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Os Conflitos Familiares de Denethor e a Repetição da História

Gerbur Forja-Quente

Defensor do Povo de Durin
O looping da História: Denethor

Uma das passagens que mais gosto n’O Retorno do Rei é o relacionamento do Lorde Denethor e seu filho Faramir. Os filmes também capricharam para mostrar bem essa dinâmica dos dois. É interessante o momento em que Denethor manda Faramir retornar com seus poucos homens para reconquistar a cidade perdida de Osgiliath, pouco tempo depois que Faramir a perdeu para os orcs. A cidade é muito importante estrategicamente, pois ela é o último obstáculo que separa Mordor de Minas Tirith, mas para Denethor ela é ainda mais importante porque foi seu filho amado, Boromir, que a tinha conquistado dos orcs. Quando Boromir parte para Valfenda para decifrar um sonho enigmático, fica a encargo de Faramir defender a cidade, e ele a perde.

O diálogo de pai e filho nessa hora é extraordinário, no seu término, Faramir ousadamente questiona na frente de todos: “Você gostaria de nossos lugares tivessem sido trocados. Que eu tivesse morrido e Boromir vivesse?” e mais audaciosa ainda é a resposta que Denethor da a seu último filho: “Sim, realmente gostaria”.

Numa outra conversa, num Conselho, sobre as estratégias de guerra, Denethor alfineta: “Não entregarei o Rio e o Pelennor sem lutar – não se houver aqui um capitão com coragem de fazer a vontade de seu senhor.” Todos os capitães ficam em silêncio, pois a trata-se de uma missão impossível, sem a mais remota possibilidade de vitória. E com toda a classe de um nobre, Faramir diz: “Não me oponho à sua vontade, pai. Uma vez que Boromir lhe foi roubado, farei o que puder no lugar dele – se o senhor assim ordenar”. Denethor sumariamente responde: “Assim ordeno”. Faramir continua: “Então adeus, mas se eu retornar, faça melhor juízo de mim”. E Denethor termina a conversa: “Isso depende de como você vai retornar”, como quem diz: “morra se for preciso, mas não retorne derrotado”. Quando Faramir aceita a missão de reconquistar Osgiliath ele sabe que essa é uma missão perdida. Ele sabe que caminha para a morte certa, e como o pai prefere Boromir a ele, agora é sua vez de morrer. Esse é o peso desse diálogo.

É tão claro que a missão está destinada ao fracasso que todos na cidade sabem disso. O filme mostra essa cena brilhantemente, pois mostra as mulheres, irmãs e filhas dos soldados jogando flores por onde os soldados de Faramir estão passando, como quem vai visitar os entes queridos mortos no cemitério e deixa flores para eles. Está claro então, que toda a cidade sabe que aqueles soldados já são homens mortos.

Gandalf, tenta dar um último conselho desesperado a Faramir: “Não jogue fora sua vida temerariamente ou movido pela mágoa...seu pai o ama, Faramir, e ele se lembrará disso antes do fim”. Olha que bonito esse trecho: “Seu pai o ama.” Isso deveria confortar não é? Mas Gandalf é verdadeiro e ele continua a frase: “e ele se lembrará disso antes do fim”, ora, se Denethor vai se lembrar é porque já esqueceu, não é mesmo? Essa é uma fala consoladora, mas com o peso da verdade, como as falas do mago costumam ser, o que muitas vezes gera ressentimento a quem escuta e também alguns novos apelidos ao peregrino cinzento, como “corvo da tempestade”, que ele ganhou em Rohan.

Mas voltando a Denethor, porque será que esse velho é tão amargo? Tão terrível? A morte de um filho querido justifica condenar a morte o outro que ainda vive? Bem, fazendo um exercício que gosto muito, que é abrir o livro aleatoriamente e ler a página que abriu, penso que encontrei uma hipótese que justifique o temperamento do regente de Gondor no fim de sua vida. Pois cai na página 342 do Retorno do Rei. E esse trecho conta um pouco mais da vida de Denethor antes dele se tornar o regente.

Na época, o regente de Gondor era seu pai, Lorde Ecthelion, que já se preparava para a guerra contra Mordor encorajando todos os homens de valor a entrar para o exército, mas um deles se destacava dos demais, um homem que não tinha nome, nem passado, sabiam que ele tinha servido o Rei Thengel de Rohan, mas não era um dos rohirrim, ao homem misterioso, chamavam Thorongil, Águia da Estrela, por ser ágil e usar uma estrela sobre a capa. Espere. Um grande guerreiro que usa uma estrela? Onde já vimos isso? Aragorn. Sim, é o próprio e mais um de seus muitos nomes.

Ecthelion contava então com os conselhos de Thorongil e de seu filho, Denethor, que nas palavras do professor: “Denethor II era um homem orgulhoso, alto, valente, e mais majestoso que aparecera em Gondor por muitas vidas de homens; também era sábio, enxergava longe, além de ser versado nas tradições.” Percebemos então, que o regente Ecthelion estava bem servido, pois os grandes estavam ao seu lado. Mas qual a relação desses dois homens? Como o regente e o povo viam ambos? Tolkien continua: “De fato, [Denethor] era semelhante à Thorongil como se fosse um parente próximo, apesar disso sempre ficava em posição inferior ao estranho nos corações dos homens e na estima do pai”. A relação entre ambos era então de rivalidade, não por que Thorongil quis assim, mas porque Ecthelion e o povo comparavam ambos e Denethor perdia, levando-o a considerar Thorongil como um rival.

Outro fato importante que Tolkien ressalta é que, apesar dessa rivalidade velada, apenas em uma coisa ambos divergiam nos conselhos dado a Ecthelion: Thorongil aconselhava o regente a não depositar confiança no mago Saruman, mas preferir Gandalf. Denethor, por sua vez, não nutria muita amizade pelo peregrino cinzento: “Mais tarde... muitos acreditaram que Denethor, que tinha uma mente mais perspicaz e enxergava mais longe que os homens de seu tempo, descobrira quem na verdade era aquele forasteiro de nome Thorongil e suspeitara que ele e Mithrandir pretendiam suplantá-lo”.

Isso é muito interessante, pois não mostra Denethor como um velho amargurado e louco (como o filme pode sugerir), mas como uma pessoa que tinha pensamentos compatíveis aos pensamentos de Thorongil (Aragorn), à exceção de um. Isso nos mostra então um Denethor absolutamente do bem e inteligente. Além disso, ele já era conhecido por sua habilidade de “enxergar mais longe que os homens de seu tempo”, isso muito antes de usar o palantír. Dessa forma ele é definido com a principal característica do maior inimigo da Terra-Média: Sauron. Ora, se a Sombra e a maldade têm na figura de líder um Grande Olho que tudo vê no alto de sua torre, os Povos Livres podem contar também com Denethor que “enxerga” além de seu tempo também do alto de sua torre branca. Veja que é Denethor, e não Thorongil, que dessa forma, rivaliza com Sauron, o Inimigo do Mundo. Nessa época, antes da angústia e do desespero, ele é a esperança, se Sauron é o Olho do mal, Denethor enxerga pelo bem.

Voltando à linha do tempo: pouco antes da morte de Ecthelion, o misterioso guerreiro foi embora deixando para trás as homenagens que lhe eram devidas e desapareceu tão inesperadamente quanto surgiu tempos atrás.

Olhem que interessante: Denethor e Thorongil eram semelhantes “como parentes próximos” e, de certa forma, competiam pelo amor do “pai” Ecthelion. Eram então, como irmãos. Se formos pensar nessa dinâmica pelo lado psicológico, podemos supor que eles viviam uma rivalidade fraternal, eram como se fossem irmãos rivais. No final, Denethor vence, mas não por ser considerado o melhor e sim porque Thorongil desistiu de sua vitória e desapareceu, deixando para Denethor apenas os quatro últimos anos de vida do pai.

Quando Denethor assume a regência e se torna “o pai”, ele acaba, inconscientemente, repetindo a história de sua família original. Sua esposa, Finduilas, morreu cedo, ficando apenas o pai e os filhos (na sua família original sua mãe não é relatada, talvez também morrera cedo e a dinâmica da família gira entorno do relacionamento do pai e dos filhos, no caso Ecthelion [pai] e Denethor e Thorongil [irmãos]): Faramir e Boromir.

Pode-se pensar, que apesar da grande semelhança dos irmãos-rivais, na família original de Denethor, havia uma diferença entre eles que talvez pudessem definir melhor ambos aos olhos do “pai” Ecthelion: Denethor era o sábio, esse é o seu principal papel, enquanto Thorongil, apesar de ser também muito inteligente, pode ser melhor definido como o guerreiro, esse papel Thorongil assumiu e Denethor, não.

Na família posterior de Denethor encontramos a mesma conjuntura: Faramir é o sábio e Boromir é o guerreiro. Alguém pode dizer que Faramir também era guerreiro e lutou em batalhas e isso é verdade. Mas não é isso que o define. O papel de sábio lhe cai muito melhor, enquanto o papel de guerreiro cai bem melhor em Boromir. Quando Faramir encontra Frodo, Sam e Gollum, isso fica muito evidente. Faramir conversa atentamente com Frodo, mede suas palavras, lê seu coração e depois que obtêm muitas das respostas que queria pondera sobre qual caminho seguir, qual deve ser sua decisão.

O próprio Tolkien compara os irmãos e deixa claros os papéis de ambos, em suas palavras: “Boromir... assemelhava-se com o rei Eärnur de antigamente, recusando-se a casar e divertindo-se principalmente com armas, forte e destemido, preocupava-se pouco com estudos e tradição, exceto histórias antigas de batalhas. Faramir... tinha uma mente diferente. Decifrava o coração dos homens com a mesma perspicácia do pai... era um amante da tradição e da música; portanto, muitos naquela época o julgavam menos corajoso que o irmão... Acolheu Gandalf todas as vezes que este visitou a cidade, e aprendeu tudo o que pôde da sabedoria do mago; nesse e em muitos outros pontos desagradou o pai”.

Pode-se pensar que também havia uma rivalidade fraternal entre esses dois irmãos. Apesar de se darem bem, Faramir sentia que Boromir era mais amado, na competição pelo amor do pai, assim como Denethor (filho), ele sempre perdeu para o irmão.

Mas olhem que interessante: quem se parece mais com Denethor (pai) é Faramir e não Boromir. Faramir é o sábio, como Denethor sempre foi. Porque então Denethor preferia Boromir? Na minha opinião, porque Denethor repetiu sua própria história. O pai (Ecthelion) amava mais o filho guerreiro (Thorongil) em detrimento do filho sábio (Denethor). Exatamente por isso, o pai (Denethor) amou mais o filho guerreiro (Boromir) em detrimento do filho sábio (Faramir). Interessante, não? Os pais da fantasia, assim como os da realidade, muitas vezes acabam consumindo a si próprios e aos filhos em suas neuroses pessoais, sem jamais desconfiar do que de fato está ocorrendo. A História (como um todo, não a de Tolkien) nem sempre é criativa e acaba dando loopings, acaba se repetindo, mudam os nomes dos personagens, mas seus papéis, muitas vezes permanecem.

Espero que os corajosos que chegaram até o final do post tenham apreciado a leitura. Obrigado.
Obs: Os trechos citados foram retirados das páginas 76, 81, 342 e 343 d’O Retorno do Rei.
 
Muito bom o post Gerbur!
Pouco é falado da época de Thorongil, o que nos libera pra muitos devaneios.
Acho interessante a rivalidade que você citou. Lembrei-me de algo que é pouco citado nas obras, mas que podemos levar em consideração: a liberdade de Aragorn.
Diferentemente de Denethor, o guardião não tinha a obrigação de residir e defender Minas Tirith (não enquanto não chegasse o "momento certo"). Não que a vida do Passolargo fosse fácil, mas imaginem a dureza do cotidiano do regente? Defender e salvar o que resta de uma civilização em decadência!

Um dos trechos que mais gosto (além dessa passagem fantástica da conversa de Denethor e Faramir, que, não por acaso, fora retratada fielmente no filme) é a manifestação de Boromir no conselho de Elrond.
Não estou com o livro aqui, mas Boromir explicita a situação de Gondor - o último baluarte do Oeste contra o poder do Senhor do Escuro. Um escudo contra a inevitável onda negra que virá com a ambição de consumir à todos.

Mas olhem que interessante: quem se parece mais com Denethor (pai) é Faramir e não Boromir. Faramir é o sábio, como Denethor sempre foi. Porque então Denethor preferia Boromir? Na minha opinião, porque Denethor repetiu sua própria história. O pai (Ecthelion) amava mais o filho guerreiro (Thorongil) em detrimento do filho sábio (Denethor). Exatamente por isso, o pai (Denethor) amou mais o filho guerreiro (Boromir) em detrimento do filho sábio (Faramir). Interessante, não? Os pais da fantasia, assim como os da realidade, muitas vezes acabam consumindo a si próprios e aos filhos em suas neuroses pessoais, sem jamais desconfiar do que de fato está ocorrendo. A História (como um todo, não a de Tolkien) nem sempre é criativa e acaba dando loopings, acaba se repetindo, mudam os nomes dos personagens, mas seus papéis, muitas vezes permanecem.

Eu vejo essa preferência pelo primogênito ligado a admiração que o próprio Denethor possuía por Thorongil, nas qualidades que aquele não possuía (valor em batalha).
Boromir era o que o regente poderia ter sido, era o que Ecthelion apreciava, e Denethor invejava.

Enquanto Thorongil liderava os exércitos e ganhava renome na boca do povo, quais não foram os sentimentos que acometeram Denethor, sentado numa sala de conselhos?
 
Tópico e post ótimos, Gerbur!

Sempre achei a relação entre os três muito interessante, mas nunca tinha pensado que poderia ser um reflexo da juventude de Denethor. E se encaixa, faz sentido. O que não entendo bem é: Por que Denethor prefere Boromir, sendo que era mais parecido com Faramir. Sabendo que fora "rejeitado" pelo Pai em detrimento a um guerreiro, por que então preferir outro guerreiro ao invés de apoiar o filho sábio, o filho com seu perfil? Será que ele vê Borormir com o filho que ELE gostaria de ter sido? :think:
 
Tópico e post ótimos, Gerbur!

Sempre achei a relação entre os três muito interessante, mas nunca tinha pensado que poderia ser um reflexo da juventude de Denethor. E se encaixa, faz sentido. O que não entendo bem é: Por que Denethor prefere Boromir, sendo que era mais parecido com Faramir. Sabendo que fora "rejeitado" pelo Pai em detrimento a um guerreiro, por que então preferir outro guerreiro ao invés de apoiar o filho sábio, o filho com seu perfil? Será que ele vê Borormir com o filho que ELE gostaria de ter sido? :think:

eu acho que é exatamente isso, ele não queria um filho que fosse igual ao que ele foi, ele queria um filho que fosse igual ao que ele queria ter sido
 
:clap: Sinto falta do Gerbur ultimamente exatamente por esses tópicos excelentes em vez das velhas repetições. E é interessante mesmo: nunca parei pra pensar nesse paralelismo entre a juventude de Denethor II e a rivalidade que ele mesmo sofreu sendo projetada sobre seus dois filhos.
 
Eu vejo essa preferência pelo primogênito ligado a admiração que o próprio Denethor possuía por Thorongil, nas qualidades que aquele não possuía (valor em batalha).
Boromir era o que o regente poderia ter sido, era o que Ecthelion apreciava, e Denethor invejava.
Essa falsa ideia de que Denethor não possuia valor em batalha é coisa da imagem passada pelo filme. Tolkien deixa isso claro no livro e o pai de Denethor dava mais valor aos conselhos de Thorongil por que eram os mais sábios e não por que o filho não era bom guerreiro.
 
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Tópico de dia dos pais. :)

O sangue numenoriano em Denethor tinha tendência a atrair o destino e repetir o passado. Assim como ocorreu com Tar Palantir o regente seria o último lampejo antes do desafio final pois se o sucessor de Tar Palantiri lavrou o destino de Númenor (Ar Pharazon), o sucessor de Denethor lavraria o destino de Gondor (Aragorn). E da mesma maneira o destino era tão pesado que novamente o papel encarnado pelo governante não sobreviveu, da mesma maneira que Sauron costumava destruir outros grandes homens antes de ser derrotado.

O dom de clarividência dele podia inclusive mostrar esse final futuro sombrio e o enloquecia de dúvidas porque Gandalf e Sauron advinhavam que um final perigoso rondava muito próximo de Denethor.

Mas ocorre de as pessoas buscarem nas outras pessoas aquilo que não carregam com elas e foi assim com Denethor foi movido mais pela vulnerabilidade ao escolher depositar esperança em Boromir.

O Boromir idealizado de Denethor não podia salvar Gondor (ele quase levou o anel para lá) e para piorar a tarefa de reconhecer um próximo regente era diferente daquela de reconhecer o próximo rei. Se o destino estava em busca de alguém mais poderoso militarmente como ocorreu na sucessão de Tar Palantir por Ar Pharazon então realmente escolher entre os da própria casa não seria suficiente (como não foi).

Os dois filhos também representam os dois lados da sabedoria. A sabedoria recebida como herança e a sabedoria que é intuída e buscada. Denethor dispensava uma parte de si diferente ao filho Boromir que nunca teve uma parte de seus sentimentos preenchida e completamente amadurecida. Boromir vagava tanto pelo mundo porque também queria procurar sabedoria (que Denethor não estimulava dentro de suas paredes). Me pergunto até que ponto ele estimulou esses vícios de conduta com temor daquilo que o futuro lhe mostrava, pois desde o passado com Thorongil é isso que se vê, que ele tinha um grande temor do futuro, o bastante para sentir rivalidade interior do amor dado a outro, procurar alívio da insegurança futura no Palantir e colocar sua vontade apenas no futuro e não mais no presente.

Denethor esqueceu de Faramir porque não estava mais com a mente no tempo presente e o comando do mundo residia nas 3 esferas (passado, presente e futuro). Desde muito cedo os filhos vão sendo empurrados mais em virtude de profecias e do futuro do reino que em função de uma atenção paterna real uma idealização e ilusão alimentada por uma campanha forte de falsidade ideológica da parte de Sauron em que havia ainda sintomas de depressão, estresse extremo, insônia, solidão, uma série de problemas psicológicos associados com perda de memória e transtorno de atenção e humor.

Ainda assim foi um homem brilhante e um exemplar que há muito tempo não aparecia entre os homens e se Gondor tivesse governantes como ele sempre então Sauron talvez tivesse que procurar outra base para instalar na terra média.
 
Thorongil, mesmo que sem intenção, acabou despertando uma certa inveja em Denethor pois, além das qualidades de guerreiro que demonstrou em batalhas, igualmente era tão ou mais sábio do que o próprio Echtelion, como bem frisou Anwel.

E Gondor no período de regência de Denethor foi nefasto, o crescente avanço dos Nazgûl de Minas Morgul e de Mordor exigiam um pulso firma e uma resposta imediata a qualquer ofensiva do Leste. E Boromir, por ser um grande guerreiro que era admirado de Dol Amroth a Rohan, fez com que Faramir fosse cada vez mais preterido no coração do pai. A prudência deste era vista como fraqueza e hesitação, mesmo que ele tenha obtido vitórias significativas e Ithilien. E tanto para Denethor quanto para Faramir, a reconquista de Osgiliath tinha um duplo significado: ou mostraria o real valor do filho caçula ou, no mínimo, uma morte honrada em combate.
 
Essa falsa ideia de que Denethor não possuia valor em batalha é coisa da imagem passada pelo filme. Tolkien deixa isso claro no livro e o pai de Denethor dava mais valor aos conselhos de Thorongil por que eram os mais sábios e não por que o filho não era bom guerreiro.

Mesmo? Não lembrava disso.
Que parte que Tolkien deixa claro que Denethor tinha habilidade em batalha?

Sempre o imaginei como estrategista e conselheiro somente.
 
Mesmo? Não lembrava disso.
Que parte que Tolkien deixa claro que Denethor tinha habilidade em batalha?

Sempre o imaginei como estrategista e conselheiro somente.
Além de ser um sábio ele é descrito como um homem de extrema valentia nos "Anais dos reis e Governantes" com uma nobreza apenas inferior a de Aragorn e no cerco de Gondor ele deixa claro que ainda pode brandir uma espada. E é de se esperar que todo Regente fosse hábil em Batalha, como se pode ver em Faramir e Boromir, herdeiros de Denethor.
 
Além de ser um sábio ele é descrito como um homem de extrema valentia nos "Anais dos reis e Governantes" com uma nobreza apenas inferior a de Aragorn e no cerco de Gondor ele deixa claro que ainda pode brandir uma espada. E é de se esperar que todo Regente fosse hábil em Batalha, como se pode ver em Faramir e Boromir, herdeiros de Denethor.

Então é uma suposição.
Mas faz sentido, ele deve ter tido o melhor treinamento na infância e etc.
Mas ainda o enxergo como alguém longe das batalhas devido a ausência de informações.
Se ouvesse ocorrido alguma grande atuação de Denethor, com certeza ele mesmo ou outro cidadão iria lembra-la no livro.
 
Vejo também que esta foi a fragilidade explorada por Sauron, quando do uso do Palanthir por Denethor. As suposições de Denethor sobre os planos de Gandalf e Aragorn de suplanta-lo, a suspeita do apoio de Faramir a esta conspiração, o reflexo do seu potencial não desenvolvido em Boromir e também uma leve amargura ao ver que Faramir parecia-se tanto com Denethor que fazia o pai lembrar-se deste passado que o amargurava tanto.
 
Gente, antes de mais nada, quero agradecer pelos elogios e agradecimentos de todos, muito obigado, valeu, valeu!

Sabem outra coisa que estava pensando sobre esse looping na vida de Denethor...

Olhem que interessante: se conhecer Thorongil foi importante para que Denethor se tornasse o homem que foi enquanto Regente de Gondor e Pai de Boromir e Faramir, então, de uma forma involuntária e trágica, Thorongil foi a ruína de Denethor. Será que sem o guerreiro Thorongil, Ecthelion teria amado mais seu filho Denethor e ele se seus pontos falhos desapareceriam quase por completo? Talvez.

Só que sem Thorongil, os Corsários de Umbar estariam muito mais fortes e numerosos na Guerra do Anel e isso poderia ser decisivo na Batalha de Minas Tirith e para a Demanda como um todo, mas de uma forma negativa aos Povos Livres.

Outra coisa: Penso que é na época de Thorongil que Aragorn deveria retornar como Rei de Gondor. Ecthelion o amava, aceitaria de bom grado o retorno do rei, o povo de Gondor o amava também, depois que ele derrotou Umbar grandes homenagens o esperavam em Gondor, ele que não quis ir dizendo que muitos perigos deveriam passar anes dele retornar a Minas Tirith, se esse fosse seu destino. Então Aragorn deveria aproveitar o retorno a Gondor como o vitorioso Thorongil e esclarecer sua realeza. Porque será que ele não fez isso? Talvez por amor a Denethor, como um irmão ama o outro e se sacrifica um pelo outro? Será que quando Thorongil abdica de sua realeza em Gondor isso acontece por ele de alguma forma não querer prejudicar Denethor ou tornar sua vida ainda mais miserável? Pois Denethor já não era o "filho" mais amado do pai e agora também não seria mais o supremo governante de Gondor se o rei retornasse.

Essa atitude de abdicação de Thorongil também deve ter sido um grande chute no saco de Elrond, imaginam? O Meio-Elfo contente com o herdeiro de Isildur lutando em Gondor e aos poucos retornando para seu lugar de direito quando de repente, do nada, Thorongil resolve deixar Gondor e a realeza para trilhar o caminho do guardião, do ranger. Elrond deve ter ficado "p" da vida com isso, como um pai que sonha com o filho em se tornar médico e no último ano de faculdade o filho larga tudo para ir jogar futebol no seu time de infância. Talvez por isso, quando Arwen escolhe uma vida mortal ao lado de Passolargo, Elrond se mostra categórico: "Meu filho, aproximam-se os anos em que a esperança vai desaparecer... talvez assim tenha sido prescrito, que por minha perda o poder dos reis dos homens possa ser restaurado. Portanto, embora o ame, digo-lhe isso: Arwen Undómiel não diminuirá a dádiva de sua vida por uma causa menor. Ela não será a noiva de ninguém que não seja o rei de Gondor e de Arnor."

Interessante essas idas e vindas da história né? Como as histórias indivuais de cada personagem esbarra nas histórias individuais das outras personagens e um muda a história do outro, como ocorre no mundo real. Imagine como tudo seria tão diferente se você deixasse de conhecer alguma pessoa importante na vida, voce deixaria de ser quem é. Como o guerreiro Thorongil que escolheu deixar de ser rei para ser o guardião Passolargo (talvez por um amor fraterno a Denethor) e como Denethor que no auge de sua sabedoria acabou enlouquecendo e deixando de ser um pai melhor (que poderia ter sido) para Faramir (talvez por inveja do "irmão" Thorongil e pelo fato de seu pai Ecthelion amar mais guerreiro).
 
Acredito que, na época em que Aragorn atuou como capitão das forças de Echtelion, ele ainda não estava preparado para assumir o trono de Gondor e não sei ao certo se o Regente aceitaria de bom grado o retorno do Rei. Mesmo sendo amável, Echtelion talvez mudasse de postura em relação a Thorongil; poderia se sentir enganado e traído e acusá-lo de tentar usurpar o trono passando-se por um falso herdeiro. Afinal, estamos falando de uma antiqüíssima lenda sobre o retorno do herdeiro de Isildur com mais de mil anos.

E mesmo que ele provasse sua ascendência, quais seriam as implicâncias futuras para o surgimento precoce de um descendente daquele que roubou o Anel Governante ao invés de destruí-lo? O povo aceitaria sua reinvidicação? E Saruman? Ficaria contente com seu surgimento ou tramaria um estratagema para atraí-lo até Orthanc no intuito de arrancar-lhe o segredo da localização do Um? Lembrem-se de que naquela época, o Mago Branco já estava na caça do Anel. E Sauron? Ficaria quieto em Mordor ou triplicaria a força de seus ataques à Gondor?

Como podem notar, uma decisão desta magnitude teria grande impacto sobre o destino da T-m.
 
Sempre gostei muito da história e das relações entre os três! A idéia de que a história deles era uma repetição da juventude de Denethor nunca tinha passado pela minha cabeça, apesar de conhecer um pouco sobre seu relacionamento com Ecthelion.

Penso que, talvez por algo que Freud explicaria melhor que eu, Denethor quisesse compensar a sua "incapacidade" de ser amado pelo pai seguindo o exemplo dele, ou, ainda, portando-se da maneira que o pai consideraria mais correta, como se fosse para mostrar que ele podia agir como Ecthelion? Não sei muito bem onde isso se encaixa, mas talvez isso fosse a repetição de uma atitude que ele esperaria que consertasse os 'erros' dele naquele momento da sua vida.
 
Neithan disse:
Sempre achei a relação entre os três muito interessante, mas nunca tinha pensado que poderia ser um reflexo da juventude de Denethor. E se encaixa, faz sentido. O que não entendo bem é: Por que Denethor prefere Boromir, sendo que era mais parecido com Faramir. Sabendo que fora "rejeitado" pelo Pai em detrimento a um guerreiro, por que então preferir outro guerreiro ao invés de apoiar o filho sábio, o filho com seu perfil? Será que ele vê Borormir com o filho que ELE gostaria de ter sido?
Gerbur-Forja-Quente disse:
O próprio Tolkien compara os irmãos e deixa claros os papéis de ambos, em suas palavras: “Boromir... assemelhava-se com o rei Eärnur de antigamente, recusando-se a casar e divertindo-se principalmente com armas, forte e destemido, preocupava-se pouco com estudos e tradição, exceto histórias antigas de batalhas. Faramir... tinha uma mente diferente. Decifrava o coração dos homens com a mesma perspicácia do pai... era um amante da tradição e da música; portanto, muitos naquela época o julgavam menos corajoso que o irmão... Acolheu Gandalf todas as vezes que este visitou a cidade, e aprendeu tudo o que pôde da sabedoria do mago; nesse e em muitos outros pontos desagradou o pai”.
Na minha opnião a grande diferença de Faramir e Denethor era que Faramir não possuía algo que Denethor tinha: a ambição. Faramir não tem dificuldades para aceitar o retorno do rei, como Denethor aparentemente tinha, pois não ambicionava a coroa, muito provavelmente porque não era primogênito, como Denethor e Boromir eram. Isso é crucial, pois tanto Denethor como Boromir foram criados com o objetivo de tornarem-se regentes de Gondor, e Faramir foi criado para servir o regente, seja seu pai ou seu irmão. Por isso Faramir era mais ligado ao "bem" na história da Terra-Média, ele não tinha motivos para não gostar de Gandalf, e muito aprendeu com ele.

Essa, para mim, era a diferença crucial de Denethor e Boromir para Faramir: os primeiros foram formados para reinar, e tinham muito da ambição dos homens, que, na mitologia tolkieniana é sempre a causa da queda dos filhos mais novos de Ilúvatar; o segundo era mais amante da sabedoria, das artes e das belezas do mundo, não para usá-las como ferrementas de poder, mas pelo puro prazer de apreciá-las.
 
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