• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Padrão de beleza racista?

Bel

o.O
Li dois posts muito bons hoje que mostram que o racismo faz parte do padrão de beleza brasileiro...

CONCURSOS DE MISS E UM PADRÃO QUE TENDE AO RACISMO
Robson, além de ser o autor do blog Consciência, também é jornalista da ANDA - Agência de Notícias de Direitos Animais, e diretor do conselho de mídia da Liga Humanista Secular do Brasil. Ele é um constante colaborador de guest posts aqui no blog, já tendo escrito sobre o uso genérico da palavra homem, ateísmo, ateofobia, e direitos animais.

Vi circulando no Facebook, através de uma fanpage de orgulho nordestino, recentemente, as fotos das misses dos nove Estados do Nordeste. Como é regra oficiosa em concursos de miss no Brasil, nenhuma negra ou mulata foi eleita miss no Nordeste. Todas branquinhas, com leves diferenças de bronzeamento da pele. Também estão praticamente ausentes traços físicos de descendência indígena. Nem a Bahia, o Estado mais negro do Brasil, elegeu uma negra ou parda como miss.

Já em São Paulo, apenas duas negras, das cidades de Cordeirópolis e Santo André, figuravam entre as 30 finalistas no concurso de Miss São Paulo 2012, cuja final foi no sábado 11/08. E como era de se esperar, uma branca, da cidade de Jaú, foi a eleita.

Mais atrás este ano, em maio, o concurso Gata do Paulistão 2012, em referência a quem seria a grande musa do Campeonato Paulista 2012, também excluiu as negras do quadro de finalistas. Todas eram brancas, e metade era de loiras, numa absurda desproporção em relação à distribuição populacional de brancas loiras, brancas morenas, brancas ruivas, pardas e negras. E, no ano passado, o Miss Brasil 2011 também foi marcado pela exclusão racial vigente no padrão de beleza feminino hegemônico no Brasil: também só teve brancas entre as concorrentes. Nenhuma negra ou mulata havia sido eleita miss estadual naquele ano.
Penso que Leila Lopes, a angolana que foi eleita Miss Universo 2011, sequer teria sido eleita miss estadual se fosse natural e habitante do Brasil. Ela teria tido sérias dificuldades em ao menos ser finalista num concurso estadual de miss, tal como a Miss Santo André 2012 e a Miss Cordeirópolis 2012.

Eu pessoalmente não espero que vá haver mais que duas pardas ou negras entre as candidatas a Miss Brasil em todo o país. Isso se sequer houver alguma moça de pele escura no páreo.

Fica patente assim o viés racista, que supervaloriza as brancas e exclui quase totalmente as negras e mulatas, do padrão de beleza hegemônico no Brasil. Brancas magras de olhos claros (azuis, verdes ou castanhos-mel), especialmente loiras, e de nariz afilado são o nosso default de mulher bonita. Considerar bonita alguma negra, ainda mais de olhos escuros (pretos ou castanhos-escuros), é exceção -– se tem fenótipo facial africano então, ser considerada bonita é muito difícil. Já com pardas/mulatas, a situação é variada na preferência individual de beleza, mas as pardas claras, principalmente se têm traços faciais europeus, prevalecem perante as pardas escuras.

As pessoas, incluindo outras mulheres, dizem: "Ah mas isso é questão de gosto pessoal"; "Eu sinceramente prefiro as brancas, mas não nego que tem muita negra linda por aí"; "Você está me chamando de racista porque eu prefiro pessoalmente as brancas de traços faciais 'finos' às negras de traços faciais 'grossos'?". Mas não percebem que seu gosto pessoal é "coincidentemente" o mesmíssimo gosto de outras dezenas de milhões de brasileiros. Talvez da grande maioria dos quase 200 milhões de brasileiros.

Não param para pensar como seu gosto por beleza feminina foi acostumado pela publicidade, que praticamente só mostra brancas e brancos e apenas muito raramente exibe negras(os) e mulatas(os), e pelas novelas, que supervalorizam a participação dos brancos e relega os negros ao status de pequena minoria numérica, muitas vezes estereotipada como pobres, trabalhadores de funções subalternas -- como garçom e empregada doméstica -- e/ou mesmo bandidos. Não notam que negros que sobressaem na fama são contados nas mãos, como Taís Araújo, Lázaro Ramos, Milton Gonçalves e o já falecido Norton Nascimento, enquanto brancos sobressalentes e bonitões/bonitonas existem aos milhares e são lançados ao status de celebridade da teledramaturgia às dezenas ou centenas a cada ano. Nem se dão conta como a maioria das negras, incluídas mulatas, que acham bonitas têm poucos traços faciais remanescentes das suas origens africanas.

No mais, nós brasileiros, eu incluído, fomos acostumados desde sempre a achar a pele clara, as feições europeias e o cabelo liso potencializadores da beleza feminina, e a pele escura, os fenótipos faciais africanos e o cabelo crespo fatores negativos, que diminuem a beleza da mulher. Isso através da propaganda empresarial, das já descritas novelas e dos próprios concursos de beleza. Por mais que não defendamos a inferioridade dos negros, acabamos sendo orientados a ter um padrão de beleza que exclui a negritude física e supervaloriza os padrões euro-caucasianos. Ou seja, nosso padrão de beleza tende ao racismo. Para o brasileiro médio, a beleza descendente da África é inferior à beleza que descende da Europa, por mais que tentemos negar isso.

Preterir a beleza negra em prol da branca por esse viés é ajudar, mesmo inconscientemente, a perpetuar a desigualdade entre brancos e negros/pardos -– desigualdade essa que não é só socioeconômica, mas também cultural e estética. Isso precisa mudar, começando a partir do surgimento de iniciativas de incentivo de peso, seja privado, seja via terceiro setor, seja público, da valorização da estética da beleza negra. Não é que essas campanhas tentem "ditar" o que "devemos" considerar um padrão de beleza bonito, mas sim que nós sejamos acostumados a também valorizar a beleza negra. Que consideremos brancas, negras e pardas possuidoras de padrões de beleza igualmente aprazíveis.

RACISMO NA CABELEIREIRA
Cecilia é uma cientista com um cabelão loiro, crespo, que vai até o joelho. Esta foto que ela me enviou é de quatro anos atrás. Hoje seu cabelo está muito mais longo e, como dá pra imaginar, exige muito tempo pra cuidar.
Bom, o guest post em que o Robson falava do nosso padrão de beleza racista inspirou Cecilia a relatar algo que tinha acabado de acontecer com ela. Quer dizer, não com ela -- ela foi mais testemunha que vítima da história. A vítima? Todos nós. Uma sociedade só tem a perder quando é racista. Ainda mais quando o racismo está enraizado dentro de nós.


Este post caiu como uma luva para uma situação horrível que vivi ontem, e que gostaria de desabafar. Não quero me expor nem expor o nome do salão cabeleireiro, já que vou relatar um crime do qual não tenho nenhuma prova (além do meu testemunho). Não quero sofrer retaliação ou mesmo gerar uma onda de ódio caso a pessoa seja reconhecida.

Moro numa cidade no interior de São Paulo. Meus pais são imigrantes europeus, o que me garantiu uma pele branca, olhos claros e cabelos loiros. Não sou exatamente vaidosa, mas gosto muito do meu cabelo. Muito mesmo -- ele tem mais ou menos 1,5m de comprimento, e o cultivo com muito carinho!

Hoje resolvi experimentar um salão novo que abriu aqui perto de casa para fazer uma hidratação (faço mensalmente). Geralmente quando chego no salão já vou logo avisando que meu cabelo é difícil -- é fino, embaraça muito fácil. E que topo pagar mais por causa disso, sei que é quase tortura tratar dele.

Como sempre, fui muito bem tratada; a moça, que é dona do salão, disse que não cobraria a mais por causa do comprimento (R$ 150 para cabelos longos) e foi logo puxando papo. Disse que iria até me fazer desconto, porque o movimento tá fraco agora em agosto, e ela está com dificuldades para pagar as contas, muitos horários vazios, naquele dia mesmo ela não tinha mais ninguém, e ainda era 13h.

Começou o serviço. Primeiro, tentou me convencer a fazer escova progressiva (meu cabelo não é liso, é ondulado). Não, obrigada, gosto dele do jeito que é. Depois de insistir um pouco, começou a me oferecer fazer luzes, que ficaria muito bom. Novamente, não, obrigada, gosto dele do jeito que é e não quero pintar/mudar, estou satisfeita. Não gosto da ideia de passar produtos que possam prejudicá-lo, e realmente gosto dele do jeito que é.

Aí veio o primeiro choque. Ela tentou me provar que luzes não fazem mal ao cabelo mostrando a foto da sua sobrinha de um ano (!) que tinha feito luzes. E aproveitou para compará-la comigo, que ela era loirinha como eu. Essa situação me desconcertou: dizer que a menina era loira sendo que não era. A menina (devo dizer bebê?) tinha a pele morena e traços fortemente africanos. Não tinha nada de loira além das luzes no cabelo. Não sei dizer o que me chocou mais: fazer luzes numa criança de um ano ou fazer isso para que ela fique 'loira'. Essa criança vai ouvir desde sempre que é errado ser do jeito que ela é, com seus cabelos negros -- melhor é ser loira.

Comecei a me sentir desconfortável no salão. A moça não parava de sugerir que a cor do meu cabelo era ótima, bem melhor do que os cabelos que ela costumava atender. Como se ela me dissesse: você é melhor porque é branca.

Mas isso não foi o que mais me chocou. Quando estava quase terminando, um carro parou na porta e uma moça entrou. A princípio não dei muita atenção, ela só estava pedindo para fazer uma hidratação. A cabeleireira disse que para o cabelo dela custaria 450 reais. Isso me chamou a atenção (três vezes mais do que ela me pediu! -- qual seria o tamanho do cabelo da moça?) e dei uma boa olhada nela. Era uma mulher bonita, vinte e poucos anos, negra, com uma cabelo muito bonito um pouco abaixo dos ombros. Ou seja, bem mais curto que o meu.

Mesmo com o preço salgado, a moça disse ok e perguntou se poderia ser no mesmo dia ou no dia seguinte. A cabeleireira abriu a agenda e disse que estava lotada até setembro -- enquanto eu olhava a agenda pelo reflexo do espelho, vendo que não tinha NADA marcado. A cliente agradeceu e perguntou se ela conhecia algum salão na região. A resposta: "Ah, para tratar seu tipo de cabelo, sugiro que você procure salões nos bairros tal e tal" (bairros extremamente pobres da minha cidade). Novamente ela agradeceu e foi embora num carro novinho (não entendo de carro, mas era um carrão -- desses grandes, que custam bem caro). E a cabeleireira voltou para finalizar o meu, comentando:
Cabeleireira: "Ah, ainda bem que ela foi embora. Tentei colocar um preço alto mas mesmo assim ela não desistiu"
Eu (chocada): "Mas você não estava precisando de dinheiro e com horário vago?"
C: "Estava, mas ainda não tô passando fome para atender gente assim."
Eu: "Assim como?"
C: "Ah, esse pessoal de cor. O cabelo é muito ruim, não é bonito e fácil de lidar como o seu. Além do mais eles têm um cheiro esquisito, já reparou? Não cheiram bem como a gente que é loira, o suor deles é muito fedido."

Não consegui responder. Fiquei olhando para ela. Loira como a gente? Ok, eu sou loira, mas ela decididamente não era. Tinha os olhos castanhos claros, a pele bem escura, cabelos que no original deviam ser negros e ondulados, mas que estavam alisados e pintados de loiros, e traços africanos no rosto.

Não sei o que me chocou mais: se foi o racismo, ali, na minha frente, quase cuspindo no meu rosto, ou se foi a fonte dele, uma moça comum, com óbvia ascendência negra. Não que o racismo por pessoas brancas seja justificável, mas aquela mulher, além de rejeitar o próximo, estava rejeitando a si mesma.

Eu fiquei pensando naquela moça que foi dispensada. Não bastava ela ter dinheiro para pagar (pertencer à tão privilegiada e minoritária classe média), ter tempo livre (não é todo mundo que pode ir para um salão numa sexta à tarde), dirigir um bom carro. Nada disso importava. Ela ia continuar sendo mandada para a periferia, lá é o seu lugar, não importa quanto dinheiro tenha. Ela ia continuar sendo 'fedida'.

Eu não consegui reagir. O que responder, Lola? O que responder, pessoal? Denunciar para quem? Provar como? Se a própria vítima foi embora.

Essa moça não entrou no salão da Ku Klux Kan. Não havia uma suástica desenhada na parede. A pessoa que a atendeu não era um exemplar racista, era uma mulher como ela, como somos todos nós, filhos de pessoas de outras terras. Era só um salão de esquina, igual a tantos outros. E mesmo assim ela sofreu um racismo bárbaro. Visualizei a cena dela entrando de salão em salão e sendo rejeitada, enquanto todos a mandavam para o seu lugar.

Não consegui falar mais nada depois disso. A moça ainda fez alguns comentários, mas respondi com monossílabos, paguei e fui embora. Sei que não vou voltar mais lá. Pessoas da minha família também não. Mas me pergunto se isso é o bastante. Mesmo que a mulher tivesse sido processada e presa (afinal, racismo é crime inafiançável), seria o bastante? Quando as pessoas negam a si próprias, tentam ser aquilo que não são, acham que os outros que têm os genes ligeiramente diferentes são melhores, o que fazer?

Parei e pensei: quantos amigos negros eu tenho? Dois. Sou racista? Não. Mas no meu mundinho de classe média pessoas negras não entram. Tenho amigos brancos como eu e asiáticos, porque essas pessoas estudam em escolas particulares, moram em bairros bons e estudam em faculdades de primeira. Os negros são minoria nesse mundo. E, quando entram, há aqueles que não os aceitam, que acham que eles devem continuar pobres, como gente fedida deve ser.

O que fazer quando o racismo bate tão violentamente a sua porta?

Meu comentário: Deixo para vocês responderem às questões da Cecilia. Mas eu me lembro de um dos maiores exemplos de racismo que já vi impressos. Saiu na coluna esportiva de um jornal catarinense, talvez em 1996. Tinha havido um daqueles tensos duelos do vôlei feminino, Brasil vs Cuba, arena de muita rivalidade. E o jornalista decidiu focar na aparência física das jogadoras. As brasileiras, quase todas brancas (apesar de vivermos num país em que mais de 50% da população é negra ou parda), eram lindas, delicadas e dignas, segundo o colunista. As cubanas, todas negras, ele chamou de crioulas, macacas, fedidas -- enfim, todos os termos racistas que a gente conhece. Eu fiquei de cara. Não conseguia acreditar que estava lendo aquilo. E, a ironia suprema: o jornalista é negro. Deve ser o único colunista negro de SC, se bobear.

Eu não escrevi pro jornal protestando, porque pensei: sou branca, acho, e o cara é negro. E eu vou estar acusando um negro de racismo. Hoje protestaria sem piscar. Aliás, hoje, com a internet, aquela coluna, e as reações a ela, correriam o Brasil. Mas eram outros tempos, pré-internet. Não li nenhuma carta de protesto no jornal. Nunca vi aquele colunista se retratar.

Só que individualizar o problema é fácil demais. Pensar que a cabeleireira com ascendência negra ou o jornalista negro é que são racistas, e a gente não, é bem cômodo. Dá até pra jogar aquelas frases de efeito no meio, né? Aquelas baboseiras de "negros são os piores racistas". Pena que não é verdade. A cabeleireira, o jornalista, eu e você, somos produtos da nossa época e lugar. Eles não foram jogados de uma nave espacial e vieram parar no Brasil por acaso. Eles -- nós -- respiram o racismo de toda uma sociedade. E internalizam tudo. Fica automático. Eles -- nós -- aprendem qual é a cor desejável, a cor padrão, a cor bonita, a cor de quem tem poder. Aprendem que negros são feios e fedidos. E que tudo bem chamar negro de crioulo e macaco, ainda mais se for só uma piadinha inocente, o politicamente correto quer acabar com nossa liberdade bla bla bla!

Este relato da Cecilia é interessante também para rebater o pessoal do "não somos racistas", que tá mais pra "não somos apenas racistas". Sabe o pessoal que diz que a discriminação no Brasil é pela classe social, não pela cor? Pois é. Pensem na moça que, mesmo tendo dinheiro pra pagar, não é atendida num salão por uma cabeleireira que acredita que negros cheiram mal.

Então, o que vocês têm a dizer sobre o assunto?
 
O que eu tenho a dizer é que tenho observado que o racismo tem vindo logo de quem não é "ariano"...quem mais tem vergonha da cor negra e julga os outros pela cor da pele, são exatamente as pessoas que têm alguma descendência afro. Ser negro e descendente não é apenas ter a pele escura como o brêu. A maioria dos brasileiros são ou descendem de negros mas o negam...alguns, por tele a pele branca, são racistas mas esquecem que tem os traços, como um nariz mais largo, os lábios mais grossos. É muita hipocrisia.

Culpa do padrão europeu de beleza, que "pressiona" a todos a terem uma pele alva, cabelo liso e olhos claros. Hoje não é tão difícil se transformar: existem progressivas, lentes de contato, produtos de beleza... Mas isso é negar a si mesmo e sua origem. E sejamos sinceros, se daqui a um tempo todos forem " loiros" dos olhos claros e estereotipados assim, o padrão europeu vai deixar de ter graça, e o interessante e bonito vai passar a ser o que hoje seria o comum: morenos, pardos, do cabelo escuro e cacheado...
 
Mas o padrão é europeu mesmo? No primeiro texto, o Robson fala só dos concursos brasileiros, será que isso acontece fora daqui tbm? Na mesma proporção (quase nenhuma negra chegando na final)?
 
Acho que quando falamos "padrão europeu" engloba as seguintes características: loiro, ou cabelos claros, olhos claros, pele branca.

Dizem que as morenas/negras, fazem sucesso nos países nórdicos, por exemplo. Por serem "diferentes" do padrão deles...lá só tem brancas dos olhos claros (tá, a maioria...). Mas em muitas vezes essas "preferência" por brasileiras, por exemplo, está ligada à visão errônea que eles possuem das mulheres daqui...acham que as brasileiras são todas putas, que são quentes e servem para o bem-bom apenas...

Um amigo foi para a Irlanda e falou que conheceu muitos irlandeses que se relacionaram apenas sexualmente com as brasileiras, pois elas são pra isso...e as irlandesas são para se casar.


Enfim, esse racismo vai gerando vários outros preconceitos...étnicos, sociais...
 
Última edição:
Bel disse:
Mas o padrão é europeu mesmo? No primeiro texto, o Robson fala só dos concursos brasileiros, será que isso acontece fora daqui tbm? Na mesma proporção (quase nenhuma negra chegando na final)?

A no miss Universo do ultimo ano quem ganhou foi uma Angolana linda chamada Leila Lopes.

Não param para pensar como seu gosto por beleza feminina foi acostumado pela publicidade, que praticamente só mostra brancas e brancos e apenas muito raramente exibe negras(os) e mulatas(os), e pelas novelas, que supervalorizam a participação dos brancos e relega os negros ao status de pequena minoria numérica, muitas vezes estereotipada como pobres, trabalhadores de funções subalternas -- como garçom e empregada doméstica -- e/ou mesmo bandidos. Não notam que negros que sobressaem na fama são contados nas mãos, como Taís Araújo, Lázaro Ramos, Milton Gonçalves e o já falecido Norton Nascimento, enquanto brancos sobressalentes e bonitões/bonitonas existem aos milhares e são lançados ao status de celebridade da teledramaturgia às dezenas ou centenas a cada ano. Nem se dão conta como a maioria das negras, incluídas mulatas, que acham bonitas têm poucos traços faciais remanescentes das suas origens africanas.

Eu acho que a questão da mídia é mais cruel que apenas em disseminar um racismo velado. Eu acho que é responsável por acabar com a autoestima de mais ou menos 90% das mulheres em geral. Não é atoa que o país é lider de cirurgias plásticas e uso de anfetamínicos.
 
Mas esse caso da Leila foi uma exceção... Em questões de proporção, é raríssimo uma negra ganhar, assim como é mais raro modelos negras, atrizes e atores negros que ganharam oscar... Há também aquele preconceito velado, onde abre-se uma "vaga" para negros em um filme, em uma empresa...em uma propaganda...apenas para falar "ali ó, não temos preconceito, porque tem um negro no filme, viu?" ou então "uma negra venceu um concurso...viu? não há preconceito". Infelizmente, a beleza negra perde em face à beleza europeia. Tomara que as pessoas mudem isso em si mesmas, para que possam mudar o mundo, pois enquanto uma mulher negra sentir vergonha da cor de sua pele e do seu cabelo crespo,e não aceitar ser chamada de negra porque pintou o cabelo de loiro, vai ser difícil acabar com o racismo.


Eu acho que a questão da mídia é mais cruel que apenas em disseminar um racismo velado. Eu acho que é responsável por acabar com a autoestima de mais ou menos 90% das mulheres em geral. Não é atoa que o país é lider de cirurgias plásticas e uso de anfetamínicos.

E o pior é que acaba mesmo...as mulheres começam a se sentirem feias porque a pele não está tão branca, porque o cabelo não é tão sedoso... A indústria de cosméticos deve lucrar muito com isso também.
 
Última edição:
A convenção por traços europeus fica evidenciada até ma maquiagem...
Quantas maquiagens de noiva distorcem totalmente o rosto da mulher por favorecer os "traços mais bonitos" dela?

Mas veja essas fotos. Não é uma noiva, mas vejam a mudança da Natalie imbruglia no começo de carreira e depois..
Pra mim, acabaram com o rosto dela nas fotos mais novas...
Me parece que foi por tentar realçar os traços europeus dela, ao invés dos aborigenes, que são predominantes no rosto dela(e mais bonitos, na minha opinião)
album-left-of-the-middle.jpg

--
Natalie+Imbruglia++1+%25286%2529.jpg

EDIT: aproveitei pra pegar uma imagem menor pra segunda foto e assim tirei os spoilers...
E, agora que tenho um pouquinho mais de tempo, gostaria de dizer que ja ha algum tempo percebi que, pra mim, cada etnia tem seus traços mais bonitos, que não são são mesmos pra todas... Os traços que acho bonitos em mulheres brancas não são os mesmos que prefiro em mulheres negras ou asiaticas e por ai vai... Por isso, acho que posso dizer que esse padrão europeizado não entrou no meu cerebro :)

EDIT2: putz, não sei o porque, mas a outra foto não aparece >_< No preview ta aparecendo, vamos ver...
 
Última edição:
O segundo texto da mulher que foi ao salão de beleza só confirmou o que eu já sabia há anos: que negro discrimina outros negros quando está em situação aparentemente melhor. Pois é, séculos de discriminação enrustida acabaram gerando essas aberrações que, para não sofrer na pele o preconceito, começa a denegrir o outro que tem o mesmo tom de pele.

Como eu amo esse país hipócrita. E, sim, sou negro. Não moreno claro, jambo ou outra tonalidade infame que inventam por aí.
 
Como diriam alguns economistas, a massa de investidores costuma ser dominada por instintos e diante de um simbolo as pessoas tendem a se posicionar e fugir ou buscar instintivamente pra agradar o grupo (fight or flight response em espécies coletivas). Nesse âmbito a idéia de símbolo sexual ou de beleza pode se deturpar na cabeça da maioria por um monte de fatores que vão da moda do momento, passando pelos valores sociais (alguns povos acariciam ou camuflam preconceitos) até o gosto pessoal em que beleza tem competidores que podem deixar o objetivo da beleza fora da disputa pra satisfazer critérios estranhos. Por isso em questão de beleza é melhor correr por fora e se voltar para o que a pessoa realmente quer e não o que os outros querem.
 
Última edição:
Li dois posts muito bons hoje que mostram que o racismo faz parte do padrão de beleza brasileiro...

Eu falo mal do Brasil quando é preciso, mas defendo da mesma forma quando necessário. Padrão de beleza racista se vê em tudo que é lugar do mundo, tv, internet, jornais, revistas, séries de tv, filmes e até em animes.
 
  • Curtir
Reactions: Tek
Como eu amo esse país hipócrita. E, sim, sou negro. Não moreno claro, jambo ou outra tonalidade infame que inventam por aí.

Eu me lembro da minha primeira chefe que tinha aquele tom bonito de pele negra retinta mesmo, que chega a brilhar. Ela ficava louca quando alguém falava que ela era negra. Dizia que era "pardo-escura" o_O
 
É engraçado como as pessoas tentam te tornar cúmplice de coisas que você não concorda, como no caso dessa cabeleireira.

Eu sou mega branca do cabelo castanho escuro, tipo italiano. Eu morava em Viçosa e a combi que levava a gente pro estágio passou per uma amiga minha que tem exatamente o mesmo tipo físico e na época namorava um negão. Eramos cinco pessoas na combi, o motorista e um funcionário do lugar, ambos brancos com a pele um pouco mais escura que a minha, e as duas secretárias, todas duas da mesma cor que eu e com o cabelo tingido de loiro. Uma delas simplesmente começou a dizer que era horrível um casal como aquele que ela tinha visto pela janela do carro, no caso a minha amiga e o namorado. Eu levei uns instantes para entender o que eles estava falando, depois eu fiquei tão chocada que eu só consegui reagir quando ela virou para mim e para a outra secretária em busca de apoio pela fala dela. Na verdade, estávamos as duas em choque.

Quando eu discordei, e fui secundada pela outra secretária, ela ficou indignada. A conversa rendeu o resto da caminho. Quando eu disse que eu não só namoraria com já tinha ficado com um cara negro ela mudou o jeito como me tratava até então.

Quanto a questão de padrão de beleza, eu concordo como o Leonmuse, isso não é só Brasil, é geral. Eu pessoalmente não tenho isso, padeço de ecletismo crônico, mas confesso que se eu der de cara com Lázaro Ramos eu não respondo muito por mim, aquele homem é bonito demais pra ser real.
 
É engraçado como as pessoas tentam te tornar cúmplice de coisas que você não concorda, como no caso dessa cabeleireira.

Eu sou mega branca do cabelo castanho escuro, tipo italiano. Eu morava em Viçosa e a combi que levava a gente pro estágio passou per uma amiga minha que tem exatamente o mesmo tipo físico e na época namorava um negão. Eramos cinco pessoas na combi, o motorista e um funcionário do lugar, ambos brancos com a pele um pouco mais escura que a minha, e as duas secretárias, todas duas da mesma cor que eu e com o cabelo tingido de loiro. Uma delas simplesmente começou a dizer que era horrível um casal como aquele que ela tinha visto pela janela do carro, no caso a minha amiga e o namorado. Eu levei uns instantes para entender o que eles estava falando, depois eu fiquei tão chocada que eu só consegui reagir quando ela virou para mim e para a outra secretária em busca de apoio pela fala dela. Na verdade, estávamos as duas em choque.

Quando eu discordei, e fui secundada pela outra secretária, ela ficou indignada. A conversa rendeu o resto da caminho. Quando eu disse que eu não só namoraria com já tinha ficado com um cara negro ela mudou o jeito como me tratava até então.

Quanto a questão de padrão de beleza, eu concordo como o Leonmuse, isso não é só Brasil, é geral. Eu pessoalmente não tenho isso, padeço de ecletismo crônico, mas confesso que se eu der de cara com Lázaro Ramos eu não respondo muito por mim, aquele homem é bonito demais pra ser real.

Eu acho que tem algo de errado comigo, acho que minha interpretação está se aguçando mais que o normal. Consegui imaginar os mínimos detalhes. Mas acho que o mérito tem de ir pra quem escreveu, parabéns :D
 
Peraí, vamos com calma.

Tivemos uma miss mundo negra, de angola, que fala português inclusive (claro, ela é angolana). Se ela chegou, outra pode chegar tb. É um processo.

E sobre critérios de beleza, está cada vez mais claro que existe sim algum padrão de beleza comum. Teve um estudo grande, onde uma porcentagem grande de pessoas acham determinado tipo de padrão mais bonito. E pessoas distintas, com diferentes culturas.
 
Peraí, vamos com calma.

Tivemos uma miss mundo negra, de angola, que fala português inclusive (claro, ela é angolana). Se ela chegou, outra pode chegar tb. É um processo.

E sobre critérios de beleza, está cada vez mais claro que existe sim algum padrão de beleza comum. Teve um estudo grande, onde uma porcentagem grande de pessoas acham determinado tipo de padrão mais bonito. E pessoas distintas, com diferentes culturas.

Sem querer parecer maluco mas já parecendo: Vejam Zaraki Kenpachi, um personagem de Bleach por exemplo:

11316_G_1298616256706.jpg


O cara é o cão chupando manga :chibata: e mesmo assim tem fãs até dizer chega. Por que as pessoas só adoram as coisas feias quando é na ficção?
 
Última edição:
Dizem que as morenas/negras, fazem sucesso nos países nórdicos, por exemplo. Por serem "diferentes" do padrão deles...lá só tem brancas dos olhos claros (tá, a maioria...).
Eu concordo 100% com isso, primeiro porque faz sentido, segundo porque conheço exemplos.

Quanto ao que você disse sobre brasileiras serem objetos sexuais, deve ser verdade, já que o mundo tem uma imagem ruim da gente nesse sentido (Carnaval...). Mas também devem nos achar atraentes, já que somos mistura de várias etnias.

Há também aquele preconceito velado, onde abre-se uma "vaga" para negros em um filme, em uma empresa...em uma propaganda...apenas para falar "ali ó, não temos preconceito, porque tem um negro no filme, viu?" ou então "uma negra venceu um concurso...viu? não há preconceito".
Aí que tá: colocam uma negra como protagonista da novela, é racismo velado; não colocam, é racismo; a negra ganha o concurso de Miss Universo, é racismo velado; não ganha, é racismo.

--
Eu não vou negar que nós somos racistas às vezes sem perceber, mas, na boa, é racismo achar o cabelo a seguir feio??

Só consegui anexar.
CABELO.jpg
 
Eu não vou negar que nós somos racistas às vezes sem perceber, mas, na boa, é racismo achar o cabelo a seguir feio??

Só consegui anexar.

depende muito da pessoa.

blak.jpg


Eu acho uma pena que o black power já não seja tão usado. é um dos cortes que mais combina com o cabelo encaracolado das pessoas negras. O problema são aqueles black power enormes, que deixam a cabeça umas 3X maior.
 
Última edição:

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.434,79
Termina em:
Back
Topo