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No Paquistão, casal é preso por assassinar a filha com ácido.

Gorthol

Lacho calad! Drego morn!
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Um casal preso no Paquistão suspeito do assassinato da filha com ácido disse nesta segunda-feira, 5, que o ataque ocorreu porque a menina "olhou para um garoto". O pai de Anusha, de 15 anos, disse à BBC que temia que a atitude da menina pudesse desonrar a família. Muhammad Zafar também é acusado de ter espancado a filha e mantido a adolescente isolada por um dia, sem acesso a cuidados médicos.

A mãe disse que era o "destino" da garota morrer dessa maneira. Ela teve mais de 60% do corpo queimado pelo ácido. Os dois foram detidos na semana passada em uma vila remota do distrito de Kotli, na Caxemira paquistanesa (a região é disputada com a Índia e cada país administra uma parte do território).

A Comissão de Direitos Humanos do Paquistão identificou 943 casos de mortes de mulheres por questão de desonra no ano passado. O número representa um aumento de cem ocorrências em relação a 2010.

A polícia diz que o incidente começou a ser investigado após uma queixa da irmã mais velha de Anusha. De acordo com a versão do pai, "um garoto chegou de moto. Ela (Anusha) virou-se para olhar para ele duas vezes. Eu disse a ela para que não fizesse isso, porque era errado.

As pessoas falam de nós porque nossa filha mais velha era assim também". A mãe, Zaheen, relata as últimas frases da filha. "Ela disse que não tinha feito de propósito, e que não olharia de novo. Mas aí eu já tinha jogado o ácido. Era o destino dela morrer dessa maneira".

Segundo a polícia, este é um dos primeiros ataques do tipo na Caxemira paquistanesa, região onde a prática é relativamente rara.


Fonte: Estadão


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Isto me fez levantar algumas questões:
Será que o abalo emocional causado por uma notícia como esta é apenas o resultado da ocidentalização da nossa cultura que, por sua vez, há tempos deixou de considerar castigos tão pesados como opções disciplinares viáveis?
Ou ainda, o respeito a dignidade humana é relativo? Devendo ser, portanto, ponderadas questões territoriais/culturais para aplicação de penas pelas violações aos direitos humanos?
Indo mais além, deixando de lado um pouco mais o conceito de ethos, devemos este choque ao fato de talvez nos encontrarmos em um nível de humanização mais evoluído?

Eu sei, isto pode soar escroto, mas pensem bem.

Não faz muitos anos que ainda tínhamos casos onde, em várias regiões do país, a Defesa da Honra era um argumento amplamente aceito em casos de homicídios passionais motivados por adultérios, entre vários outros exemplos, por serem considerados punições justas impostas ao cônjuge que pulou a cerca, isto se dando exatamente da mesma forma que o caso da adolescente paquistanesa, cujos pais lhe outorgaram tamanha crueldade por ela olhar para um menino na rua. Simples assim.

Estas 'subversividades' tornaram-se triviais aos nossos olhos apenas com o tempo e, desta forma, com o amadurecimento e com a evolução de determinados conceitos sociais antes muito mais arbitrários.

O que vocês acham disto?

(P.s.: Editei zilhões de vezes para tentar mudar o formato de fonte etc que veio com o texto-base, mas sem sucesso).
 
Última edição:
Assim ó, chocada não fico porque estou muito acostumada a ver notícias desse estilo vindas de lugares como este, onde predomina o Islamismo em sua pior vertente.

Isso me entristece demais e também dá muita raiva, mas como eu não tenho um conhecimento mais aprofundado dos costumes e vertentes do Islamismo, se eu disser alguma coisa vai ser pra descer a lenha, mas aí vai entrar a minha visão ocidental e blá blá blá que não entende nem é capaz de aceitar costumes e religião que permitam algo como isso. Então melhor não dizer mais nada, além de, estou cansada de ver notícias como essa e embora organizações de direitos humanos esperneiem e denunciem, toda hora acontece de novo e de novo. :(
 
Apenas eu fiquei chocado com esta notícia?
:neutral:

Calma, apressadinho.


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Parece preconceito mesmo dizer que somos mais evoluídos, mas véi, não temos no Brasil 900 assassinatos por conta de "desonra". Isso, aqui, é passado.
 
Será que o abalo emocional causado por uma notícia como esta é apenas o resultado da ocidentalização da nossa cultura que, por sua vez, há tempos deixou de considerar castigos tão pesados como opções disciplinares viáveis?
Mas temos atitudes disciplinares tão crueis quanto. Mesmo muita gente achando que bandido tem vida facil num presidio, a realidade é que os presos vivem amontoados um em cima do outro, comendo alimentos de péssima qualidade e em condições precárias de saúde.
O castigo pessoal e doméstico vem caindo mesmo, mas em compensação o monopólio da violencia nunca esteve tão na mão do estado. A punição nos EUA e no Brasil vem pela força das instituições, não mais pela doméstica.

Ou ainda, o respeito a dignidade humana, preceituado pelos direitos humanos, é relativo? Devendo ser, portanto, ponderadas questões territoriais/culturais para aplicação de penas pelas suas violações?
É MUITO relativo. As nossas bases de direitos humansos são iluministas francesas, ou seja, ocidental/europeu, e mesmo assim não é obedecido pelos próprios signatários. Dois exemplos claros são os EUA e Israel, onde os direitos dos cidadãos são claramente mais importantes dos que os dos povos alheios. Os direitos humanos bem ou mal se fazem pelo prisma ocidental e PARA ocidentais. O complicado é quando queremos impor esse valor em culturas como, por exemplo, a indigena. Isso para mim é imperialismo cultural, não se imputa principios a nenhum grupo humano na base do "estou levando a humanização e a civilidade", as pessoas precisam exigir isso de dentro. Um livro que fala um pouco sobre isso é o do Todorov, chamado "Inimigos intimos da democracia" que ele fala das tentativas mais que frustradas dos americanos em imputar democracia nos povos do oriente médio.

Indo mais além, deixando de lado um pouco mais o conceito de ethos, devemos este choque ao fato de talvez nos encontrarmos em um nível de humanização mais evoluído?
Se voce compartilhar da linha eurocentrista de evolução social, sim, pode dizer que sim. Eu não concordo com essa forma de análise, para mim não existem povos mais ou menos evoluidos, isso tudo é questão de perspectiva. Um exemplo é um trabalho sobre indios brasileiros de um autor famoso (não me lembro agora quem, vou procurar para trazer depois) que os indíos canibais achavam totalmente desumano e absurdo os homens prenderem e isolarem seus criminosos ao invés de comer eles. Isso se dá pela forma como aquele grupo analisa e sente o crime e o isolamento social. Para eles, devorar um homem e, em uma forma um pouco metafísica, encorporar ainda mais o infrator, é muito mais digno e humano do que prende-lo e tirar a liberdade dele.

Não faz muitos anos que ainda tínhamos casos onde, em várias regiões do país, a Defesa da Honra era um argumento amplamente aceito em casos de homicídios passionais motivados por adultérios, entre vários outros exemplos, por serem considerados punições justas impostas ao cônjuge que pulou a cerca, isto se dando exatamente da mesma forma com no caso da adolescente paquistanesa, cujos pais lhe outorgaram tamanha crueldade por ela olhar para um menino na rua. Simples assim.

Estas 'subversividades' tornaram-se triviais aos nossos olhos apenas com o tempo e, desta forma, com o amadurecimento e com a evolução de determinados conceitos sociais antes muito mais arbitrários.
Para algumas pessoas e em alguns locais do Brasil né, porque a punição moral e os crimes de honra não desapareceram, longe disso, tanto é que a Lei Maria da Penha ta ai para mostrar que existem e estão, pelo menos, sendo investigados.
 
Não consigo ser tão racional quanto o Felagund. Gostaria de ser, mas não consigo não me chocar. A capacidade do ser humano de ser violento com o próximo SEMPRE me choca. E sou historiadora, imaginem o quanto já li sobre isso :lol:

Mas consigo acrescentar ao que disseram aqui. Estudei Islamismo por um breve tempo, práticas islâmicas (ainda volto a estudar :grinlove:), e posso responder à Lana Lane com o seguinte: muitas das soluções violentas imputadas à religião, especialmente aquelas destinadas às mulheres, dizem mais sobre costumes locais do que sobre o Corão. Explico. Quando o Islã se expandiu de forma vertiginosa durante a Idade Média, o fez adaptando-se a cada cultura local, e essa adaptação é continuada. Por isso vemos essa violência dessa forma em alguns locais mais do que em outros. Pode-se notar, por exemplo, que no Paquistão e no Afeganistão isso é relativamente comum - muitos desses costumes são tribais, pré-islâmicos, não ditos sagrados islâmicos. E que nesses mesmos países é comum as mulheres terem uma liberdade próxima da que nós ocidentais estamos alcançando. Sim, estamos alcançando, porque é um processo longo e nosso machismo ancestral não foi eliminado em um século de lutas. Quem dera fosse assim - como bem lembrou o Felagund, por que mesmo temos que ter a Maria da Penha? Será que a nossa sociedade é tão evoluída assim, quando precisamos ter uma lei para que os homens pensem duas vezes antes de agir violentamente contra suas mulheres?
 
Última edição:
Mas todo esse julgamento de valor parte de uma premissa de "valor verdadeiro". Por exemplo, no ocidente, podemos apontar o dedo para nações islamicas e condenar o papel da mulher nessas sociedades, da opressão e etc, ao mesmo tempo, essas mesmas sociedades podem apontar o dedo e nossas caras e dizer que estamos distantes de qualquer sacralidade ou religião, que vulgarizamos o papel da mulher em nossas sociedades enre outras coisas.
Podemos também dizer que o infanticidio de algumas tribos indigenas é desumano e que precisa ser extinguido por não ser correto e até mesmo contra a lei, porém o indío pode retrucar dizendo que não foi ele quem instituiu tais leis e que os costumes e tradições dos homens ocidentais do Brasil não lhe dizem respeito.

O problema de ficarmos analisando o que acontece em outras sociedades pelo nosso prisma ocidental é que sempre causará distorções de realidade de uma para a outra, e se ficarmos no julgamento de valor e de moral corremos o risco de acabarmos com qualquer diversidade e reduzir tudo ao nosso princípio ocidental.
Vale ressaltar que toda e qualquer cultura acredita firmimente que aquilo que ela faz ou cultua é certo e merece ser defendido, portanto qualquer tipo de "imperialismo de valor" será resistido por essas culturas, exemplo clássico são as ocupações "humanitárias" no oriente médio e Africa.

Esse exemplo da notícia pode ser julgada pela própria sociedade islamica paquistanesa, acredito que mesmo em uma cultura em que honra é tão defendida como nessa, o uso de acido para matar uma garota não será interpretado meramente como defesa da honra.
 
Mas todo esse julgamento de valor parte de uma premissa de "valor verdadeiro". Por exemplo, no ocidente, podemos apontar o dedo para nações islamicas e condenar o papel da mulher nessas sociedades, da opressão e etc, ao mesmo tempo, essas mesmas sociedades podem apontar o dedo e nossas caras e dizer que estamos distantes de qualquer sacralidade ou religião, que vulgarizamos o papel da mulher em nossas sociedades enre outras coisas.
Podemos também dizer que o infanticidio de algumas tribos indigenas é desumano e que precisa ser extinguido por não ser correto e até mesmo contra a lei, porém o indío pode retrucar dizendo que não foi ele quem instituiu tais leis e que os costumes e tradições dos homens ocidentais do Brasil não lhe dizem respeito.

Continuaria achando que somos melhores. Aqui as mulheres são tratadas (quase sempre) com igualdade. Aqui obedecemos a Constituição, sempre que possível revisada e atualizada, e não um livro religioso de centenas de anos.

O Meu Valor verdadeiro que dita a minha vida, sob as regras de um estado que é governado por homens eleitos pelo povo, e sob leis escritas pelos homens, sempre deixando de lado qualquer tipo de tradição religiosa.

Nenhum ser humano tem direito de matar outro, seja qual for o motivo. Ainda mais um absurdo como esse o da notícia. A mina OLHOU PARA TRÁS 2x. Nem dar pro cara ela deu, véi. Nem um beijo, nem mesmo um "Oi". Não faz sentido nenhum isso.
 
Neithan, volto a insistir. Se a nossa sociedade fosse assim tão melhor e tão mais justa para as mulheres, a lei Maria da Penha não teria necessidade de existir. Delegacias especiais para a mulher não precisariam existir, porque em uma delegacia comum elas seriam tratadas de forma justa quando estupradas ou surradas. A necessidade da existência desses aparatos legais para que algumas vítimas denunciem os abusos sofridos mostra o quão estamos longe de uma real igualdade. Pra não falar da questão salarial, uma eterna luta de equiparação. O nosso mundo, de classe média dos bairros mais razoáveis/melhores de nossas cidades, não é parâmetro para se falar do Brasil, quanto mais do resto da sociedade ocidental. Sociedade, aliás, que ainda nos vê como macacos, apesar dos ganhos econômicos dos últimos anos.

O que você disse sobre um texto sagrado regendo quase um terço da população terreste só demonstra seu ateísmo, não conhecimento mínimo sobre as sociedades em questão. Demonstra também que - me desculpe - a sua visão de mundo é tão colonizadora quanto a dos europeus que aqui chegaram. Morar e gostar de morar numa sociedade ocidental não necessariamente desqualifica as outras formas de se encarar a vida e a sociedade. A forma deles é tão válida quanto a nossa. Eles têm suas vantagens em relação a nós quanto nós em relação a eles. E temos muitos pontos em comum, que essa visão de "eu sou melhor" só faz esquecer as nossas semelhanças.
 
O que você disse sobre um texto sagrado regendo quase um terço da população terreste só demonstra seu ateísmo, não conhecimento mínimo sobre as sociedades em questão. Demonstra também que - me desculpe - a sua visão de mundo é tão colonizadora quanto a dos europeus que aqui chegaram. Morar e gostar de morar numa sociedade ocidental não necessariamente desqualifica as outras formas de se encarar a vida e a sociedade. A forma deles é tão válida quanto a nossa. Eles têm suas vantagens em relação a nós quanto nós em relação a eles. E temos muitos pontos em comum, que essa visão de "eu sou melhor" só faz esquecer as nossas semelhanças.

Quais as vantagens em ser uma mulher numa sociedade Muçulmana?
 
Continuaria achando que somos melhores. Aqui as mulheres são tratadas (quase sempre) com igualdade. Aqui obedecemos a Constituição, sempre que possível revisada e atualizada, e não um livro religioso de centenas de anos.

O Meu Valor verdadeiro que dita a minha vida, sob as regras de um estado que é governado por homens eleitos pelo povo, e sob leis escritas pelos homens, sempre deixando de lado qualquer tipo de tradição religiosa.

Nenhum ser humano tem direito de matar outro, seja qual for o motivo. Ainda mais um absurdo como esse o da notícia. A mina OLHOU PARA TRÁS 2x. Nem dar pro cara ela deu, véi. Nem um beijo, nem mesmo um "Oi". Não faz sentido nenhum isso.

Sim, eu também continuo achando que nós vivemos melhores que vários outros grupos humanos, mas isso não nega o fato de que estamos, querendo ou não, "contaminados" com todo esse valor que eu citei. O potno aqui é: O que é humanismo? Eu tentei destrinchar um pouco o que já se estudou e as formas como o humanismo pode ser interpretado, sem necessáriamente se prender a uma concepção unica de valor e cultura, que é o que temos no orgão de direitos humanso da ONU, por exemplo.

Entenda que eu não estou aqui defendendo os país dessa menina nem nenhum outro tipo de crueldade rogada por outras culturas, estou apenas fazendo um exercicio de distanciamento da minha própria cultura e tradição para tentar comprender o porque as outras culturas se comportam como se comportam. Coisa de cientista social chato, fazer o que :lol:

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Quais as vantagens em ser uma mulher numa sociedade Muçulmana?

Para as mulheres de lá, talvez, mais vantagens do que viver como as nossas.

Uma vez debatendo com dois amigos meus muçulmanos da faculdade sobre isso eles me fizeram pensar, eles disseram basicamente que a mulher, tanto nossas irmãs, mães, e etc como as que nós escolhemos como companheiras são tratadas como mundanas na sociedade ocidental, que nós não preservamos o "sagrado" nelas, que deixamos que elas se façam objeto e ao mesmo tempo objetivamos elas. Para eles, a tradição e cultura deles ajuda a preservar o que tem de mais sagrado na sociedade deles que é a mulher. Isso pode até parecer absurdo, graças a nossa noção de sociedades islamicas altamente machistas e controladoras, mas é curioso ver que eles não agem assim por machismo clássico europeu, mas sim por uma tentativa de "preservar" o que a mulher tem de melhor, de conservar ela do mundo cruel e terrivel que habita fora da casas dela.

Claro, ambos são muçulmanos e argumentaram dessa forma, eu achei interessante, não me faço aqui advogado de um nem do outro lado, mas precisamos sempre superar essa visão centralizada na nossa própria cultura e tradição quando quisermos analisar o diferente, se não nós estaremos apenas julgando e não analisando de fato.
 
Última edição:
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"Maravillha" típica de sociedades onde as pessoas são regidas pela lei religiosa e pela tradição, onde o indivíduo é parte de um grupo antes de ser ele mesmo.

Mas dispenso tais "maravilhas", prefiro a "decadência" individualista e laica do ocidente.

PS: Peço perdão à falecida pela ironia, mas esta foi a única forma que encontrei para me expressar sem cair em prantos e berrar um monte de palavras de baixo calão.

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Quais as vantagens em ser uma mulher numa sociedade Muçulmana?

Estou falando das sociedades muçulmanas em que se chega perto das conquistas ocidentais, certo? Menor objetificação do corpo. Para um homem, difícil ser percebido como vantagem, mas eu digo: é vantagem sim. E em lugares em que se aceitam mais as "modernidades" ocidentais, a vida delas é quase igual à nossa.

O que eu não gostaria mesmo de ser muçulmana é a ingerência ainda bem grande sobre o casamento das filhas, na questão da aprovação dos pais. Isso sim me irritaria. De resto, aceitaria de boa. E, pasmem, o que mais me irrita no Irã não são as condições a que as mulheres são submetidas, mas a ditadura em si. As mulheres iranianas tem relativamente poucas desvantagens em relação a nós, ocidentais :p Agora, Arábia Saudita eu não iria nem para conhecer. Esse sim um país maledeto com as mulheres. Ou viver num vilarejo isolado do Paquistão, onde esse tipo de notícia não é novidade...
 
Neithan, volto a insistir. Se a nossa sociedade fosse assim tão melhor e tão mais justa para as mulheres, a lei Maria da Penha não teria necessidade de existir. Delegacias especiais para a mulher não precisariam existir, porque em uma delegacia comum elas seriam tratadas de forma justa quando estupradas ou surradas. A necessidade da existência desses aparatos legais para que algumas vítimas denunciem os abusos sofridos mostra o quão estamos longe de uma real igualdade. Pra não falar da questão salarial, uma eterna luta de equiparação. O nosso mundo, de classe média dos bairros mais razoáveis/melhores de nossas cidades, não é parâmetro para se falar do Brasil, quanto mais do resto da sociedade ocidental. Sociedade, aliás, que ainda nos vê como macacos, apesar dos ganhos econômicos dos últimos anos.

Não falei que vivemos em um mundo perfeito. Apenas que estamos mais a frente. Aqui precisamos da Lei Maria da penha, mas ela EXISTE. No Paquistão, mulheres devem sofrer caladas. Aqui as mulheres agredidas possuem um meio de se defender.

Se você tivesse nascido no Paquistão, e seguido seus costumes, acredita que estaria fazendo Mestrado em História?

O ocidente não é perfeito, muito menos o Brasil. Mas por mais desigualdade que exista ainda hoje, a sociedade tem caminhado.

O que você disse sobre um texto sagrado regendo quase um terço da população terreste só demonstra seu ateísmo, não conhecimento mínimo sobre as sociedades em questão.

Eu não respeito o Islã por ele ser uma religião dominante, ou por termos 2 bilhões de muçulmanos na Terra. Não sou racista, não odeio o Muçulmano. Mas não respeito seu livro sagrado e seu deus machista.

Demonstra também que - me desculpe - a sua visão de mundo é tão colonizadora quanto a dos europeus que aqui chegaram. Morar e gostar de morar numa sociedade ocidental não necessariamente desqualifica as outras formas de se encarar a vida e a sociedade. A forma deles é tão válida quanto a nossa. Eles têm suas vantagens em relação a nós quanto nós em relação a eles. E temos muitos pontos em comum, que essa visão de "eu sou melhor" só faz esquecer as nossas semelhanças.

Discordo. Qual a validade de uma sociedade que ainda apedreja pessoas em praça pública, por questões de adultério ou homossexualidade? Ser um povo antigo já é argumento o suficiente para ser válido?

Para as mulheres de lá, talvez, mais vantagens do que viver como as nossas.

Uma vez debatendo com dois amigos meus muçulmanos da faculdade sobre isso eles me fizeram pensar, eles disseram basicamente que a mulher, tanto nossas irmãs, mães, e etc como as que nós escolhemos como companheiras são tratadas como mundanas na sociedade ocidental, que nós não preservamos o "sagrado" nelas, que deixamos que elas se façam objeto e ao mesmo tempo objetivamos elas. Para eles, a tradição e cultura deles ajuda a preservar o que tem de mais sagrado na sociedade deles que é a mulher. Isso pode até parecer absurdo, graças a nossa noção de sociedades islamicas altamente machistas e controladoras, mas é curioso ver que eles não agem assim por machismo clássico europeu, mas sim por uma tentativa de "preservar" o que a mulher tem de melhor, de conservar ela do mundo cruel e terrivel que habita fora da casas dela.

Claro, ambos são muçulmanos e argumentaram dessa forma, eu achei interessante, não me faço aqui advogado de um nem do outro lado, mas precisamos sempre superar essa visão centralizada na nossa própria cultura e tradição quando quisermos analisar o diferente, se não nós estaremos apenas julgando e não analisando de fato.

Mas isso faz parecer que as mulheres são de alguma forma inferior ao homem, mais fracas. Ou superiores, depende do ponto de vista, mas whatever. A questão é que ambos os sexos são iguais. Essa forma de diferenciar os sexos é primitiva.

No Brasil as mulheres não são tratadas EXATAMENTE como os homens, mas já é comum vermos mulheres liderando grandes empresas, sendo as cabeças das famílias, e cazzo, a Dilma, a pessoa mais importante do Brasil, é mulher. Que sofreu muito, mas teve a chance de crescer nessa democracia ocidental.

Estou falando das sociedades muçulmanas em que se chega perto das conquistas ocidentais, certo? Menor objetificação do corpo. Para um homem, difícil ser percebido como vantagem, mas eu digo: é vantagem sim. E em lugares em que se aceitam mais as "modernidades" ocidentais, a vida delas é quase igual à nossa.

Esse é outro ponto em que aqui as mulheres já lutam contra. A famosa Marcha das Vadias defende essa ideia, contra a objetificação do corpo feminino e etc.

Podemos ver isso em São Paulo ou no rio:
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E em Islamabad (é essa a capital? Sempre esqueço)?

A mulher brasileira sofre preconceito, não vou bancar o cego. Em qualquer canto vemos isso. Mas existem correntes que já vão contra isso, movimentos que defendem essa diminuição do machismo. E isso é permitido, é livre. Não é censurado nem condenado.

O que eu não gostaria mesmo de ser muçulmana é a ingerência ainda bem grande sobre o casamento das filhas, na questão da aprovação dos pais. Isso sim me irritaria. De resto, aceitaria de boa. E, pasmem, o que mais me irrita no Irã não são as condições a que as mulheres são submetidas, mas a ditadura em si. As mulheres iranianas tem relativamente poucas desvantagens em relação a nós, ocidentais :p Agora, Arábia Saudita eu não iria nem para conhecer. Esse sim um país maledeto com as mulheres. Ou viver num vilarejo isolado do Paquistão, onde esse tipo de notícia não é novidade...

Exato! Aqui você pode escolher pra quem dar, se QUER dar, se quer ter uma parceira ao invés de um parceiro, se quer ser uma solteirona de 50 anos estravagante.... pode até sofrer algum preconceito, mas é permitido. E você é livre para escolher como viver.
 
Infelizmente em paises no oriente médio, essas praticas sao quase costumes...uma e outra ocasião como essa consegue ter repercussão e ser noticiada...o fato que me deixa mais triste é que ainda exista paises como esse que possuem uma imagem ridicularizada das mulheres. Onde elas são vistas como objetos e não como seres humanos individuais.
Minha mãe comentou comigo que achou um absurdo que a brasileira tenha vendido sua virgindade...eu falei que vergonha é alguns paises como esse tratar as mulheres dessa maneira e ficarem impunes declarando que é a tradição do país.
 
Anyway... Porque essa mullherada que defende seus direitos escolheu Marcha das Vadias? Eu acho um péssimo nome para um movimento positivo.

Quanto ao tópico, eu acho que o ditado popular, "Quando em Roma faça como os romanos" se torna bem complicado nesta situação. O medo irracional destas pessoas de ter a família densonrada me levanta a questão de como deve ser complicado para estas pessoas a visão do mundo. Foi um ato horrível e como seria para nós viver em um lugar com tradições que pudessem causar o extremo assim? Quantos não cometeriam erros e se colocariam em risco? É de se pensar.

By Raphael S
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