Vejo isso com bons olhos, pois revive na mentalidade popular a figura da princesa Isabel e com ela toda uma tradição política de uma época em que o Brasil formava não um ou dois estadistas, mas dezenas deles, tradição propositalmente esquecida e que não encontra nenhum herdeiro nos dias de hoje (nem nos próprios monarquistas, tampouco nos partidos).
Não sendo requerida pobreza para a santificação, não entendo o espanto perante esse pedido específico, uma vez descontado espantos quanto a idéia de beatificação em geral.
Exatamente, é isso que os monarquistas querem e embora eu ache uma crocodilagem abrir um processo de beatificação por motivos políticos, não seria a primeira vez. Além disso li em algum lugar que existem relatos de curas realizadas, supostamente, em pessoas que recorreram à intercessão dela. Se isso for comprovado, é um forte indício, ainda mais hoje que o Vaticano deixou de complicar os processos de canonização. Desde João Paulo II, que canonizou mais santos que todos os Papas anteriores. Juntos.
Católicos podem dar mais informações. Não cabe a mim.
E não entendi essa 'Igreja Católica sempre de brinks'. Temos vários tipos de ideias políticas nos partidos que nos representam. Qual o problema do catolicismo defender a monarquia? A Igreja sempre a defendeu, tanto a romana como a ortodoxa, e seria interessante perceber como existe uma classe de bons defensores da monarquia, mesmo não-católicos, e seria legal ver como vira esse debate. A beatificação pode abrí-lo.
O problema é que o Vaticano pode recuar ao ver um uso muito político disso, seja pela legitimidade, por não querer mais se aliar aos velhos interesses monarquistas (já que a guinada democrática do Concílio Vaticano II levou-os em outra direção), por não querer ofender o todo do catolicismo brasileiro que é, em sua maioria, um catolicismo relativista, de prateleira, apolítico. Lemos nas entrelinhas: não quer muita briga com o que sobrou da Heresia da Libertação e seus ideólogos patéticos, como o Frei Boffetada.
Ou mesmo a bosta da CNBB que é super ambígua nesses casos em que se espera dela um posicionamento forte. Provavelmente alguns apoiarão. Outros criticarão, como muitos criticaram a beatificação de João Paulo II. Política, meus caros. E má teologia também.
Meu medo mesmo é que existe muito fascista, falso moralista entre os monarquistas. Existe todo um jogo ideológico que pensa na monarquia como uma teocracia brasileira, sob o Vaticano. Isso é sandice, sandice que nem o Vaticano aceitaria nem a CNBB. Só existe nas ideias dos católicos tradicionalistas mais fanáticos, como o povo da Associação Montfort, os perturbados da TFP e outros gatos pingados.