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Prova ABC mostra que 57,2% das crianças não aprendem matemática

Morfindel Werwulf Rúnarmo

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Resultados da Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização, a Prova ABC, divulgados nesta quinta-feira, mostram que 57,2% dos estudantes do terceiro ano do ensino fundamental, o que corresponde a antiga segunda série, não conseguem resolver problemas básicos de matemática, como soma ou subtração.

A Prova ABC - uma avaliação feita pelo movimento Todos Pela Educação por meio de parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e a Fundação Cesgranrio, o Instituto Paulo Montenegro/Ibope - mostrou ainda que 43,9% dos alunos da mesma fase não tiveram desempenho satisfatório em leitura.

Em matemática a média nacional de alunos que aprenderam o esperado em matemática chegou a 42,8%. Nas escolas privadas essse índice é 74,3% e nas púbolicas de 42,8%. Na prova de leitura a média nacional foi de 56,1% - 79,0% nas privadas e 48,6% nas públicas. Na prova de escrita a média de todo o país chegou a 53,4% - 82,4 nas escolas particulares e 43,9% nas públicas

O levantamento apresenta ainda uma grande diferença entre os resultados das escolas privadas e das escolas públicas. As operações básicas de somar e subtrair dos alunos das escolas públicas que chegaram ao nível esperado chegam a 32,6%. Isso significa que de cada grupo de 100 alunos apenas pouco mais de 32 alcançaram o conhecimento mínimo esperado.

Fonte
 
Meu falecido avô só estudou até a segunda série do 1° grau e calculava perfeitamente as 4 operações básicas com qualquer numero grande ou pequeno.

Se aparecer gente botando toda a culpa na invenção da calculadora eletrônica isso é desculpa esfarrapada pra disfarçar as falhas do nosso atrasado sistema educacional.
 
o problema não é só matemática. quase 44% tb não sabem ler, de acordo com essa avaliação. é obviamente falha do sistema de ensino público no final das contas. aí fico pensando: criança sai da terceira série sem saber ler e sem saber as operações básicas, vai enfrentar os outros anos de escola como?
 
É exatamente esse medo que me dá, Joy. Todos os anos serão disperdiçados daí pra frente pra esses meninos. E não só na escola. Como perceber o mundo sem saber ler e escrever? Como ser independente, lidar com seu salário, com bancos, com o mercado de trabalho, com tudo? Como se inserir no mundo sem saber ler nem escrever?

Os relatos que tenho da minha sogra e da minha madrinha que dão aulas em escolas públcias de BH e de Ipatinga é que a situação tá feia mesmo. Depois da terceira série, não há mais nenhum programa de alfabetização e o menino vai sair do terceiro ano sem ter aprendido absolutamente nada.

Fui voluntária por um tempo em uma escola pública perto da minha casa, como parte de um programa em que os alunos ficavam o dia inteiro na escola. No turno da tarde, havia uma turma para alunos até da quinta série que ainda não sabiam ler (era com eles que eu trabalhava) para tentar alfabetizá-los. Acompanhar estas crianças foi uma das coisas mais difíceis que já enfrentei na vida. É muito triste ver uma criança de 10 anos que não sabe ler. E e muito difícil ensinar essas crianças também. Porque elas são as que têm as famílias masi desestruturadas, as que têm dificuldade de aprendizado, e até algumas que tinham leve grau de retardo mental.

E são pouqíssimas as escolas que têm iniciativas como essa. Que realmente prestam atenção e se dedicam à esses alunos. É muito, muito triste.
 
Tenso isso, dá medo mesmo. Lembro que me tratavam como prodígio porque eu aprendi a ler aos 6, mas hoje isso se torna cada vez mais distante da realidade. Bem, quando melhora essa educação?
 
Entra ano, sai ano e é a mesma coisa.
Descaso com educação. E fica escancarado que é a publica.
Apesar de 80% ser um valor que dá pra melhorar, é aceitável. Mas abaixo de 50% é certificação de total falencia do sistema de educação.
Sem querer entrar na discussão das cotas, aí inventam de ir empurrando as coisas com a barriga inventando cotas pra entrar em universidades, etc. Só falta começar a forçar empresas a contratar pessoas com formação horrorosa e fazer concursos publicos com perguntas de beabá.
 
Nossa Fusa, isso não tem nada a ver com cotas.

Empurrar com a barriga não é lá na universidade reservar vagas pra pessoas capazes de cursar uma universidade, mas que tiveram uma formação deficiente.

Agora, o governo empurra com a barriga sim quando passa de ano quem não aprendeu nada para engrossar os número da população com ensino médio, independente deles saberem ler ou não.
 
eu acho que a longo prazo tem a ver com as cotas, sim. pq tem quem passe pelo sistema de cotas mas teve essa educação deficiente (as cotas sociais, é óbvio, não estou falando das raciais). e aí entra na universidade e simplesmente não aguenta o tranco: tem professor que já quer de calouro que leiam artigos em inglês, que sejam especialistas em normas de abnt e o diabo a quatro, e o fulano que teve péssima formação na escola pública nada, nada e morre na praia. não adianta ter cotas se oferecer uma base tão ruim para os alunos. o problema é arrumar a educação ali no começo, inclusive para não ter que existir a necessidade de cotas para quem estudou em colégio público. aliás, a própria existência desse tipo de cota já diz: o ensino que oferecemos é uma merda e essas pessoas não tem chances contra quem estudou a vida inteira em colégio particular. é uma realidade triste, mas que parece ser bem difícil de mudar. não vejo planos de governo que se orientem em melhorar o ensino, aparentemente na maior parte das vezes os governantes estão felizes com estatísticas que mostram que crianças estão indo para a escola. mas adianta?
 
É empurrar com a barriga sim.
E identico ao sistema de aprovação escolar mesmo sem alcançar indice pra ser aprovado.
Ao invés de aprovação de série é a aprovação pra próxima etapa do ensino, no caso o superior, de quem não apresentou o indice suficiente pra isso.
Tentar reduzir e rebalancear as desigualdades mexendo no topo da cadeia, ao invés da base.

Mas não queria discutir cotas que já temos trilhões de topicos pra isso.
Foi só um adendo do abandono da educação publica de base nesse país.
 
A situação tá muito ruim, 57% não saber matemática, como esse povo vai se virar no futuro? Tenho pena dos nossos filhos se não fizermos nada para mudar isso, nas próximas eleições votand em quem se preocupa com a educação, não votando em quem desvia/rouba verbas que poderiam estar destinadas a educação, quando os bons se omitem, os maus governam.
 
Isso é preocupante! As vezes eu gosto de conversar com pessoas de diferentes níveis escolares pra comparar com o ensino que eu tive na minha época. A conclusão é quase sempre a mesma (e olha que nem faz tanto tempo que frequentei o ensino básico e médio): "na minha época era diferente"

É estranho pensar que o ensino está piorando. Se nada for feito, a longo prazo teríamos que tipo de situação?
 
Eu gostaria de ter experiência de lecionar no Fundamental I e ver se o interesse dos pequenos é o mesmo dos maiores. Porque mais de 50% dos meus tem interesse zero em aprender qualquer coisa que seja que a escola pode oferecer. Inclusive leitura e operações matemáticas.

Nem de longe acho que o ensino público, de modo geral, seja bom, mas é um fato que o prazer por aprender está em processo de extinção. E não sei dizer onde está a culpa, em que etapa essas criaturas estão sendo estragadas.
 
Desde que a tal da aprovação foi automática foi colocada em prática os reflexos disso já se vê a algum tempo. Eu até já comentei aqui em outro tópico que há pouco tempo atrás eu fiquei bobo de ver uma pessoa candidata a uma vaga de estagiária na minha microempresa cometeu erros em questões de matemática simples pra quem ostentava formação de 2° grau completo em escola pública. Numa prova com questões todas dissertativas forçando a pessoa desenvolver os cálculos a pessoa simplesmente não soube calcular 15% de 230.
 
Eu gostaria de ter experiência de lecionar no Fundamental I e ver se o interesse dos pequenos é o mesmo dos maiores. Porque mais de 50% dos meus tem interesse zero em aprender qualquer coisa que seja que a escola pode oferecer. Inclusive leitura e operações matemáticas.

Nem de longe acho que o ensino público, de modo geral, seja bom, mas é um fato que o prazer por aprender está em processo de extinção. E não sei dizer onde está a culpa, em que etapa essas criaturas estão sendo estragadas.
Pois é, ta aí um problema que tende a ser esquecido em discussões como essa... Esse tipo de coisa foi bastante patente na escola onde fiz o colegial, que era uma escola destinada a filhos de funcionários de certo banco. Tinha em mãos professores muito bons, com ótima formação e que davam ótimos cursos de suas matérias, dando inclusive uma boa base para vestibulares... Só que os próprios alunos sabotavam o andamento do curso, por puro desinteresse mesmo. Dos poucos que resolveram estudar depois, gastaram anos de cursinhos com coisas que poderiam ter lidado, se não no todo ao menos em boa parte, nos três anos que gastaram lá. Se fosse dinheiro público seria um grande desperdício...

Em um primeiro momento eu pontuaria o problema no Fundamental II e especialmente I, que falharia em dar ao aluno as ferramentas necessárias para o aprendizado (bom domínio de línguas e da matemática), além de falhar em fazê-lo intuir a importância do estudo em sua vida. Mas acho que o problema é bem mais fundo, cultural mesmo... Se o estudo fica restrito só ao ambiente escolar, não encontrando-se também nos pais ou nos exemplos de vida do aluno, não são os professores, mesmo do Fundamental I, que mudarão os valores daquele aluno. E isso em seu cerne independe se é uma escola pública ou particular.

Daí cria-se esse cenário tosco que temos hoje, de boa parte dos estudos finais sendo mera encenação, pois é obrigatório e deve ocorrer, mesmo se o aluno não tem condições de recebê-lo, seja pela falta de ferramentas ou pela falta de interesse. O curioso é que essa encenação acaba estendendo-se para muitas faculdades, afinal hoje em dia, mesmo em cargos que não são de alto nível, é interessante (quando não obrigatório) o diploma superior, então o faz de conta repete-se no ensino superior - o sujeito não tem tanto interesse no que a faculdade oferece, também não tem as ferramentas necessárias para encará-la, então acaba pseudo-estudando. Muitos desses, aliás, serão pedagogos.
 
Aceitamos sugestões, de coração.

Para poder dar algum auxílio, teria que ter algum conhecimento do outro lado e de como uma escola funciona, mas na prática seria fazer as aulas ficarem mais interessantes, os professores fazerem uma aula chata ficar interessante, o objetivo seria esse, atrair os alunos, ter aulas práticas, ficar falando de animais e plantas durante um ano e não sair para vê-los etc.
 
Haran descreveu bem como funciona.

Eu também considero um problema cultural, em que mais e mais os pais (independentemente dos motivos, que são diversos, justificáveis ou não) deixam a educação geral do filho a cargo da escola e da vida. Sem exemplos além dos professores, que dentro desse ciclo vicioso são muitas vezes frustrados, não tem muito mesmo o que a criança possa aproveitar. Pior ainda é que o governo (federal, estadual ou municipal), tentando contornar o problema da pobreza e eventual falta de condições de se arcar com material escolar, instituiu que tudo será dado ao aluno, do lápis ao uniforme, passando pela mochila e a merenda. Eu não considero isso errado por si só. O problema é que hoje eles não dão valor pra nada do que é fornecido. E muitas vezes eu tendo a acreditar que é pela facilidade da coisa. Não precisaram de nada pra ganhar aquilo tudo, "ninguém pagou". Não existe consciência do que significa aprender e da importância de se dar valor às coisas. Muito triste isso.
 

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