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Um Filme Sérvio (Srpski Film, 2010)

Ana Lovejoy

Administrador
Alguém já assistiu? Tem toda uma polêmica em torno do filme, gostei muito desse texto do Villaça que compartilho aqui com vocês:

Um Filme Sérvio e os ditadores do bom gosto
by Pablo Villaça 4. agosto 2011 21:50

Eu não gosto de Um Filme Sérvio.

Não, permitam que eu reescreva esta frase: eu detesto Um Filme Sérvio. Trata-se de uma abominação cinematográfica. Seu roteiro é patético como suas "ideias"; sua direção é de uma incompetência que rivaliza apenas com a estupidez de sua trilha sonora; sua montagem é tão pedestre quanto sua fotografia. Como longa-metragem, esta imbecilidade escrita e dirigida por Srdjan Spasojevic mereceria ir parar no lixo da História do Cinema, sendo esquecido e ignorado por todos que amam esta Arte.

Assim, é com imensa frustração (e até mesmo um pouco de raiva) que me vejo na obrigação de defendê-lo. Gastar tempo, palavras e espaço com uma porcaria como Um Filme Sérvio é algo que me irrita profundamente - principalmente quando há tantas obras merecedoras destes mesmos tempo, palavras e espaço sendo ignoradas pelo público. Infelizmente, porém, o longa de Spasojevic tornou-se símbolo de uma discussão fundamental graças à estupidez de alguns legisladores e políticos, que, na tentativa de ditar o gosto alheio, acabaram oferecendo uma maravilhosa campanha publicitária - e gratuita - para a produção.

A esta altura, todos já conhecem a polêmica: prestes a ser exibido no RioFan, Um Filme Sérvio foi barrado pela Caixa Econômica, patrocinadora do evento e do espaço de exibição, que justificou sua atitude através de um release que concluía: "... a arte deve ter o limite da imaginação do artista, porém nem todo produto criativo cabe de forma irrestrita em qualquer suporte ou lugar".

Foi uma atitude tola? Desnecessária? Impensada? Sem dúvida alguma - e manifestei esta posição no twitter assim que recebi o email enviado pela assessoria da Caixa. Dito isso, a instituição estava apenas exercendo seu direito ao cancelar a exibição. Como patrocinadora do evento, é natural que se preocupe com o tipo de conteúdo que irá apoiar direta ou indiretamente - e, no seu lugar, eu também teria receios de associar a marca a uma obra tão estúpida. Ainda assim, a análise do conteúdo do RioFan e a discussão com os organizadores/curadores deveria ter ocorrido antes do agendamento da sessão, não depois que todo o programa já havia sido divulgado, indicando uma tremenda falta de organização por parte do departamento de marketing cultural da Caixa.

No entanto, a coisa ganhou outra proporção quando uma liminar impetrada pelo DEM (este bastião da honra na política brasileira que chegou a mudar de nome para se distanciar da história que construiu como PFL e, antes disso, como Arena e UDN) barrou a exibição de Um Filme Sérvio no Odeon e em circuito nacional, associando-se à ação do procurador mineiro Fernando Martins que, ao impedir que o longa fosse submetido à classificação indicativa, conseguiu garantir na prática que a produção não chegasse aos cinemas.

E é aí que a discussão fica realmente interessante.

As justificativas do DEM e do procurador? De modo geral, a "imoralidade" e a "falta de gosto" de Um Filme Sérvio, bem como o excesso de violência presente na narrativa e os atos sexuais "degradantes" envolvendo necrofilia, incesto e até mesmo o estupro de um recém-nascido.

Eles estão certos quanto a isso. Um Filme Sérvio realmente é - ao meu ver (e ressalto isto para voltar à questão mais adiante) - uma produção de mau gosto. E, sim, a violência do longa soa gratuita, tendo claramente o propósito único de chocar em vez de construir uma narrativa que use estes abusos físicos/sexuais como forma de dizer algo (aqui e ali o diretor tenta estabelecer um paralelo entre os acontecimentos na tela e a história política e de guerras da Sérvia, mas estas tentativas são claramente cínicas, buscando fingir uma preocupação temática-social que simplesmente inexiste no roteiro). Assim, não posso discordar daqueles que encaram Um Filme Sérvio como um esforço baixo, repugnante e desnecessário.

O que eu não posso fazer, contudo, é usar estas minhas impressões para impedir que você assista ao filme e tire suas próprias conclusões. Pois, vejam só, quando eu digo que o longa é de extremo "mau gosto" ao meu ver, estou deixando subentendido que outras pessoas poderão enxergar nele uma relevância que para mim inexiste. Além disso, meu gosto não é universal (longe disso) - e certamente haverá alguém que se encantará com a abordagem de Spasojevic.

E esta seria uma discussão puramente subjetiva, não legal. A Constituição e o Código Civil não estabelecem critérios para o que seria "bom gosto" - e nem poderiam. Assim, é extremamente preocupante quando a desembargadora Gilda Maria Dias Carrapatoso mantém a proibição do filme ao alegar que "não se pode admitir que, em nome da liberdade de expressão, cenas de extrema violência física e moral, inclusive utilizando recém-natos, sejam levadas ao grande público, vez que podem provocar reações adversas, às vezes, em cadeia, em pessoas sem equilíbrio emocional e psíquico adequado para suportar tais evidências de desumanidade". (Aliás, desembargadora, "espectadores" é com "s", não "x".)

Ora, de imediato levanto algumas questões:

1) "Não se pode admitir que, em nome da liberdade de expressão, cenas de extrema violência sejam levadas ao grande público"? Como assim? Como ela pode tentar conciliar ideias como "liberdade de expressão" e "não se pode admitir"? Ou temos liberdade de expressão ou não - e os limites desta devem ser ditados pela Lei, não por impressões pessoais e subjetivas sobre os efeitos da representação da violência na tela. E não se iludam: são impressões pessoais e subjetivas. Além disso, como isto não se aplicou a, digamos, O Albergue, Turistas, Encarnação do Demônio e tantos outros projetos similares? A Lei não pode ter pesos e medidas diferentes.

2) Se formos barrar tudo que pode provocar "reações adversas" em "pessoas sem equilíbrio emocional e psíquico adequado", peço que incluam na fila obras como Impacto Profundo, Clube da Luta e Os Smurfs, porque sempre haverá pessoas que se deixarão afetar por algo que, para o resto da humanidade, é absolutamente inócuo. Da mesma forma, dizer que Um Filme Sérvio "estimula a pedofilia" é um argumento de assombrosa estupidez - ou devemos acreditar que há quem assista ao filme e pense: "Taí, gostei! Vou estuprar um recém-nascido!"? Além disso, se as autoridades quiserem bancar as babás de toda a população, protegendo-as daquilo que julgam "perturbador", já podemos prever que todo o poder judiciário entrará em colapso com a sobrecarga infinita de trabalho - e eu mesmo entrarei com uma liminar que barre no Brasil toda a filmografia de Rob Schneider.

Mas em toda esta briga há um único argumento levantado por defensores da censura prévia que merece alguma - mas não muita - discussão: trata-se do Estatuto da Criança e do Adolescente, que, em seu artigo 241, estabelece ser proibido:

"Simular a participação de criança ou adolescente em cena de sexo explícito ou pornográfica por meio de adulteração, montagem ou modificação de fotografia, vídeo ou qualquer outra forma de representação visual." Neste caso, quem comercializar este produto também estará sujeito às penas previstas.

Um Filme Sérvio, a rigor, faz isso? Sim, faz. Mas aí a questão é de interpretação da lei. Em primeiro lugar, ela foi concebida para proteger jovens da exploração sexual - e claramente tinha como intenção coibir a pedofilia e o mercado sexual envolvendo crianças. Ora, Um Filme Sérvio é claramente um filme de ficção (o bebê "estuprado" no longa é um boneco óbvio, sendo impossível confundi-lo com um recém-nascido de carne e osso): assim, quando assistimos à produção, não há dúvida alguma de que o que estamos vendo não é real - justamente o efeito oposto do que buscam os canalhas que produzem vídeos pornográficos de pedofilia para comercialização entre criminosos sexuais. Usar uma lei criada para proteger crianças de crimes reais com o objetivo de barrar uma obra de ficção é uma atitude não só desonesta e irresponsável, mas também imoral, já que leva ao risco de que a lei seja revisada e enfraquecida, tornando-a inócua para coibir perigos reais, não imaginários.

Além disso, novamente há a questão dos pesos e medidas diferentes: por que Baixio das Bestas não foi igualmente barrado? Ou Lolita? Beleza Americana? Festa de Família? Sobre Meninos e Lobos? Dúvida? A Promessa? South Park? A única diferença entre estes e Um Filme Sérvio é, mais uma vez, o "bom" e o "mau" gosto, não a interpretação da Lei em si, que poderia se aplicar a todos eles em maior ou menor grau. E repito o mais importante: em nenhum deles, incluindo o trabalho de Spasojevic, acreditamos por um segundo sequer que uma criança foi realmente submetida à exploração sexual - e impedir isto é a alma do artigo 241.

A conclusão é que, se alguns casos são ignorados pela justiça e outros combatidos, isto passa a não ter nada a ver com a Lei, mas sim com Política - e a Lei jamais pode ser seletiva, por qualquer motivo que seja. Ou alguém duvida (como bem apontou meu amigo Pedro Olivotto, responsável pelo Belas Artes de BH) que a história seria completamente diferente caso Um Filme Sérvio estivesse sendo distribuído pela Fox Films do Rio em vez da Petrini Filmes do Maranhão?

Toda esta polêmica, por fim, me lembra de alguns dos belos discursos feitos pelo personagem de Edward Norton em O Povo Contra Larry Flynt - vários dos quais são reproduções na íntegra das defesas apresentadas pelo advogado de Flynt, Alan L. Isaacman, em julgamentos ao longo dos anos:

"Estamos discutindo uma questão de gosto, não de Lei. E é inútil discutir gosto - muito menos nos tribunais. (...) Na verdade, tudo o que esta discussão faz é permitir a punição de discursos impopulares (...) - e estes são vitais para a saúde da nação. Não estou tentando convencê-los de que deveriam gostar do que Larry Flynt faz (ou, no caso, de Um Filme Sérvio). Eu não gosto do que ele faz. Mas o que eu gosto é de viver num país onde você e eu podemos tomar esta decisão por nós mesmos. Eu gosto de viver num país no qual eu possa pegar a revista Hustler, lê-la se quiser ou atirá-la no lixo se acho que é ali é seu lugar. Ou não comprá-la. Gosto de ter esse direito, me importo com ele.

E vocês deveriam se importar com ele também, porque vivemos num país livre. Dizemos muito isso, mas às vezes nos esquecemos do que significa. Vivemos num país livre. Esta é uma ideia poderosa, é um jeito maravilhoso de se viver. Mas há um preço para esta liberdade, que é, às vezes, termos que tolerar coisas das quais não gostamos necessariamente. Então vocês devem pensar se querem tomar esta decisão por todos nós. Se começarmos a cercar com paredes aquilo que alguns de nós julgam como sendo obsceno, acordaremos um dia e perceberemos que surgiram paredes em lugares que jamais esperaríamos que surgissem. E aí não poderemos ver ou fazer nada. E isto não é liberdade".

É exatamente assim que me sinto. Eu abomino Um Filme Sérvio. Mas defenderei até o fim o seu direito de vê-lo, de ignorá-lo, de atacá-lo ou de considerá-lo "imoral".

Mas jamais de proibi-lo.

Eu sinceramente não tenho o menor interesse em assistir (meu limite de filmes de gosto duvidoso foi atingido com Human Centipede), mas acho realmente preocupante que disfarçado de proteção tenha gente mexendo os pauzinhos para no final das contas censurar um filme. Concordo com tudo que o Villaça disse: quero ter o direito de ESCOLHER ver ou não o filme, não quero que alguns poucos decidam o que eu posso ou não.
 
Só concordo com o Villaça quanto a essa censura sem sentido, é ridiculo proibir qualquer filme seja o motivo que for, ainda mais pelos motivos toscos que deram.
Quanto ao primeiro parágrafo, falo justamente o oposto, a direção, a trilha sonora, o roteiro, é tudo impecável! A Serbian Film não é apenas um filme interessante mas um filme bem feito; é sim bem pesado por causa do tema, e é natural muitos não gostarem de ver certas cenas, mas me entristece ver o Pablo misturando análise técnica com gosto pessoal...

ps: Human Centipede sim é bem desnecessário.
 
A Serbian Film terá censura 18 anos no Brasil

A polêmica de A Serbian Film, comentada no OmeleTV #137, teve um novo capítulo hoje. Depois de dias de espera, o Ministério da Justiça determinou a classificação indicativa do filme: "não recomendado para menores de 18 anos, por conter sexo, pedofilia, violência e crueldade", diz o texto oficial.

O terror extremo de Srdjan Spasojevic, sobre um ator pornô aposentado que volta à ativa ao receber uma proposta milionária, já havia sido exibido no Brasil em festivais como o Fantaspoa, em Porto Alegre, e o Festival Lume de Cinema, em São Luís, quando teve sua exibição suspensa no RioFan, no Rio de Janeiro, a pedido da Caixa Econômica Federal, patrocinadora do evento.

Diante da suspensão, a distribuidora Petrini Filmes decidiu marcar uma pré-estreia de A Serbian Film no Cine Odeon carioca no dia 23 de julho, mas foi notificada judicialmente no dia 22 com uma liminar que proibia a exibição, assinada pela juíza Jatahy Nygaard, a partir de um pedido do partido DEM, sub a justificativa de que o filme faz apologia à pedofilia. Segundo comunicado da Petrini Filmes, os representates do DEM, seu advogado e a juíza não assistiram ao filme nem requisitaram uma cópia antes de mover a ação.

Embora o longa continue proibido no Rio de Janeiro, a Petrini lançará A Serbian Film no circuito comercial de outros estados, com o subtítulo Terror sem Limites, no dia 26 de agosto - para isso dependia, como acontece com qualquer estreia comercial no país, da classificação indicativa do ministério.

No comunicado, o Ministério da Justiça diz que a decisão demorou a sair porque a Procuradoria da República em Minas Gerais pedira a suspensão da análise, por suposto desacordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente. Ao fixar a censura 18 anos, o ministério diz que um parecer de sua consultoria jurídica definiu que a sua obrigação é apenas determinar a classificação etária.

"Por se tratar de atividade de caráter meramente informativo, a classificação indicativa não se traduz em autorização ou permissão para a exibição dos filmes (...) O Ministério da Justiça não possui competência para proibir a veiculação de filmes. Essa proibição só pode acontecer por decisão judicial", diz o texto do ministério.

Fonte: Omelete
 
Tô falando sério, se querem censurar por acharem ofensivo ou coisa do tipo deve ser bom.

Já censuraram, com desculpas esfarrapadas, mas por ser pesado demais, o que de fato é, porém não é isso que faz o filme ser bom e sim os outros aspectos, apesar do tema trazer interesse e curiosidade, o filme se mantém independente das cenas chocantes...
 
a partir de um pedido do partido DEM, sub a justificativa de que o filme faz apologia à pedofilia.

Mas isso de apologia é ridiculo, não importa o que seja mostrado no filme, por acaso proibiram The Dark Knight por fazer apologia ao terrorismo? Ou vão proibir Os Vingadores por fazer apologia à formação de quadrilha? Fala sério, não entendo pq implicam com filmes pesados, quem não gosta de cenas fortes não vai ver, não existe motivo para censurar nada...
 
Última edição:
Vou contar uma cena pra quem for curioso:
O cara leva uma grávida para um quarto e faz o parto, assim que o bebê sai do útero ele já começa a fazer sexo com a criança

Mas isso de apologia é ridiculo, não importa o que seja mostrado no filme, por acaso proibiram The Dark Knight por fazer apologia ao terrorismo? Ou vão proibir Os Vingadores por fazer apologia à formação de quadrilha? Fala sério, não entendo pq implicam com filmes pesados, quem não gosta de cenas fortes não vai ver, não existe motivo para censurar nada...

Essa cena é um pouco pesada não? Mas quero assistir assim mesmo.
 
Eu ouvi falar e nem devo assistir.
Eu gosto de filmes mas meu estomago vai até um certo limite. E eu não gosto de testá-lo tanto.

Mas concordo no absurdo da censura.
Aliás, eu achava que a criação da classificação etária se deu justamente pra pararem com essa babaquice de censura. Coloca pra maiores de 18 ou 21 e fim de papo. Cada um é adulto pra saber se quer assistir ou não. Como eu fiz e muitos fizeram diferente de mim.
 
É o tipo de filme que estaria destinado a ser cultuado por alguns poucos, detestado por outros tantos e ignorado pela imensa maioria, se não fosse por essa péssima censura.

Ouvi falar de A Serbian Film ano passado, via um tweet do @ebertchicago, e confesso que tive uma mórbida curiosidade em assistí-lo, algo que provavelmente nunca faria (como com Holocausto Canibal), se não fosse por toda essa polêmica envolvendo a exibição do filme no Brasil.

Bem, vi o filme e posso dizer que fiquei tenso o tempo todo, esperando pelas tais cenas extremas de que já havia lido a respeito, mas no final quase não fui afetado pelo filme. Ou eu estava "preparado" demais para assistí-lo ou o filme realmente é ineficaz, embora mostre ou sugira coisas extremamente grotescas. Tendo a crer na segunda opção, já que Salò, Irreversível ou mesmo Vase de Noces têm momentos perturbadores e o conhecimento prévio não os afetou.

Acho que o maior problema, para mim, é que o filme pareceu vazio, se havia uma metáfora para a situação na Sérvia, não foi o suficiente para justificar os acontecimentos do filme. O primeiro Jogos Mortais, por exemplo, era uma produção bem tosca, mas a ideia era interessante. Em Um Filme Sérvio, as cenas chocantes têm pouco apelo dramático (a do recém-nascido é patética), porque não consegui engulir a premissa da história.

Filmes como Seven, Audition, Requiém para um Sonho ou mesmo O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante têm momentos muitos mais tensos e marcantes, mas que não parecem unicamente feitos para chocar.
 
Já censuraram, com desculpas esfarrapadas, mas por ser pesado demais, o que de fato é, porém não é isso que faz o filme ser bom e sim os outros aspectos, apesar do tema trazer interesse e curiosidade, o filme se mantém independente das cenas chocantes...

Então por que o diretor optou por colocar essas cenas?

A censura é um troço perigoso. Por definição sempre fui contra a censura, mas ultimamente tenho refletido um pouco mais sobre o assunto. A violência tem me chocado demais. Nunca me incomodei com esse tipo de filme, simplesmente me reservei o direito de não assisti-los, mas a violência causada pelos "outros" não escolhe vitimas tornando todos na minha família candidatos. Minha dúvida é se essa enxurrada de filmes "chocantes" não tem contribuído para a multiplicação dos "outros"?
 
Mas Shamm, a "censura" desses filmes seria mesmo a saída? Porque o que eu vejo nisso é um filme que provavelmente seria ignorado ganhar toda uma aura de de "filme que deve ser visto como resposta aqueles que vão contra a liberdade e yadda yadda yadda". A diferença nos anos 90 é que só se falava desse tipo de filme. Hoje em dia todo mundo pode baixar e assistir. A censura por si só (ou o que aconteceu com esse filme) é um tiro que sai pela culatra: ao tentar "nos proteger" desse tipo de filme, eles fazem com que um monte de gente que não daria nem bola para ele procurem na internet para baixar. Ou seja, propaganda de graça.
 
Defendendo o filme, as cenas chocantes e pesadas fazem parte do tema, afinal ele fala sobre snuff movies, não tem como o filme não apresentar esses tipos de cenas...
Não é algo feito para atrair o público que gosta de grotesco, é um filme como qualquer outro, tem um roteiro interessante, eu pessoalmente curti a trilha sonora que deu um bom ritmo para as sequencias, a direção foi eficaz, mostrou o que deveria mostrar e da forma que deveria mostrar, os cenários e o clima denso me fez sentir como se estivesse assistindo a produção de um snuff movie de verdade, é uma ótima obra que todos aqueles que aguentam assistir deveriam assistir...
 
Eu baixei esse filme a um tempo atrás, não vi todo pq não deu...
Sou fraco pra esse tipo de filme, mais tem gente que gosta...
 
e o clima denso me fez sentir como se estivesse assistindo a produção de um snuff movie de verdade

eu vou dar minha opinião pessoal sobre esse tipo de filme a partir do que vc falou, ok? não estou te criticando, mas criticando a estrutura do filme em si.

eu acredito que então chega num ponto que aí já é doentio quem quer se sentir como que vendo um snuff movie de verdade, né. uma coisa é horror, catarse e o diabo a quatro. agora ver filme em que outra pessoa é sabidamente assassinada na frente das câmeras? ou querer emular essa sensaçao? valha-me.

aliás, não tenho a menor paciência com filme de terror que se baseia no sadismo do antagonista. não gosto de filmes como o albergue, acho que a franquia jogos mortais só tem um filme que preste (o primeiro, que se sustentou na surpresa do desfecho) e por aí vai. e não é questão de "aguentar". sou fã de horror, vi uma mulher vomitando as próprias tripas em um filme do lucio fulci e isso não fez com que eu não gostasse do filme. a questão é que conforme algumas cenas são colocadas num filme, elas parecem sem propósito algum além de mostrar outra pessoa sofrendo. aí vc diz que um filme sérvio se aproxima de um snuff movie, a primeira coisa que eu penso é que é exatamente um desses casos, já que snuff movies são filmes feitos justamente para pessoas que querem ver outras sendo assassinadas (sofrendo).

enfim, esse eu não vejo, não. mas continuo achando que toda a polêmica sobre a "censura" algo absurdo que pode abrir precedentes para outros filmes (imagina se tivessem feito isso com O Clube da Luta?) mas que no final das contas não vai fazer com que ninguém deixe de assistir se quiser fazê-lo, vide o post do adriel acima.
 
eu vou dar minha opinião pessoal sobre esse tipo de filme a partir do que vc falou, ok? não estou te criticando, mas criticando a estrutura do filme em si.

eu acredito que então chega num ponto que aí já é doentio quem quer se sentir como que vendo um snuff movie de verdade, né. uma coisa é horror, catarse e o diabo a quatro. agora ver filme em que outra pessoa é sabidamente assassinada na frente das câmeras? ou querer emular essa sensaçao? valha-me.
Eu entendi, mas a situação não é querer se sentir vendo um snuff movie de verdade, é que o tema do filme é esse, então ter essa sensação é boa, se ficasse com um ar falso então o filme seria uma droga...
Acho normal cenas sádicas em alguns filmes porque geralmente estes filmes falam sobre pessoas sádicas, Irreversível como já foi citado, eu achei genial, porém algumas pessoas o veem como desnecessário, principalmente a cena de estupro, mas pra mim tudo foi genial, desde essa cena de estupro até a criatividade de contar a história de tráz pra frente.
Jogos Mortais 1 foi excepcional, eu fico triste ao ver que suas sequencias se importaram apenas em lucrar fazendo vários e vários filmes, sem foco algum na história, só com as mortes cada vez mais gore...
É uma questão de gosto, eu não sou um maniaco por terror gore, pelo contrário, tenho esperanças que o terror volte a dar medo de verdade, o que aconteceu com Insidious e La Casa Muda, mas nem todo filme com cenas pesadas (ou até doentias) é um filme apelão e sem conteúdo, eu adorei O Albergue, e não pelas torturas mas pela história, e aquele ótimo final.
A Serbian Film tem um tema pesado, acho que julgar ele simplesmente pelas cenas fortes ou esperar que tais cenas te choquem é tirar o foco daonde o filme quer te levar, é impossivel um filme sobre viagem no tempo não ter ninguém viajando no tempo, então não tem como imaginar A Serbian Film sendo feito de alguma outra forma, mais leve...
 

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