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Gurthang falante: Objeto místico ou fruto de loucura?

Rauthar Hast

Usuário
Primeiramente, desculpem-me por qualquer infortúnio caso o assunto já fora discutido aqui. No caso, peço por favor que movam/excluam o tópico

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Atenção: Contém spoiler sobre o livro Os Filhos de Húrin e sobre o capítulo "De Túrin Turambar" do Quenta Silmarillion


Pois bem, acabei agora há pouco de ler Narn I Chîn Húrin, o Conto dos Filhos de Húrin, e tenho uma dúvida:
No final, Túrin, em sua loucura e perdendo o gosto pela vida, fala com Gurthang, sua "lâmina negra", pedindo que a mesma o matasse. E, para sua surpresa ou não, ela responde que sim, lhe daria a dádiva da morte.

Pergunta: Seria Gurthang um artefato místico, criado para ter vida, ou até mesmo que o criador da espada tivesse colocado sua alma dentro dela, assim como Sauron fez com o Um Anel? Ou seria apenas fruto da loucura de Túrin, que ouviu as palavras de um objeto sem vida?
 
não interpretei a resposta da espada como algo literal - acho que foi, como você disse, um "fruto da loucura". essa espada, aliás, tem toda uma história interessante, de modo que deixa o leitor esperando algo de especial sobre ela... só que não. a não ser que você considere que a espada realmente falou com Túrin.
 
Primeiramente, desculpem-me por qualquer infortúnio caso o assunto já fora discutido aqui. No caso, peço por favor que movam/excluam o tópico

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Atenção: Contém spoiler sobre o livro Os Filhos de Húrin e sobre o capítulo "De Túrin Turambar" do Quenta Silmarillion


Pois bem, acabei agora há pouco de ler Narn I Chîn Húrin, o Conto dos Filhos de Húrin, e tenho uma dúvida:
No final, Túrin, em sua loucura e perdendo o gosto pela vida, fala com Gurthang, sua "lâmina negra", pedindo que a mesma o matasse. E, para sua surpresa ou não, ela responde que sim, lhe daria a dádiva da morte.

Pergunta: Seria Gurthang um artefato místico, criado para ter vida, ou até mesmo que o criador da espada tivesse colocado sua alma dentro dela, assim como Sauron fez com o Um Anel? Ou seria apenas fruto da loucura de Túrin, que ouviu as palavras de um objeto sem vida?

Podemos considerá-la como algo mistico, mas nada que tenha alma, pois Eol não tinha poderes para colocar vida em um objeto, seja lá qual for. Eol era um elfo mau, rancoroso, estupido, cruel, egoísta, perverso. Como ele era um ótimo ferreiro, ele criou suas armas baseadas em seus sentimentos e personalidade. Uma herança maldita de Eol em seus feitos. Vide também o exemplo de sua herança em Gondolin. A queda da cidade veio através de seu sangue.

Outra coisa: elfos não são seres angelicais, são desprovidos da dádiva da criação da vida.
 
Seria interessante transcrever a passagem aqui, para apreciação. Mas a preguiça me impede. :mrgreen:

Eu sempre interpretei a passagem da seguinte maneira: Túrin fala com a espada e ela emana um brilho que, em sua loucura, ele interpretou como "beberei o seu sangue para esquecer o sangue de Beleg e blá blá blá" (acho que era algo assim). Mas o que me intriga, além de tudo isso, é o fato da lâmina ter se quebrado. :think:
 
Pra mim: objeto místico-e bota místico nisso ( o tratamento do Tolkien É, SIM, deliberadamente ambíguo e comporta o "sim e não élfico", a espada podia não falar, literalmente, mas, sim, se comunicar por telepatia ou podia ser tudo piração do Túrin mesmo).

E, Elessar (bonito avatar novo Fernandinho :P), EXISTE a possibilidade de que a vida do material das espadas tenha sido infundida nelas não pelo forjamento do Eol mas, sim, que fosse algo já imbuído na sua matéria ANTES disso, ou seja, que já fosse um atributo misterioso do meteoro a partir do qual seu minério metálico foi extraído.

Vide comparações explicações e analogia pedigree aí:

"Terei errado" ? A Odisséia das Espadas Negras-Tolkien e Moorcock

Mais detalhes e raízes do conceito aí: A Dinastia das Espadas-Genealogia de Gurthang

Com destaque pra:

Excalibur's brother sword, Clarent, which was the Sword in the Stone in The Alliterative Morte Arthure, is another example in some sources. A meteor, in the shape of a red dragon's head - a red dragon being the symbol of Briton, and especially Wales - fell to earth, landing just as Uther, father of Arthur, was given command of an army after its commander had fallen. Merlin took this as a sign that Uther was destined to be King of All the Britons, had the meteor's metal forged into the magic sword, Clarent, and gave Uther the surname, Pendragon (Welsh for dragon head).

O aliterative Morte Arthure é a fonte pro trabalho de Tolkien a ser publicado sobre o Rei Arthur, o Fall of Arthur, poema aliterativo que vai sair em formato de livro editado pelo Christopher Tolkien esse ano..

Repercussões da natureza da espada pra Túrin Turambar e o possível papel a ser desempenhado por ela no futuro do Legendarium ( o futuro do nosso mundo).

Aí embaixo Mordred (outro filho de mulher com beleza élfica adotado por um Rei que, eventualmente, adquire a posse de uma espada que faz parte de um par de espadas mágicas roubadas e provoca a queda de um reino.

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A matriz principal do Túrin, Kullervo, o infeliz.

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A outra grande matriz: Sigurd da mitologia nórdica e sua Gram/Balmung/Nothung ( aí no teaser animado da saga do Anel do Nibelungo transformado/reiventado como quadrinho europeu.

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Rauthar Rast, recomendo a compra e leitura do Sigurd e Gudrun que foi, esse sim, magistralmente traduzido pelo Eduard Kyrmse pro português ( eu achei ótimo o trabalho dele), tendo a vantagem de ser bilingue ( só os poemas, não os textos ensaísticos do Tolkien ou do CT). Nessa obra, o Tolkien contou em versos a sua versão da história do Volsungo, de sua(s) infeliz(es), fatídica(s) esposa(s) e de um certo Anel amaldiçoado.

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Rauthar Rast, recomendo a compra e leitura do Sigurd e Gudrun que foi, esse sim, magistralmente traduzido pelo Eduard Kyrmse pro português ( eu achei ótimo o trabalho dele), tendo a vantagem de ser bilingue. Nessa obra, o Tolkien contou em versos a sua versão da história do Volsungo e de sua(s) infeliz(es), fatídica(s) esposa(s) e de um certo Anel amaldiçoado.

Mas esse livro tem relações com a Terra-Média? Tenho um amigo Tolkeniano que mora a 10min da minha casa e tem esse livro, se eu pedir ele me empresta (a não ser que ele esteja lendo ou planeje ler).
 
Eu entendo que do mesmo jeito que animais não tem alma, mas podem se comunicar, seguindo a 'programação' de seus criadores, tendo em si parte de sua vontade, caráter e intentos, a espada também pôde se comunicar (via 'telepatia') seguindo o 'caráter' e a parte de si que Eöl imprimiu em sua obra. Vejo esse tipo de 'impressão' como uma propriedade bem geral das criações do universo tolkienriano, não apenas restrita ao Anel.

Ou talvez foi um delírio mesmo. As duas interpretações são possíveis... Mas a interpretação do delírio me soa pouco ortodoxa, já que não lembro de outra passagem do Silmarillion em que impressões subjetivas dos personagens sejam descritas pelo narrador sem qualquer ressalva sobre sua natureza ilusória.
 
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Mas esse livro tem relações com a Terra-Média? Tenho um amigo Tolkeniano que mora a 10min da minha casa e tem esse livro, se eu pedir ele me empresta (a não ser que ele esteja lendo ou planeje ler).

Sigurd e sua espada foram uma das inspiraçoes pro Túrin Turambar, Rauthar. E, como expliquei melhor lá na análise do papel do Túrin Turambar na Dagor Dagorath, terceiro link do post anterior, o trabalho do Tolkien no Sigurd e Gudrun tem TUDO A VER com os desdobramentos da saga do Túrin Turambar pós anos 30 até os 50.
 
Última edição:
Acabei de reler o trecho (o fórum faz isso comigo, rs, nunca pararei de reler Tolkien).

Acredito que a espada falou mesmo com Túrin. E achei isso tão magnífico, tão Primeira Era, que tenho certeza que a espada falou com ele.

Penso isso porque esse é um fato estremamente incomum. Se não me engano, em nenhum outro momento uma espada fala com alguém na Terra-Média. E a história de Túrin é tão sofrida, mas tão sofrida que acho que até a espada ficou com pena dele, aceitando assim, dar-lhe a dádiva da morte (uma vez que nem Glaurung conseguiu dar isso a Túrin).

O diálogo na íntegra é:

"_ Salve, Gurthang! - disse ele - Não reconheces senhor, nem lealdade, a não ser a da mão que te empunha. Diante de sangue nenhum recuas. Portanto, queres aceitar Túrin Turambar? Queres me matar com rapidez?
E da lâmina ressou uma voz fria em resposta.
_ Sim, beberei teu sangue com prazer, para poder esquecer o sangue de Beleg, meu senhor, e o sangue de Brandir assassinado injustamente. Eu te matarei com rapidez." p 288 O Silmarillion

Acho que é por isso que a Lâmina Negra se despedaça. Ela é tão desgraçada quanto o próprio Túrin. Ela também matou inocentes, também foi vítima e agressora. Quanto Túrin a convoca para uma última conversa ela responde, e quando ele morre, ela morre com ele, despedaçando-se. Pois ela não tinha outro senhor, nem esperava ter, feitos como os que ambos haviam conseguido ela nunca mais iria provar, para o bem e para o mal.

Não é a toa que quando encontram o corpo de Túrin e os fragmentos de Gurthang, enterram ambos juntos. Eles tinham uma só alma... negra.

Certamente, ela falou com ele.
 
É bem por aí mesmo. Compare a quebra da Excalibur do filme do Boorman ao ser usada pra uma tarefa indigna por Arthur no Excalibur e o episódio similar ocorrido com a Sword of Omens (Espada Justiceira em português) do Lion dos Thundercats. E, parece que Gurthang era especialmente afeiçoada ao Beleg. Era mais esperta do que a anta do Túrin jamais foi. ;)

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