Que coisa, o filme que mais gostei da temporada e não vim postar aqui depois que assisti.
Minhas expectativas foram completamente atendidas, e digo mais, superadas.
É um típico Trier, inclusive muito parecido com algumas produções de outros autores do Dogma 94. A primeira parte do filme, Justine, lembra muito o Festa de Família, do Thomas Vinterberg.
No geral, é um lindo filme sobre o fim do mundo. E, de um jeito que aprecio muito, a percepção subjetiva de um fim do mundo, sem o pânico generalizado dos grandes centros e cidadãos americanos comuns salvando o planeta, é possível investigar as particularidades, a psiqué dos personagens em uma situação extrema como o fim da vida na terra.
Os 10 minutos iniciais são LINDOS, de tirar o fôlego, a materialização do destino dos personagens, de seus medos, em cenas de câmera lenta esteticamente maravilhosas, oníricas, beirando o pesadelo. É o fim do mundo. 10 minutos, tempo de duração do prólogo de Tristão e Isolda, de Wagner, trilha sonora do longa.
Ver a Kristen Dunst tão bem no papel de uma melancólica que abraça o apocalipse - Life on earth is evil - me faz sentir um pouco de pena e um pouco de agradecimento pela Penélope Cruz ter desistido do papel para ir fazer Piratas do Caribe X.
Charlotte Gainsbourg também me emocionou, com sua fragilidade, seu apego à vida, sua tentativa de ritualizar até mesmo a morte, quando pede à Justine que suba ao terraço para uma taça de vinho e música enquanto esperam o fim. Justine recusa, Justine é Von Trier, melancólico, depressivo, que diz não à convenções, à segurança, que abraça o fim de forma romântica e vê no fim, finalmente, o sentido.
Achei foda, achei lindo, e foi um dos raros filmes que me abalou de alguma forma, que fez com que eu me demorasse sentada e estivesse pensando nele por dias e dias.