Enfim, falo aqui como cristão ortodoxo e talvez muitos não gostem do que vou falar aqui. Eu, já faz um bom tempo, parei de crer que homossexualismo é doença, portanto, não acredito em 'cura', nem em 'ex-gay'. Isso me fez, até bem recentemente, defender que não há nenhum mal nesses relacionamentos, afinal, se a procriação não é a única finalidade do sexo...
O problema é que além de ser confrontado nisso com minha própria consciência e por amigos da Igreja, pude ver também como a Escritura, os Santos Padres e toda a Tradição da Igreja é clara quanto a isso.
Os atos homossexuais são moralmente desordenados e espiritualmente desviados, segundo a nossa Tradição.
Mas é possível que tais tendências homossexuais não sejam 'adquiridas', que se nasça com elas. Nesse caso entendemos as tendências como uma cruz que o cristão tem que carregar e tem de levá-la através da abnegação de seus próprios desejos, da ascese contínua. Temos um exemplo nisso no homossexual
Padre Serafim Rose, convertido à Ortodoxia, polemista, asceta, um santo norte-americano. Mas ficam alguns questionamentos:
1- Se tudo que Deus criou é bom, assim como Ele, por que Ele permite que tal 'cruz' exista? Por que permite que o homem carregue essa mancha sendo que o homem não tem culpa nenhuma?
R= Pelo mesmo motivo que existe mal no mundo, isto é, não só pelo livre-arbítrio mas pela Queda do homem no Éden, que obscureceu seu nous (consciência), tornando-o apegado à carne mais que ao espírito e lhe retirou a imortalidade. Por esse ato não só o homem (que é um microcosmo, feito à imagem de Deus e à semelhança do mundo) sente os efeitos ontológicos, mas também o mundo: o mundo material, que se lhe torna hostil, cheio de intempéries, violento e repleto de perigos; o mundo espiritual, onde suas poucas virtudes guerreiam contra os exércitos dos demônios, que lhe leva a pecar.
Assim como Cristo morreu e ressuscitou pela Cruz, que se transfigurou de símbolo de morte para símbolo de vitória (motivo pelo qual os cristãos se persignam com o sinal-da-cruz e se prostram diante das cruzes), também o homossexual, acometido de paixões violentas e desordenadas (como todo pecador contumaz), deve carregar a cruz dessas tendências pela ascese e se transfigurar em criatura nova, celibatária, um anjo na terra, como os monges.
2- Isso significa que os homossexuais são culpados? Mas como, se nasceram assim, ou se assim se tornaram no decorrer da vida?
R= As tendências homossexuais são objetivamente pecados, mas são pecados involuntários, ou seja, segundo a Igreja, são impurezas em que caem (na prática do ato) movidos por demônios e inclinações mais fortes que os da maioria das pessoas, por isso, são menos culpados. O pecado é pecado, mas a condição de carregar essa cruz é que esses pecados são muitos mais difíceis de serem evitados pelos homossexuais (óbvio), logo,
os homossexuais não devem ser tratados como criaturas especialmente pervertidas,
mas como filhos de Deus que padecem de um grande mal e que devem ser auxiliados com nossos conselhos, orações e fé na superação contínua de suas inclinações. Logo, a homofobia é um PECADO terrível, um pecado gigantesco contra a caridade, além de uma hipocrisia. Os demônios se alegram muito mais nos homofóbicos que nos homossexuais que caem diante de maus pensamentos e desejos.
3- Como devem ser tratados os homossexuais no dia-a-dia? E na sociedade cristã?
Como qualquer outra pessoa, com respeito, amor, e não como pessoas dignas de pena, comiseração ou inferiores em algo aos outros membros da família, da sociedade etc. Mesmo os que praticam os atos, devem antes serem perdoados e devemos orar por eles.