• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Autor da Semana David Foster Wallace

res20121121203459358285e.jpg



DAVID FOSTER WALLACE


David Foster Wallace (21 de fevereiro de 1962 – 12 de setembro de 2008), usualmente referido pelo acrônimo DFW, foi um novelista, contista e ensaísta norte-americano. Um dos mais importantes e influentes de sua geração. Difícil, experimental, inclinado a testar ou mesmo torturar o leitor com virtuosismo técnico, exibicionismo vocabular, enumerações eciclopédicas, notas de rodapé em cascata e orações subordinadas que serpenteiam por páginas. Seus livros assustam pela extensão, pela linguagem, pela densidade e pela complexidade, mas também são capazes de estabelecer uma ligação íntima com o leitor.

Sua vida foi um mapa que acabava no destino errado. Wallace foi um estudante A, jogou futebol americano, jogou tênis, escreveu uma tese em Filosofia e um romance durante a graduação em Amherst, fez mestrado em escrita criativa, publicou o romance escrito, fez uma cidade de de histéricos, contundentes e malisiosos crísticos cairem de amor por ele. Publicou um romance de mil páginas, recebeu o único prêmio que se ganha nos Estados Unidos por ser um gênio, escreveu ensaios que traziam a mais apurada visão do que significa estar vivo no mundo contemporâneo, escreveu contos inventivos, estranhos e fragmentários, foi professor de escrita criativa, se casou, tentou viver sem a influência da medicação para depressão que tomava desde os 20 anos e, aos 46 anos de idade, se enforcou no pátio da casa onde morava.

(Composto de: The Lost Years & Last Days of David Foster Wallace, de David Lipsky; prefácio a Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo, de Daniel Galera; Wikipedia)


Textos recomendados sobre David Foster Wallace:

Too Much Information, de John Jeremiah Sullivan (em inglês)

David Foster Wallace era “nerd e dândi”, diz biógrafo, de Benjamin Markovits (traduzido por Rodrigo Leite)

The Lost Years & Last Days of David Foster Wallace, de David Lipsky (em inglês)
David Lipsky acompanhou por alguns dias David Foster Wallace, durante a tour de lançamento do Infinite Jest. Este texto foi publicado logo após o suicídio, e serviria como base do afterword do livro "Although of Course you End up Becoming Yourself: A Road Trip with David Foster Wallace", que apresenta transcrições das conversas entre Lipsky e Wallace, durante a tour.

The Unfinished: David Foster Wallace’s struggle to surpass “Infinite Jest”, de D.T. Max (em inglês)
Texto base da biografia “Every Love Story is a Ghost Story: A Life of David Foster Wallace”, de D.T. Max.

Just Kids, de Evan Hughes (em inglês)
Texto sobre David Foster Wallace e outros autores da sua geração (Eugenides, Franzen, Karr).

Death is not the end, de Jon Baskin (em inglês)

Farther away, de Jonathan Franzen (em inglês) [disponível em português, no livro Como ficar sozinho]


Biografia

Nasceu em Ithaca, Nova York, filho de James Donald Wallace e Sally Foster Wallace. Pouco após seu nascimento, sua família mudou-se para o centro de Illinois, onde seu pai foi efetivado como instrutor de filosofia na universidade estadual e sua mãe se formou em Letras, tornando-se professora da Universidade de Parkland algum tempo depois. Durante a adolescência, Wallace foi um jogador de tênis federado, chegando a ganhar alguns torneios regionais.

Formou-se com dupla graduação em Língua Inglesa (Letras) e Filosofia, com foco em lógica modal e matemática. Sua tese em filosofia rendeu-lhe o prêmio Gail Kennedy Memorial, formando-se summa cum laude em 1985. Procurou obter um mestrado em artes na Universidade do Arizona, o que conseguiu em 1987, ano da publicação de seu primeiro livro, The Broom of The System.

Em 1992, inscreveu-se para e ganhou uma cadeira no Departamento de Letras na Universidade de Illinois.
Em 1996, é publicado Infinite Jest, considerada sua obra-prima. Wallace ministrou um ou dois cursos por ano na Universidade de Pomona, concentrando-se mais em escrever.

Em 12 de setembro de 2008, David Foster Wallace foi encontrado enforcado. Segundo seu pai, ele sofria de depressão há mais de 20 anos, mas esta vinha se tornando mais severa nos meses que precederam seu suicídio.

(Fonte: Wikipédia)


Obras

Romances



The Broom of the System (1987)

Primeiro romance, publicado em 1987, quando Wallace tinha 24 anos. Escrito sob forte influência de Pynchon e de Delillo (sobretudo nos diálogos), a história se passa em 1990, quase toda em Cleveland, fronteira com o Great Ohio Desert (G.O.D.), uma área artificial, coberta de areia negra, que pretendia restaurar o sentido sinistro da vida no Meio-oeste americadno. A confusa heroína é Lenore Stonecipher Beadsman, que, apesar da proximidade com o sinistro G.O.D., tem uma vida ridícula. O irmão dela, Stonecipher Beadsman IV, é chamado de Anticristo. O avô dela projetou um subúrbio em Cleaveland com o exato desenho do corpo de Jayne Mansfield. O namorado dela, Rick Vigorous, a segunda metade da firma de publicidade Frequent and Vigourous, é louco por Lenora, mas impotente quando está com ela, então cota a ela histórias como forma de substituir o sexo. O periquito dela, Vlad o Empalador, tem um extenso vocabulário. A pobre Lenore também sofre influência da bisavó, que foi aluna de Wittgenstein e que ensinou a bisneta que palavras criam realidade. O enredo da história envolve o desaparecimento da bisavó, junto com o precioso caderno de notas das aulas de Wittgenstein.


Infinite Jest (1996) [a ser publicado pela Companhia das Letras, em 2013, com tradução de Caetano Waldrigues Galindo]

Uma gigantesca comédia sobre a busca da felicidade. “Infinite Jest” é o nome de um filme que dizem ser tão divertido que qualquer pessoa que assistir a ele perde todo o desejo de fazer qualquer outra coisa. Pessoas morrem felizes, assistindo a uma repetição sem fim. O livro se passa em um absurdo e estranho futuro, em que cada ano é patrocinado por uma grande corporação diferente. Grande parte da ação se dá no Ano da Fralda Geriátrica Depend, quando os Estados Unidos e o Canadá transformaram-se na Organização das Nações da América do Norte, desencadeando uma torrente de terrorismo anti-O.N.A.N.ista por parte de separatistas de Quebec; problemas com drogas são comuns, o nordeste do continente é um depósito de lixo tóxico gigante, e "cartuchos de entretenimento" são a atividade de lazer predominante. Enquanto o romance se desenrola, vários indivíduos, organizações e governos, governistas e assassinos em cadeiras de rodas tentam obter a cópia-mestre do “Infinite Jest”, cada um seus próprios propósitos, enquanto os habitantes de uma casa de passagem e de uma academia de tênis esforçam-se cada vez mais desesperadamente para controlar os danos do filme. O amplo elenco serve a uma história que acelera até uma deslumbrante, desoladora e inesquecível conclusão.

Tendo como principais cenários a Casa de passagem Ennet e a Academia Enfield de Tênis, e nos apresentando a mais cativantemente disfuncional família da ficção recente, Infinite Jest traz personagens como o viciado em recuperação Don Gately e o fundador da A.E.T., James Incandenza (também conhecido como “O próprio” [Himself]), que suicidou-se após produzir o misterioso filme Infinite Jest IV, deixando três filhos: o jovem e introvertido tenista Hal, Orin, estrela do futebol americano, e o deformado Mario. O livro explora questões essenciais sobre o que é entretenimento e por que ele veio a tão dominar nossas vidas, sobre como nosso desejo de entretenimento afeta nossa necessidade de nos conectarmos com outras pessoas, e sobre o que os prazeres que escolhemos dizem sobre quem somos.

Leia trechos em português:
Pgs. 157 a 169
Pgs. 242 a 258



The Pale King (2011) (póstumo, inacabado) [a ser publicado pela Companhia das Letras, sem data definida]

Os agentes do Centro de Examinação da IRS¹ em Peoria, Illinois, parecem suficientemente comuns para o recém chegado trainee David Foster Wallace. Mas enquanto ele imerge em uma rotina tão tediosa e repetitiva que novos empregados recebem treinamento de sobrevivência ao tédio, ele compreende a extraordinária variedade de personalidades atraídas por esse estranho serviço. E ele chega em um momento em que forças dentro da IRS estão tramando para eliminar até mesmo o pouco de humanidade e de dignidade que o trabalho ainda tem.

The Pale King estava inacabado quando David Foster Wallace morreu, mas é um romance profundamente convincente e satisfatório, hilário e destemido e tão original quanto qualquer outra coisa que Wallace já fez. O romance lida diretamente com questões substanciais — questões sobre o significado da vida e os valores do emprego e da sociedade — e tem personagens imaginados com a força interior e a generosidade que eram dons únicos de Wallace. Ao longo do caminho, o livro sugere uma nova ideia de heroismo e impõe infinito respeito por um dos autores mais audaciosos do nosso tempo.

Situado em um centro de processamento de declarações de imposto da IRS em Illinois em meados dos anos 1980, The Pale King é a história de um grupo de processadores iniciantes e suas tentativas de fazer o seu trabalho frente a um tédio esmagador. “The Pale King deve ser o primeiro romance a transformar contadores e agentes da IRS em heróis”, diz Bonnie Nadell, agente literária de longa data de Wallace. Michael Pietsch, editor da Little, Brown responsável pela publicação de The Pale King, diz: “Wallace toma agonizantes eventos diários como esperar em filas, engarrafamentos e horríveis passeios de ônibus — coisas que todos odiamos — e os transforma em momentos de riso e de compreensão. Mesmo que David não tenha terminado o romance, o livro oferece uma experiência de leitura surpreendentemente completa e satisfatória, que demonstra seus extraordinários talentos imaginativos e sua mistura de comédia e profunda tristeza em cenas da vida cotidiana.”

¹ Internal Revenue Service

Primeiro parágrafo:

Passadas as planícies de flanela e os diagramas de asfalto e as linhas de ferrugem enviesada do céu, e passado o rio marrom-tabaco circundado por árvores chorosas e moedas da luz do sol entre elas na água rio abaixo, até o lugar além do quebra-vento, onde campos não cultivados chiam estridentemente no calor matinal: sorgo forrageiro, ançarinha-branca, erva-serra, alegra-campo, noz-grama, hortelã, quinquilho selvagem, dente-de-leão, rabo-muscadínia, couve-espinha, arnica silvestre, hera-terrestre, malvão, erva-moura, tasna, aveia silvestre, ervilhaca, grama de açougueiro, feijões voluntariamente invaginados, todas as cabeças suavemente acenando com a brisa da manhã como a mão macia de uma mãe na sua bochecha. Uma seta de estorninhos em disparada do sapé do quebra-vento. O brilho do orvalho que fica onde está e evapora o dia inteiro. Um girassol, quatro ou mais, um caído, e cavalos à distância rígidos sobre as patas e imóveis como brinquedos. Todos acenando com a cabeça. Sons elétricos de insetos em seus afazeres. Luz do sol cor de malte e céu pálido e verticilos de cirro tão altos que não fazem sombra. Insetos só afazeres o tempo todo. Crostas ferrosas de quartzo e chert e xisto em granito. Terra muito antiga. O horizonte trêmulo, disforme. Nós somos todos irmãos.

Leia trecho em português:
Pgs. 394 a 407, em versão preliminar à do livro.


Contos


Girl with Curious Hair (1989)

Primeira coletânea de contos de Wallace, com grande influência pós-modernista, sobretudo de John Barth.

Contos:

Little Expressionless Animals
Luckily the Account Representative Knew CPR
Girl with Curious Hair
Lyndon
John Billy
Here and There
My Appearance
Say Never
Everything Is Green
Westward the Course of Empire Takes Its Way


Brief Interviews with Hideous Men (1999) [Breves entrevistas com homens hediondos, Companhia das Letras, 2005; trad. José Rubens Siqueira]

Breves entrevistas com homens hediondos foi lançado em 1999 nos Estados Unidos. Primeira obra de ficção do autor depois de Infinite jest, o livro foi aguardado com grande expectativa e recebido com críticas entusiasmadas. Nos 23 contos que compõem o volume, Wallace explora alguns de seus temas favoritos, como dependência de drogas, depressão, sexo, relacionamentos românticos, a mídia e as barreiras de comunicação que impedem as pessoas de compartilharem seus sentimentos.

Sua capacidade de penetrar minuciosamente nos tormentos psicológicos dos personagens, aliada a um estilo irônico, bem-humorado, intelectualizado e repleto de experimentalismo formal, levou o New York Times a defini-lo como "um dos grandes talentos de sua geração, um virtuose que parece capaz de fazer qualquer coisa".

Contos:

Uma história radicalmente condensada da vida pós-industrial (A Radically Condensed History of Postindustrial Life) (leia em português)
A morte não é o fim (Death Is Not the End)
Para sempre em cima (Forever Overhead) (leia em português)
Breves entrevistas com homens hediondos (Brief Interviews with Hideous Men) (leia trechos em português)
Mais um exemplo da porosidade de certas fronteiras (XI) (Yet Another Example of the Porousness of Certain Borders (XI))
A pessoa deprimida (The Depressed Person)
O diabo é um homem ocupado (The Devil Is a Busy Man)
Pense (Think)
Sem querer dizer nada (Signifying Nothing)
Breves entrevistas com homens hediondos (Brief Interviews with Hideous Men)
Datum Centurio (idem)
Octeto (Octet)
Adult World (I) (idem)
Adult World (II) (idem)
O diabo é um homem ocupado (The Devil Is a Busy Man)
Igreja não feita com mãos (Church Not Made with Hands)
Mais um exemplo da porosidade de certas fronteiras (VI) (Yet Another Example of the Porousness of Certain Borders (VI))
Breves entrevistas com homens hediondos (Brief Interviews with Hideous Men)
Tri-Stan: eu vendi Sissee Nar para Ecko (Tri-Stan: I Sold Sissee Nar to Ecko)
Em seu leito de morte, segurando sua mão, o pai do novo aclamado joem autor da Off-Broadway implora uma bênção (On His Deathbed, Holding Your Hand, the Acclaimed New Young Off-Broadway Playwright's Father Begs a Boon)
Suicídio como uma espécie de presente (Suicide as a Sort of Present)
Breves entrevistas com homens hediondos (Brief Interviews with Hideous Men)
Mais um exemplo da porosidade de certas fronteiras (XXIV) (Yet Another Example of the Porousness of Certain Borders (XXIV))


Oblivion: Stories (2004)

Último livro de ficção publicado em vida por Wallace, considerado por alguns como o livro mais cerebral, denso e difícil do autor, ainda que não seja tão formalmente revolucionário quanto Breves entrevistas com homens hediondos.

Contos:

Mister Squishy
The Soul Is Not a Smithy
Incarnations of Burned Children (leia em português, em "texto selecionado")
Another Pioneer
Good Old Neon (leia em português)
Philosophy and the Mirror of Nature (leia em português)
Oblivion
The Suffering Channel


Não-ficção


Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo (2012) [Companhia das Letras, trad. de Daniel Galera e Daniel Pellizzari]

Coletânea de seis textos de não-ficção de Wallace, selecionados por Daniel Galera, como forma de apresentação dos textos de não-ficção do autor aos leitores brasileiros.

Ensaios:

Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo (Getting Away from Already Being Pretty Much Away from It All, publicado em A Supposedly Fun Thing I'll Never Do Again)
Uma coisa supostamente divertida que eu nunca mais vou fazer (A Supposedly Fun Thing I'll Never Do Again, publicado no livro homônimo)
Alguns comentários sobre a graça de Kafka dos quais provavelmente não se omitiu o bastante (Some Remarks on Kafka's Funniness from Which Probably Not Enough Has Been Removed, publicado em Consider the Lobster)
Pense na lagosta (Consider teh Lobster, publicado no livro homônimo)
Isto é água (This Is Water, peça única do livro homônimo) (leia versão editada, em português, em outra tradução) (ouça o discurso: parte 1, parte 2)
Federer como uma experiência religiosa (Federer Both Flesh and Not, publicado na coletânea póstuma Both Flesh and Not; anteriormente publicado como Federer as a Religious Experience)


A Supposedly Fun Thing I'll Never Do Again (essays) (1997)

Primeira coletânea de não-ficção de Wallace, com os famosos “texto do navio” e “texto da ironia na TV”.

Ensaios:

Derivative Sport in Tornado Alley
E Unibus Pluram: Television and U.S. Fiction (leia em inglês) (leia trechos em português)
Getting Away from Already Being Pretty Much Away from It All
Greatly Exaggerated
David Lynch Keeps His Head
Tennis Player Michael Joyce's Professional Artistry as a Paradigm of Certain Stuff about Choice, Freedom, Discipline, Joy, Grotesquerie, and Human Completeness
A Supposedly Fun Thing I'll Never Do Again


Consider the Lobster (essays) (2005)

Segunda coletânea de não-ficção.

Ensaios:

Big Red Son
Certainly the End of Something or Other, One Would Sort of Have to Think
Some Remarks on Kafka's Funniness from Which Probably Not Enough Has Been Removed
Authority and American Usage
The View from Mrs. Thompson's
How Tracy Austin Broke My Heart
Up, Simba
Consider the Lobster
Joseph Frank's Dostoevsky
Host


Both Flesh and Not (essays) (2012)

Coletânea póstuma de não-ficção, com muitos ensaios ainda da fase pré-Infinite Jest.

Federer Both Flesh and Not (leia em inglês, versão editada)
Fictional Futures and the Conspicuously Young
The Empty Plenum: David Markson’s Wittgenstein’s Mistress
Mr. Cogito
Democracy and Commerce at the U.S. Open
Back in New Fire
The (As It Were) Seminal Importance of Terminator 2
The Nature of Fun
Overlooked: Five direly underappreciated U.S. novels >1960
Rhetoric and the Math Melodrama
The Best of the Prose Poem
Twenty-Four Word Notes
Borges on the Couch
Deciderization 2007—A Special Report
Just Asking


Outros livros de não-ficção

Signifying Rappers: Rap and Race In the Urban Present (1990), co-autoria de Mark Costello
Up, Simba! (2000)
Everything and More (2003)
McCain's Promise: Aboard the Straight Talk Express with John McCain and a Whole Bunch of Actual Reporters, Thinking About Hope (paperback reprint of Up, Simba!) (2008)
This Is Water (2009)
Fate, Time, and Language: An Essay on Free Will, Eds. S. Cahn and M. Eckert, Columbia University Press (2011)


Texto selecionado

Encarnações de crianças queimadas

Trad. Caetano W. Galindo, disponível no ensaio Um tipo americano de tristeza

O papai estava do lado de fora da casa instalando uma porta para o inquilino quando ouviu os gritos da criança e a voz da mamãe vindo aguda entre eles. Ele sabia se mexer bem rápido e a varanda dos fundos dava para a cozinha e antes da porta de tela bater atrás dele o papai tinha abarcado a cena toda, a panela virada nas lajotas do chão na frente do fogão e o jato azul do queimador e no chão a poça de água fumegando ainda enquanto os seus muitos braços se estendiam, o bebê com a fralda frouxa permanecia rígido, de pé com vapor saindo do cabelo e o peito e os ombros rubros e os olhos revirados e a boca bem aberta e parecendo de alguma maneira separada dos sons que saíam, a mamãe com um joelho no chão com o pano de prato tocando inutilmente o bebê e acrescentando aos gritos dele os seus próprios, histérica a ponto de estar quase congelada. O joelho dela e as solinhas macias dos pés descalços estavam ainda na poça fumegante, e a primeira ação do papai foi pegar a criança por baixo dos braços e levantá-la dali e levá-la para a pia, de onde arremessou os pratos já batendo na torneira para deixar a água fria do poço correr sobre os pés do menino enquanto com as mãos em concha ele juntava e jogava ou arremessava mais água fria sobre a cabeça e os ombros e o peito, querendo primeiro ver o vapor parar de sair dele, a mamãe por cima do seu ombro invocando Deus até que ele a mandou buscar toalhas e gaze se é que eles tinham, o papai movendo-se rapidamente e muito bem e a sua mente de homem vazia de tudo que não fosse objetivo, ainda inconsciente de como se movia suavemente ou de que tinha parado de ouvir os gritos agudos porque ouvi-los o deixaria congelado e tornaria impossível o que tinha de ser feito para ajudar o seu próprio filho, cujos gritos eram regulares como a respiração e seguiam tão longos que já tinham se tornado uma coisa na cozinha, algo mais que ele tinha de contornar agilmente. A porta do lado do inquilino pendia torta apenas da dobradiça superior e se movia levemente com o vento, e um pássaro no carvalho do outro lado da rua parecia observar a porta com a cabeça posta de lado enquanto os gritos vinham ainda do lado de dentro. As piores queimaduras pareciam ser o braço e o ombro direitos, o vermelho do peito e da barriga estava desbotando em cor-de-rosa sob a água fria e as solas macias dos pés não tinham bolhas que o papai pudesse ver, mas o bebê ainda cerrava as mãozinhas e gritava a não ser talvez agora apenas por reflexo, por medo, o papai viria a saber mais tarde que tinha pensado que poderia ser isso, com o rostinho distendido e veias exíguas saltando nas têmporas e o papai continuava dizendo que ele estava aqui ele estava aqui, a adrenalina baixando e uma fúria contra a mamãe por permitir que essa coisa acontecesse apenas começando a se formar em fiapos no mais fundo da sua mente e ainda a horas de se ver expressa. Quando a mamãe voltou ele não tinha certeza se devia enrolar a criança em uma toalha ou não mas ele molhou a toalha e enrolou, bem apertada como um cueiro, e ergueu o seu bebê da pia e o pôs no canto da mesa da cozinha para acalmá-lo enquanto a mamãe tentava verificar a sola dos pés com uma mão oscilando na área da boca e pronunciando palavras sem rumo enquanto o papai se curvou e ficou cara a cara com a criança na borda axadrezada da mesa repetindo o fato de que ele estava aqui e tentando acalmar os gritos do bebê mas ainda a criança gritava sem fôlego, um som alto puro e brilhante que seria capaz de fazer parar o seu coração e os seus lábios pequenininhos e as gengivas tingidas agora com o azul claro de uma chama baixa o papai pensou, gritando como se quase ainda sofrendo sob a panela virada. Um minuto, dois assim que pareceram muito mais longos, com a mamãe ao lado do papai falando como um bebê diante do rosto da criança e a cotovia no ramo com a cabeça de lado e a dobradiça ficando com um risco branco por causa do peso da porta inclinada ate que o primeiro fiapo de vapor foi visto preguiçoso saindo da borda da toalha enrolada e os olhos dos pais se encontraram e se alargaram - a fralda, que quando eles abriram a toalha e reclinaram o seu menininho no pano axadrezado e soltaram os adesivos amolecidos e tentaram remover, resistiu um pouco com novos gritos agudos e estava quente, a fralda do seu bebê queimou as mãos dos dois e eles viram onde a água de verdade tinha caído e empoçado e ficado queimando o seu menininho o tempo todo enquanto ele gritava pedindo que eles ajudassem e eles não tinham, não tinham pensando nisso e quando eles a tiraram e viram o estado do que estava lá a mamãe disse o primeiro nome do Deus deles e agarrou a mesa para não perder o pé enquanto o papai se virou e esmurrou o ar da cozinha e amaldiçoou tanto a si próprio quanto ao mundo pelo que não seria a última vez enquanto o seu filho podia agora estar dormindo não fosse pelo ritmo da sua respiração e os minúsculos movimentos bruscos das mãos no ar que encimava o lugar onde estava deitado, mãos do tamanho do polegar de um adulto que tinham agarrado o polegar do papai no berço enquanto ele observava a boca do papai se mexer cantando, com a cabeça de lado e parecendo olhar através dele, bem longe, alguma coisa que os seus olhos faziam o papai sentir que o deixava solitário de uma maneira estranha. Se você nunca chorou e deseja, tenha um filho. Rasgue o peito e não sei que mais seja, uma criança e a música estalada que o papai ouve de novo como se a mulher do rádio estivesse quase ali com ele olhando para baixo vendo o que eles fizeram, apesar de que horas depois o que o papai vai ser mais incapaz de perdoar é o quanto ele queria um cigarro bem naquele momento enquanto eles colocavam na criança como podiam uma fralda de gaze e duas toalhas de mão cruzadas e papai o erguia como um recém nascido com o crânio na palma de uma das mãos e corria com ele para a caminhonete modificada e deixava borracha especial por todo o caminho até o centro da cidade e o pronto-socorro da clínica com a porta do inquilino aberta pendurada daquele jeito o dia inteiro até que a dobradiça cedeu mas aí já era tarde demais, quando não parava e eles não conseguiam fazer parar a criança tinha aprendido a sair e observar todo o resto se desdobrar de um ponto lá no alto, e o que quer que se tenha perdido nunca a partir dali teria importância, e o corpo da criança se expandiu e caminhou pela terra e recebeu sua paga e viveu sua vida desocupado, coisa entre as coisas, a alma que era dele agora uma certa quantidade de vapor nos céus, caindo como a chuva e depois subindo, o sol para cima e para baixo como um ioiô.


Sites recomendados

Coluna quinzenal do Caetano Galindo, sobre a tradução do Infinite Jest
The Howling Fantods
Infinite Summer


 
Tópico fantástico.
Li ele todo e está ótimo, estou com sono agora. Mas voltarei para dar pitacos sobre DFW. Do qual só li o Breve entrevistas. Mas gostei muito!
 
Não conheço nada desse escritor. Será que nosso amigo Jacques pode nos mencionar por onde começar? Quais as respectivas obras que aconselha ler primeiro.
 
Os únicos livros dele traduzidos aqui no Brasil são o "Breves entrevistas com homens hediondos", de contos, e o "Ficando longe do fato de estar meio que longe de tudo", coletânea de ensaios e "reportagens". Entre os dois, o mais acessível é o de ensaios. Os contos do Breves entrevistas são, na maioria, bastante estranhos. As próprias breves entrevistas são conversas das quais a gente só tem acesso às respostas (fora a B.E. nº 3, que não tem nada suprimido), e tratam de algumas questões bem bizarras. Eu gosto muito, ele apresenta contos em formas que eu sequer pensaria que fossem possíveis, mas o tom que ele usa quase sempre é o de uma ingenuidade histérica. Às vezes incomoda. Os ensaios e reportagens são bem acessíveis, ainda que prolixos, e ficaram bem característicos do Wallace.

Ao longo do tópico ali tem diversos links pra textos dele disponíveis em português. Diria que um tour inicial adequado seria, em ordem:

Encarnações de crianças queimadas
Para sempre em cima
A versão editado do Isto é água
Este trecho do Infinite Jest
Este trecho do The pale king, que o Caetano Galindo gosta muito
E o Good old neon

Tinha ainda um trecho que tinha sido publicado na New Yorker em 2009, e deveria fazer parte do The pale king (mas acabou ficando de fora da primeira edição, porque o editor não sabia a qual personagem se referia (?)), que era o All that. Eu cheguei a traduzir, bem rudimentarmente, o finalzinho, e acho esse texto lindo demais:

"A circunstância específica rastreável como a origem do meu impulso religioso depois que o meu interesse pelo caminhão-betoneira passou (para grande alívio dos meus pais) envolveu um filme de guerra dos anos cinquenta que meu pai e eu vimos na televisão um domingo de tarde com as cortinas fechadas pra evitar que a luz do sol tornasse difícil ver a tela da nossa televisão preto-e-branco. Ver televisão juntos era uma das atividades preferidas e mais frequentes minha e do meu pai (minha mãe não gostava de televisão), e normalmente ficávamos no sofá, com meu pai, que lia durante os comerciais, sentado em uma das pontas e eu deitado, com a minha cabeça em um travesseiro nos joelhos do meu pai. (Uma das minhas mais fortes lembranças sensoriais da infância é sentir os joelhos do meu pai contra a minha cabeça e a maneira brincalhona que ele às vezes apoiava o livro na minha cabeça quando o intervalo comercial começava.) O tema do filme em questão era a Primeira Guerra Mundial e ele era protagonizado por um ator muito reconhecido por papéis em filmes de guerra. Nesse ponto minha lembrança diverge bruscamente da do meu pai, como ficou evidente em uma perturbadora conversa que nós tivemos no meu segundo ano de seminário. Meu pai aparentemente lembra que o herói do filme, um admirável tenente, morre quando se joga sobre a uma granada inimiga que havia sido arremessada na trincheira onde estava o seu pelotão (“pelotão” significando um pequeno grupo militar de homens de infantaria com laços fortes por serem constantemente companheiros de armas). De acordo com o meu pai, um pelotão é normalmente comandado por um tenente. Enquanto eu lembro claramente que o herói, desempenhado por um ator notabilizado pela sua representação de conflito e trauma, sofre uma angústia privada sobre a questão moral de matar em combate e todo o conundro religioso de uma “guerra justa” ou “matança justificada”, e finalmente sofre um colapso psicológico completo quando seu próprio companheiro arremessa com sucesso uma granada em uma trincheira amontoada de inimigos e se lança gritando (o herói se lança, mais ou menos no início do filme) dentro da trincheira inimiga e cai sobre a granada e morre salvando o pelotão inimigo, e que grande parte do resto do filme (ainda que constantemente interrompido por comerciais quando eu o vi) retrata o pelotão do herói se esforçando em interpretar a ação do até então admirável tenente, com muitos deles amarguradamente considerando-o um traidor, muitos outros sustentando que a fadiga daquela batalha e uma traumática carta do “Continente” recebida mais cedo no filme desculpavam o seu ato como uma espécie de insanidade temporária, e apenas um tímido, idealista recruta (feito por um ator que eu nunca vi em nenhum outro filme daquela época) secretamente acreditando que o ato do tenente de morrer pelo inimigo era verdadeiramente heroico e que merecia ser registrado e dramatizado para a posteridade (o tímido anônimo recruta era o narrador, em “voice-overs” no início e no final do filme), e eu nunca esqueci o filme (cujo título eu e meu pai perdemos porque só ligamos a televisão depois que ele havia começado, o que não é o mesmo que “esquecer” o título, que o meu pai afirmava brincando que é o que nós dois fizemos) ou o impacto do ato do tenente, que eu, também (como o tímido, idealista recruta), considerava não apenas “heroico” mas também bonito de uma forma que era quase intensa demais para suportar, especialmente enquanto eu estava deitado sobre os joelhos do meu pai."

Acho que depois disso, dá pra ter uma boa ideia de como ele escrevia e se interessa conhecer ele mais a fundo.
 
Lindo tópico, Rodrigo! Lindo tópico!

Eu gosto muito do The Broom of The System por ser uma pira hilária sobre Wittgestein. DFW associa o filósofo ao "Vigilantes do Peso", coloca uma calopsita para recitar a bíblia e uma bisavó que dá dicas sobre uma conspiração químico-industrial. G.O.D (Great Ohio Desert) é uma das grandes sacadas do romance. Meu avatar é uma das capas lançadas pela Penguin UK e a assinatura é um excerto dos diálogos do livro entre o namorado da Lenore e seu psiquiatra.

Recomendo fortemente para quem lê em inglês porque existem MUITAS brincadeiras de linguagem. Aliás, para quem tem o inglês afiado por procurar todos os textos de não-ficção, porque a maioria eram de publicações impressas e depois viraram acervo de internet. Recomendo sempre: Big Red Son, Some Remarks on Kafka's Funniness from Which Probably Not Enough Has Been Removed, Consider the Lobster. Também gosto muito de Backbone, o que o Caetano traduziu aí.

Infinite Jest não tem como explicar. Muita coisa acontece, muitas pessoas, muitos enredos, muitas coisas nojentas. Uma das coisas que mais gosto, além de toda a pira com o Infinite Jest IV, é a filmografia inteira do James O. Incandeza. Num deles a história é narrada por um tijolo. As coisas nojentas contam com pessoas gripadas, com desinteria e com pele grudada numa janela gelada, o pior é que elas fazem sentido para o contexto. Entre os trocentos personagens, os meus favoritos são Mario (ele é quase um support character, porque quando ele está junto os outros se elevam) e a Avril de longe.

Quanto aos contos, gosto de todos, mas quem quer começar realmente é mais complicado, ele tem bastante "invencionismo"? Mas não deixa de ser genial.
 
Última edição:
Mario havia se apaixonado pelos primeiros programas da Madame Psychosis porque ele sentia como se estivesse ouvindo uma pessoa triste ler em voz alta cartas amareladas que ela tinha tirado de uma caixa de sapatos em uma tarde chuvosa, coisas sobre decepções e pessoas que você ama morrendo e angústia estadunidense, coisas que eram reais. Era cada vez mais difícil encontrar arte válida que fosse sobre coisas que fossem reais dessa forma. Quanto mais velho Mario ficava, mais confuso ele ficava sobre o fato de que todo mundo na E.T.A. mais velho que o Kent Blott achava que coisas realmente reais eram desconfortáveis e ficavam sem graça. É como se tivesse alguma regra de que coisas reais só podiam ser mencionadas se todo mundo rolasse os olhos ou risse de uma forma que não era feliz. A pior coisa que aconteceu hoje foi no almoço quando Michael Pemulis contou a Mario que teve uma ideia para um serviço telefônico de Disque-Oração para ateus em que o ateu disca o número e a linha só toca e toca e ninguém atende. Foi uma piada e uma boa, e Mario entendeu; o que foi desagradável foi que Mario foi o único na mesa grande cujo riso foi um riso feliz; todos os outros meio que olharam para baixo como se estivessem rindo de alguém com deficiência.
 
"Some people, from what I've seen, Boo, when they lie, they become very still and centered and their gaze very concentrated and intense. They try to dominate the person they lie to. The person to whom they're lying. Another type becomes fluttery and insubstantial and punctuates his lie with little self-deprecating motions and sounds, as if credulity were the same as pity. Some bury the lie in so many digressions and asides that they like try to slip the lie in there through all the extraneous data like a tiny bug through a windowscreen."

Ah sim, o apelido dele é ótimo também "Booboo"
 
O tópico ficou MUITO lindo. Sério. Quem não leu (o tópico ou algum livro do DFW), leia.
 

"Meus Pêsames"? Cara, acho que esse tipo de coisa é meio arriscada de se fazer num tópico desses...

Mas enfim. O tópico está fodástico mesmo. Sinceramente, não esperava outra coisa, ainda mais sabendo que tu curte o guri. Por hora, só de pensar em ler David Foster Wallace já me dá um enjoo no estômago... Minha falta de tempo é tão crônica que qualquer coisa que seja sinônimo de "leitura pesada" já me dá náuseas. Mas espero sim ler o livro, estou curioso em saber como é o tio dos rodapés.

- - - Updated - - -


"Meus Pêsames"? Cara, acho que esse tipo de coisa é meio arriscada de se fazer num tópico desses...

Mas enfim. O tópico está fodástico mesmo. Sinceramente, não esperava outra coisa, ainda mais sabendo que tu curte o guri. Por hora, só de pensar em ler David Foster Wallace já me dá um enjoo no estômago... Minha falta de tempo é tão crônica que qualquer coisa que seja sinônimo de "leitura pesada" já me dá náuseas. Mas espero sim ler o livro, estou curioso em saber como é o tio dos rodapés.
 
Gravação de uma entrevista que o Foster Wallace deu para um programa de rádio, falando sobre Breves Entrevistas

[video=youtube_share;1VO471NhQhY]http://youtu.be/1VO471NhQhY[/video]
 
David Foster Wallace was not a bro: Let’s not paint the writer with the same brush as his fans

Maybe it was inevitable: Between cult status that grew into a towering literary reputation, martyr status that followed a suicide, and now a new movie, it was probably only a matter of time before it became fashionable to make fun of David Foster Wallace.



Here’s a prediction: Though Wallace, who died in 2008, seems very much a creature of the print age, or at least its unsteady transition to the digital era, the takedown culture of the Internet means that he’ll get chewed up pretty bad over the next few months.

The first glimmer of this is a funny but unpersuasive piece on New York magazine’s The Cut called “David Foster Wallace, Beloved Author of Bros.” After describing Wallace’s mockery of the male chauvinism of John Updike and other “Great Male Narcissists,” Molly Fischer writes:

How strange, then, that Wallace, too, has become lit-bro shorthand. This occurred to me last week, after listening to a friend discuss the foibles of a bookish male acquaintance with a man-bun. “That guy,” she said. “I just feel like he’s first in line to see the David Foster Wallace movie.”

She mentions an anecdote that Jason Segel – who plays the novelist in the movie – uses in his press interviews:

He’d been preparing for the role by reading Wallace’s work, and he was picking up Infinite Jest at a bookstore. He put the book on the counter and the woman at the register rolled her eyes. “Infinite Jest,” he remembers her saying. “Every guy I’ve ever dated has an unread copy on his bookshelf.”

Now, this story, and this well-reasoned one by Anna North, and some of the others likely to roll out over the next few weeks, don’t quite attack the novelist himself, they make fun of his fans. But they seem weirdly troubled by the idea that a writer would have a following, and that within that following might be some people who take the writer seriously.

What, then, is a bro? An earlier story from The Cut tried to get at the way the term was evolving. Here’s Ann Friedman:

“Bro” once meant something specific: a self-absorbed young white guy in board shorts with a taste for cheap beer. But it’s become a shorthand for the sort of privileged ignorance that thrives in groups dominated by wealthy, white, straight men. “Bro” is convenient because describing a professional or social dynamic as “overly white, straight, and male” seems both too politically charged and too general; instead, “bro” conjures a particular type of dude who operates socially by excluding those who are different. And, crucially, a bro in isolation is barely a bro at all — he needs his peers to reinforce his beliefs and laugh at his jokes.



Are there pretentious guys in MFA workshops who idolize him, and disingenuous dudes who pretend to be into Wallace’s work but haven’t really read it? Was David Foster Wallace a straight white male? Did he come from the Midwest and play tennis when he was young? Did he wear a bandana that looked kind of silly some of the time? “Yes” to all of the above. But does this make Wallace or his fans “bros,” whether the sensitive bro, the nerdbro, or any other subgenre of bro? (Jason Segel, I will concede, seems like maybe a bro.)

Here are some things that these takedowns of Wallace or his following seem to overlook:

One of his best essays, “Consider the Lobster,” was a morally complicated about the pain that shellfish feel that was – agree with it or not — the opposite of bro-ish heartlessness.

Another Wallace essay, “”E Unibus Pluram: Television and U.S. Fiction,” stands as one of the most insightful things anyone has written about literature, pop culture, escapism, postmodernism, and half a dozen other topics that he managed to see through clearly and bring together in original ways.


Wallace started out a devotee of Thomas Pynchon and other Black Humorists – you see it quite clearly in his debut novel, “The Broom of the System” – and moved gradually into the moral engagement of Dostoevsky. Most of the bros on Wall Street and scooping up huge salaries in Silicon Valley took that path too, I think.

His most famous novel, “Infinite Jest,” was probably too long. But it was also massively ambitious, intensely funny, critical of consumerism, and deeply soulful.

He was not a class-skipping frat-boy but a recluse alcoholic. He was also depressive who eventually hung himself.

He wrote better than any of these people who’ve tried to take him down.

With all the things wrong with the world right now, why pick on David Foster Wallace and the people who like his books? Are literary figures really the problem with American society these days?

If Wallace has attracted a large number of bros with this kind of resume, it’s bizarre indeed. In her story on the changing face of bro culture, Ann Friedman wrote that “the key to de-broing our culture just might be the straight white guys who aren’tbros.”

For that one, I nominate the ghost of a certain tennis-playing Midwestern novelist. Either way, he deserves better.

 

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.404,79
Termina em:
Back
Topo