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Cloud Atlas (2012)

Sua nota para o filme.


  • Total de votantes
    10

Hugo

Hail to the Thief
Diretores: Tom Tykwer , Andy Wachowski, Lana Wachowski

Elenco: Susan Sarandon, Tom Hanks, Halle Berry, Hugo Weaving, Jim Broadbent, Jim Sturgess e Ben Whishaw

Sinopse: Baseado no romance de David Mitchell, 'Cloud Atlas' mistura história, ciência, suspense, humor e seis narrativas separadas, mas vagamente relacionadas. Cada uma dessas narrativas ocorre em um tempo e lugar diferente, que é escrito em um estilo diferenciado de prosa, e cada um é interrompido em meados da ação e tem sua conclusão na segunda metade do livro. Os diretores Andy e Lana Wachowski e o alemão Tom Tykwer dirigem. Tykwer e sua equipe ficarão responsáveis pelas cenas de época, enquanto os Wachowskis e equipe cuidarão das cenas de ficção científica futurista. O orçamento foi reduzido: ao invés de US$ 150 milhões, o longa custará um pouco menos que US$ 100 milhões. (CinePop)

>>> Um filme com toda essa premissa, (me pareceu uma mistura de THE FOUNTAIN com BABEL) pode ser uma bomba ou um grande filme. Espero que se enquadre nesta última hipótese.

Estreia: 26/10/12 (EUA) 28/12/12 (BRA)

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Anexos

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Omelete disse:
A Viagem - Cloud Atlas | Crítica
Filme dos Irmãos Wachowski e Tom Tykwer repete fórmula de Matrix com mistura de gêneros e filosofia

Érico Borgo
09 de Setembro de 2012

A Viagem
Cloud Atlas
EUA, Alemanha , 2012 - 163 min.
Drama / Fantasia / Ficção científica

Direção:
Andy Wachowski, Lana Wachowski, Tom Tykwer

Roteiro:
Andy Wachowski, Lana Wachowski, Tom Tykwer

Elenco:
Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Susan Sarandon, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Ben Whishaw, Keith David, David Gyasi, Zhou Xun, Doona Bae

Excelente




Com o sucesso de Matrix, a recepção dividida das continuações Reloaded e Revolutions e o fracasso comercial de Speed Racer, Andy e Lana Wachowski precisavam provar-se capazes de voltar ao topo. A Viagem (título genérico e preguiçoso que ganhou no Brasil o Cloud Atlas) os recoloca com louvor nessa posição.

Com a ajuda do alemão Tom Tykwer, cuja produção é muito mais estável que a dos irmãos (O Perfume, Trama Internacional), os Wachowsi constroem um intrigante pout-pourri de gêneros, adaptando o romance homônimo de David Mitchell.

O filme salta enlouquecidamente através de seis épocas distintas, desde 1849 (em uma história de escravatura) até milhões de anos no futuro (uma fantasia em um mundo distante), 106 anos depois de um evento chamado A Queda, passando por 1946 (no pós-guerra inglês, em uma história sobre um amor homossexual proibido e a criação de uma obra-prima musical), 1973 (com uma investigação jornalística sobre usinas nucleares em São Francisco), 2012 (com uma engraçadíssima comédia britânica sobre um grupo de velhinhos tentando fugir de uma casa de repouso) e, enfim, 2144 (em Neo Seul, em uma ficção científica cyberpunk com uma empregada fabricada de uma cadeia de restaurantes tornando-se a líder de uma revolução).

Todas as histórias surpreendentemente se conectam, mas não há um "mistério-mestre", o que seria usual em séries de televisão ou filmes do gênero. A conexão é muito mais sutil, ainda que poderosa, sugerindo relações cármicas e vidas passadas (toda a ação, boa ou ruim, realizada em uma existência refletirá nas próximas). É curioso também como, além do lado espiritual, encontra-se uma maneira de tornar tudo mais físico, jogando no liquidificador um pouco da teoria do caos também. Até Carlos Castañeda é citado, ressaltando influências de Neoshamanismo e Nova Era no novo trabalho, entre outros.

Misturar filosofia a um gênero estabelecido, afinal, é algo que os Wachowski já haviam realizado com sucesso em Matrix. Aqui, porém, a dupla e Tykwer vai muito além, dando essa roupagem a nada menos que meia-dúzia de tipos de filmes. E para unificar o todo, dando uma dose extra de reconhecimento às partes isoladas, o mesmo elenco foi utilizado no filme inteiro. Todos os atores - Tom Hanks, Halle Berry, Hugh Grant, Susan Sarandon, Jim Broadbent, Hugo Weaving, Jim Sturgess, Ben Whishaw, Keith David, David Gyasi, Zhou Xun e Doona Bae - estão em todos os segmentos, mas a cada um é dado papéis mais e menos importantes dependendo da história, com suas maquiagens trazendo surpresas o tempo inteiro. Alguns deles são irreconhecíveis de um trecho para outro - com a produção ousando transformar ocidentais em orientais, negros em caucasianos, gente em mutante, etc.

O trabalho de fotografia, composição, direção de arte e figurino é outro espetáculo à parte, já que o trio de diretores obteve coesão com duas equipes completamente distintas de profissionais. Não fossem os assuntos tão diferentes, não daria sequer para distinguir um trecho do outro. A edição relaciona momentos similares e antecipa ou atrasa o som nos cortes, dando fluidez às ações - e tornando todas relevantes e atraentes. É como zapear furiosamente durante quase três horas entre seis canais de televisão e descobrir que o aparelho está contando-lhe uma única história misturando noticiário, reality show, comercial de fraldas e episódios de Star Trek.

Com tanta riqueza de detalhes, Cloud Atlas é uma experiência que merece ser explorada várias vezes e que deve ser ainda tão comentada quanto foi Matrix. "Tudo está conectado", avisa o cartaz do filme - e procurar elementos de relação entre cada segmento (sejam eles temas, formas ou até mesmo texturas ou notas musicais) é parte da diversão.

http://omelete.uol.com.br/cloud-atlas/cinema/viagem-cloud-atlas-critica/
 
Caramba! Olha a Halle Berry como ficou:

halle-berry-in-whiteface-in-cloud-atlas.jpg
8-O

Quero muito ver esse filme, mas tô meio num impasse... queria ler o livro antes, mas acho que até eu terminar, mesmo que comece agora, o filme já terá saído de cartaz :rofl: Então não sei se perco o filme no cinema e leio o livro; ou se vou ao cinema assim mesmo e depois eu leio o romance, hehe
 
só achei meio pancada o povo do filmow tá tudo dizendo q vai ver o filme dnv p entender. really? +3h? aff. #tudoculpadadilma
 
Influência paganística :rofl:

É que eu não gostei do troço sobre assistir ao filme mais de uma vez - pow, se a pessoa gostou, conseguiu entrever algo bacana ali, mas ainda não entendeu direito, pq não ver de novo(falo por experiências pessoais =P)?.

Mas ri do trequinho da Dilma, apesar de não entender o q a Dilma tem a ver com isso, hehe
 
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gabe bipolar? olha olha :clap::raiva:

ñ critiquei o povo por ver o filme dnv se gostou, mas pq ñ entendeu. eu gosto do jodha akbar e já vi 10x mesmo tendo 4hs. mas a viagem é simples simplíssimo, com a proposta facilmente entendível já na primeira meia-hora. basta prestar atenção e ñ ir ao cinema com a galerinha e ficar andando/flertando/beijando como já vi fazerem. se ñ entenderam é pura falta d educação e d educação. uma dessas é culpa da dilma, do lula, do pt e da manipulação das massas (tb paganizei aqui). hj os jovens ñ estão entendendo cada vez + coisas cada vez + simples.
 
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ñ critiquei o povo por ver o filme dnv se gostou, mas pq ñ entendeu. eu gosto do jodha akbar e já vi 10x mesmo tendo 4hs. mas a viagem é simples simplíssimo, com a proposta facilmente entendível já na primeira meia-hora. basta prestar atenção e ñ ir ao cinema com a galerinha e ficar andando/flertando/beijando como já vi fazerem. se ñ entenderam é pura falta d educação e d educação. uma dessas é culpa da dilma, do lula, do pt e da manipulação das massas (tb paganizei aqui). hj os jovens ñ estão entendendo cada vez + coisas cada vez + simples.


Esse é meu problema com o filme, toda mensagem já está contida no que está no trailer. E as histórias em si não são muito satisfatórias. Tudo parece ser um pastiche dos gêneros que estão sendo retratados, vide a trama na Coréia, versão genérica e meio preguiçosa de tantas obras de distopia (pelo menos colocaram uma coreana de verdade no papel, o que na verdade pelo menos de uma legitimidade emocional ao negócio). A trama do escravo e da Hale berry dos anos 70 são um vácuo total.
E as maquiagens ficaram ri-dí-cu-las, uma distração a mais. Se ao menos não fossem os atores tão conhecidos. Hale Berry e Tom Hanks pagam mico aqui, acho difícil essa não ser a pior atuação da carreira deste último.
Não li o livro, mas apostaria que a coisa é transmitida de forma mais natural, as histórias em si mais agradáveis e as conexões, sutis, ficam mais firmes na forma literária. Tenho certeza que a intenção era que os personagens vividos pelos atores fossem reencarnações/versões do espírito humano em diversas épocas, mas não vejo pq eles tem que ter exatamente a mesma aparência física. Aliás, outra aposta minha é que essa idéia foi dos "criadores da trilogia Matrix".
 
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ñ critiquei o povo por ver o filme dnv se gostou, mas pq ñ entendeu. eu gosto do jodha akbar e já vi 10x mesmo tendo 4hs. mas a viagem é simples simplíssimo, com a proposta facilmente entendível já na primeira meia-hora. basta prestar atenção e ñ ir ao cinema com a galerinha e ficar andando/flertando/beijando como já vi fazerem. se ñ entenderam é pura falta d educação e d educação. uma dessas é culpa da dilma, do lula, do pt e da manipulação das massas (tb paganizei aqui). hj os jovens ñ estão entendendo cada vez + coisas cada vez + simples.

Isso que você está falando é obra de FHC e do tucanato paulista, não de Lula e Dilma. Ademais, é melhor não misturar alhos com bugalhos.
 
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Infelizmente a pretensão que eu esperava em Pi, eu achei aqui.
Não considerei um filme ruim, mas ele é incompleto e desconexo em todos os sentidos.
 
Esse é meu problema com o filme, toda mensagem já está contida no que está no trailer. E as histórias em si não são muito satisfatórias. Tudo parece ser um pastiche dos gêneros que estão sendo retratados, vide a trama na Coréia, versão genérica e meio preguiçosa de tantas obras de distopia (pelo menos colocaram uma coreana de verdade no papel, o que na verdade pelo menos de uma legitimidade emocional ao negócio). A trama do escravo e da Hale berry dos anos 70 são um vácuo total.
E as maquiagens ficaram ri-dí-cu-las, uma distração a mais. Se ao menos não fossem os atores tão conhecidos. Hale Berry e Tom Hanks pagam mico aqui, acho difícil essa não ser a pior atuação da carreira deste último.
Não li o livro, mas apostaria que a coisa é transmitida de forma mais natural, as histórias em si mais agradáveis e as conexões, sutis, ficam mais firmes na forma literária. Tenho certeza que a intenção era que os personagens vividos pelos atores fossem reencarnações/versões do espírito humano em diversas épocas, mas não vejo pq eles tem que ter exatamente a mesma aparência física. Aliás, outra aposta minha é que essa idéia foi dos "criadores da trilogia Matrix".

talvez o livro ajude a entender o filme, conforme indica a superinteressante:

6. Cloud Atlas, de David Mitchel (2004)

Cloud Atlas, música composta pelo japonês Toshi Ichiyanagi, primeiro marido de Yoko Ono, inspira o título homônimo da obra de Mitchel (clique para ouvir).

Ainda sem tradução para o português (por que será?), Cloud Atlas é composto por seis histórias que levam o leitor por uma viagem no tempo e na linguagem. Do Pacífico Sul do século XIX a um distante futuro pós-apocalíptico, cada conto presente no livro é lido e observado pelo personagem principal da história seguinte. E tem mais: as cinco primeiras histórias são interrompidas em um momento chave da narrativa.

O livro, bem recebido pela crítica, foi comparado a um “perfeito jogo de palavras cruzadas”, desafiador e envolvente. Mas o que rendeu elogios a David Mitchel não foi apenas a ideia de tecer o livro com uma série de narrativas incompletas, um recurso já explorado na literatura – Mitchel diz ter se inspirado em Se um viajante numa noite de inverno, de Italo Calvino para escrever Cloud Atlas, inclusive. Seu toque especial foi colocar um “espelho” no centro do livro. Depois do sexto conto, cada uma das cinco histórias é revisitada e concluída – mas em ordem cronológica inversa. Pã. Você encaria essa ~viagem~ literária? Então se prepare para o filme.
 
Detalhe para o fato completamente irrelevante de que o compositor da música é o primeiro marido de Yoko Ono...
 
O David Mitchell escreveu o lindão Menino de lugar nenhum. Porém, aguentar 3 horas de Tom Hanks (Gangnam)Matrix-style deve ser uma experiência aterrorizante, e eu tenho histórico de problemas cardíacos na família. Vou ter que deixar passar.
 
Putz, voltamos à Valinor de 2004, onde todos os usuários são críticos de cinema?

Enfim, ótimo filme com uma boa historia, bons atores e cg perfeito. O filme é longo e complexo (em alguns momentos você fica em dúvida se tá entendendo tudo), mas ótimo. Vale a pena encarar.
 
Como, desconexo? Claramente vi conexões entre todas as épocas. Não vou falar quais aqui, mas vi.
Desconexas em termos de narrativa.
Não há ligações orgânicas em cada corte na montagem de uma história para outra. Parece uma colcha de retalhos de 6 histórias distintas que teriam o mesmo impacto no espectador se tivessem sido contadas as 6 individualmente e separadamente. Ter um núcleo em comum não é forte o suficiente pra justificar contá-las de forma intercalada, sem acrescentar em nada a experiência com isso.

De qualquer forma, achei um filme interessante. Bons efeitos, boa escolha de estética pra cada filme (apesar do problema de novo de desconexão entre elas, principalmente entre filmes com direções tão distintas como dos irmãos em contrapartida ao do Tykwer), boa temática.
Só achei realmente ineficiente a maquiagem como disse o Hobbit Bonzinho. É diferente tentar deixar semelhanças e simplesmente deixar quase transparente que é um ator com prostético. Poucos foram os personagens com maquiagem pesada que não foram distrativos.
 
As ligações orgânicas devem ser a outra parte que não adaptaram do romance. Pelo que vi o pessoal falando, existe um vai-e-vem no tempo, como se para fechar o ciclo das histórias. A tal orgânica da narrativa deve faltar justamente na volta dos acontecimentos.

Putz, voltamos à Valinor de 2004, onde todos os usuários são críticos de cinema?

Relembrar é viver =D
 
Achei o filme horrível!

Não é nem pelo fato de entender ou não entender o filme e suas conexões, mas sim por ser fraco mesmo! A história em si é muito fraca e em vários momentos dá vontade de desistir de continuar de assistir ao filme.
 
zeca camargo (que é apaixonado pelo livro) meteu o pau no filme (ao mesmo tempo que disse que adorou, vá entender)

É temporada de Oscar! Com as indicações anunciadas na semana passada, os grandes centros brasileiros finalmente podem se sentir como Nova York ou Los Angeles – as cidades onde a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que dá as estatuetas, exige que os filmes tenham ficado em cartaz pelo menos por uma semana em determinado ano para que uma produção possa se candidatar aos prêmios. A comparação – já sei – é exagerada, pois as distribuidoras brasileiras, ao contrário das americanas, só programam seus lançamentos depois de as indicações oficiais terem saído – minimizando assim os riscos de seus investimentos, e privando nós, os espectadores, das múltiplas escolhas abundantes em LA ou NY. Mas não estou aqui hoje para reclamar desse modelo que já se repete anos.

Aliás, não estou aqui agora nem para falar dos filmes indicados este ano – um assunto que prefiro degustar aos poucos, à medida que eu for assistindo às estreias da temporada. Hoje vou totalmente “na contramão”, dividir com você minhas opiniões sobre um lançamento recente que não conseguiu sequer uma indicação ao Oscar – nem mesmo naquela categoria onde talvez houvesse uma esperança, a relativamente pouco lembrada “melhor maquiagem” (e logo mais vou desenvolver sobre isso). Não faço isso por teimosia, pelo contrario: o que quero hoje é mostrar minha solidariedade com milhões de fãs de “Harry Potter” e de “Crepúsculo”, que se sentiram traídos, nem que fosse em um aspecto qualquer, quando viram seus livros favoritos adaptados para a grande tela.

Devo avisar, no entanto, que a adaptação que me decepcionou não é a de um grande bestseller da magnitude da saga Potter, ou mesmo da trilogia “Crepúsculo”. Trata-se de um modesto – ainda que ambicioso – livro, que ainda nem ganhou uma edição brasileira. Leitores e leitoras mais frequentes do blog já suspeitam que eu estou falando de “Cloud atlas”, de David Mitchell – que já citei mais de uma vez aqui como uma das melhores leituras que fiz nos últimos tempos!!! (E não, as três exclamações que acabei de colocar aqui não são um exagero). Não está reconhecendo o título em português entre os filmes que atualmente estão em cartaz? Bem, talvez seja porque os distribuidores quem sabe no afã de conquistar não só aos cinéfilos fãs da trilogia “Matrix” (os irmãos Wachowski assinam a direção junto com Tom Tykwer, de outro “cult” clássico, “Corra Lola, corra”), mas também aos admiradores de “Nosso lar”, resolveram rebatizar o filme de… “A viagem”!



Ah! Lembrou agora? Pois então, não se trata de nenhuma utopia espírita – posso garantir. Infelizmente, levando-se em consideração os talentos que assinam a produção, “A viagem” não é também nenhuma grande visão de uma utopia delirante, capaz de nos levar por incríveis cenários – e de bônus nos fazer achar que estamos tendo uma aula de filosofia. A mensagem de “A viagem” está mais para o Budismo (já explico melhor), e o visual, bem mais diverso e arejado do que se podia esperar dos Wachowski. Como você pode imaginar, essas são boas credenciais. Junte a elas um livro que foi admirado pela crítica internacional desde seu lançamento nos Estados Unidos em 2004 (para o leitor brasileiro, tenho o prazer de informar que você pode saciar sua curiosidade procurando por ele em alguma livraria virtual de Portugal, como a Bertrand, uma vez que os nossos patrícios já ganharam há tempos o privilégio de uma tradução de “Cloud atlas” para o português). E um elenco não só com nomes tarimbados, como Tom Hanks e Halle Berry – ou mesmo Hugh Grant -, que são garantia de uma boa bilheteria, mas também a fina flor da interpretação, como Susana Sarandon, Jim Broadbent, e o jovem Ben Wishaw. Somando tudo, temos todos os ingredientes necessários para um grande filme, certo?

Errado! Mas não errado de uma maneira simples, resultado de uma mera frustração com as discrepâncias entre um livro que você adora, interpretado por diretores que você admira, com atores que você simpatiza, e o resultado final na tela. “A viagem” erra em grande estilo. É um desastre monumental. Um daqueles poucos filmes que faz você sair do cinema se perguntando: “Por que ele foi feito?”. Um trem que descarrila desde sua saída da estação. Uma produção capaz de colocar em questão a própria existência do cinema hoje em dia. E, no entanto, na última segunda-feira, lá estava eu numa sala escura, esforçando-me ao máximo para gostar de um filme que parecia fazer questão de provocar apenas uma reação em quem o assistia: repulsa! E, pior, no final da sessão eu me vi dizendo a mim mesmo que eu tinha… gostado do filme! Isso mesmo! Como é possível isso? Vamos tentar explicar.

Um bom começo é resumir o argumento do filme. Melhor ainda: vou tentar contar a proposta do livro. Através de seis historias bastante diferentes – a primeira no final do século 19 e a última num futuro bem distante -, em estilos totalmente diversos – que vão de um diário de bordo a uma entrevista com um arquivista – o autor, David Mitchell quer mostrar que tudo está conectado. (E essa, se você me permite certa liberdade religiosa, é a proposta budista da história). Os personagens que conhecemos numa grande galera que cruza o Pacífico há mais de cem anos, voltam de alguma maneira na Bélgica do início do século 20, nos Estados Unidos dos anos 70, na Inglaterra contemporânea, na Seul de um futuro próximo, e sei lá em que lugar de um futuro distante. Eu sei, parece uma mensagem de autoajuda barata. Mitchell, porém, é um autor com talento suficiente para transformar essa premissa em um “tour de force” literário.

De maneira engenhosa, ele interrompe cada história num momento crucial – e avança no tempo, fazendo o leitor perceber aos poucos as conexões entre as narrativas. Tudo culmina num futuro longínquo, quando a Terra está fadada à extinção – habitada por pequenas colônias sobreviventes, ameaçadas por uma tribo mercenária cujo único objetivo é a extinção total da raça humana. Se você, como eu, nutre uma certa desconfiança por cenários apocalípticos assim, relaxe. Mitchell é tão genial que apresenta essa última história de maneira original e sedutora – ele chega ao requinte de inventar uma espécie de dialeto entre esses últimos terrestres capaz de desafiar mesmo quem tem boa fluência no inglês… Mas o mais interessante é que essa última etapa não é o desfecho do livro. A partir dela, o autor começa a voltar no tempo, e a retomar as outras narrativas, encerrando cada uma delas de maneira brilhante. Raras vezes fechei um livro com tanto pesar – não pela experiência da leitura, claro, mas pelo simples fato de ter concluído uma obra que eu estava adorando!

Teria, apesar das dificuldades, dado um filme maravilhoso. Recentemente conferi “As aventuras de Pi” – que é uma gloriosa adaptação de um livro que também é bem cultuado e era, até então, famoso por ser “inadaptável”! Com um pouco de esforço, eu sempre acho que tudo é possível. Mas aí vem os Wachowski e Tykwer para me contrariar. Os irmão Lana e Andy, mais o diretor alemão, dividiram as historias entre eles – duas para cada um. E na hora da montagem… Bem, na hora da montagem eles jogaram todas para cima e… Bem, virou tudo uma bagunça.

Talvez a ideia fizesse sentido – pelo menos para quem já havia lido o livro. Mas mesmo eu, que sei passagens de “Cloud atlas” de cor, tive dificuldade para encaixar alguns trechos de “A viagem”. Já um amigo meu que me acompanhava na sessão, que nunca tinha lido o livro e só arejava uma leve noção do que se tratava através de críticas que tinha lido, ficou ainda mais confuso! Por que os diretores fizeram isso?

Esta semana mesmo li um curioso artigo revista do jornal “The New York Times” que pode nos dar uma pista para entender essa escolha. Sob o título “Era uma vez uma pessoa que dizia ‘Era uma vez’ “, o escritor e professor de escrita criativa Steve Almond lamentava que boa parte dos textos de seus alunos, quando ele pedia para a classe escrever alguma diferente, tinha a ver com um cara que acordava num lugar que ele não sabia onde era e tentava juntar as pistas do que tinha acontecido com ele. É… Tipo “Amnésia”, de Christopher Nolan…

Não é o caso aqui de discorrer sobre esse outro clássico “cult”, mas, para continuarmos a discussão, basta dizer que Almond defende a ideia de que temos mais de uma geração de leitores / espectadores / internautas que cresceram sem a figura do narrador. Acostumados a uma narrativa pulverizada, as pessoas agora nem esperam que as coisas façam sentido. Nos tornamos coletores de nacos de informação – e desistimos de dar a eles o que um dia chamamos de contexto. Quem fazia isso era a figura do narrador – hoje aposentada das grandes produções culturais. E o filme “A viagem” é só o exemplo mais recente disso.

Todas essas coisas passavam pela minha cabeça ao mesmo tempo em que eu via o filme. Juntando todos os pedaços da história que eu tinha tanto amado no livro, eu me forçava a gostar daquilo. Aos poucos – e por conta da minha devoção pelo livro – fui passando por cima dos obstáculos. Ignorei a presença incomoda de Tom Hanks. Ignorei a mensagem “new age”. Ignorei a maquiagem ridícula – “ridícula” com oito vogais, igual a Aline, primeira eliminada do “BBB 13″, usou para criticar o Bambam. Ignorei as nem sempre poéticas alterações na história original. Ignorei ainda a embaralhada gratuita nas historias. O que fiz, no final, foi simplesmente me divertir com a capacidade de alguém pegar algo tão legal como era o livro original e transformar aquilo tudo num exercício estético-anárquico e pseudo-elaborado.

Na época do lançamento de “A viagem” nos EUA, li varias entrevistas com o autor. Em quase todas ele se dizia fascinado com a transposição do seu trabalho para as telas. David Mitchell chegou até a declarar que estava encantado com o fato de escrever alguns diálogos que iam parar na boca de atrizes como Berry. Em todos seus depoimentos, porém, era possível notar certo incômodo seu, que aparecia timidamente, sem chegar a estragar seu fascínio pela adaptação. Era como alguém que sabe que está sendo gravado numa picadinha, mas dá uma piscada para câmera – como que para dizer: tudo bem, vamos nessa. Foi com essa mesma atitude que eu consegui atravessar “A viagem” – um filme ruim, que eu adorei.
 

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