• Caro Visitante, por que não gastar alguns segundos e criar uma Conta no Fórum Valinor? Desta forma, além de não ver este aviso novamente, poderá participar de nossa comunidade, inserir suas opiniões e sugestões, fazendo parte deste que é um maiores Fóruns de Discussão do Brasil! Aproveite e cadastre-se já!

Autor da Semana Leitura, por Melian: Fernando Pessoa

Qual poema do Fernando Pessoa a Melian deve ler?


  • Total de votantes
    16
  • Votação encerrada .

Kainof

Sr. Raposo
Usuário Premium
Melian declarou nesse post:

:grinlove:
Se o Fernando Pessoa ganhar, eu declamo um poema dele mesmo ou de um dos seus heterônimos. O POEMA QUE VOCÊS ESCOLHEREM, PESSOAS.

Todos nós ficamos, claro, alvoroçados com a possibilidade de ouvir tão mavioso rouxinol das Minais Gerias declamar um poema de beleza sem par do maior poeta da língua portuguesa (se não concorda escolha suas armas).

Felizmente para nossos rudes e ansiosos ouvidos, Fernando Pessoa foi o vencedor da semana:

attachment.php

O tópico foi criado: http://forum.valinor.com.br/showthread.php?t=103748

E eu indico, para nosso deleite e apreciação, um singelo e bonito poema do heterônimo Álvaro de Campos:

"Hoje estou triste como um barco negro ao sol.
Minha alegria foi-se embora com as malas.
Meu coração anda por casa do silêncio
Abrindo as portas e espreitando para os quartos.
E tudo isto, que não tem nenhum sentido,
É o sentido essencial da minha vida...

Lembro-me bem do seu olhar.
Ele atravessa ainda a minha alma
Como um risco de fogo na noite.
Lembro-me bem do seu olhar.
O resto...
Sim o resto parece-se apenas com a vida.

Ontem, parei nas ruas como qualquer pessoa.
Olhei para as montras despreocupadamente
E não encontrei amigos com quem falar.
De repente vi que estava triste, mortalmente triste,
Tão triste que me pareceu que me seria impossível
Viver amanhã, não porque morresse ou me matasse,
Mas porque seria impossível viver amanhã e mais nada.

Fumo, sonho, recostado na poltrona.
Dói-me viver como uma posição incómoda.
Deve haver ilhas para o sul das cousas
Onde sofrer seja uma cousa mais suave,
Onde viver custe menos ao pensamento,
E onde a gente possa fechar os olhos e adormecer ao sol
E acordar sem ter que pensar em responsabilidades sociais
Nem no dia do mês ou da semana que é hoje.

Abrigo no meu peito, como a um inimigo que temo ofender,
Um coração exageradamente espontâneo
Que sente tudo o que eu sonho como se fosse real
Que bate com o pé a melodia das canções que o meu pensamento canta,
Canções tristes, como as ruas estreitas quando chove.

Dai-me rosas e lírios,
Dai-me flores, muitas flores,
Quaisquer flores, logo que sejam muitas...
Não, nem sequer muitas flores, falai-me apenas
Em me dares muitas flores.
Nem isso...Escutai-me apenas pacientemente quando vos peço
Que me deis flores...
Sejam essas flores as flores que me deis...

Ah, a minha tristeza dos barcos que passam no rio
Sob o céu de sol!
A minha agonia da realidade lúcida!
Desejo de chorar absolutamente como uma criança
Com a cabeça encostada aos braços cruzados em cima da mesa
E a vida sentida como uma brisa que me roçasse o pescoço,
Estando eu a chorar naquela posição.

O homem que apara o lápis à janela do escritório
Chama pela minha atenção com as mãos do seu gesto banal.
Haver lápis, e aparar lápis, e gente que os apara à janela é tão estranho
É tão fantástico que estas cousas sejam reais!
Olho para ele até esquecer o sol e o céu.
E a realidade do mundo faz-me dores de cabeça.

A flor caída no chão.
A flor murcha (rosa branca amarelando)
Caída no chão...
Qual é o sentido da vida
(que sentido tem a vida?)"


Com mais indicações abrirei a enquete.
 

Anexos

  • Fernando Pessoa Autor da Semana.jpg
    Fernando Pessoa Autor da Semana.jpg
    43,9 KB · Visualizações: 164
Última edição por um moderador:
Minha indicação:

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)
 
Do meu heterônimo preferido, Alberto Caeiro:

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...

Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
 
Última edição:
Eu já tive o prazer de ouvir a voz da Melian algumas vezes e posso afirmar: será bão, sô.

Eu nem achei que a Cléo tem tanto sotaque, mas espero que apareça mais quando ela declamar a poesia, pois quando eu falei com ela só dava risada.

Adorei a sugestão do Kainoff. :)
 
Primeiro Fausto, Terceiro Tema, que é A falência do prazer e do amor:

XXI

- Amo como o amor ama.
Não sei razão pra amar-te mais que amar-te.
Que queres que te diga mais que te amo,

Se o que quero dizer-te é que te amo?

Quando te falo, dói-me que respondas
Ao que te digo e não ao meu amor.

Ah! não perguntes nada; antes me fala
De tal maneira, que, se eu fôra surda,
Te ouvisse todo com o coração.

Se te vejo não sei quem sou: eu amo.
Se me faltas [...]
… Mas tu fazes, amor, por me faltares
Mesmo estando comigo, pois perguntas -
Quando é amar que deves. Se não amas,
Mostra-te indiferente, ou não me queiras,
Mas tu és como nunca ninguém foi,
Pois procuras o amor pra não amar,
E, se me buscas, é como se eu só fôsse
Alguém pra te falar de quem tu amas.

Quando te vi amei-te já muito antes.
Tornei a achar-te quando te encontrei.
Nasci pra ti antes de haver o mundo.
Não há cousa feliz ou hora alegre
Que eu tenha tido pela vida fora,
Que não fôsse porque te previa,
Porque dormias nela tu futuro.

E eu soube-o só depois, quanto te vi,
E tive para mim melhor sentido,
E o meu passado foi como uma ‘strada
Iluminada pela frente, quando
O carro com lanternas vira a curva
Do caminho e já a noite é tôda humana.

Quando eu era pequena, sinto que eu
Amava-te já longe, mas de longe…

Amor, diz qualquer cousa que eu te sinta!
- Compreendo-te tanto que não sinto,
Oh coração exterior ao meu!
Fatalidade, filha do destino
E das leis que há no fundo dêste mundo!
Que és tu a mim que eu compreenda ao ponto
De o sentir…?
 
Este tópico tá me deixando meio sem reação. Assim, não sei se devo sair dando FAIL pra todo mundo, ou péssimo, ou karminha negativo VIA ESTRELINHA DA SPUTINIK ( MENOS TRÊS KARMAS, HEIN, GENTE?) ou LOL. Tô sendo trollada, mas perdi minhas habilidades de troll. Não consigo me defender de vocês, amiguinhos. Droga. :cry:
 
Seguindo as citações do Facebook...

Esse é um bom poema do Fernando Pessoa para você recitar:
Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar

Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Sábado na balada
A galera começou a dançar
E passou a menina mais linda
Tomei coragem e comecei a falar

Nossa, nossa
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Delícia, delícia
Assim você me mata
Ai se eu te pego, ai ai se eu te pego

Aliás, eu seria capaz até de usar um conjunto do Palmeiras (ecat) se você recitasse isso. :lol:
 
Vou recitar, sim, AINDA HOJE (ou não). Só estou olhando direitinho para ver qual recebeu mais 'gostei'. Vou encarar como preferência do povo. :lol:
 
Tentei dar :lol: para o meu post BÊBADA.

Como assim não posso dar "Gostei" no meu próprio post? =O

Se eu não fosse a mãe, não tivesse sentido as dores do parto, e fosse O PAI, nem era necessário fazer exame de DNA, né, gente? Olha aí o fluir do humor patrocinado pelas empresas Vairë (acabei de me trollar; se não perceberam, é porque não manjam das coisas).
 
Gente, agora é sério. Eu até brinquei que escolheria, por conta própria, o poema, mas não foi assim que combinei. Eu disse que vocês escolheriam. Então, criem a enquete aí. Acho que já temos indicações suficientes.
 
Qual poema a Melian deve ler?

Vamos lá, conforme ela prometeu, qual poema do Fernando Pessoa a Melian deve ler?

"Hoje estou triste como um barco negro ao sol" - indicado por Kainof

"Todas as cartas de amor são ridículas" - indicado por Bel

"O meu olhar é nítido como um girassol" - indicado por Paganus

A falência do prazer e do amor XXI - indicado por Ana Lovejoy

3 dias para votação. Melian tem o final de semana aí, né... Carnaval... pra tomar todas se soltar pra cumprir a promessa.
 
Última edição:

Valinor 2023

Total arrecadado
R$2.404,79
Termina em:
Back
Topo