Fiquei bem feliz com o resultado!
Obrigado aos meus amigos da defesa, acho que fizemos um bom trabalho. Não perfeito, mas ficou legal. Eu soube que seria "defensor" antes de saber quem seria defendido. Achava que seria logo um dos vilões das histórias, tipo Melkor mesmo, e quando vi que era o Túrin, percebi que seria muito complicado, porque apesar de ele ser um dos "heróis", é um cara que sempre desperta ódio ou admiração do pessoal.
Eu confesso que eu sempre fui do grupo dos "não fãs" do Túrin. Confesso mesmo, agora que acabou o julgamento vou ser honesto com relação a algumas coisas. O Húrin, pai do Túrin, é um dos meus personagens preferidos de Tolkien, digamos que é o meu personagem preferido entre todos os "guerreiros" - enquanto Tom Bombadil é o preferido entre os demais
. Gosto do Húrin por ser um lutador feroz, o maior de todos, que Melkor fez questão de arrastá-lo vivo até seu quintal. Mas Húrin escarneceu do Demônio cara a cara. Tem como não ser fã?
O Túrin tem como defeito justamente ser impulsivo, explosivo, arrogante e orgulhoso. São defeitos sérios que me faziam ser antipático a ele. Agora que eu fui ser "advogado" do Túrin, tentei reler a história dele de uma forma mais compreensiva, e eu acho que consegui. Uma forma muito forte de ver é como realmente, apesar de ser muito ruim, ser orgulhoso e arrogante não é crime. Da mesma forma que errar por errar não é necessariamente crime. Pode ser repreensível, pode ter consequências ruins, mas nem sempre é um crime.
Mas está errado. Túrin era o chefe do bando, e responsável pelas ações dos seus comandado, em maior ou menor grau.
Na hora de defender, nós tínhamos que desqualificar isso totalmente. Mas na vida real isso tem peso, é inegável. Eu acho que a acusação exagerou um pouco nessa parte, simplesmente ser o líder não condena de imediato - como disse o Ramalokion -, depende das circunstâncias.
Mas independentemente disso, totalmente, existe uma questão que eu acho
fundamental, e que realmente tem que ser lembrada: eles viviam em estado de guerra constante. Infelizmente, em situações extremas assim, um detalhe pode ser a diferença entre viver e morrer. Ainda bem que ninguém do fórum passou por algo assim, mas a gente consegue imaginar a partir de filmes e livros: em situações tão extremas, tem horas que prudência é primeiro atacar, depois ver quem é, infelizmente. Não sei, sinceramente, se alguém pode ser condenado por atirar em um vulto, à noite, na Beleriand da Primeira Era. Poderia ser um anão? Poderia, como era, mas a chance de ser um orc era muito maior. Era questão de sobrevivência mesmo.
Além disso, agora que liberou a discussão: a Dagor Dagorath não tem uma versão final acabada, então temos só o esboço velhão. Claro que é provável que muito seria alterado se fosse reescrito depois do SdA, mas o principal do texto, nessa discussão sobre o Túrin, é mostrar o tamanhão de importância que Tolkien dava a ele. O papel era realmente central, e o carinho que ele tinha pelo personagem era imenso. Independentemente de ele ser quem mata Melkor ou não, só de isso ter sido cogitado já mostra como era um personagem importante e realmente querido pelo autor.
Apesar disto, eu sempre vi ele como um fraco. No meu delírio, considero Sam Gamgi mais forte que Túrin, pois o hobbit foi em direção ao fogo de Mordor para ajudar Frodo em sua missão e não decaiu.
Não é importante o quanto de poder que você tem, mas sim o que você faz com ele.
Sem contar as pessoas que sofreram, por Túrin não ter tido forças para enfrentar o mal. Não me esqueço de Finduilas, gritando por Túrin, quando era levada cativa de Nagorthrond...
Cara, eu acho o Túrin orgulhoso, arrogante e teimoso, muito teimoso. Como eu falei lá, isso me irritou demais logo que li o Silma pela primeira vez. Ainda irrita um pouco, na verdade. Mas "fraco" definitivamente ele não era, pelo menos não na minha concepção de fraco. Pelo contrário, ele parece mais perto da definição de "forte" (deve perder só pro pai e pra alguns outros).
Finduilas foi morta pelos orcs, qual culpa ele teve? Ele foi altamente imprudente em sugerir uma ponte. Nargothrond só sobreviveu tanto tempo por que era oculta, e além disso um Vala foi lá e deu a dica: "derrubem isso já!". Túrin foi teimoso e até burro por continuar defendendo o indefensável (o que não é crime, teimosia é teimosia, não é crime). Quem foi mal mesmo nessa, quem foi o "fraco" da história é o Oredreth, elfo apagadão, que devia ouvir os realmente sábios nas questões que mereciam ponderação, e não os guerreiros. Túrin fazia guerra, então tinha que ser ouvido na guerra; os sábios tinham que ser ouvidos nas questões que mereciam reflexão e pensamento a longo prazo.
Entretanto eu não consideraria a palavra de Orodreth como plenamente lúcida depois de ele ter sido exilado de Aman. É muito possível que Orodreth estivesse sendo afetado pelo destino que havia escolhido e disso não teria como escapar (como realmente aconteceu).
Olha, isso aí é opinião pessoal. Não lembro de nada sobre o Oredreth ser doido ou ter as faculdades mentais alteradas. E ele era tão exilado quanto quase todos em Nargothrond, porque ali era um refúgio de Noldor, em regra, todos fugidos e exilados de Aman.
No caso do Túrin tudo isso é balela, o que importa MESMO e a defesa nem falou foi que os proscritos não tinham "regras" a seguir. Eles eram "foras da lei", ams de que leis? O qu era "fora da lei"? Pra um assaltante de banco e seu bando agir fora da lei seria pegar uma parte maior do butim. Pra um time de futebol, ser "fora da lei" é o jogador que divulgasse fatos internos da equipe...
Nessa até eu, como defensor, vou discordar. Existe um consenso, independentemente de lei escrita e formalizada, do que "é errado".
Via de regra, roubar é errado e condenável. Em situações excepcionais, roubar é tolerado, como em estado de necessidade. A gente tentou colocar isso, que realmente eles não tinham de onde tirar comida, e nesses casos, até no nosso mundo real mesmo, roubar é tolerável, e ninguém é condenado se provar que o furto era pra subsistência.
Mas tem mais coisas envolvidas ali na historinha do Túrin, realmente. =P