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Traços exóticos da 'partícula de Deus' surpreendem físicos

Turgon

Mugiwara no Ichimi
A partícula de Deus está, ao que parece, do jeito que o diabo gosta: malcomportada. É o que indica uma análise preliminar de dados coletados no LHC, maior acelerador de partículas do mundo.

O trabalho, feito por Oscar Éboli, do Instituto de Física da USP, sugere que o chamado bóson de Higgs, que seria responsável por dar massa a tudo o que existe, não está se portando como deveria, a julgar pela teoria que previu sua existência, o Modelo Padrão.

Se confirmado, o comportamento anômalo da partícula seria a deixa para uma nova era da física.

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A descoberta do possível bóson, anunciada com estardalhaço no mês passado, foi comemorada como a finalização de uma etapa gloriosa no estudo das partículas fundamentais da matéria.

Sua existência, em resumo, explicaria porque o Sol pode produzir sua energia e criaturas como nós podem existir.

Dada sua importância para a consistência do Universo (e fazendo uma analogia com a história bíblica da torre de Babel), o físico ganhador do Nobel Leon Lederman deu ao bóson o apelido de "partícula de Deus".

Para analisar o bóson de Higgs, é preciso primeiro produzir uma colisão entre prótons em altíssima velocidade -função primordial do LHC.

Então, do impacto de alta energia, surgem montes de novas partículas, dentre as quais o Higgs, que rapidamente decai, como se diz.

É que, por ser muito instável, o bóson se "decompõe" quando a energia da colisão diminui. Aparecem, no lugar dele, outras partículas. É esse subproduto que pode ser detectado e indicar a existência do bóson de Higgs.

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Contudo, isso exige a realização de muitos impactos, até que as estatísticas comecem a sugerir a presença do procurado bóson.

Os dados coletados até aqui são suficientes para apontar a existência da partícula, mas suas características específicas ainda não puderam ser determinadas.

"Estamos ainda num estágio inicial da exploração das propriedades da dela", diz Éboli. "Contudo, há uma indicação de que o Higgs decaia mais em dois fótons [partículas de luz] do que seria esperado no Modelo Padrão."

Os resultados dessa análise preliminar foram divulgados no Arxiv.org, repositório de estudos de física na internet, e abordados na revista "Pesquisa Fapesp".

SURPRESA BEM-VINDA

A novidade anima os cientistas. "Para a maioria dos físicos, o Modelo Padrão é uma boa representação da natureza, mas não é a teoria final", afirma Éboli.

"Se de fato for confirmado que o Higgs está decaindo mais que o esperado em dois fótons, isso pode significar que novas partículas podem estar dentro do alcance de descoberta do LHC."

Poderia ser o primeiro vislumbre de um novo "zoológico" de tijolos elementares da matéria. Previa-se que essas partículas exóticas começassem a aparecer com as energias elevadas do LHC.

Tudo muito interessante, mas nada resolvido.

"É um trabalho muito sério, mas eu acho que ainda é muito cedo para se tirar qualquer conclusão se se trata ou não do Higgs padrão", afirma Sérgio Novaes, pesquisador da Unesp que participa de um dos experimentos que detectaram o bóson de Higgs.

"Até o final do ano as coisas estarão um pouco mais claras", avalia ele.

Fonte: Folha de S.Paulo
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Achei muito interessante a reportagem da folha. Está bem interessante acompanhar essa pesquisa.
 
Então, resumindo, eles nunca tiveram como analisar a partícula em si, mas produtos que, teoricamente, derivam dela?
 
A ideia é essa mesma, Artigas. Esse tipo de análise é comum. Existem partículas que decaem muito rápido ou interagem de maneira muito fraca, fazendo com que a detecção direta seja extremamente complicada. Não sei se vocês se lembram dos neutrinos, que há um tempo disseram que estariam viajando mais rápido que a luz. Nesse caso, os pesquisadores também não estavam detectando neutrinos diretamente, mas os produtos dos decaimentos deles.
 
Eu já esperava algo assim. Desde que li o que um físico (acho que um teorista das cordas) falou sobre não podermos chegar a partículas menores devido ao tamanho (e tecnologia) de nossos aceleradores sempre espero o próximo momento em que anunciam um maior e mais moderno equipamento pra quebrar em pedaços menores e mais estranhos.
 
Então, resumindo, eles nunca tiveram como analisar a partícula em si, mas produtos que, teoricamente, derivam dela?
Sim, e é isso o que fazemos desde sempre, todos os dias, o tempo todo...
Não vemos nada em si, apenas a luz que reflete em cada coisa...

Faço minhas as palavras do Turgon, está bem interessante acompanhar essa pesquisa.
 
Sim, e é isso o que fazemos desde sempre, todos os dias, o tempo todo...
Não vemos nada em si, apenas a luz que reflete em cada coisa...

O que você disse está correto, abylos, mas o cerne da questão não é esse. Grande parte das medidas realizadas no CERN são, de fato, indiretas. Não nesse sentido que você colocou. Se fosse assim, toda medida seria indireta (sempre precisamos ler o medidor, então cairíamos na questão da reflexão da luz que você colocou e toda medida seria indireta - tornando a classificação de medida direta/indireta um tanto quanto inútil).

O negócio é que lá ninguém vê, viu ou verá o bóson de Higgs em si - o que temos acesso é aos produtos do decaimento desse bóson. Tentarei fazer uma analogia pra ver se as coisas ficam mais claras. Pense que você possui uma cultura de um microorganismo desconhecido em seu laboratório. No entanto, vivemos num mundo onde não existem microscópios, então é impossível pra nós visualizarmos o microorganismo diretamente e identificá-lo. O que faríamos então? Uma saída seria inocular um pouco do microorganismo desconhecido numa pessoa e observar os sintomas apresentados por ela. Pegaríamos então uma tabela, previamente conhecida, que relaciona os sintomas observados a um dado microorganismo e daí descobriríamos qual é o microorganismo que tínhamos em nosso laboratório. O que os caras estão fazendo no CERN é isso: eles aceleram partículas a ALTÍSSIMAS velocidades, fazem com que essas partículas se choquem e, de certa forma, pegam o que sobra dessas colisões. O bóson de Higgs aparece nessas colisões - mas num intervalo de tempo tão curto que não conseguimos observá-lo diretamente. Só que nós temos uma teoria (tipo a tabela de microorganismos da minha analogia) que nos diz que o bóson decai, "se transforma" em outras partículas, Y, W, Z, digamos. Então, se observarmos as partículas Y, W, Z (os sintomas do paciente) teríamos certeza de que o bóson existe (analisando os sintomas, identificamos o microorganismo.)

Espero que a explicação tenha ficado clara e se eu tiver cometido algum equívoco, me corrijam. ;)
 

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