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Sobre os anões e os homens

Mystogun

Usuário
Eu comecei a ler as obras de Tolkien há pouco tempo (estou na metade do A Sociedade do Anel) mas comecei procurando na internet mais sobre o universo das obras, e assim li sobre a criação de Arda, e sobre os filhos de Ilúvatar e a história da criação dos anões (os filhos adotivos de Ilúvatar) e tudo mais. Enfim, eu também li que foi concedida a imortalidade aos elfos, a mortalidade aos homens e o livre arbitro aos anões e aí eu tive algumas perguntas:

1- Como assim livre arbítrio aos anões? Os elfos, homens, elfos e todos os outros não tinham livre arbítrio, eles ficavam seguindo ordens de alguém?

2-Se os elfos têm a imortalidade e se são "assassinados" vão pros palácios do Mandos e reencarnam ou ficam lá mesmo, já que os homens têm a mortalidade, pra onde eles vão quando morrem? E os anões?

Agradeço á bondosa pessoa que responder minhas perguntas
 
Olá e bem-vindo ao fórum Valinor!

Os naugrim não possuem livre arbítrio da mesma forma que os elfos e homens. Quando foram criados por Aulë, um dos Valar, ele manteve em segredo suas criações de seus irmãos. E como nada fica oculto de Eru, ele perdoou a imprudência de Aulë e adotou os anões. No entanto, eles trabalhariam e se moveriam enquanto o Valar estivesse com seus pensamentos sobre eles. Bem diferente dos Filhos de Ilúvatar que com concebidos com a Chama Imperecível (a energia criadora de Eru).

Os elfos podem reencarnar com suas formas originais quando voltassem de Mandos, ou retornar como um recém-nascido na família que ele escolhesse em Valinor. O único relato de elfo que morreu e retornou a Terra-média foi Glorfindel, fora ele, não recordo de outro.

Claro, teve as excessões, os casais Beren e Lúthien e Tuor e Idril. Sendo que os primeiros escolheram tornarem-se mortais, de fato, enquanto Tuor tornou-se imortal e pertecente a família dos elfos.

Os homens morrem a saem dos Círculos de Arda para sempre. Para onde vão ainda é um mistério que está nas mãos de Eru.
 
Obrigado pela resposta, mas é que eu não entendi direito esse negocio de livre-arbítrio, já que eles não tem livre arbítrio, então o que rege as ações deles? E o que acontece com os anões quando eles morrem?
 
Sua ações se dão através de Aulë, enquanto o Vala assim desejar. Esta foi a condição imposta por Eru para admitir sua criação. E quando morrem vão para as forjas dele e lá ficarão até o fim de Arda e ajudá-lo na reconstrução.

PS: Mas se não me engano, acho que os anões também ganharam livre-arbítrio (o dom para decidir se querem ir pelo caminho do Bem ou do Mal, resumidamente), só não lembro em que textos isto está escrito :dente:
 
Obrigado novamente. Tudo isso está no O Silmarillion? Eu pretendo ler ele depois que acabar de ler O Senhor dos Anéis.
 
Conta um pouco a origem dos Ainur, o Despertar dos elfos e homens e a Guerra das Silmarils. Mais explicações você pode acessar o site da Valinor (não o Fórum) e/ou adquirir os Contos Inacabados que tem muito material que não está no Silmarillion ou Senhor dos Anéis, como a Queda de Gondolin. Mas se tá interessado em enredo e trama, pode começar com os Filhos de Húrin e que acompanha toda a tragetória de Húrin e sua família. É o romance mais sombrio de Tolkien.
 
Para fins "complementativos" ao que Elring explanou sobre a criação, os pormenores metafísicos e as implicações filosóficas da criação dos anões, há este post, no tópico: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=107979&page=3

Uma boa noite a todos. Gostaria de analisar com vocês um evento "obscuro" e, por deveras, importante para o Silmarillion: A "criação" dos anões. Aparentemente, a elaboração dos "filhos de Aulë" parece seguir um dos conceitos elencados neste post, escrito no tópico:http://forum.valinor.com.br/showthre...=108992&page=2

Muito boa discussão. Em relação à Glaurung e sua "classificação" existencial, há um post de Ilmarinen (creio) em que ele seguiria um conceito de "Simulacro", ou seja, a despeito de sua poderosa constituição física, o monstro provavelmente era fruto de alguma técnica de Corrupção somada ao conceito de "entidade multifacetada" ou uma extensão do espírito de Melkor guardado num "pote" armazenador que seria o corpo do """"Largarto"""", mas sendo que tal essência agiria num molde semi-independente, podendo perpetuar a espécie "artificialmente" no mesmo sentido que os Orcs (óbvio que partindo da interpretação pessoal de que estes não possuíam uma alma, mas utilizavam-se das propriedades biológicas originais e hereditárias para multiplicar a espécie).

Creio que tal processo seja semelhante ao que Aulë fazia com os pais do anões antes que fossem agraciados pelo livre-arbítrio de Iluvatar, mas na correlação Melkor-Glaurung, apesar da autonomia do Dragão, este ainda seguiria a vontade-mor de seu mestre, algo bem parecido (creio eu, mas devendo guardar as devidas proporções com este objeto) com "certas maquinações" exercidas pelo Um anel, que continha a essência de Sauron e agiu (para mim) em certos momentos, ou seja, Glaurung seria um "quase-um anel" de Morgoth (portanto, não passível de qualquer livre-arbítrio puro, pois tão somente seguiria um substrato já programado pela corrupção e porção Morgothiana em seu corpo), bem parecido com este dínamo armazenador e utilitarista do elemento-morgoth, pois, assim como Sauron no final a 2ª era, é demonstrado que Glaurung tinha que "recarregar" suas energias e quer coisa melhor do que o Ouro?

Mas também há a possibilidade de possessão de algum espírito ou Maiar sim. No Silmarillion, Sauron, senhor dos Espectro, fora mestre nesse processo Necromântico ao trabalhar com os corpos de Lobos e Lobisomens na 1ª era.

Destarte, o próprio Silmarillion se pauta (acredito) em várias influências "tangentes" a elaboração/constituição de seres artificiais presentes em diversas mitologias e contos. Vide o Capítulo II - De Aulë e Yavanna:

Dizem que no início os anões foram feitos por Aulë na escuridão da Terra-Média. Pois, tão grande era o desejo de Aulë pela vinda dos Filhos, para ter aprendizes a quem ensinar suas habilidades e seus conhecimentos, que não se dispôs a aguardar a realização dos desígnios de Iluvatar. E Aulë criou os anões, exatamente como ainda são, porque as formas dos Filhos que estavam por vir não estavam nítiddas em sua mente e...

Sem dissentir:

E a voz de Iluvatar lhe disse: - Por que fizeste isso? Por que tentaste algo que sabes estar fora de teu poder tua autoridade? Pois tens de mim como dom apenas tua própria existência e nada mais. E, portanto, as criaturas de tua mão e de tua mente poderão viver apenas através dessa existência, movendo-se quando tu pensares em movê-las e ficando ociosas se teu pensamento estiver voltado para outra coisa. É esse teu desejo?

Quando li esta passagem, eu estava acompanhando o mangá e o 1º anime do Full Metal Alchemist. De cara, lembrei o quão parecido era o conceito e as implicações "religiosas/biológicas" do pré-projeto de Aulë possuía com a definição da figura dos Homunculus:

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Na alquimia, o conceito primordial desta figura é um paralelo com a criação de vida humana artificial a partir de materiais inanimados. Nos dizeres do Alguimista Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim (o FMA catou bem a influência), conhecido como Paracelso http://pt.wikipedia.org/wiki/Paracelso

O conceito do homúnculo parece ter sido usado pela primeira vez pelo alquimista Paracelso para designar uma criatura que tinha cerca de 12 polegadas de altura e que, segundo ele, poderia ser criada por meio de sémen humano posto em uma retorta hermeticamente fechada e aquecida em esterco de cavalo durante 40 dias. Então, segundo ele, se formaria o embrião. Outro alquimista que tentou criar homúnculos foi Johanned Konrad Dippel, que utilizava técnicas bizarras como fecundar ovos de galinha com sêmen humano e tapar o orifício com sangue de menstruação.

Esquisitisses a parte, uma vez que Aulë possuía conhecimentos tangentes a "substância" terra e seus componentes correlatos, creio que, numa das etapas de elaboração, anterior, ainda, à análise e diálogo com Iluvatar, o Vala poderia ter-se utilizado dos componentes químicos inanimados que compõe o planeta/matéria e ter realizado tal obra. Não obstante a minha opinião, imperioso constatar que os elfos tinham uma crença (mesmo que parcialmente) analógica a tal entendimento. Vide:

Por isso, eles são duros como a pedra, teimosos, firmes na amizade e na inimizade, e conseguem suportar fadiga, fome e ferimentos com mais bravura do que todos os outros que falam (...) Antigamente, dizia-se entre os elfos na Terra-Média que os anões, ao morrer, voltavam para a terra e a pedra da qual eram feitos..

Não somente são articiais, mas suas criações passoram por um "laboratório"(?):

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E você também Aulë. Será que não pensou (2x) antes de constatar as implicações filosóficas no fabrico de seus "bonecos"?

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A passagem destaca, em si, não somente o embate de crenças pós-vida. Mas também nos remete à um conceito antigo, mas por deveras atual e polêmico. Pois os homens estão virando deuses. Bonecos de alma fazendo bonecos "sem alma"(será?):

Em maio deste ano, o cientista e empresário Craig Venter anunciou a criação da primeira célula coordenada a partir de um cromossomo sintético já feita pelo homem. O anúncio de Venter, e a publicação do trabalho na prestigiosa revista científica Science, causaram bastante alvoroço na mídia. Os criadores argumentam que, em pouco tempo, células poderão ser programadas para “trabalhar” em atividades específicas, como a produção de biocombustíveis, a retirada de poluentes da atmosfera ou ainda a produção de vacinas. Segundo o press-release do Craig Venter Institute, a nova célula “é a prova de que os genomas podem ser desenhados em computador, feitos quimicamente no laboratório e transplantados para uma célula recipiente para produzir uma nova célula auto-replicante controlada unicamente pelo genoma sintético”.

Dentro da comunidade científica, as opiniões a respeito do experimento se dividiram. Enquanto alguns pesquisadores criticaram o projeto por ser apenas uma montagem de vários pedaços de DNA e não apresentar nenhuma nova informação científica, outros se mostram entusiasmados pelas possíveis implicações para os estudos de genética e para o desenvolvimento das técnicas em biologia molecular. Entretanto, Venter alega que as implicações do seu trabalho são mais de ordem filosófica do que científica: a geração e produção de vida a partir de informações contidas em um computador e sintetizadores contendo elementos químicos colocaria em questionamento a natureza da própria vida.

Segue-se, portanto, um dos pontos em comum que nós, seres racionais e dotados de uma "Alma" possuem com os seres artificiais. É um "sopro da vida"? Ou a vida dos anões se deram com o nascimento no "mar da informação"? Vale a pena ver o vídeo que trata desta premissa:


Tua oferta aceitei enquanto ela estava sendo feita. Não percebes que essas criaturas têm agora vida própria e falam com suas próprias vozes?

Eru, me parece teria feito com os anões o mesma coisa que com o Homem: O sopro da vida:

E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou-lhe nas narinas o fôlego da vida; e o homem tornou-se alma vivente. G.N - 2.7

Há também este processo de "criação" de um Ser-humano, pois o que faz com que a criatura "inanimada" possa considerar ter um "EU", uma Alma, uma existência e o direito de existir e querer viver: Pensar como um humano? Ser um humano? Ser dotado dos componentes materiais comuns ao ser racional e "naturalmente" inteligente? Creio eu que tais considerações passaram-se na mente de Eru. Cito, mais uma vez Ghost in the Shell:


E não é que o laboratória tinha sua "fonte" no canto superior esquerdo?!

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Sem a concessão de Iluvatar, os anões poderiam ser ferramentas, seja para o resguardar o conhecimento transmitido ou na participação de outras obras de Aulë, algo que remente ao conto das criaturas autômatas criadas pelo Deus Vulcano/Hefestion:

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Mas, uma vez que era fiel aos desígnios de seu pai, Aulë teve o aceite do criador. Não poucas são as histórias que falam sobre este conceito. Desde pinóquio até o conto grego de Pigmalião e Galateia:

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Não obstante tal paralelo, há uma passagem no HOME, numa das versões abandonadas por Tolkien, em que os Orcs não seriam feitos de "carne e osso", conforme já nos é familiar, mas sim teria uma outra forma. Algo, parecido, creio, com o conceito do Golem, o monstro da lenda judaica que trata da criação artificial.

These Orcs Morgoth made in envy and mockery of the Elves, and they were made of stone, but their hearts of hatred.

Sem dissentir:

Melkor bred the Orcs (here called Orkor) 'in envy and mockery of the Eldar' from Quendi enslaved in the east of Middle-earth before ever Orome came upon them. It is explicit ($45) that Melkor could make nothing that had life of its own since his rebellion;

Sem dissentir:

The earliest stories of golems date to early Judaism. In the Talmud (Tractate Sanhedrin 38b), Adam was initially created as a golem (גולם) when his dust was "kneaded into a shapeless husk." Like Adam, all golems are created from mud. They were a creation of those who were very holy and close to God. A very holy person was one who strove to approach God, and in that pursuit would gain some of God's wisdom and power. One of these powers was the creation of life. However, no matter how holy a person became, a being created by that person would be but a shadow of one created by God.

Early on, it was noted that the main disability of the golem was its inability to speak. Sanhedrin 65b describes Rava creating a man (gavra). He sent the man to Rav Zeira. Rav Zeira spoke to him, but he did not answer. Rav Zeira said, "You were created by the magicians; return to your dust."

During the Middle Ages, passages from the Sefer Yetzirah (Book of Creation) were studied as a means to attain the mystical ability to create and animate a golem, although there is little in the writings of Jewish mysticism that supports this belief. It was believed that golems could be activated by an ecstatic experience induced by the ritualistic use of various letters of the Hebrew Alphabet.[1]

In some tales, (for example those of the Golem of Chelm and the Golem of Prague) a golem is inscribed with Hebrew words that keep it animated. The word emet (אמת, "truth" in the Hebrew language) written on a golem's forehead is one such example. The golem could then be deactivated by removing the aleph (א) in emet, thus changing the inscription from 'truth' to 'death' (met מת, "dead"). Legend and folklore suggest that golems could be activated by writing a specific series of letters on parchment and placing the paper in a golem's mouth.

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Its alive..its alive.

Semelhanças?

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Mas com os Trolls, isso é inegável.

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Vale a pena a leitura do conto que ilustra o conceito: http://www.pitt.edu/~dash/golem.html

E querendo ou "brincando" ser Deus, Melkor fez suas criaturas artificiais, um corolário que destingue este projeto falsificado e um simulacro do que é original e natural. Estabelecido por Iluvatar aos seus filhos.

Não obstante, até mesmos os orcs tinham uma espécie de crença de vida pós-morte (aparentemente). Eu tinha até especulado outrora neste tópico: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=106507

O ponto destacado nesta citação parece indicar que os Orcs (aparentemente) possuíam (ou fora introduzido por Sauron) uma espécie de "crença" ou conhecimento sobrenatural de uma vida pós-morte destinados a eles, ou seja, trata-se aqui da manifestação de um tirano semi-onisciente: o olho que tudo vê, o olho vigilante de Sauron, a presença aterradora e constante de um ser que nem aparece, mas a ideia incutida e totalitária de vigia e controle parecida (e muito) com o conceito que eregion3 fez referência ao citar O imperador-deus de Duna: "Uma divindade jamais deve ser vista".

Ora, essa "esperança amaldiçoada" se encontra num âmbito que difere (creio) até mesmo do entendimento outrora defendido pelo próprio Melkor: "Não há vida após a morte, só o vazio" (me lembrou um pouco do conceito do MU - o Nothingness). Assim, me parece que Sauron utiliza-se de tal estratégia, um "parcial código de conduta (de uma possível introdução à uma religião-maldita?)" instituído por um ser de origem divina, direcionada aos Orcs que devem seguir as ordens dos "chefões" sob a pena de padecerem de um tormento eterno e irrevogável (e que inferno):

"Vai levar-te embora para as casas de lamentação, além de toda a escuridão, onde tua carne será devorada, e tua mente murcha será desnudada diante do Olho sem Pálpebra" - O retorno do rei - A batalha dos campos de Pelennor - pag. 890.

Quanto a essa aparente "crença" orquica, vale a pena ler e discutir este texto tratando da premissa do Destino dos Orcs com a sua morte:

http://www.duvendor.com.br/portal/in...bit&Itemid=185
Miniaturas dos Anexos
 
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Os naugrim não possuem livre arbítrio da mesma forma que os elfos e homens. Quando foram criados por Aulë, um dos Valar, ele manteve em segredo suas criações de seus irmãos. E como nada fica oculto de Eru, ele perdoou a imprudência de Aulë e adotou os anões. No entanto, eles trabalhariam e se moveriam enquanto o Valar estivesse com seus pensamentos sobre eles. Bem diferente dos Filhos de Ilúvatar que com concebidos com a Chama Imperecível (a energia criadora de Eru).

Sua ações se dão através de Aulë, enquanto o Vala assim desejar. Esta foi a condição imposta por Eru para admitir sua criação. E quando morrem vão para as forjas dele e lá ficarão até o fim de Arda e ajudá-lo na reconstrução.

Desculpa, mas isso está errado.

Eru disse que da forma como Aulë os criou seria assim: eles seriam "escravos" da vontade de Aulë, sem autonomia. Aulë chorando decide então destruí-los e eles tentam se defender, então Eru revela que já lhes deu livre-arbítrio pois eles estão temendo o martelo de Aulë e tentando se defender. Segue a transcrição. A propósito, recomendo a leitura do tópico que criei ano passado: Porque anões NÃO SÃO Eruhín...

- Por que fizeste isso? Por que tentaste algo que sabes estar fora de teu poder e de tua autoridade? Pois tens de mim como dom apenas tua própria existência e nada mais. E, portanto, as criaturas de tua mão e de tua mente poderão viver apenas através dessa existência, movendo-se quando tu pensares em movê-las e ficando ociosas se teu pensamento estiver voltado para outra coisa. É esse teu desejo?

- Não desejei tamanha ascendência – respondeu Aulë. - Desejei seres diferentes de mim, que eu pudesse amar e ensinar, para que também eles percebessem a beleza de Eä, que tu fizeste surgir. Pois me pareceu que há muito espaço em Arda para vários seres que poderiam nele deleitar-se; e, no entanto, em sua maior parte ela ainda está vazia e muda. E, na minha impaciência, cometi essa loucura. Contudo, a vontade de fazer coisas está em meu coração porque eu mesmo fui feito por ti. E a criança de pouco entendimento, que graceja com os atos de seu pai, pode estar fazendo isso sem nenhuma intenção de zombaria, apenas por ser filho dele. E agora, o que posso fazer para que não te zangues comigo para sempre? Como um filho ao pai, ofereço-te essas criaturas, obra das mãos que criaste. Faze com elas o que quiseres. Mas não seria melhor eu mesmo destruir o produto de minha presunção?

E Aulë apanhou um enorme martelo para esmagar os anões, e chorou. Mas Ilúvatar apiedou-se de Aulë e de seu desejo, em virtude de sua humildade. E os anões se encolheram diante do martelo e sentiram medo, baixaram a cabeça e imploraram clemência. E a voz de Ilúvatar disse a Aulë:

- Tua oferta aceitei enquanto ela estava sendo feita. Não percebes que essas criaturas têm agora vida própria e falam com suas próprias vozes? Não fosse assim, e elas não teriam procurado fugir ao golpe nem a nenhum comando de tua vontade.
Largou, então, Aulë o martelo e, feliz, agradeceu a Ilúvatar, dizendo:

- Que Eru abençoe meu trabalho e o corrija.

Ilúvatar voltou a falar, entretanto, e disse:

- Exatamente como dei existência aos pensamentos dos Ainur no início do Mundo, agora adotei teu desejo e lhe atribuí um lugar no Mundo; mas de nenhum outro modo corrigirei tua obra; e, como tu a fizeste, assim ela será. Contudo não tolerarei o seguinte: que esses seres cheguem antes dos Primogênitos de meus desígnios, nem que tua impaciência seja premiada. Eles agora deverão dormir na escuridão debaixo da pedra, e não se apresentarão enquanto os Primogênitos não tiverem surgido sobre a Terra; e até essa ocasião tu e eles esperareis, por longa que seja a demora. Mas quando chegar a hora, eu os despertarei, e eles serão como filhos teus; e muitas vezes haverá discórdia entre os teus e os meus, os filhos de minha adoção e os filhos de minha escolha.

Então Aulë pegou os Sete Pais dos Anões e os levou para descansar em locais bem afastados; voltou em seguida a Valinor e esperou os longos anos transcorrerem.


Sobre as perguntas feitas sobre a morte:

- Humanos tem um dom especial: a morte 'verdadeira'. Quando um humano morre não se sabe o que acontece com seu espírito. Só Eru sabe.
- Os elfos tem sua vida ligada à de Arda. Eles existem enquanto Arda existir. Quando morrem na Terra-Média vão para os salões de Mandos em Valinor, aguardar o fim dos tempos.
- Anões: não se sabe ao certo. Mas acredita-se que tenham um espaço reservado nos salões de Mandos e que possam reencarnar.
 
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