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Eu te dedico

Cantona

Tudo é História
Gostava de praticamente tudo, lá do Blog do Meia. Mas as colunas, Shakespeare escrevia por dinheiro, Sweet as a bee e Gatos empoleirados, eram a cereja do meu bolo, vamos assim dizer.

O Pips, que redigia Gatos empoleirados, certa vez falou das dedicatórias nos livros e sugeriu o site Eu te dedico.

Só ganhei um livro com dedicatória em toda vida: Para viver um grande amor, do Vinicius de Moraes. Presente de uma antiga namorada que, aproveitando a reprodução do título numa página entre a capa e o índice, complementou: "Para viver um grande amor, bastou te conhecer". Não sei se depois do rompimento as palavras se manteriam. O fato é que estão aqui, como prova dos amores de outrora.

Enfim, criei o tópico para divulgar o link e para quem quiser compartilhas suas dedicatórias pelo Valinor.
 
Eu tinha assistido o filme Secretária e gostei muito. O Jeff encontrou o livro onde tem o conto de onde se originou o filme e me mandou de presente. :abraco: Disse: "embora eu ache que o filme ficou melhor, é sempre bom ver de onde ele veio."
 
compartilhando o texto que saiu no globo pq é muito legal, lindo, merece ser lido, etc.

RIO - Era uma noite de terça-feira insuspeita em Copacabana. No fim daquele dia, 23 de outubro, um grupo de frequentadores do sebo Baratos da Ribeiro faria exatamente o que faz há cinco anos: se espremeria entre as prateleiras abarrotadas da livraria para mais um encontro do Clube da Leitura, evento quinzenal em que leem trechos de livros e trocam impressões sobre contos próprios. Quando chegou a sua vez na roda, o dono do sebo e fundador do clube, Maurício Gouveia, tirou da gaveta um livro que guardava há dez anos escondido no acervo: um exemplar em italiano de “Nove contos”, do escritor americano J.D. Salinger.
Não tinha coragem de vendê-lo. Com as bordas amareladas e as páginas carcomidas, aquele “Nove racconti” guardava uma dedicatória em português na página de rosto que Maurício considerava mais bonita do que todo o livro do autor do clássico “O apanhador no campo de centeio”. Um homem comum — que poderia ser um médico, um vendedor de sapatos ou um trapezista de circo — declarava seu amor a uma mulher, em Milão, em 26 de dezembro de 1966. Maurício leu a dedicatória enorme, que começava com a frase “De tudo que vem de você, permanece em mim uma vontade de sorrir” e se encerrava com a oração “a vida é um contínuo chegar de esperanças”. Ao final, subiu o tom para ler o nome do santo: Sylvio Massa de Campos.
Foi quando um dos frequentadores do clube soltou um “opa!”. O jornalista George Patiño conhecia a família Massa, da qual Sylvio era o patriarca. Ele não vendia sapatos, trabalhava em circo ou morava em Milão: o matemático e escritor Sylvio Massa de Campos estava vivo, trabalhara a vida toda na Petrobras, tinha 74 anos e morava logo ali, no Leblon.
— Tem certeza? — perguntou Maurício.
— Trago ele aqui no próximo encontro — prometeu George.
Feito. No dia 6 de novembro, um senhor de cabelos brancos, sorriso fácil e porte altivo entrou no sebo acompanhado de duas filhas e três netos. Emocionado, recebeu das mãos de Maurício o livro perdido. Releu a dedicatória em voz alta, com pausas longas entre uma frase e outra, o que só aumentava o suspense na livraria, entrecortado pelo ruído dos netos inquietos. Depois de ser longamente aplaudido, contou aos novos colegas a história por trás daquela mensagem.
Em 1966, ele fazia mestrado em Matemática em Milão com uma bolsa do governo brasileiro. Lá, conheceu uma italianinha de nome Febea, que tinha concluído os estudos em Literatura em Londres, e acabava de retonar à Itália. Quando ela comentou que conhecia José Lins do Rego e João Cabral de Melo Neto, e que adoraria aprender português para ler Guimarães Rosa, Sylvio se apaixonou na hora: apesar de trabalhar com algoritmos, era na literatura que descansava seus teoremas. Prestes a terminar a pós-graduação, no entanto, logo voltaria ao Brasil. O amor foi construído à distância.
— Nosso namoro durou um ano, 136 cartas, nove livros, dois telegramas e um telefonema — contou Sylvio, para suspiro coletivo da plateia, e espanto das filhas, que não conheciam todos aqueles números. — Naquele tempo, dar um telefonema era uma fortuna. Esta dedicatória escrevi no dia do meu aniversário, já doido por ela. Eu nem sei como perdi o livro, acho que foi numa mudança nos anos 80.
Um ano depois, Febea veio morar no Brasil, e Sylvio montou um apartamento no Méier para ela. Tiveram duas filhas, Isabella e Gabriella — que a essa altura se debulhavam em lágrimas na livraria —, e viveram felizes para sempre. Até que um câncer levou Febea aos 41 anos de idade. Sylvio nunca mais se casou.
— A arte de viver é a arte de acreditar em milagres, disse o poeta italiano Cesare Pavese, e se hoje eu estou aqui é porque ele está certo. Febea foi a pessoa que eu amei mais profundamente em toda a minha vida. E ela está presente aqui, nessas cinco pessoas que fizemos, nossas duas filhas e três netos. Esse é o milagre — declarou Sylvio, lembrando, ao final, uma frase que ouvira do neto quando ele tinha 4 anos, e que levava como mantra de vida: “Vovô, nada é grave.”
Na rotina dos livreiros de sebos, dedicatórias anônimas aparecem com muita frequência. Mais até do que os exemplares usados de “O Xangô de Baker Street”, de Jô Soares, um campeão nacional em rotatividade. Os livros já chegam com cantadas, desculpas, felicitações, despedidas, malfazejos.
— O livro usado traz uma história que muitas vezes é mais interessante do que aquela que ele conta. Aqui na Baratos nós tínhamos uma caixinha para guardar os objetos encontrados dentro das páginas, como cheques, receitas médicas, ingressos de cinema, flores, contas, fotos... Daria uma exposição — comenta Maurício, que também guardou por algum tempo dois livros trocados entre amigos, com dedicatórias irônicas em que tentavam dissuadir o outro das suas convicções políticas (um era de direita; o outro, um anarquista convicto).
Mas acabou vendendo os exemplares. É da natureza da profissão: o livreiro não é um colecionador, mas um comerciante.
— Todo sebo começa do mesmo jeito, quando a pessoa precisa vender os próprios livros. Esta é a diferença de um livreiro para um colecionador. Só o livreiro tem coragem de se desapegar. Ele sabe que os livros que são de verdade voltam. Já encontrei livro que tinha sido meu em acervo que fui comprar. Todo lote sempre está cercado de histórias, seja uma morte, uma herança, uma mudança repentina de casa, de estilo de vida — explica Marcelo Lachter, que começou a vender livros usados há 14 anos e hoje é dono da Gracilianos do Ramo, um sebo virtual.
Mesmo defendendo o caráter comercial do ofício, Marcelo tem um “Nove racconti” para chamar de seu: há seis anos, guarda na gaveta um exemplar de “Recortes”, livro de ensaios de Antonio Candido publicado em 1993, na esperança de devolvê-lo à família do antigo dono. A história teve início em 2006, quando Marcelo recebeu o telefonema de uma moradora da Barra da Tijuca, interessada em se desfazer da biblioteca do marido, morto meses antes. Como era uma coleção especializada em Humanas, área com muita procura, Marcelo arrematou o lote todo. Antes de fechar negócio, no entanto, a viúva fez um pedido: caso ele encontrasse ali perdido um exemplar com uma dedicatória do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan ao marido, que devolvesse o título. Ambos tinham sido amigos de infância, perderam o contato e retomaram pouco antes de Malan tornar-se o braço forte de Fernando Henrique Cardoso.
Marcelo encontrou o livro e a dedicatória: “Meu melhor, apesar de distante, amigo. Espero que você goste deste ‘Recortes’, deste gênio literário e excepcional figura humana que é Antonio Candido. Precisamos ler coisas como estas para que não esqueçamos nunca de que há muito mais coisas na vida e no mundo que o nosso trabalho e nossas pequenas procupações cotidianas. Feliz aniversário, um abraço deste amigo e saudoso, Pedro Malan.” Mas perdeu a viúva de vista.
Outra história que aguarda um desfecho parecido é a de Nice Motta, de 46 anos, livreira há dez. Assim como Marcelo, Nice desistiu de uma loja física para se dedicar às vendas pela internet, suporte que salvou da falência milhares de livreiros no país, através do sucesso de sites como o Estante Virtual. Dona da Bola de Gude Livros, um acervo que ocupa 98% do seu apartamento na Vila da Penha, Nice é ainda mais romântica do que os colegas livreiros: ela embarga a voz cada vez que se depara com um fragmento de história perdida nos livros que compra e vende. É mais metódica também. Os objetos encontrados nos livros são reunidos numa caixa que ela guarda como um pequeno museu alheio.
Em meio aos objetos, há fotos, desenhos infantis, ingressos de espetáculos e até um passaporte para o Museu do Holocausto, na Alemanha. Há uma carta bem alegre: “Esta porra foi concebida pelo maior amigo putinho, mas com carinho. Uma beijunda e um abraçaralho deste que te escreve, com muito amor, 27/10/86, Edinho”); e uma muito triste (“À amiga Katia: cursei faculdade e não terminei, namorei cinco anos e não me casei, escrevi um livro e não publiquei. Minha vida segue em frente, sempre pela metade. Wagner, 73.”
Mas a pepita é um livro encontrado por ela em 2007: “O poder do jovem”, best-seller de autoajuda do parapsicólogo Lauro Trevisan. O exemplar tem duas dedicatórias. Uma escrita nas costas da primeira página: “Bruno, eu vi este livro e achei que você ia gostar. É coisa de mãe, fica tentando adivinhar o gosto do filho, eu queria te dar o mundo, mas é melhor você descobrir com a ajuda deste livro o seu mundo inteiro. Estou sempre aqui, filho, conte comigo, sua mãe, beijos, te amo, te amo e te amo, Rio, 15/03/02.”
Seria só uma mensagem emocionada, não houvesse a segunda, na página seguinte: “Rafael, este livro foi o último presente que eu dei para o Bruno, ele não chegou a ler. Como eu sei que ele te adorava, gostaria de dar a você, leia por ele e por você, com carinho, Clara, 15/03/06.”
— É muito emocionante pensar no amor desta mãe, que o filho morreu, e que ela teve o carinho de dividir o amor com o amigo do filho. Eu sou mãe, e sei como é inconcebível pensar na perda de um filho. Se ao menos eu pudesse repará-la em relação à perda do livro... — diz Nice, sonhando com um acaso que a coloque no caminho daquela mãe. — Trabalhar com livros é apaixonante. O livro não é só a história que o autor conta, mas a história que o antigo dono também conta.
No início deste ano, Nice encontrou outro volume de “O poder do jovem”, que ela ainda está pensando se vai para a caixinha ou não. A mensagem na folha de rosto diz o seguinte: “Para o meu querido neto Fábio conservar à sua cabeceira, e enfrentar a caminhada da vida sempre forte! E vencedor! 05/88, vovó Abigail Araújo.” Por enquanto, vai ficar lá.

fonte
 
Dia desses, tirei um tempo para dar uma olhada no tumblr do Eu te dedico. Gente, tem muita coisa legal lá.

Já que estamos falando sobre dedicatórias, colocarei, aqui, as que vieram nos livrinhos lindos que ganhei, ontem e hoje da Fernanda e do Gabriel:

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Dedicatória: "Essa é uma estória sobre o poder das estórias, dos nomes e da coragem de mergulhar na própria vida. É bonita, é triste e é doce. Eu achei que você ia combinar com ela. Fernanda." :grinlove:

A dedicatória está no "O nome do vento". O "O temor do sábio" ainda está todo escondidinho no plástico.
E a Fer ainda me mandou uma carta que... pqp... me fez chorar oceanos. Muito linda. Mesmo.

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Dedicatória: "Cléo, são os livros, esses objetos que guardam mundos inteiros, capazes de inspirar tantos e alcançar qualquer um disposto a se abrir a eles, não é mesmo? Então, eu também, mesmo longe de ti (o suficiente para que não esteja contigo agora aí, ao seu lado), quero, com esse livro, me fazer presente em sua vida, compartilhar de suas alegrias e dores, abraçá-la, encontrar seu sorriso com o significado único daqueles que dividem um amor em comum. Que de cada linha desse romance você extraia todo o carinho que por ti sinto. E que nesse natal a prosa deliciosa de Mia Couto lhe conforte e traga um novo nascimento aos seus sonhos. Milmaravilhosos beijos, de seu amigo, Biel. (12/12/2012). :grinlove:

Além do "A confissão da leoa", do Mia Couto (no qual está a dedicatória), Biel ainda me mandou "O galo de ouro e outros textos para cinema", de Juan Rulfo (ele uniu o útil ao agradável: meu amor pelo cinema + o meu amor por Juan Rulfo).
 

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Não conheço ninguém que goste de ler, a ponto que eu dê uma dedicatória, e eu não ganho livros de presente (na verdade, eu nunca ganho presente), mas eu ganhei recentemente o novo testamento da bíblia NIV toda em inglês da minha professora de inglês, tem a seguinte dedicatória:

Dear Leo, may God bless your ways.
Let him talk to you, he has great things for you.
Enjoy this book.

Gostei muito muito muito :mrgreen:
 
A minha irmã diz que não me dá livro ao meu filho, porque tem dificuldade de saber qual ele gostaria e não tem. Todo bico que ele faz vira livro e ela não tem gosto que ele, então ela dá CD que ela conhece o gosto e sabe que ele compra.

Vi ver que é por isso.
 
Eu adoro dar presentes pros meus amigos, livros principalmente... mas, ao menos de minha parte, vc tá sem sorte agora... tô duro :dente: Mas pó deixar que eu tenho seu endereço ainda aqui, pra futuras consultas :amor:
 
só assim pra eu ganhar livro =P natal, aniversário, etc. nunca. aleatoriamente então, poutz, mas difícil ainda.

Eu não ganho nem em natal, nem aniversário, nesses dias ganho no máximo um "Parabéns" ou um "Feliz Natal". Mas tenho medo de que tipos de livros as pessoas poderiam me dar D:
 
Como estou na onda do "testar o celular que ganhei de presente de Natal", acabei lembrando de um fato bem legal e tirando umas fotografias. O meu prezado amigo Rômulo, também conhecido como Kainof, me presenteou, no meu aniversário deste ano, com "Há prendisajens com o xão (o segredo húmido da lesma & outras descoisas)", do angolano Ondjaki. Pois é, não tem como errar no presente para mim, é só me dar livros, e, para acertar ainda mais, é só me dar livros que eu já falei que queria ganhar (e eu realmente fiquei muito curiosa pela estréia de Ondjaki na poesia; na prosa, eu já sabia que ele mandava muito bem). E o amiguinho fez isso. E ainda fez um pouco mais, pegou o autógrafo do Ondjaki para mim, na Feira do Livro de Porto Alegre. Segundo o amiguinho, quando o Ondjaki lhe perguntou se eu gostaria do presente, ele disse, categoricamente: "sim". Eu amei o presente, né, gente? E o livrinho estará no TOP 5 de leituras do ano (que eu farei, não desistam, até dia 31, eu vou me animar e escrever o trequinho). Vejam que coisa linda de Ilúvatar:

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