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Mundial de Clubes FIFA 2012

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Bom, já está bem perto, né?

Será realizada, mais uma vez no Japão, a 52ª edição do Mundial Interclubes desde 1960, sendo a 9ª com o nome atual, Mundial de Clubes da FIFA.
Como sempre, os campeões sul-americano (Copa Libertadores da América) e europeu (Liga dos Campeões da UEFA) são os favoritos, não apenas por entrarem nas semifinais, mas porque são dos continentes que dominam o futebol.

Do lado europeu, um estreante tanto em conquistas continentais quanto na competição mundial: o inglês Chelsea, que com um time bem menos favorito que os concorrentes, venceu a Liga derrubando times considerados bem mais técnicos nas semifinais (Barcelona, atual campeão mundial e então campeão europeu) e final (Bayern München). E esta história merece ser contada.

Nada, no início, indicava que seria este quem ergueria a Orelhuda este ano, ainda mais depois de se classificar em primeiro "na bacia das almas", graças a uma vitória na última rodada sobre o Valencia (3 x 0) aliado ao surpreendente empate do Bayer Leverkusen (que o havia derrotado na rodada anterior) com o inexpressivo Genk, da Bélgica (que havia tomado 7 x 0 do Valencia e 5 x 0 do próprio Chelsea), ainda que ele tenha empatado também com Valencia e Chelsea jogando em Genk.
Aliás, "bacia das almas" parece ser o melhor termo para definir este título. Todas as fases foram passadas no aperto, com sofrimento.
Vitória na prorrogação contra o Napoli nas oitavas, após perder por 3 x 1 na Itália, devolver no tempo normal, e precisar de meia prorrogação para Benzema fazer o gol decisivo.
Nas quartas, apesar das duas vitórias sobre o Benfica, jogos duros.
Contra o Barcelona nas semis, aconteceu de tudo, menos os gols que os catalães precisavam, com direito a Messi perder pênalti e Fernando Torres quebrar um jejum de vários meses.
E, na final, tudo contra o time londrino. Final em jogo único, por coincidência na casa dos bávaros de Munique, contra o time que é base da seleção alemã, uma das melhores da atualidade. E quando, aos 38 do segundo tempo, Müller fez 1 x 0, tudo parecia estar perdido. Mas aí brilhou uma estrela, chamada Didier Drogba.
Num escanteio, o marfinense desferiu um petardo de cabeça, indefensável para Neuer, e empatou a 2 minutos do fim, e nova prorrogação para ingleses e alemães (que eliminaram o Real Madrid nos pênaltis, nas semis).
Logo a 4 minutos de prorrogação, pênalti para o Bayern München. Robben bate, e Cech defende. De quebra, perde Ribéry contundido na falta do pênalti, um dos líderes do time. Depois, o cansaço abateu a ambos, e o jogo foi para os pênaltis.
Na decisão, outro revés para o Chelsea. Lahm converte para o Bayern, Mata para em Neuer. A casa parecia cair, ainda mais quando Mario Gómez fez o segundo.
David Luiz fez, Neuer e Lampard também. 3 x 2 Bayern. Tudo caminhava para a taça ficar na Alemanha.
Mas Petr Čech, o tcheco de quase 2 metros de altura, ajudou a virar esse panorama, defendendo o chute de Olić. Em seguida, Cole empata.
Nos pés de Bastian Schweinsteiger, um dos líderes do time e da seleção alemã, o título europeu em jogo. Paradinha (ou hesitação?), chute no canto esquerdo, Cech cai junto... trave! Bastian cai ao chão, junto com o peso de sua decepção!
Eis que todas as atenções voltam-se novamente ao herói do tempo normal. Didier Drogba, novamente contra Manuel Neuer. Neuer no meio, a bola em seu canto direito. Allianz Arena vira o palco de um enorme contraste. Uma minoria azul em festa, e uma multidão vermelha em silêncio. Fazendo paralelo com o nosso "Maracanazzo", apelidei o episódio de "Allianazzo". É a epopéia do primeiro título europeu do Chelsea, sempre na corda bamba, sempre "na bacia das almas", triunfando quando o revés era iminente e inexorável.

Com uma história dessas, poderia-se dizer que o título mundial está no papo.

Mas seu principal concorrente acumula histórias e mais histórias sofridas como esta ao longo de sua história centenária. E, mais incrível ainda, sua enorme torcida adora isso!

Do lado sul-americano, disputando seu segundo Mundial (após disputar em 2000 como representante do país-sede), o brasileiro Corinthians, que, ao contrário do adversário do Velho Continente, tinha o peso do mundo sob suas costas para buscar o título inédito numa das competições mais sofridas, disputadas (eu diria, inclusive, "sangrentas") do mundo, onde até seu nome carrega um clima de guerra: Copa Libertadores da América.
Um estigma de anos. 35 anos, considerando sua primeira participação, em 1977, quando estava mais preocupado em quebrar um jejum de 23 anos de títulos do que disputar uma competição à qual os brasileiros não prestavam muita atenção (ou 21 anos, considerando 1991, quando pode-se dizer que realmente disputou a Liberta). Alimentado pelo fato de seus grandes rivais (Palmeiras, São Paulo e Santos) já terem vencido-a anteriormente. Para piorar, seu melhor desempenho tinha sido em 2000, com talvez o melhor time de sua história, cuja técnica era de encher os olhos, mas que não foi suficiente para vencer a garra e o jogo psicológico do seu maior rival, o Palmeiras, nas semifinais daquele ano. Além disso, caíra três vezes nas oitavas (2003, 2006 e 2010), sendo a segunda com um quebra-quebra vexatório, e a terceira no ano de seu centenário. Como se não bastasse isso, tombou em 2011 na primeira fase da competição para o inexpressivo Deportes Tolima, da Colômbia.
Ainda que tenha vindo de um título brasileiro disputado até os últimos minutos da última rodada, comemorado com muita festa e alívio, o clima não era favorável. Aliás, parecia que a pressão era ainda maior, pois o título do Brasileirão automaticamente o credenciava como favorito.
Os rivais esfregavam as mãos. Esperavam, mais uma vez, o desespero, o choro, o clima de tragédia que se abateu em outras edições.
Não desta vez.
Na estreia em Táchira (VEN), parecia que as coisas caminhariam para este lado. 1 x 0 para o Deportivo local, na única falha do time no jogo inteiro. Martela, martela, e nada. Até que, aos 48 do segundo tempo, falta de Alex na cabeça de Ralf. Empate no finalzinho, e um ponto que parecia perdido trazido pra casa. Era o primeiro indício de que, desta vez, seria diferente.
A pressão aumentava, ainda mais depois que o mexicano Cruz Azul ganhou do Nacional paraguaio e fez 4 x 0 no Táchira. Mas Danilo começava a fazer sua fama de "Homem de Gelo", que iria até o fim, e comandou a vitória de 2 x 0 contra o Nacional.
Aí viriam dois jogos com os mexicanos, um lá e um cá. Lá, na Cidade do México, nervosismo de ambos os lados, poucas chances, alguns sustos, e nada de bola no barbante. Aqui, no Pacaembu, no primeiro tempo, também, mas com o Alvinegro pressionando mais. No segundo, mais uma falta de Alex para um gol de cabeça, agora de Danilo. E o Timão passava La Máquina Azul na classificação.
Depois, dois passeios para sacramentar a segunda melhor campanha da primeira fase (que garantia disputar a volta dos mata-matas sempre em casa, exceto contra o Fluminense): 3 x 1 contra o Nacional (que resolveu jogar em Ciudad del Este para ter mais renda, recebendo milhares de corintianos) e 6 x 0 em casa no Deportivo Táchira.
No cruzamento das oitavas, recebeu um adversário que, se não era uma baba, também não assustava, o Emelec de Guayaquil (EQU). Mas ter eliminado Flamengo e Olímpia (ao lado do Lanús) deixou Tite e companhia de alerta. Primeiro jogo no Equador, sem gols, numa grande exibição de um estreante: o goleiro Cássio, que entrava no lugar de Julio César, após falhas que custaram a eliminação no Campeonato Paulista. Na volta, 3 x 0, sem sustos. A "maldição das oitavas" ficava para trás. Porém, como dizia a música Diário de um Detento, dos Racionais MC's, "mas não imaginavam o que estaria por vir".
A temporada de times menores terminava ali. Dali em diante, só teriam clássicos pela frente. Oito times "cascudos" nas quartas, sendo quatro campeões em outras edições. Para enfrentar o Coringão, nada menos que o campeão da Copa do Brasil e vice-campeão brasileiro, aquele que disputou com ele próprio ponto a ponto, rodada a rodada, o Campeonato Brasileiro, cinco meses antes. O Vasco da Gama, Gigante da Colina, que assim como o Corinthians também passava por um renascimento depois de um rebaixamento. Duas equipes parecidíssimas. Certeza de páreo duríssimo, muita emoção e tensão ao longo dos 180 minutos (ou além até).
Bom, no primeiro jogo, só se as equipes fossem de polo aquático. Enxurrada em São Januário, 0 x 0, não deu pra ter muito futebol. Digno de nota, apenas um gol (bem) anulado de Alecsandro, por impedimento.
Mas o segundo, no Pacaembu... Ah, o segundo foi um daqueles, como diria o Sportv, jogos para sempre.
Jogo tenso, brigado, disputado, chance para o alvinegro carioca, chance para o paulista. Até que, aos 17 do segundo tempo, o lance crucial. Do campeonato, eu diria. Alessandro passa mal, e a bola sobra limpa para Diego Souza correr o campo corintiano inteiro sozinho. Cara a cara com o gol. O mundo parou. O tempo quase parou. Dominou. Olhou para Cássio. Este apenas deu um passo à frente, e esperou a definição. Diego chutou no canto esquerdo do corintiano. Cássio desviou, na ponta dos dedos, para escanteio. Alívio da Fiel. Desespero dos vascaínos. Ainda mais quando, no escanteio, Nílton cabeceia no travessão.
Depois disso, o jogo ficou totalmente aberto. Chance pro Vasco, chance pro Corinthians. Trave no chute de Sheik. Até que, aos 42, escanteio de Alex (sempre ele) na cabeça de Paulinho, para selar a vitória épica. Mais uma vez, um 8 corintiano foi ao alambrado comemorar um gol com o braço levantado e o punho cerrado. Como Doutor Sócrates, falecido no dia do penta brasileiro. Ainda houve tensão pois um gol vascaíno eliminaria o Timão, e houve chance para tal, mas não deu.
Os ânimos estavam no alto, mas ainda vinham as semifinais, o mais longe onde o Corinthians chegara. E teria pela frente o atual campeão sul-americano e vice mundial. Time de um dos maiores prodígios brasileiros dos últimos anos, Neymar. Um time extremamente ofensivo. Seu rival centenário, alvinegro como ele. Santos Futebol Clube.
Primeiro jogo, Vila Belmiro, o temido alçapão do Peixe. Mas quem ficou à vontade no primeiro tempo foram os visitantes. Jogada de Paulinho pelo meio, viu Emerson Sheik livre. Teve tempo de ajeitar para o pé direito, e soltar a bomba, no ângulo esquerdo de Rafael. Depois disso, o Santos acordou. No segundo tempo, foi um bombardeio, parado por uma defesa sólida e a melhor atuação de Cássio na Libertadores. 1 x 0 fora, uma boa vantagem. Mas o Santos estava mordido. E faria de tudo para reverter no Pacaembu.
Primeiro tempo, jogo bem igual até os 35, quando Borges cruza da direita, Alan Kardec desvia de carrinho, a bola bate na trave e sobra para Neymar empurrar. Pela primeira vez desde a estreia o Corinthians estava atrás no placar, e o jogo, naquele momento, iria para os pênaltis. Mas o Timão não se abateu, e pressionou até o intervalo, mas nada de gol. Gol que viria no começo do segundo tempo. Alex bate falta pra área, bola desviada, sobra nos pés de Danilo, com a maior frieza do Universo, deslocar Rafael e empatar a partida. Depois disso, o Peixe desabou emocionalmente, e pouco fez para buscar o gol. Só o que merece ser lembrado é a bizarrice do bandeirinha, que entrou em campo e desenhou um círculo gigantesco com o spray para marcar a distância que os santistas deveriam ficar longe do local da falta.
Era a final tão sonhada. Mas a final reservava um último e grande desafio. Desafio que atendia pelo nome Club Atletico Boca Juniors. Temido Boca, que vencera 4 Libertas em 8 anos (2000, 2001, 2003 e 2007), que batera 4 brasileiros em decisões (Cruzeiro, Palmeiras, Santos e Grêmio), que passara pelos badalados Fluminense e Universidad de Chile, e também chegava com força, apesar de ter um time, na média, inferior ao dos brazucas. Mas tinha um 10 que, se já não tinha o vigor de outros anos, continuava com a técnica e o pé esquerdo apuradíssimos: Juan Román Riquelme, o "Senhor Libertadores".
Primeiro jogo, a temida La Bombonera. Etapa inicial, jogo equilibrado. Segundo tempo, Boca pressionando, apertando, até que, aos 28, no bate-rebate, Roncaglia abre o placar, e a Bombonera explode de alegria. Tudo parecia caminhar bem para os Xeneizes, mas um garoto predestinado entraria nos últimos minutos para mudar tudo. Romarinho, que três dias antes, na sua estreia, fez os dois gols da vitória sobre o Palmeiras pelo Brasileirão, e 40 dias antes jogava pelo Bragantino, entra aos 37, acompanha a jogada de Paulinho com Sheik, se livra da marcação, recebe um passe açucarado e toca por cobertura na saída do goleiro Orión. O único toque dele na competição. Toque de gênio. Não precisava de mais nada. La Bombonera em silêncio, com exceção dos 2450 corintianos, que gritavam e soltavam fogos. E ainda teve cabeceio na trave de Viatri, e Cvitanich perdendo o rebote, para desespero dos 60 mil xeneizes presentes. Empate com sabor de vitória trazido da Argentina.
Por fim, o fim (duh). A decisão. Estádio Paulo Machado de Carvalho, Pacaembu. 38 mil corintianos e 2450 boquenses na expectativa. Para o Boca, seria o sétimo título, que o igualaria ao rival Independiente. Para o Corinthians, a libertação de anos de sofrimento e gozações. Tanta pressão de ambos os lados resultou no que aconteceu no primeiro tempo: nada. Apenas dois times nervosos, apanhando da bola e entre si. O Alvinegro até ameaçou bastante, mas nada muito efetivo. Do lado Azul Y Oro, só a perda de Orión, que se machucou numa trombada, e Sosa entrou.
Segundo tempo, os times arriscavam um pouco mais, até o lance capital. Oito minutos, Alex manda falta na área, bate-rebate, até que Danilo, decisivo como foi na competição toda, deu um toque de calcanhar que matou o Boca inteiro, sobrando para Emerson Sheik fuzilar o gol de Sosa. Parecia o gol do título, mas o Boca foi pra cima e ameaçou. No entanto, era a noite de Sheik. Schiavi, de tantas Libertadores, passou errado e Sheik ficou sozinho, como Diego Souza seis quartas-feiras antes. Mas Emerson não hesitou, e Sosa não teve a mesma sorte de Cássio. 2 x 0, Corinthians campeão da Libertadores. Invicto, 14 jogos enfrentando três campeões nas últimas fases. Para sair a zica definitivamente.


Dois campeões, com trajetórias épicas. O esperado é que se enfrentem na final. Mas eles não estão sozinhos.








(depois escrevo sobre Monterrey e Auckland City, fiquei cansadão agora)
 

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Última edição:
Bela descrição da trajetória apoteótica do Orgulho de Londres. A UCL 2011/2012 não poderia ser melhor, mais fantástica. Sabe aquele jogo que vc não vai esquecer os detalhes, nunca? Poisé.

Já sobre o sulamericano, só li a primeira linha. Não aguentaria ler tanto sobre Corinthians. Entetanto, apesar de palmeirense, respeito demais o campeão da Libertadores 2012. Diferentemente do Chelsea, o Corinthians dominou o campeonato, e era o favorito desde cedo, sem dar muita esperança pra multidão de secadores. E, IMO, isso faz do time brasileiro o favorito no mundial também.

Dezembro será um mês histórico pra essas duas torcidas... A (provável) coroação de uma das duas campanhas mais incríveis dos últimos anos.

Espero que o Chelsea faça valer o grito mas comum em Stamford Bridge: Keep The Blue Flag Flying High!
 
[QUOTE='[F*U*S*A*|KåMµ§]
Mas eu ainda não entendi o propósito do coração.
:lol:[/QUOTE]

Na real eu também não. Acho muito parecido com o Gostei. Mas achei engraçado. :lol:
 
Valendo lembrar que os maiores defensores do "mito" eram os corinthianos, querendo diminuir os títulos do São Paulo (não estou dizendo que seja o seu caso, Olórin).
 
Eu não acho que seja "mito" completo hoje em dia não. O Mundial tem sim importãncia para os europeus, tanto que eles vão com o time titular e se esforçam em campo para ganhar. Mas não vale nem 1/4, em termos de aspiração, que o próprio título da Champions. O Chelsea é uma equipe que precisa de se afirmar mais, por isso dá mais valor relativo ao Interclubes, por se tratar de um novo título.

E sábado tem a definição do representante da África, com uma final árabe entre Esperance e Al Ahly. A primeira partida, com capacidade reduzida e em Alexandria, ficou 1 x 1.
 
Dos ingleses eu ainda tenho minhas duvidas se realmente não rola desprezo ainda hoje.
Discursos desse tipo rolam até quando Chelsea vai enfrentar times da quinta divisão na copa da liga inglesa.

Mas, mesmo assim, ainda há uma diferença grande no olho sul-americano e europeu para com o titulo.


É aproveitar a deixa e quebrar o jejum de titulos sul-americanos no mundial.
 

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