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Dia do Professor (e uma alegoria)

Kainof

Sr. Raposo
Usuário Premium
Hoje, dia 15/10 é o Dia do Professor. Meus parabéns a todos os professores do Fórum Valinor. Mantenham a esperança e o pensamento de que aqueles alguns momentos fugazes de compreensão do aluno, ou quando ele te surpreende com uma questão elaborada e curiosa, ou quando ele te conta dos grandes planos deles para o futuro e tu vê brilho no olhar e acha que talvez seja possível o que ele diz, ou quando de forma estranha e inesperada ele te agradece por um conhecimento adquirido, ou quando tu mesmo aprende algo com ele, ainda que pequeno, ou nas pequenas epifanias ocasionais, sejam as que tu provoca nos teus alunos ou as que tu mesmo tem ensinando. É um tanto romântico pensar assim, mas é ó único jeito de ainda sentir entusiasmo para exercer essa função. Obrigado a todos que dedicam suas vidas a ensinar e, às vezes sem nem mesmo ter essa intenção ou sem pensar de forma tão grandiosa, fazem a sua parte para tentar fazer desse um mundo um pouco melhor, com pessoas melhores, a despeito de todas as enormes dificuldades. Parabéns mesmo.

Na faculdade, na disciplina de estágio, eu li um pequeno grande texto do professor e historiador Leandro Karnal. Recebi esse texto novamente hoje por e-mail. Abaixo, segue um trecho:

Na nossa cultura há um modelo de professor: Jesus. A maioria absoluta das pessoas no Brasil é cristã, mas a alegoria serve também para os que não são. Tomemos a história de Jesus independente da nossa orientação religiosa. Comparemos: Jesus teve 12 alunos escolhidos por ele! Eu tenho 30, 60, 100, escolhidos por um rigoroso processo de seleção: inscreveu, pagou, entrou. Jesus teve alunos em tempo integral por três anos: eu tenho por duas ou quatro aulas semanais, por um período mais curto. Os alunos de Jesus deixaram tudo para segui-lo, o meu não deixa quase nada e não quer acompanhar nem meu pensamento, quanto mais minhas propostas existenciais. Fiel aos novo ditames do MEC, Jesus deu um curso superior em três anos. Para quem acredita, Ele fazia milagres, coisa que nós certamente não fazemos naquele sentido. A aula, de Jesus, assim, era reforçada por work-shops. A auto estima e a confiança de Jesus era enorme: o cara simplesmente dizia que era o Filho de Deus, que ressuscitava mortos, andava sobre as águas, passava quarenta dias sem comer e não tinha medo de ninguém. Eu não tenho esta convicção. Melhor: as aulas eram ao ar livre, sem coordenação, sem direção, sem colegas e os pais dos alunos não apareciam para reclamar! Bem, após 3 anos de curso intenso com todos estes reforços, chegou a prova final. Na agonia do Horto os três melhores alunos dormiram, quando o Mestre estava chorando sangue. O tesoureiro da turma denunciou o professor à Delegacia de Educação por 30 moedas. O líder da classe, Pedro, negou que tivesse tido aula por três vezes diante da supervisora de ensino: nunca vi este cara antes... Outros nove fugiram sem dar notícia e não compareceram à prova final: o Calvário. O mais novo e bobinho, João, foi até lá, mas não fez nada para impedir que os guardas matassem o professor. Se considerarmos João , com boa vontade, o único aprovado, teremos uma média de êxito de 8.33%, baixa demais para os padrões das Delegacias de Ensino e alvo de demissão sumária por justa causa. O professor morreu e, para quem acredita, voltou para uma recuperação de férias. Reuniu os reprovados e disse: mais uma chance. Um dos alunos , Tomé, pediu para colocar o dedo no diploma do professor para ver se era de verdade. Primeira pergunta do líder da turma, Pedro: “Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?” Ou seja, o melhor aluno não aprendeu nada! Esta pergunta mostra o oposto da aula dada, pois ele achou que o curso tinha sido sobre política e, na verdade, tinha sido sobre Teologia... Objetivos não atingidos: 100% ! Novos milagres, mais 40 dias de feedback, apostilas, recuperação, reforço de férias. Final de curso pirotécnico: subiu ao céu entre nuvens e anjos assistentes-pedagógicos disseram que o mestre tinha ido para a sala dos professores eterna e não mais voltaria. O curso estava encerrado, todas as lições tinham sido dadas para aquela nata de 11 homens. O que eles fizeram? Foram se esconder numa casa, todos apavorados. O mestre mandou um módulo auto-instrucional de reforço, o Espírito Santo, um anabolizante. Só então, com uma força externa, eles começaram a entender, e finalmente tiveram aquela famosa reação bovina: HUMMMM...

Se Jesus teve tantos insucessos apesar de condições tão boas, a senhora quer ser mais do que Ele? Hoje eu diria para qualquer profissional: faça o máximo, mas apenas o máximo, e deixem o resto por conta do resto. A frase parece autista, mas é muito importante. Nós temos um limite: a vontade do aluno, da instituição e da sociedade como um todo. Não transformamos nada sozinhos, mas transformamos. O primeiro passo é a vontade. O segundo começa daqui a pouco, naquela sala difícil, com aquela turma sentada no fundo e naqueles angustiantes dez minutos que você vai levar para conseguir fazer a chamada... Vamos lá?

O texto completo pode ser encontrado em: http://www.ime.unicamp.br/~samuel/Extensao/DezMandamentosNovo.htm
 
Parabéns aí kainof e a todos os outros professores do fórum. E parabéns principalmente a minha mãe, minha primeira professora e alfabetizadora, hoje aposentada. Aliás, eu acho esse negócio de ensinar alguém a ler e a escrever uma coisa fantástica. Professores do ensino fundamental deveriam ser a categoria mais bem remunerada. No tempo em que a velha lecionava os salários já eram uma merda, mas ainda havia um mínimo de respeito por parte dos alunos, pais e diretoria. Hoje o negócio é mais ou menos assim:



educacao-charque-que-notas-sao-essas.jpg
 
Bacana o texto e é verdade. Não dá pra ensinar quem não quer aprender.
Mas no fim, se conseguirmos um ou dois alunos atingindo uma parte dos objetivos que propusermos, é lucro. Como diz a minha mãe, serão esses os futuros chefes do resto da turma :dente:

Parabéns aos professores do fórum =]
 
Mantenham a esperança e o pensamento de que aqueles alguns momentos fugazes de compreensão do aluno, ou quando ele te surpreende com uma questão elaborada e curiosa, ou quando ele te conta dos grandes planos deles para o futuro e tu vê brilho no olhar e acha que talvez seja possível o que ele diz, ou quando de forma estranha e inesperada ele te agradece por um conhecimento adquirido, ou quando tu mesmo aprende algo com ele, ainda que pequeno, ou nas pequenas epifanias ocasionais, sejam as que tu provoca nos teus alunos ou as que tu mesmo tem ensinando.

Alguém esperançoso e feliz com a profissão que escolheu.

Eu tenho 30, 60, 100, escolhidos por um rigoroso processo de seleção: inscreveu, pagou, entrou.

Eu ri.
 
Última edição:
Parabéns MESMO a todos os professores do fórum e de todo o mundo. Eu sempre quis ser professor, seja pela vocação religiosa (lembremos que nosso modelo de professor no ocidente foi o padre, o frade,o monge, que formava intelectual e espiritualmente), seja pela minha vontade de lecionar filosofia, teologia e história. Apesar desses sonhos parecerem distantes hoje, ainda tenho esperança de seguir esse caminho. Para quem tem o mesmo desejo e se preocupa com as dificuldades, com muita besteira que ouve eu só posso dizer: não tenham medo, a profissão de professor é para quem realmente AMA o que faz, ama a compreensão surgindo, a formação dos alunos não em pequenos soldados do pensamento ma pensa neles como pequenas sementes que devem germinar como indivíduos conscientes, livres e responsáveis, formados para o mundo e para formar o mundo. Se esa vocação surgir em vocês, não tenham medo em seguir esse caminho.

E para quem já seguiu o caminho do mestre, só torço e rezo para que vocês continuem fazendo bem seu trabalho e que tal trabalho seja sempre mais valorizado e que o professor se torne cada vez mais o modelo de profissional que buscamos para nossa sociedade.
 
Ainda que estou dando atrasado em relação ao dia 15, parabéns não apenas nesse dia, mas em TODOS os dias e ainda assim é pouco.
 
Aluno de universidade de classe média está sem freio, diz docente

Estou indignado com os jovens estudantes brasileiros. Sou professor de uma universidade privada, que atende universitários de classes C, D e E, há nove anos e vejo, que a cada semestre, uma legião deles está menos preocupada com o conhecimento.

O que importa mesmo é o diploma. Não sou tão velho assim, tenho 36 anos, mas nunca desrespeitei um professor --seja na universidade, seja no próprio colégio.

Por mais que prepare as aulas com dedicação, permanentemente preciso chamar a atenção dos alunos.

Certo dia, lecionando em uma sala com microfone, um grupinho fala mais alto do que eu. Imagine.

Conversas paralelas em tom alto, intervenções grosseiras, atendimento de celular em sala, são recorrentes no ensino superior. Vejo que a indignação não é só minha, mas de vários colegas da mesma universidade e de outras.

Quando o professor pede que o aluno saía da sala por indisciplina, são recorrentes dizeres como "eu pago e você dá aula" ou "sai você".

E se o professor sair da sala, é bem provável que os alunos recorram à ouvidoria da universidade.

Na segunda-feira, uma aluna me chamou de "cavalo" só porque chamei a sua atenção durante a aplicação da prova, pois ela tentava "colar".

Outro aluno da mesma sala me disse, ainda durante a prova: "Se você reprovar mais de 70% da classe, o problema não é mais dos alunos, é do professor".

A juventude brasileira está sem freios. Não sabem mais a distinção do certo ou errado. Isso me desanima.

Escolhi lecionar porque acreditava que poderia transmitir o conhecimento. Digo, agora com mais certeza, de que nós professores somos uma classe em extinção e sem mérito nenhum.

Fonte
 
Para muitos segundo seus próprios facebooks e demais midias sociais, o correto de hoje seria:

Feliz dia dos mentirosos, manipuladores, doutrinadores, kit gayzistas, ideólogos de gênero, alvos de bala de borracha, vagabundos, esquerdopatas, corruptos, etc !


Pra mim ainda é Feliz dia dos Professores mesmo.
 

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