mais importante que os nomes é que a pessoa que assuma tenha como visão modificar a estrutura como um todo. Isso vai de calendário até as questões estruturais nossas. Mas isso é algo muito complexo e não deve ser feito só por pessoas politicas. Cabe ao político dar o respaldo para que profissionais capacitados sejam contratados para fazer o que deve ser feito.

Crítico ferrenho do seu trabalho na seleção brasileira, o ex-atacante e agora deputado federal Romário talvez tenha sido seu principal opositor nesse período. Você se decepcionou com a postura dele?

Qualquer crítica no futebol eu aceito com naturalidade. Eu acho que o trabalho de quem analisa o futebol é criticar positiva ou negativamente. Só não aceito colocar a honestidade em jogo sem saber a realidade dos fatos. E no futebol brasileiro existe muita informação ruim, e que se repete numa velocidade incrível, porque os meios de comunicação estão assim. Há uma falta de credibilidade muita perigosa. Mas existe muita coisa boa que é feita com seriedade. E quem é sério, quem faz as coisas voltadas para a linha da correção, se decepciona mais e sofre mais. Em relação a esse caso, é esse tipo de sentimento que tenho.

Fonte: Globo Esporte
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Eis a entrevista do ex-técnico da Seleção.
 
Achei uma entrevistaça. Respostas coerentes, bem desenvolvidas... independente do trabalho dele na Seleção, o cara mostrou que é inteligente e foi preciso nas críticas ao futebol brasileiro. O primeiro clube grande que balançar no começo do Brasileiro deve acabar contratando ele, e aí a gente vê se ele põe em prática o que falou.
 
Só achei que o Mano esquivou na parte que diz respeito ao futuro da CBF, mas era esperado mesmo.

Quanto ao futuro dele, ainda acho que ele vai pro Palmeiras pra ser tricampeão da série B, sua grande especialidade.
 
Acho que o Paraíba achou um bom palpite: o Grêmio. Não duvidaria de um Flamengo também, se a coisa não correr bem com o Jorginho, ou um Santos sem Neymar que exponha a fragilidade do Muriçoca. Mas essas duas hipóteses demorariam mais.
 

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