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Barba ensopada de sangue (Daniel Galera)

Pips

Old School.
Li apenas um livro do Galera, "Cordilheira" que não gostei nenhum um pouco, mas com todo o hype "Barba ensopada de sangue" me chamou muito a atenção. Incluindo aí a venda dos direitos de publicação internacional em Frankfurt e a adaptação já planejada por Karim Aïnouz (O Céu de Suely, Madame Satã). Além do ótimo trabalho de tradução de "Ficando longe do fato de já estar meio que longe de tudo".

Quem adquiriu a Granta BR pode conferir um trecho.

Resenhas: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,daniel-galera-lanca-livro,957308,0.htm
http://oglobo.globo.com/blogs/prosa...nsopada-de-sangue-de-daniel-galera-473919.asp

Semana que vem tem lançamento em SP.

Sinopse:
No quarto e tão aguardado romance de Daniel Galera, um professor de educação física busca refúgio em Garopaba, um pequeno balneário de Santa Catarina, após a morte do pai. O protagonista (cujo nome não conhecemos) se afasta da relação conturbada com os outros membros da família e mergulha em um isolamento geográfico e psicológico. Ao mesmo tempo, ele empreende a busca pela verdade no caso da morte do avô, Gaudério, que teria sido assassinado décadas antes na mesma Garopaba, na época apenas uma vila de pescadores.
 
O meu deve chegar hoje. :joy:

Resenhas lidas e ânimo enorme. Tava lendo o Vício inerente, do Pynchon, mas vou deixar de lado. Até domingo, o Barba estará lido, questão de honra.
 
O cara fala fala e no fim não diz mta coisa.
Também não entendi direito o que ele quis dizer. E, inclusive, eu, que não li nada do Galera (e não sei direito sobre o que é esse novo livro), tive a impressão que o cara falou mais do projeto anterior do que esse. Pode ter sido uma má construção do texto, mas não sei...
 
Logo depois que vi a crítica eu conferi o blog. Ele fala MUITO de Borges, né? De qualquer forma, a crítica dele me remeteu a muitos livros escritos nos anos de 1980/90 que tem descrições, aparentemente, sem sentido.

Tudo bem ser erudito, mas se ele julgou pelo cânone (em comparação e depreciação), ele está errado, né. Eu acho que foi mais um caso de amor inexplicável que ele não soube explicar o término e aí achou defeito em qualquer coisa.
 
Logo depois que vi a crítica eu conferi o blog. Ele fala MUITO de Borges, né? De qualquer forma, a crítica dele me remeteu a muitos livros escritos nos anos de 1980/90 que tem descrições, aparentemente, sem sentido.

Tudo bem ser erudito, mas se ele julgou pelo cânone (em comparação e depreciação), ele está errado, né. Eu acho que foi mais um caso de amor inexplicável que ele não soube explicar o término e aí achou defeito em qualquer coisa.

Nada contra críticas mesmo que baseadas no cânone - convenhamos que uma mistura de Michiko Kakutani com Harold Bloom seria algo interessante. O problema é quando ela está num nível de hermetismo que você fica pensando, "ou eu sou muito burro ou esse cara anda cheirando maconha e fumando cocaína". :lol:

Procurarei ler o Galera assim que possível, só que ainda não me despertou o interesse.
 
Nada contra críticas mesmo que baseadas no cânone - convenhamos que uma mistura de Michiko Kakutani com Harold Bloom seria algo interessante. O problema é quando ela está num nível de hermetismo que você fica pensando, "ou eu sou muito burro ou esse cara anda cheirando maconha e fumando cocaína". :lol:

Procurarei ler o Galera assim que possível, só que ainda não me despertou o interesse.

olha, não acho que foi um caso de "hermetismo", só de má redação - e o cara pode ser um gênio e manjar muito, mas de escrever para um jornal esse texto não pesa favoravelmente, não. ele claramente desenvolveu uma linha de raciocínio que na mente dele estava perfeitamente clara, mas que com a falta de elementos ficou sem sentido no texto. aquela coisa: ser hermético é uma coisa, agora, escrever para um jornal e "esquecer" que deve ser compreendido por seus leitores me parece simplesmente idiota, não importa o quão erudito ele seja. não estou dizendo que precisa escrever como um songo-mongo, mas o mínimo de coerência textual é bom manter, quando se está fora de sala de aula e não está escrevendo só para alunos que puxam saco.

para mim a única coisa que consegui tirar do texto é que ele achava que tinha muito potencial, mas que o galera se perdeu em descrições muito longas que se mostram irrelevantes pra narrativa. o que é até engraçado. lembro que na minha conversa sobre apnéia com o tuca eu e ele comentamos algo sobre as descrições :think:

em outras notícias, mais do galera na folha: http://www1.folha.uol.com.br/ilustr...e-causa-frisson-no-brasil-e-no-exterior.shtml
 
olha, não acho que foi um caso de "hermetismo", só de má redação - e o cara pode ser um gênio e manjar muito, mas de escrever para um jornal esse texto não pesa favoravelmente, não. ele claramente desenvolveu uma linha de raciocínio que na mente dele estava perfeitamente clara, mas que com a falta de elementos ficou sem sentido no texto. aquela coisa: ser hermético é uma coisa, agora, escrever para um jornal e "esquecer" que deve ser compreendido por seus leitores me parece simplesmente idiota, não importa o quão erudito ele seja. não estou dizendo que precisa escrever como um songo-mongo, mas o mínimo de coerência textual é bom manter, quando se está fora de sala de aula e não está escrevendo só para alunos que puxam saco.

Então, Anica, critiquei o hermetismo dele por conta da crítica que ele faz no blog, não essa do Galera, a qual ainda não li. Mas para um jornal, sim, você tem razão, o camarada precisa ser mais claro textualmente mesmo que não seja coerente em suas opiniões (tá ouvindo isso, Luiz Carlos Merten? :D).
 
Saiu mais uma resenha bem positiva na Revista Cult.

Engraçado esse trecho, em comparação com a crítica do Monte:

"A história progride num ritmo gostosamente tranquilo, sem abrir mão de uma densidade particular no estofo da história que seduz sobretudo pela motivação convincente dos pormenores na construção narrativa dos ambientes. Galera cria um realismo peculiar e sensível pela densidade que consegue dar ao cotidiano sem excessos de gordura descritiva. É uma espécie de “realismo íntimo” em que a intimidade não provém dos sentimentos nem das meditações psíquicas e diálogos interiores do protagonista senão da precisão descritiva dos cenários escolhidos e da empatia que sempre expressa com os humores do personagem."
 
O Alfredo Monte tem dois tipos de resenhas: as boas e as ruins. E o problema das ruins é que ele simplesmente resolve não usar argumento nenhum, mas metáforas ou, mais corretamente, parábolas, imagens, ilustrações. Por exemplo, venho percebendo que quando o livro trata sobre o homossexualismo ele sempre faz uma resenha bem galhofeira, bem ridicularizante, como no caso dos Sonetos do García Lorca ou na parte 4 do Em Busca do Tempo Perdido...

Acho que nessa resenha o que o Alfredo quis dizer era: Galera escreveu um livro que no começo parece ser fantástico pelo fôlego que ele tem, pelo "talento narrativo, autoridade na linguagem (sempre escreveu muito bem, e certas páginas do livro provam isso à exaustão), cosmovisão, ambiente, personagem carismático", mas que esse texto não faz nenhuma pausa, não cessa seu ritmo, antes o aumenta, e continua assim de forma impetuosa, incessante até a exaustão (se é que ela existe). E aí a imagem dele dos cetáceos que encalham na praia porque não souberam parar quando era hora de parar.

Mas talvez esse seja o sentido do texto do Galera, não? Lembro-me que percebi isso no "Mãos de Cavalo", isto é, que as personagens que se emaranham nesse "continuum narrativo basicamente épico" não param, mas vão mais a fundo até uma hora em que o leitor para e fica olhando embasbacado aquela cena. Para citar um exemplo, ver a cena do ciclista no "Mãos de Cavalo". Nesse romance novo do Galera, creio que talvez exista algo relacionado à Barba ensopada de sangue, isto é, uma barba que se ensopou porque a face entrou de cara mesmo em cima de algo, até se ensopar. Mas enfim. São apenas conjeturas, e esse tipo de leitura é ridícula (isto é, opinar sem ter lido).
 
Diria: nem leiam, o cara enche de spoilers (vontade de comentar mandando longe) e não fala absolutamente nada com nada. É basicamente a mesma crítica entupida de trechos e contando as resoluções do livro.
 
Terminei ontem o livro...

Bom, muito bom. Já percebi como os livros do Galera funcionam comigo: prazerosos de ler e vão crescendo depois, por dentro...

Porém... é o mesmo livro de sempre do Galera. É mais ou menos o Até o dia em que o cão morreu, transposto pra Garopaba e sofrendo de hiperdescritivismo. O Bonobo reaparece (ahm?), mas bem podia ser o Lárcio... Nem é um "romance de fôlego", é menor do que o Mãos, só que é estofado com uma atenção maior às cenas. Às vezes parece um RPG, cheio de sidequests ("talk to native-born people and collect some info"; "go to Bonobo's and collect some laughs"; "drink some beer"; "go back home and collect a pussy"; "go swimming and collect a whale"; "go to the pool and collect some jokes about your disease"...), enquanto as histórias principais se desenrolam lentamente e acabam com resoluções meio fracas. O capítulo final já tinha sido escrito em bem menos páginas e de forma bem mais forte no Até o dia em que o cão morreu...

Enfim, o livro é muito bom de ler, é bem divertido... só que vamo começá a fazê uns livrinho diferente, né Galera?
 
Pois é, eu tinha lido essa entrevista. Acho bacana reencontrar os personagens nos livros do Bolaño, mas o reaparecimento do Bonobo tira força do Mãos e não acrescenta grande força ao Barba. O personagem é bacana, engraçado, mas podia ser qualquer um ali, não tem nada que obrigue aquele personagem a ser o Bonobo. Até acho que ele lembra mais o Lárcio, do Até o dia...

Outro probleminha que ele traz do Cordilheira é colocar uma situação especial e não desenvolver pathos em cima disso. No Cordilheira, tem a galera que vive a própria ficção, mas o Galera não consegue impor força a isso. Agora no Barba, ele coloca um protagonista que não lembra dos rostos de ninguém (nem do próprio), e toda a força disso no livro são repetições de "não reconheço até que reconheço" e piadinhas. Faz o livro mais interessante, mas fica parecendo adorno ou ideia subaproveitada.
 
Não posso opinar nada além do que foi dito nessa entrevista, ou em qualquer outra. Minha cópia deve chegar hoje e até semana que vem falo posso falar melhor sobre.

Mas você citar Cordilheira já me deu um desânimo.
 
Achei bem melhor do que o Cordilheira. Mas me decepcionei um pouco. Não entendi pra que tanto hype em cima de um livro que nem é o melhor dele (que segue sendo o Mãos de cavalo).
 

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