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Literatura erótica

Melian

Período composto por insubordinação.
Procurei, mas não encontrei nenhum tópico específico para a literatura erótica. Se já existir algum tópico para discutirmos o assunto, podem trancar este ou acoplá-lo ao existente.

Tópico para comentários sobre o gênero, indicações, enfim, tópico para mostrarmos que literatura erótica não se resume a Cinquenta tons de cinza (Também temos Júlia, Sabrina, etc. :dente: ).

Não foi por acaso que citei Júlia, Sabrina e Cinquenta tons de cinza. Acho importante que as pessoas que têm uma maior familiaridade com o gênero comentem sobre as obras que elas consideram que sejam exemplos de boa e má literatura erótica e o porquê da classificação.

Algumas obras que podem se encaixar no gênero literatura erótica são: Justine, de Marques de Sade (eu poderia citar qualquer outra, mas citei a mais conhecida) Trópico de Câncer, de Henry Miller; A História de O, de Pauline Réage; História do Olho, de Georges Bataille; Lolita, de Vladimir Nabokov; Delta de Vênus, de Anaïs Nin, Medo de voar, Erica Jong (esse é sensacional! Adoro.), etc.

Quando eu estava criando o tópico, recebi, por mensagem de facebook, o link para a coluna de hoje do Daniel Galera n'O Globo. Ele fala sobre o livro Maidenhead, de Tamara Faith Berger. Deem uma olhada:

Paradigma Sasha Grey
Eu me surprendi com “Maidenhead”, pequeno romance da canadense Tamara Faith Berger, ainda inédito no Brasil

(Por Daniel Galera)

Escrever sobre sexo é notoriamente difícil, e a maior parte da literatura erótica que se produz por aí é uma reiteração pouco inspirada do gosto médio, das mesmas anedotas de sempre e do tipo de discurso clínico e edificante que se encontra nas matérias das revistas mensais que elencam centenas de maneiras de agradar a alguém na cama. Por isso me surprendi com “Maidenhead” (2012), pequeno romance ou novela da canadense Tamara Faith Berger, ainda inédito no Brasil.


O livro é narrado do ponto de vista de Myra, uma garota de 16 anos, branca, de classe média. Durante um período de férias com a família num balneário dos Estados Unidos, Myra faz passeios solitários e se dedica a imaginar, com inveja, o que os casais de jovens universitários fazem à noite em seus quartos de pousada. Uma tarde, na praia, conhece um músico africano, Elijah, um homem bem mais velho, que a atrai para um sórdido quarto de pensão. Berger narra o que acontece lá dentro com um habilidoso equilíbrio entre detalhes explícitos e zonas escuras. Myra volta para casa ciente de que não fez sexo, mas com a certeza de que passou por uma iniciação de alguma espécie. A experiência a transforma para sempre. O que ela deseja, a partir de agora, é ser uma escrava sexual.


Meses depois, Elijah e sua misteriosa parceira irão ao encontro de Myra no Canadá, e partir daí se desenvolve um enredo principal que empresta elementos de “História do olho”, de Georges Bataille, e “Justine”, do Marquês de Sade, entre outros clássicos do gênero. A história da virgenzinha que empreende uma jornada de iniciação sexual sob o jugo de libertinos tem pouco de original. O que diferencia “Maidenhead” é que se trata de um livro totalmente contemporâneo, que traz para a receita tensões raciais, históricas, sexuais e sociais bastante atuais. Em especial, o livro dialoga de forma muito interessante com a onipresença da pornografia na internet.

Para Myra, é natural tratar logo de investigar suas novas fantasias em sites pornográficos, e um dos grandes momentos do livro ocorre quando ela está assistindo a vídeos de teens entregues a submissões sexuais de todos os tipos. O olhar de uma atriz capta sua atenção e Myra se pergunta (estou parafraseando): Como e por que ela foi parar ali? Quem são essas garotas? Acima de tudo: como elas se sentem? Myra deduz que aquelas atrizes são como ela. Quer estar no lugar delas, com elas, submetida daquela forma àqueles homens. Uma das epígrafes do livro, uma frase de Clarice Lispector, ganha sentido nesse momento: “Meu mistério é não ter mistério.”


É claro que a coisa não é tão simples, e o terço final do livro mostrará isso com uma grande dose de tensão e violência. O que me parece digno de aplauso é que a autora consegue escrever bem sobre sexo sem recorrer ao surrealismo de Bataille, com suas cadeias de metonímias envolvendo ovos, olhos, testículos et cetera (“História do olho”) ou ventres que se abrem como tumbas frescas e velas acesas que dão a um cemitério a aparência de um céu estrelado (“O azul do céu”, meu favorito).

Ela também passa longe dos exercícios de devassidão obsessivos de Sade, que às vezes parecem ser fruto de uma análise combinatória interminável de atos sexuais provocativos. (Uma das coisas mais impactantes que li na vida são os rascunhos das três partes finais de “Os 120 dias de Sodoma”, centenas de sinopses de cenas que Sade nunca teve tempo de desenvolver, e que lidas em sucessão provocam um efeito verdadeiramente desnorteante.) Berger se aferra a um realismo contido que apenas roça no limite do alegórico e do escandaloso, e conta uma história em grande medida verossímil sobre uma adolescente que desde sempre teve acesso à Wikipedia e ao Xvideos.

O resultado é vibrante, provocativo, verdadeiro e — aí vai depender também do leitor — excitante.


É impossível ler “Maidenhead” sem pensar em Sasha Grey. Se você não sabe quem é, nasça de novo nos últimos 35 anos e instale internet em casa. Berger nunca a menciona, mas seu livro está bastante sintonizado com o êthos pornô-intelectual da atriz. Assim como Grey, Myra é uma garota incrivelmente articulada que lê Bataille e Simone Weil para escrever um ensaio sobre a escravidão para o colégio. Sasha Grey, pelo que se pode apreender de suas entrevistas e performances, vê a pornografia como um ato político e atua de tal forma que a degradação parece ser incapaz de degradá-la. O que vemos em seus vídeos é uma espécie de entrega consciente, verborrágica e autoritária, por meio da qual ela se apodera da degradação, que é o inverso de querer eliminá-la. Me parece que é exatamente isso que a jovem protagonista de “Maidenhead” tenta fazer, à sua maneira. O efeito no potencial onanístico é controverso, mas o significado é contundente.

Fonte.
 
Eu escrevo contos eróticos... mas tem um tempo que parei, rs.

Os temas são POLÊMICOS, como incesto, homossexualidade, travestismo e etc. Não é puramente "pornozão", vai lá "fas o séquiço e cabou", tem toda uma história, tanto que muitas vezes a "sacanagi" só vem depois de vários caps.

Pois é... :dente:

Tem até um que o pessoal tava lendo e achando que o personagem existe de verdade... meu, qualé a do povo?! :lol:

Recebo de 8 a 9 mil visitas por mês. Acho q não tá mau... rs.
 
É sério! :mrgreen:

E pior que o povo lê pacas... o povo só se faz de conservador, mas na vida particular curte cada coisa...
 
Manda o link aí, Lindoriel. Só não vale dizer que os contos foram lidos pelo Marcelinho. HAHAHAHAHAH


Edit: Espera, Bruce tá fazendo docinho? Faz-me rir, jovem mancebo!
 
Edit: Espera, Bruce tá fazendo docinho? Faz-me rir, jovem mancebo!

Tenho que me preparar mentalmente para isso, rs. Por conta da leitura de muita teoria (maldito Lukács!), estou meio debilitado no mergulho dos meus neurônios na pura libido e nos fluidos corporais e... deixa pra lá. Quando estiver plenamente restituído, volto aqui e digo algo. :lol:
 
Dá vontade de excluir meu cadastro aqui quando vejo esses trolls que arrotam Lukács mas que curtem mesmo é um 50 tons.

HAHAHHAHAHAHAHAHHAHAHAHHAHAHAHHAAHAAH








No aguardo dos posts do Calib, muso da literatura erótica-pornô-sobrenatural-gótica-bizarra-e-sensual. Assim mesmo, tudo junto num balaio só.
 
Já li alguns versos do poeta romano Catulo que são bem interessantes sobre poesia erótica... Aliás, li não sei onde que o Catulo era meio que um best seller da época.

De resto, tem algumas passagens do Poema Sujo do Ferreira Gullar que são bem picantes. Como da prostituta que lhe chupavam os seios.

O Drummond no final da vida escreveu poesia erótica também (O Amor Natural, seguindo a linha de abertura e reconhecimento do amor expressa no livro Corpo). Gosto bastante desse soneto:

PARA O SEXO A EXPIRAR

Para o sexo a expirar, eu me volto, expirante.
Raiz de minha vida, em ti me enredo e afundo.
Amor, amor, amor — o braseiro radiante
que me dá, pelo orgasmo, a explicação do mundo.

Pobre carne senil, vibrando insatisfeita,
a minha se rebela ante a morte anunciada.
Quero sempre invadir essa vereda estreita
onde o gozo maior me propicia a amada.

Amanhã, nunca mais. Hoje mesmo, quem sabe?
enregela-se o nervo, esvai-se-me o prazer
antes que, deliciosa, a exploração acabe.

Pois que o espasmo coroe o instante do meu termo,
e assim possa eu partir, em plenitude o ser,
de sêmen aljofrando o irreparável ermo.

O Manuel Bandeira tem um soneto chamado A Cópula que é bem interessante também:

A CÓPULA

Depois de lhe beijar meticulosamente
O cu, que é uma pimenta, a boceta, que é um doce
O moço exibe à moça a bagagem que trouxe:
Culhões e membro, um membro enorme e turgescente.

Ela toma-o na boca e morde-o, incontinenti
Não pode ele conter-se e, de um jato, esporrou-se
Não desarmou porém. Antes, mais rijo, alterou-se
E fodeu-a. Ela geme, ela peida, ela sente

Que vai morrer: "Eu morro! ai, não queres que eu morra?!"
Grita para o rapaz, que aceso como um Diabo,
Arde em cio e tesão na amorosa gangorra.

E titilando-a nos mamilos e no rabo
(Que depois irá ter sua ração de porra)
Lhe enfia cono a dentro o mangalho até o cabo.

Mas tenho minhas dúvidas se é dele...

Enfim. Bocage é, até onde eu sei, o pica das galaxias nesse gênero. Aqui, caso alguém queira penetrar bem gostoso nesse mundo. Aliás, o Glauco Mattoso tem alguns também... E isso acaba me levando àquela passagem bem quente do Ode Marítima do Álvaro de Campos, hein?

Goethe também escreveu poesia erótica, e em oitava rima, vejam só! O Décio Pignatari traduziu esses textos.

A própria peça Romeu e Julieta tem uma passagens bem picantes, diga-se de passagem (mais especificamente, até a metade da peça, com a morte do Mercúrio)... E o que dizer de alguns sonetos do tio Shakespeare, em especial a série acalorada dos Will sonnets (em especial o 135)?

A Cia das Letras tem outro título bem interessante com tradução do José Paulo Paes: Poesia Erótica em Tradução. Esse eu ainda não li...

E, pra fechar esse percurso que resume o que conheço, de leve, bem superficialmente, pois não sou leitor dessas coisas PROFANAS, tem aquele que é considerado o Ás da poesia erótica: Pietro Aretino. José Paulo Paes, que pelo jeito gostava de um mal feito, assina a tradução.
 
MEU DEUS, tem as cartas que o Joyce trocava com a esposa! O Luciano do Meia Palavra traduziu e são.... INTENSAS!

Será que tem tópico disso por aqui? :think: Alguém pega lá no Posfácio, acho que deve estar lá...
 
Isso aí que é literatura erótica de verdade. O restante é tudo fake! :lol:
 

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