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Notícias Algoz de 50 diz que Brasil esquece Maracanazo se vencer em 2014

Jeff Donizetti

Quid est veritas?
Esta aqui é pro Fúria :mrgreen::

Algoz de 50 diz que Brasil esquece Maracanazo se vencer em 2014 e revela ser fã de Neymar

Apenas um homem que disputou a final da Copa de 1950 continua vivo hoje em dia, já no transcorrer da segunda década do século 21. Trata-se de Alcides Edgardo Ghiggia, curiosamente o jogador de cujo pé direito saiu o chute que selou a derrota mais traumática da história dos Mundiais, pelo menos do ponto de vista brasileiro. Atualmente com 85 anos, o antigo ponta direita do Uruguai diz que espera estar no Brasil em 2014 e afirma acreditar que os vizinhos sul-americanos podem enfim sepultar o trauma do mítico Maracanazo se, desta vez, ganharem o torneio da Fifa em casa. O antigo carrasco da seleção ainda revela admiração de momento pelo futebol de Neymar.

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  • Ghiggia: lucidez aos 85 anos e lembranças do dia em que bateu o Brasil diante de 200 mil brasileiros

Quase sessenta e dois anos depois daquele 16 de julho em que o Uruguai derrotou o Brasil por 2 a 1, de virada, no jogo final da Copa de 1950, Ghiggia se apresenta como um homem de ideias lúcidas, de passos firmes, que dirige sozinho por cerca de 50 km desde sua cidade Las Piedras até o local da entrevista ao UOL Esporte, em Montevidéu. No encontro, o ex-jogador mostra um estilo de conversa objetivo, às vezes seco, e, sem cair no emotivo barato, externa o desejo de voltar ao palco de sua grande façanha nos campos para testemunhar o segundo Mundial brasileiro. "Se sigo em vida, penso em ir. Espero estar em 2014 no Mundial do Brasil", diz o uruguaio, um dos poucos estrangeiros que possuem os pés eternizados na calçada da fama do Maracanã.

Ghiggia tinha apenas 23 anos quando viajou ao Brasil para a disputa da 4ª Copa da Fifa (a primeira pós-guerra), então na condição de destaque do ataque do Peñarol, time que na época fornecia a base da seleção uruguaia. O veloz ponta direita havia feito três gols nas três partidas da Celeste no Mundial até a final (um em cada uma delas): goleada sobre a Bolívia na primeira fase, empate com a Espanha e vitória sobre a Suécia - os dois últimos já no quadrangular final.

Na decisão, a seleção da casa contava com o direito de empatar para ficar com a taça Jules Rimet. Diante de estimadas 200 mil pessoas no Maracanã (o público oficial é de 173.850 pagantes), Friaça deixou a vantagem brasileira ainda maior com um gol logo na retomada de jogo, nos primeiros minutos do segundo tempo. Mas eis que o entrosado ataque do Peñarol que servia a seleção uruguaia construiu a seguir o resultado mais impactante já vistos em desfechos de Copas.

FICHA TÉCNICA

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NOME: Alcides Edgardo Ghiggia
NASCIMENTO: 22 de Dezembro de 1926, em Montevidéu (Uruguai)
CLUBES: Atlante (URU), Sud América (URU), Peñarol (URU), Roma (ITA), Milan (ITA) e Danubio (URU)
GOLS NA COPA DE 1950:
4 (contra Bolívia, Espanha, Suécia e Brasil)


Primeiro Ghiggia ganhou de Bigode na direita, foi à linha de fundo e passou para o chute alto e preciso de Juan Alberto Schiaffino, seu companheiro de time no Uruguai. Minutos depois, a jogada se repetiu desde sua criação, com nova arrancada e dribles junto à lateral. Mas, desta vez, o ponta direita resolveu arriscar o arremate direto, mesmo quase sem ângulo de finalização.

"No Peñarol se fazia esta jogada, se chamava de ‘centro da morte’, para os companheiros que vinham de frente. Lá estava [Óscar] Miguez, que fazia muitos gols assim comigo, na seleção e no nosso time. [O segundo gol] Foi uma jogada quase idêntica. Vi Barbosa, ele achou que eu faria a mesma jogava do primeiro gol. Por isso deu um passo à frente e me deixou um espaço pequeno. São coisas que em um segundo um sujeito decide o que fazer. Vi aquele espaço e chutei. A bola saiu forte e, quando vi, a ela tinha passado", descreve o herói uruguaio 62 anos depois do lance em questão.

Naquele que foi o último Mundial sem o advento da televisão, que teria sua inauguração oficial no país no segundo semestre daquele ano, todos os contornos daquela decisão ganharam tintas de lenda, tratada pela intelectualidade da época como uma autêntica tragédia brasileira, alastrada pela nação pelas ondas do rádio. Ghiggia testemunhou o assustador silêncio que acometeu o Maracanã superlotado e as cenas de lágrimas após a partida. Após carregar por seis décadas a reputação de detonador daquele quadro de desespero, o carrasco diz que o mito do Maracanazo pode ser finalmente esquecido em 2014.

"Quando se entra no Maracanã, vem à mente a final, é inevitável. Mas, se ganha o Brasil, se esquece. Caso contrário, não. [A lenda daquele jogo] Viverá", afirma.

AMIZADE "INSÓLITA" COM OS RIVAIS DE 50

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Nas décadas seguintes ao jogo histórico do Maracanã em 1950, alguns dos integrantes das seleções de Uruguai e Brasil desenvolveram uma improvável relação de amizade, marcada por visitas periódicas. Os brasileiros estiveram em delegações pequenas em Montevidéu algumas vezes, enquanto que os uruguaios retribuíram com passagens pelo Rio de Janeiro [os encontros costumavam acontecer em um sítio de Zizinho, em Marambaia, perto de Niterói].

Nestes encontros imperava uma espécie de código de ética informal, cuja lei número um era evitar se falar de futebol, principalmente sobre a partida de 1950. A relação entre os remanescentes se estreitou a ponto de o craque Zizinho ter desenvolvido uma forma de comunicação telepática com o capitão uruguaio Obdulio Varela, com diálogos sem som a quilômetros de distância, em fenômeno assumido pelo brasileiro em entrevista ao jornalista Geneton Moraes Neto, no livro 'Dossiê 50'.

"Era algo insólito às vezes, porque contava às pessoas aqui no Uruguai e elas não acreditavam. Como podíamos ser amigos deles?", relata Ghiggia sobre a relação com os brasileiros. "De futebol não se falava. Se falava de outras coisas, mas de futebol, não. Quando vinham aqui a Montevidéu, comíamos um belo assado com eles", emenda o ex-jogador, em referência à versão uruguaia do nosso churrasco.

Além de Ghiggia e Obdulio, o goleiro Maspoli também costumava frequentar esses encontros. Do lado brasileiro estavam Zizinho, o artilheiro Ademir de Menezes e o goleiro Moacyr Barbosa, este último tratado em seu país como uma espécie de vilão da derrota na Copa em casa, em fardo que carregou até sua morte, em 2000.

"Eu com Barbosa estive uma vez, em uma vez em que estive no Rio. Lamento muito o que se passou com ele. Colocaram a culpa só nele. No futebol, quando se perde, perdem os 11. Quando se ganha, ganham os 11. Não um só", argumenta Ghiggia.




Ainda sobre 2014, Ghiggia diz não compartilhar da euforia de seus compatriotas em relação à expectativa de resultado da ‘Celeste’ no Brasil, apesar do 4º lugar no último Mundial e do título da Copa América 2011. "Nossos melhores jogadores vão chegar ao Mundial já com idade muito avançada", comenta o veterano, que, no entanto, reconhece o bom trabalho do técnico Óscar Tabárez à frente da seleção do país.

Alcides Ghiggia perambulou o mundo como jogador de futebol, vestindo as camisas de times populares como Peñarol, Roma e Milan, além dos uniformes das seleções de Uruguai e Itália, em um tempo em que era possível trocar de país em âmbito Fifa. Hoje, diz que continua ligado ao universo dos gramados como torcedor, apesar de visitas cada vez mais raras aos estádios. Na distância que escolheu, pela televisão, tem assistido ao reinado atual do argentino Lionel Messi, mas revela também se divertir com o jogo do brasileiro Neymar.

“[Messi] É Muito bom, um dos melhores da atualidade. Ele e o Neymar, do Santos”, afirma o uruguaio. "Neymar é muito hábil para jogar, é rápido pelas pontas e não tem medo de driblar. Me diverte", acrescenta.

Ao ouvir a pequena provocação da reportagem, que cita que seu estilo também foi registrado pelos jornalistas da época como o de um driblador pelas pontas, Ghiggia refuta qualquer comparação com o jeitão Neymar de ser em campo.

"Não gosto de comparar os jogadores de antes com os de agora, porque o futebol mudou muito, não é como o futebol de antes. Não se pode comparar jogadores de antes com os de agora, são de outra época", rebate.

MULHER PROÍBE GHIGGIA DE ESCUTAR GRAVAÇÃO DE 1950
Único jogador vivo entre aqueles que estiveram em campo como titulares no jogo decisivo da Copa de 1950, Alcides Ghiggia diz que procura não pensar mais naquele Mundial. O herói do Uruguai conta ter em casa uma gravação de rádio com a transmissão na íntegra daquela partida. No entanto, sua esposa não permite mais que o ex-jogador chegue perto da fita.

"Faz muitos anos que passou o Mundial, sempre que chega 16 julho penso nos companheiros, penso nos adversários. Tenho as gravações em casa e não escuto. Minha senhora não deixa eu escutar porque diz que me emociono. A verdade é que passou, tive uma época dentro do futebol, contribuí com um campeonato do mundo, e nada mais", diz.

O antigo ponta da Celeste tem hoje uma rotina tranquila na cidade de Las Piedras, na região Metropolitana de Montevidéu, onde vive ao lado de uma esposa bem mais jovem, na casa dos 40 anos. Ghiggia diz ter uma situação financeira confortável, mas nos últimos anos resolveu vender parte de suas relíquias como jogador, "pensando nos cinco netos e no único bisneto".

Hoje, nas raras visitas à capital Montevidéu, o antigo ponta caminha cercado por uma reverência desinibida de seus compatriotas. "Nossa, aquele é Alcides Ghiggia?", expressa uma mulher de uns 30 anos antes de tomar coragem para abordar o ex-jogador antes da entrevista ao repórter brasileiro. "Dou autógrafos e tiro fotos quando venho aqui, mas passou. O futebol fica para trás", profere o herói do Maracanazo, com certo constrangimento de uma notoriedade que não se esgota, mesmo às portas de mais um Mundial brasileiro.

DE QUEM É A FRASE?

"Só três pessoas calaram o Maracanã: o Papa, Frank Sinatra e eu"
Tanto Ghiggia quanto Barbosa costumavam proferir a frase acima em diferentes entrevistas, documentadas em livros e arquivos de jornais. Segundo o uruguaio, a sacada é de sua autoria.

Fonte
 
É óbvio que ninguém aqui "sente" o Maracanazo, tirando o Fúria ninguém era vivo na época e tal.

Mas historicamente, nada vai apagar aquilo. Sério, o enredo do bagulho é épico demais, foi a maior partida da história do futebol.

Com certeza nada vai fazer esquecer aquilo, acho que o Gighia só quis ser simpático.

E, putz, fiquei emocionado com a entrevista dele: a simplicidade que transpareceu, a amizade com os jogadores brasileiros e o carinho que o povo uruguaio ainda tem com esse herói.
 

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