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Disputa de Autores - 4º Embate

Qual dos autores defendidos neste quarto embate é o melhor?


  • Total de votantes
    20
  • Votação encerrada .

Clara

Perplecta
Usuário Premium
E começa o quarto embate da Disputa de Autores.

Como sempre, relembrando algumas regras básicas:

1.2 Coloque uma foto do seu "cliente" e/ou a capa de uma de suas obras;

2. Campanhas "políticas" são válidas;

3. Uma enquete será aberta a cada chave e todos os usuários poderão votar no seu favorito, mesmo que não sejam os advogados do autor em disputa;
3.1 Os usuários/eleitores, poderão fazer perguntas sobre o autor e sua obra ao Advogado;

4. O embate terá duração de quatro dias;
4.1. A enquete será aberta no terceiro dia, com o resultado parcial visível para todos (assim fica mais disputado)

O quarto embate será entre Fiódor Dostoiévski (defendido pelo Spartaco) vs. Charles Dickens (defendido pela Clara V.).

E o cronograma é o seguinte:

- Dias 29/01 e 30/01, aberto apenas para discussões (defesas, perguntas, opiniões, pitacos e mimimis);
- Dias 31/01 e 01/02, enquete aberta para votação;
(Mas atenção, as discussões permanecem pelos quatro dias).

- - - Updated - - -

Bom dia, senhoras e senhores.

Começo a defesa fazendo uma pequena apresentação do meu cliente:

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Ele é Charles John Huffam Dickens, o mais popular dos romancistas da era vitoriana e nasceu em Portsmouth, no condado de Hampshire, Inglaterra, em 7 de fevereiro de 1812.

Ano passado, portanto, o mundo da literatura comemorou o 200º aniversário de nascimento deste escritor cuja obra, ainda hoje, encanta adultos e crianças e que foi, através de histórias como “Oliver Twist” “Um Conto de Natal” (A Christmas Carol) e “David Copperfield”, a voz dos humildes, dos pobres e injustiçados, criados à sombra da Revolução Industrial.

Minha defesa será baseada em um dos últimos livros publicados pelo escritor inglês: “Grandes Esperanças” (Great Expectations) e seu protagonista Pip, talvez o mais profundo dos personagens dickensianos, com sua história repleta de crítica social, ironias, encontros e reencontros e princípios cristãos de amor, compaixão e redenção.

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O jornalista, escritor e crítico literário Edmund Wilson afirmou que Dickens foi inventor de um novo gênero literário:
O romance do grupo social. O jovem Dickens havia sumariado, desenvolvido e finalmente superado as duas tradições que encontrara na ficção inglesa: a tradição picaresca de Defoe, Fielding e Smollett, e a tradição sentimental de Goldsmith e Sterne. (...) Nenhum outro artista absorveu seus predecessores mais completamente do que Dickens. Há nele um pouco de todos esses autores e, usando-os, ultrapassou-os a todos. (...) Era tarefa de Dickens criar ele próprio uma nova tradição.
Jornal Opção

E dessa fonte criada por Dickens beberam vários romancistas surgidos no século XIX e nos séculos subseqüentes, um deles, inclusive, foi aquele que hoje é nosso antagonista nesse duelo de escritores: Fiódor Mikhailovich Dostoiévski.

Sobre essa influência e outros fatos, dados biográficos, opiniões, fofocas, comunicações com extraterrestres (brincadeira, isso não tem) falaremos nos próximos dias.

Aguardem.
 

Anexos

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Fiodor Ddostoievski.jpg
Фёдор Миха́йлович Достое́вский

Caros amigos, a priori todos esperam uma apresentação do grande escritor Fiódor Mikhailovitch Dostoievski (Moscou, 11 de novembro de 1821 - São Petersburgo, 9 de fevereiro de 1881); no entanto, o nosso ex-forista Paganus criou há um certo tempo um ótimo tópico sobre ele: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=102591

Destarte, abstenho-me agora de fazê-lo, pois entendo não ser necessário repetir algo muito bem feito, já que o mesmo aborda com extrema competência a biografia e a obra desse autor.

O que preliminarmente gostaria de mencionar é que Dostoiévski é mundialmente reconhecido como um dos maiores escritores de todos os tempos, uma vez que criou personagens memoráveis e narrativas apaixonantes.

Ademais, a respectiva influência não pode ser esquecida: de Herman Hesse a Marcel Proust, de William Faulkner a Alberto Camus, de Franz Kafka a Gabriel García Márquez; virtualmente qualquer grande escritor do século XX não escapou a sua enorme influência, particularmente no tocante ao que chamamos de existencialismo e expressionismo.

Bom, após esta primeira intervenção, fico por aqui. Mais tarde voltarei com outros detalhes sobre o nosso inesquecível escritor russo e, se quiserem discutir ou indagar algo sobre ele, estamos dispostos a tentar debater e esclarecer.

Um abraço a todos.
 
Sei que a Clara fará isto, posteriormente, mas fica aqui o meu pedido para que ela fale, com riqueza de detalhes, sobre Pip. Tô de TPM e só a menção ao PIP me faz sentir vontade de chorar. :lol:

Spartz, meio que conheço o povo da Valinor, e sei que, se você quer aproveitar o tópico do Pagz, é bom citar alguns trechos dele no decorrer da sua defesa, porque o povo da Valinor (não o povo oriundo do Meia) não vai ler o tópico do Pagz. Sério. XD
 
Spartz, meio que conheço o povo da Valinor, e sei que, se você quer aproveitar o tópico do Pagz, é bom citar alguns trechos dele no decorrer da sua defesa, porque o povo da Valinor (não o povo oriundo do Meia) não vai ler o tópico do Pagz. Sério. XD

Tendo em vista a dica da Melian, que agradeço, abaixo trascrevo alguns trechos do referido tópico do Paganus, sobre o Dostoiévski:

Biografia
Fiódor Mikhailovich Dostoiévski nasceu aos 11 de novembro de 1821 em Moscou, na Rússia. Seu pai Mikhail Andriéievitch Dostoiévski, apesar de imprimir uma disciplina severa à família, incentivava os sete filhos ao amor pela cultura. Em 1837, a mãe de Dostoiévski morreu precocemente de tuberculose. A perda foi um choque para o pai, que acabou mergulhando na depressão e no alcoolismo. Fiódor e seu irmão foram então enviados à Escola de Engenharia, em São Petersburgo.

Em 1839, morreu o pai de Dostoiévski. As causas são controvertidas, e uma das versões é que o pai – que tinha fama de avaro e de violento – foi assassinado pelos servos enfurecidos com os maus tratos. Dostoiévski culpou-se durante toda a vida pelo fato de, em várias ocasiões, ter desejado a morte do pai. Essa questão da culpa, que acabou transparecendo em sua obra, foi estudada por Sigmund Freud no famoso artigo "Dostoiévski e o parricídio", de 1928.

Em 1843, concluiu os estudos de Engenharia e obteve o grau militar de subtenente. Durante esses anos, dedicou-se à tradução, incluindo a obra de Balzac, um autor que ele admirava. Em 1844 abandonou o exército e começou a escrever a novela Pobre gente, obra que recebeu uma crítica positiva no seu lançamento. Foi nesta época que contraiu dívidas e sofreu o primeiro ataque epilético. À primeira obra, seguiram-se Niétotchka Niezvânova (escrito entre 1846 e 1849), Noites brancas (1848), entre outras, que não tiveram a mesma acolhida da crítica.

Enquanto isso, Dostoiévski engajou-se na luta da juventude democrática russa pelo combate ao regime autoritário do Tsar Nicolau I. Em abril de 1849 foi preso e condenado; em novembro do mesmo ano, acabou sentenciado à morte pela participação em atividades antigovernamentais junto a um grupo socialista. No dia 22 de dezembro, chegou a ser levado ao pátio com outros prisioneiros para o fuzilamento, mas, na última hora, teve a pena de morte substituída por cinco anos de trabalhos forçados na Sibéria, onde permaneceu até 1854.

A experiência abalou profundamente o escritor, que iniciou o romance Memórias da casa dos mortos, publicado em 1862. Alguns anos antes, Dostoiévski conheceu María Dmítrievna Issáieva, viúva de um maestro, com quem se casou em 1857.

Retornou a São Petersburgo em 1859, dedicando-se integralmente a escrever, produzindo seis longos romances, entre os quais suas obras-primas Crime e Castigo (1866), O idiota (1869) e Os irmãos Karamazóv (1880). É também dessa época a criação da revista Tempo, em cujo primeiro número apareceu parte de Humilhados e ofendidos, obra que também remete à sua experiência na Sibéria.

A década de 1860 é marcada por viagens pela Europa, período no qual conheceu sua grande paixão, Paulina Súslova, que acabaria o traindo. Após a decepção amorosa, Dostoiévski voltou para a esposa, que morreu logo depois.

Solitário, endividado e tendo que sustentar a família do irmão recém-falecido, o escritor ditou O jogador para a sua secretária, Anna Grigórievna, com quem se casaria depois da recusa de Paulina em reatar o relacionamento. O livro é um sucesso e colabora para restabelecer suas finanças.

Logo depois de publicar Crime e castigo, viajou com a nova mulher para Genebra onde nasceu a primeira filha que morreu logo em seguida. A partir de 1873, passou a editar a revista Diário de um escritor, na qual publicava histórias curtas, artigos sobre política e crítica literária.

Em 1880 participou da inauguração do monumento a Aleksandr Pushkin, em Moscou. Na ocasião, pronunciou um memorável discurso sobre o destino da Rússia. No dia 8 de novembro do mesmo ano, em São Petersburgo terminou de redigir Os irmãos Karamazóv, em São Petersburgo.

Fiódor Dostoiévski morreu aos 09 de fevereiro de 1881 em São Petersburgo - Rússia.

Obras de Fiódor Dostoiévski

Novelas e contos
1846 - Gospodin Prokharchin (Господин Прохарчин); Em Português: Senhor Prokhartchin
1847 - Roman v devyati pis'mahh (Роман в девяти письмах); Em Português: Romance em Nove Cartas
1847 - Khozyajka (Хозяйка); Em Português: A Senhoria ou A Dona da Casa
1848 - Polzunkov (Ползунков); Em Portuguêsol'zunkov
1848 - Slaboe serdze (Слабое сердце); Em Português: Coração Fraco
1848 - Tchestnyj vor (Честный вор); Em Português: O Ladrão Honesto
1848 - Elka i svad'ba (Елка и свадьба); Em Português: Uma Árvore de Natal e Uma Boda
1848 - Tchujaya jena i muj pod krovat'yu (Чужая жена и муж под кроватью); Em Português: (O homem debaixo da cama) ou A Mulher Alheia e o Homem Debaixo da Cama
1848 - Belye nochi (Белые ночи); Em Português: Noites Brancas
1849 - Malen'kij geroi (Маленький герой); O Pequeno Herói
1862 - Skvernyj anekdot (Скверный анекдот); Uma História Suja ou Uma História Lamentável
1865 - Krokodil (Крокодил); Em Português: O Crocodilo
1873 - Bobok (Бобок); Em Português:Bóbok
1876 - Krotkaia (Кроткая); Em Português: Uma Criatura Gentil, também A Dócil, A Meiga, Ela era doce e humilde e Ela.
1876 - Mujik Marej (Мужик Марей); Em Português: O Mujique Marei
1876 - Mal'chik u Hrista na elke (Мальчик у Христа на ёлке); Em Português: Uma Árvore de Natal e Uma Boda
1877 - Son smeshnogo tcheloveka (Сон смешного человека); Em Português: O Sonho de um Homem Ridículo

Não ficção
1863 – Ziminie Zamietki o lietnikh vpyetchatleniiakh (Зимние заметки о летних впечатлениях); Em Português: Notas de Inverno sobre Impressões de Verão
1873 – 1878 Dnievnik pissatelia (Дневник писателя); Em Português: Diário de um Escritor

Romances
1846 - Bednye lyudi (Бедные люди); Em Português: Gente Pobre
1846 - Dvoinik (Двойник. Петербургская поэма); Em Português O Duplo: Poema de Petersburgo
1849 - Netochka Nezvanova (Неточка Незванова); Em português: Niétochka Nezvánova
1859 - Dyadyushkin son (Дядюшкин сон); Em Português: O Sonho do Tio, ou O Sonho de Titio, ou o Sonho do Príncipe
1859 - Selo Stepanchikovo i ego obitateli (Село Степанчиково и его обитатели); Em Português: Aldeia de Stiepantchikov e seus Habitantes ou A vila de Stepanhchikov e seus habitantes.
1861 - Unijennye i oskorblennye (Униженные и оскорбленные); Em Português: Humilhados e Ofendidos
1862 - Zapiski iz mertvogo doma (Записки из мертвого дома); Em Português: Recordações da Casa dos Mortos ou Memórias da Casa Morta
1864 - Zapiski iz podpolya (Записки из подполья); Em Português: Memórias do Subsolo, Notas do Subterrâneo, A Voz do Subsolo, Cadernos do Subsolo
1866 - Prestuplenie i nakazanie (Преступление и наказание); Em Português: Crime e Castigo
1867 - Igrok (Игрок); Em Português: O Jogador
1869 - Idiot (Идиот); Em Português: O Idiota
1870 - Vechnyj muzh (Вечный муж); Em Português: O Eterno Marido
1872 - Besy (Бесы); Em Português: Os Demônios ou Os Possessos
1875 - Podrostok (Подросток); Em Português: O Adolescente
1881 - Brat'ya Karamazovy (Братья Карамазовы); Em Português: Os Irmãos Karamazov
 
Confesso que estou meio que "pisando em ovos" por estar defendendo o Dickens (que eu amo) contra o Dostoiévski, que eu gosto demais e ainda tem o Spartaco como defensor (e todo esse vocabulário de doutor :dente: ) e ainda usando texto do Paganus pra ajudar.

Desejava ter caído com algo do tipo Morfindel defendendo Raphael Dracon, aí eu deitava e rolava. :rofl:


(Brincadeira, Morfs. :abraco:
É que estou estressada com medo de não defender o Dickens direito.)


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Oh God! Onde fui arrumar essa advogada?

Já volto com mais da minha defesa.
 
Agora danou, porque não gosto nem de Dostoiévski nem de Dickens. Mas vamos lá:

Clara, que Dickens você dá pra quem já tentou ler Dickens e não gostou? Você poderia falar um pouco mais sobre um livro dele que gostou muito?
Spartaco, muitas pessoas que leem Dostoiévski possuem o estigma de serem pessoas pra baixo. É o contrário de Dickens, que foi bem popular. Você concorda com isso? Se puder, pode falar também sobre um livro dele que leu e gostou muito?

Às vezes, lendo o depoimento de um viciado em leitura, você se anima a dar uma experimentada também :bamf:
 
Agora danou, porque não gosto nem de Dostoiévski nem de Dickens. Mas vamos lá:

Spartaco, muitas pessoas que leem Dostoiévski possuem o estigma de serem pessoas pra baixo. É o contrário de Dickens, que foi bem popular. Você concorda com isso? Se puder, pode falar também sobre um livro dele que leu e gostou muito?

Às vezes, lendo o depoimento de um viciado em leitura, você se anima a dar uma experimentada também :bamf:

Mavericco, primeiramente temos que concordar que Dostoievski pode não ser uma leitura fácil, mas vale a pena. Algumas de suas mais famosas obras, como Os Irmãos Karamozovi e Crime e Castigo, são obras de imensa vitalidade e de um poder quase hipnótico. São ambos leituras obrigatórias para quem quer apreciar literatura da mais alta qualidade. Foram, inclusive, os dois livros que eu mais gostei dele.

Quanto ao mencionado estigma que você mencionou, não posso concordar, uma vez que a sua narrativa é altamente variada, pois vemos personagens enfrentando as mais diferentes situações, alguns a procura de Deus, outros envoltos com o problema da injustiça e do sofrimento e assim por diante.

Notamos que Dostoiévski escreve sobre personagens de categorias das mais diversas: humilde e modesto (príncipe Myshkin, Sonya Marmeladova, Alyosha Karamazov), niilista (Svidrigailov, Smerdyakov, Stavrogin), libertinos cínicos (Fiódor Karamazov), intelectuais rebeldes (Raskolnikov, Ivan Karamazov), etc.

Bem, por enquanto é isso. Amanhã tem mais.

Abraços.
 
Clara, que Dickens você dá pra quem já tentou ler Dickens e não gostou? Você poderia falar um pouco mais sobre um livro dele que gostou muito?

Para quem já tentou ler Dickens e não gostou ou para quem nunca leu Dickens, eu recomendo mesmo a leitura de “Um Conto de Natal” (A Christmas Carol ) que é provavelmente o maior e mais famoso clássico dentre as histórias de Natal que conhecemos, com várias adaptações para o cinema, quadrinhos etc.

A história é sobre o amargo e avarento Ebenezer Scrooge, que na noite de Natal recebe a visita do espírito de seu antigo sócio, Jacob Marley, morto havia alguns anos.
Marley diz a Scrooge que sua alma jamais terá paz a menos que resolva ser mais generoso e humano, por conta disso, na mesma noite, Scrooge recebe a visita de três espíritos que representam os Natais do passado, do presente e do futuro.

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"Marley & Eu": Depois da sopa, Ebenezer descobre que seu antigo sócio foi dessa, mas não pra uma "melhor"

A crítica à sociedade formada pelo capitalismo desumano e injusto, o sentimentalismo dos personagens e sua redenção no final, são características do texto de Dickens que estão presentes nesta obra encantadora e de leitura agradável.

E, falando em fantasmas, outro livro que recomendo com entusiasmo é a coletânea de contos de terror “Histórias de Fantasmas” (publicada pela editora L&PM) em especial o conto “O Sinaleiro” (The Signalman) história com um final surpreendente e portanto da qual não se pode comentar muito sem correr o risco de revelar detalhes importantes, apenas chamo atenção para o clima opressivo do trabalho e da vida do personagem que dá título à história e de como esta consegue ser, ao mesmo tempo angustiante e delicada em sua narrativa.

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“Olá! Você, aí embaixo!”


Mas o favorito mesmo é “Grandes Esperanças” (Great Expectations) que começou a ser escrito em 1860, publicado no ano seguinte, faz parte dos textos da fase final da carreira do autor e foi considerado “absolutamente perfeito” por George Bernard Shaw.
Sobre esta última grande obra de Charles Dickens e sobre seu personagem principal, Pip (Philip Pirrip) falarei amanhã e assim, atendo ao pedido da Melian. ;)

Sei que a Clara fará isto, posteriormente, mas fica aqui o meu pedido para que ela fale, com riqueza de detalhes, sobre Pip. Tô de TPM e só a menção ao PIP me faz sentir vontade de chorar. :lol:
 

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Agora uma sugestão:

Para quem quiser ter um conhecimento mais aprofundado da vida e da obra de Dostoiévski, indico a biografia em 5 volumes escrita por Joseph Frank, um dos maiores conhecedores do escritor russo, tanto que tem o apelido de Senhor Dostoiévski.

As Sementes da Revolta.jpg Os Anos de Provação.jpg Os Efeitos da Libertação.jpg Os Anos Milagrosos.jpg O Manto do Profeta.jpg

Os referidos volumes são Dostoiévski - As Sementes da Revolta (1821-1849); Dostoiévski - Os Anos de Provação (1850-1859); Dostoiévski - Os Efeitos da Libertação (1860-1865); Dostoiévski - Os Anos Milagrosos (1865-1871) e Dostoiévski - O Manto do Profeta (1871-1881), todos publicados pela Edusp.

O interessante desta super biografia é que Frank alterna a vida de Dostoiévski com a análise de todas as suas obras, além de dar um grande panorama da vida russa naquela época.
 
Assim vocês me enlouquecem. Dostoiévski e Dickens no mesmo embate :cry:


Spartaco, sobre O Sonho do Príncipe:
Você pode me falar um pouco sobre a extravagância dos personagens e da relação que Dostoiévski faz com o caráter do ser humano?
 
Pessoas, os tópicos do Clube de Leitura do Meia não estão visíveis para nós? Se estiverem, tem um tópico bonitinho no qual discutimos sobre O Sinaleiro, né? Seria legal se o povo pudesse dar uma olhadinha e talz.
 
Pessoas, os tópicos do Clube de Leitura do Meia não estão visíveis para nós? Se estiverem, tem um tópico bonitinho no qual discutimos sobre O Sinaleiro, né? Seria legal se o povo pudesse dar uma olhadinha e talz.

Então, Melian.
Procurei por esse tópico, pra anexar aqui, com aquela análise bacana que você fez do conto, mas não encontrei.
:tsc:
 
Assim vocês me enlouquecem. Dostoiévski e Dickens no mesmo embate :cry:


Spartaco, sobre O Sonho do Príncipe:
Você pode me falar um pouco sobre a extravagância dos personagens e da relação que Dostoiévski faz com o caráter do ser humano?

Falando algo sobre a obra referida, conforme solicitação da Ainurian:

O Sonho do Príncipe, mais conhecido como O Sonho do Tio, de 1859, é uma história que gira em torno da cobiça desmedida de praticamente todos os personagens que cercam o príncipe, mostrando do que as pessoas são capazes de fazer para conseguir alguma vantagem para si. Porém, em contrapartida, mostra também a pureza de sentimento que alguns ainda conservam.

Creio que o tema principal da obra é a influência daninha do meio sobre o caráter do indivíduo, onde o autor mostra a vida das elites provincianas da época, vazia, amoral e hipócrita; ainda podemos observar a rotina, os boatos, as intrigas e as diversas posturas dos personagens deste romance.

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Dostoiévski após o exílio.jpg
Dostoiévski após exílio

Segundo estudo de Mikhail Bakhtin, O sonho do tio é uma sátira escrita por Dostoiévski, que revela, através da ultrapassagem do corriqueiro, as profundezas do comportamento humano, os desvios de caráter, bem como as concessões que alguns fazem para obter vantagens pessoais.

Por fim, basta-nos dizer que o grande escritor Vladimir Nabokov, mesmo sem apreciar todo o trabalho de Dostoiévski, não hesitou em classificar O Sonho do Tio como uma obra genial.
 
Spartaco, discorra um pouco sobre Memórias do Subsolo. Este seria o livro mais "psicológico" do Dostoiévski?
 
Volto com minha defesa para falar sobre aquele que considero o melhor livro de Charles Dickens, "Grandes Esperanças" (Great Expectations).

Como afirmei em posts anteriores, uma das características marcantes do texto de Dickens é o sentimentalismo que percorre a maioria de sua obra, tanto que, a um leitor do século XXI, a maioria das histórias do autor inglês pode soar melodramática e piegas.
No entanto, em Grandes Esperanças, encontramos um Dickens extremamente reflexivo e introvertido, mais propenso a nos mostrar o interior da alma e dos sentimentos do protagonista.

Acompanhamos Pip narrando sua história desde garotinho órfão, criado pela irmã de temperamento bruto e pelo cunhado Joe, o melhor amigo de Pip e que o trata como filho.

Pip está destinado a tornar-se ferreiro como o cunhado/pai, mas sonha educar-se, estudar e tornar-se um cavalheiro, desejo que aumenta a ponto da angústia depois de ser convocado para servir de companhia a Estella, filha adotiva de uma dama rica da aldeia. Pip apaixona-se por Estella que por sua vez o despreza, fazendo-o pela primeira vez dar-se conta de sua pobreza e aparência rude.

No entanto, sua vida sofre uma reviravolta quando recebe a notícia de que é herdeiro de uma fortuna; Pip então abandona a aldeia e os únicos amigos que tinha, Joe e Biddy, passa a viver em Londres, renega seu passado (do qual se envergonha) e acredita que está destinado a casar-se com Estella, que por sua vez não corresponde aos seus sentimentos.

A narrativa de Pip, contida e sincera, é o ponto principal do livro. Com pesar acompanhamos sua infância solitária e cheia de humilhações. E Dickens, talvez mais do que qualquer outro autor, sabia como ninguém caracterizar o sofrimento de uma criança. A certa altura Pip afirma:

No pequeno mundo em que vivem as crianças, seja quem for que as crie, nada é percebido com tanta intensidade, e sentido com tanta intensidade, quanto a injustiça
Apenas aqueles que, ainda criança, sofreram algum tipo de humilhação, que descobriram, ainda na infância, as injustiças do mundo, sabe o quanto essa frase é contundente e verdadeira.

Dickens, desde pequeno, sabia o que era a humilhação, pobreza e enormes discrepâncias sociais. Quando criança, foi obrigado a abandonar os estudos e trabalhar em uma fábrica de graxa para sapatos, para ajudar nas despesas da casa (seu pai havia sido preso por dívidas) e mesmo depois da estabilização financeira da família sua mãe o manteve trabalhando na fábrica por um tempo. E dizem que ele jamais a perdoou por isso.

Voltando à "Grandes Esperanças", se sentimos empatia pelo garotinho Pip, essa empatia se desfaz quase completamente quando o mesmo Pip, agora jovem, rico e arrogante; abandona e mostra-se envergonhado de suas origens. Sentimos raiva e desprezo de Pip, por suas atitudes e pensamentos quando o bondoso e honrado Joe Gargery vai visitá-lo em Londres.

No entanto, não devemos esquecer que a história é narrada pelo próprio Pip, que a todo momento nos revela seu arrependimento por suas atitudes do passado, e faz isso de maneira bastante direta e honesta. É portanto necessário que sintamos essa raiva de Pip para que, depois acreditemos em seu arrependimento e redenção no final.

Para encerrar minhas considerações sobre “Grandes Esperançar”, lembro que o próprio Dickens considerava “David Copperfield” seu melhor livro e críticos literários como Harold Bloom consideram “A Casa Abandonada” (Bleak House) como o melhor romance do autor, mas há uma ressalva de Bloom:

Grandes Esperanças é divertimento popular do mais alto nível, equiparando-se a “Orgulho e Preconceito” e “Emma”, de Jane Austen, e a cerca de uma dúzia de peças shakespearianas, como obras destinadas a sobreviver à nossa atual Era da Informação. Continuaremos a ler “Grandes Esperanças” assim como seguiremos lendo “Hamlet” e “Macbeth”
Fonte
 

Valinor 2023

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