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Resposta de um professor a um aluno gago: não fale!

Elessar Hyarmen

Senhor de Bri
Estudante de 16 anos levantou a mão para perguntar e foi ignorado. Docente informou que ele devia enviar perguntas por escrito

The New York Times | 13/10/2011 07:00



Quando a sua classe de história no County College of Morris discutia a exploração do Novo Mundo, Philip Garber Jr. ergueu a mão, esperando perguntar por que exploradores da China do século 15, que viajaram até a África, não alcançaram também a América do Norte. Manteve sua mão no ar por grande parte da aula de 75 minutos, mas a professora não o chamou. Ela já lhe havia dito para não falar em sala de aula.


Garber, um precoce e confiante jovem de 16 anos de idade, que está fazendo duas aulas na faculdade neste semestre, tem muito a dizer, mas também tem uma gagueira profunda que dificulta sua comunicação e o impede de falar com rapidez.



Após as primeiras aulas, nas quais ele participou ativamente, a professora Elizabeth Snyder lhe enviou um email pedindo que ele fizesse perguntas antes ou depois da aula, "para não interferir no tempo dos outros alunos."
Quanto às respostas a questionamentos que surgem em sala de aula, Snyder sugeriu: "Eu acredito que seria melhor para todos se você tivesse uma folha de papel em sua mesa e pudesse anotá-las."
Mais tarde, ela lhe disse: "Sua fala é perturbadora."



Garber relatou a situação a um reitor, que sugeriu que ele fosse transferido para a classe de outro professor, onde ele passou a poder fazer e responder perguntas de novo.




Enquanto o caso de Garber é incomum, a gagueira não é: cerca de 5% das pessoas gaguejam em algum momento de suas vidas, e cerca de 1% gaguejam quando adultos, de acordo com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. A experiência em sala de aula ressalta uma queixa perene entre os gagos, que a sociedade não reconhece sua condição como uma deficiência e toca em um tema antigo: o equilíbrio entre as necessidades de um indivíduo e o bem de um grupo.



"Como fazemos com todos os alunos, temos tomado medidas para resolver as preocupações de Philip para que ele possa continuar sua formação com êxito", disse Kathleen Brunet Eagan, diretora de comunicação da faculdade.
Ela não quis dizer se a professora Snyder, que se recusou a discutir o assunto, havia sofrido medida disciplinar, mas observou que a faculdade "se esforça para educar professores e funcionários sobre como acomodar os alunos."
A mãe de Garber, Marin Martin, uma enfermeira, disse: "Eu entendo que pode ser difícil ouvir alguém que gagueja, mas a resposta não é pedir que se cale."



Garber disse que poderia ter tido alguma simpatia pelo dilema da professora se ela o houvesse expressado com menos agressividade. "Eu tive muita sorte de nunca ter sido provocado, intimidado ou qualquer coisa assim, mas algumas pessoas que gaguejam param de falar completamente por causa desse tipo de abuso", disse Garber. "As pessoas não pensam nisso como uma deficiência legítima. Elas precisam aprender."


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http://ultimosegundo.ig.com.br/educ...-a-um-aluno-gago-nao-fale/n1597268404470.html


Acho que não existe coisa pior que alguém interromper um gago para completar sua fala ou para fazer alguma ofensa, deboche e etc. É realmente complicado isso, principalmente se for em um ambiente escolar com muita gente...
 
Po, mas é uma situação mt complicada pra professora tb. Se um aluno gago interromper a aula com perguntas demoradas (e vão ser demoradas por conta da gagueira) a aula não rende. O melhor é SIM ele anotar as perguntas para fazer depois via oral ou por escrito mesmo.
 
Po, mas é uma situação mt complicada pra professora tb. Se um aluno gago interromper a aula com perguntas demoradas (e vão ser demoradas por conta da gagueira) a aula não rende. O melhor é SIM ele anotar as perguntas para fazer depois via oral ou por escrito mesmo.

Concordo, só achei desnecessário a professora dizer "Sua fala é perturbadora."
 
Em parte ta certo, pois eu mesmo estudo com um menino (não gago, mas insistente) que adora fazer perguntinhas de "e se..." na aula de história. Tem hora que eu atrasa legal o rumo da aula e acaba prejudicando os outros estudantes. Mas realmente, a agressividade dessa professora foi exagero. Se fosse eu/meu filho eu ia brigar até essa mulher tomar um pouco de conciência que a gagueira não é motivo de piada. E não é se calando que vai melhorar.
 
Bom.
Gago ou não gago, não impede de talvez ser daqueles alunos impertinentes que existem aos montes.

Mas professor não pode ser grosseiro. De jeito nenhum. Nem em casos extremos dos alunos pivetes que não querem nada com nada.

A matéria teve um lado só, do aluno e da mãe do aluno. Faltou um terceiro imparcial ou o lado da professora. Senão fica tendencioso.
 
A agressividade da professora é errada, mas claro ficar 1 minuto numa pergunta a cada pergunta deve ser desconfortável para os outros alunos e para a professora também
 
Complicado. Se forem constantes as perguntas, atrapalha sim o rendimento da aula e não precisa ser gago nessas horas. Agora se for uma pergunta por aula ou duas, não irá atrapalhar tanto e o garoto não perde o time da questão.

Anotar as perguntas e a professora ler no final é uma boa sugestão, mas ela foi grossa na forma de falar isso. Acredito que não precisava.
 
É questao de bom senso. Se o garoto é gago mas ele não fica o tempo todo perguntando acho que não tem problema. Se for mais de uma dúvida, se forem várias por exemplo, então é interessante anotar e passar para o professor ou perguntar no final da aula. Esse lance de perguntar o professor serve pra qualquer um.

Tem muito aluno babaca filha da... que fica fazendo perguntas que na verdade são para atrapalhar as aulas e não precisa ser gago pra isso.
 
Eu prefiro um aluno que pergunte, ainda que demore, do que aquela sala cheia de moscas-mortas. Podar um interessado, ainda mais da maneira que foi feito, é ridículo. Ficou claro, pelo comentário, que a "sugestão" de escrever as perguntas não era simplesmente pelo tempo de aula, mas sim pela "perturbação" que é pra ela ouvir o garoto. E ela deixa claro isso também pelo "para não interferir no tempo dos outros alunos.". Como comentaram, se é alguém que pergunta demais, sem deixar a aula fluir, pedir que pergunte depois é normal. Mas isso não devia ser medido pelo tempo que a pessoa leva pra formular a pergunta, na minha opinião. Se todo mundo tem direito a uma pergunta, ele também tem. Ignorar é realmente absurdo.
 
Seja lá qual for a postura da professora quanto aceitar perguntas orais ou escritas do aluno (sem querer entrar em questões de discriminação, direito de igualdade dele e dos outros alunos ou o incômodo de atrapalhar a aula) ela errou em reprimi-lo da maneira como fez. Se queria manter o sistema dela, podia ter explicado educadamente (mesmo que, pela segunda vez) que ele estava descumprindo o que foi acordado anteriormente.

Outro detalhe, se ele foi avisado como deveria proceder e não concordou, deveria ter conversado com a professora antes de ir contra o pedido dela. Nesse caso era de se esperar insatisfação por parte da professora (isto somado a um estado emocional "complicado" poderia ter gerado coisa pior, inclusive).
 
Última edição:
Eu prefiro um aluno que pergunte, ainda que demore, do que aquela sala cheia de moscas-mortas. Podar um interessado, ainda mais da maneira que foi feito, é ridículo. Ficou claro, pelo comentário, que a "sugestão" de escrever as perguntas não era simplesmente pelo tempo de aula, mas sim pela "perturbação" que é pra ela ouvir o garoto. E ela deixa claro isso também pelo "para não interferir no tempo dos outros alunos.". Como comentaram, se é alguém que pergunta demais, sem deixar a aula fluir, pedir que pergunte depois é normal. Mas isso não devia ser medido pelo tempo que a pessoa leva pra formular a pergunta, na minha opinião. Se todo mundo tem direito a uma pergunta, ele também tem. Ignorar é realmente absurdo.
Sim e tem duvidas que precisam ser esclarecidas na hora ou atrapalha o andamento da aula inteira!

Por exemplo, se você não souber entender como se usa a regra da mão direita em uma aula de física, irá se perder todo para saber se o sinal é negativo ou positivo, assim não entendendo a aula como um todo! O mesmo acontece com outras disciplinas.
 
Um dos maiores desafios da sala de aula é conseguir identificar os alunos que precisam de abordagem específica e saber agir rápido numa situação de tensão ou emergência.

É muito comum hoje chegarem nas escolas alunos com problemas médicos (visuais, auditivos, de fonação, etc...) ou psicológicos não diagnosticados e o professor funcionar como o primeiro contato da sociedade na identicação de um problema que a família nunca foi orientada para procurar ajuda. Costuma ser o primeiro local aonde o problema é notado criticamente de forma pública também (diante de colegas e de um professor).

As variações tornam o trabalho do educador complexo, por exemplo, alunos idosos podem ter problemas de memória e de rapidez no aprendizado, alunos imaturos podem ter problemas hormonais, etc... Quanto maior a turma mais tempo se leva para avaliar os alunos. Em casos específicos se conversa com a coordenação e diretoria sobre o que acontece para avisar as famílias da necessidade profissional para que fiquem cientes e se busque um acordo entre alunos e professor quanto ao gerenciamento de dúvidas. Alguns palestrantes por exemplo só tiram as dúvidas dos alunos no final da aula para que não se quebre o ritmo do programado (turmas gigantes de cursinho e de faculdade não tem solução a não ser aumentar os professores) e pedem para escrever a pergunta para não esquecerem.
 
Não é apenas alunos gagos que sofrem

Já tive como colega de classe uma pessoa que tinha uma anomalia que deixava sua voz muito estridente e rouca. Sofria tanto ou até bem mais que um gago.

Só que da parte do professor é preciso saber ter ponderação em que situação o aluno é ou não incoveniente, pois esse aluno com dificuldade de fala pode ter perguntas que possam tornar a aula muito mais interessante e "podar" sua participação com grosserias pode soar como um enorme preconceito.
 
Então, eu sou gago. E professor. Estou na profissão certa, eu sei. :tsc:

É preciso lembrar que todo gago é inseguro na hora de falar. Tem receio de ser desprezado pela forma de falar, não importa o conteúdo da sua enunciação, porque ele sabe que leva desvantagem na oratória, o que o leva a temer se pronunciar. Quem assistiu "O Discurso do Rei" acho que pôde perceber bem isso. Numa passagem do filme, durante o tratamento, o especialista coloca um fone no ouvido do protagonista que o impede que ele ouça o que diz e grava a voz dele de forma límpida, sem disfemia. Ainda que não se saiba origens e causas da gagueira, ela tem um aspecto psicológico muito forte. É um dos motivos de gagos terem frequentemente um tipo de personalidade parecida, que tende a isolamento e circunspecção. Lembrem de todas as vezes que precisaram falar durante uma apresentação em público no colégio ou na faculdade e ficaram nervosos e perceberam os sorrisinhos, ou na hora de mandar "aquela" conversinha praquela menina linda. Imaginem um gago nessas. Gagueira parece engraçada, afinal, personagens gagos são sempre cômicos nas novelas e para humoristas como o recém falecido José Vasconcellos, mas é motivo de alheamento afetivo e social até se acostumar com ela e com as consequências dela após primeira fase da adolescência. Minhas experiências e traumas como gago eu vou deixar passar...

Por isso que ter um aluno gago que pergunta e é ativo em sala de aula, além de ser uma raridade, representa um desejo dele de combater o seu travamento. E alguém tentando superar a si mesmo deveria ser o motivo da educação e nunca, hipótese alguma, deveria ser rechaçada por um professor minimamente decente. Se ela se preocupa com o andamento das aulas e das interrupções, o que é válido, apesar de não ser meu método pessoal, seria justificável que todos os alunos fizessem suas perguntas ao fim da explanação dela. Mas isso não poderia se restringir ao aluno deficitário. O mesmo vale para o aluno que não fosse gago, mas que tivesse dificuldade de elaborar frases de forma lúcida, e isso ocorre com certa frequência, por uma ausência de leitura e exercício retórico, por exemplo. Enfim, o que é reprovável não é ela impedir o aluno de realizar sua pergunta no momento exato, afinal é essa sua metodologia de trabalho, apesar de, pra mim, ser pedagogicamente questionável, mas a do preconceito contra uma dificuldade de um aluno partir exatamente da educadora. Seria abominável se ela chamasse de burro um aluno com dificuldade cognitiva, como um portador de Down ou outra deficiência no aprendizado. Pra mim, está no mesmo nível dizer que é desagradável a fala de um gago, quando ele tem controle limitado sobre a própria capacidade oratória. Ambas são preconceitos sobre dificuldades individuais sobre as quais o educador deve prestar atenção.
 
Exatamente.

É claro que ninguém espera que os gagos coloquem pedras na boca e bradem às ondas até superar o problema (se bem que não creio que a lenda de Homero seja algo literal, e as pedras e as ondas sejam uma alegoria da dificuldade), mas respeito ao próximo é o mínimo que se espera, ainda mais de uma dita educadora.
 

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