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Ateísmo e satisfação social

Kainof

Sr. Raposo
Usuário Premium
O sociólogo estadunidense Phil Zuckerman passou 14 meses na Escandinávia estudando a relação existente entre sociedades com baixos indíces de religiosidade e desenvolvimento humano e social, como ocorre em países como Dinamarca e Suécia. Na sua pesquisa, Zuckerman entrevistou 149 pessoas de diversos níveis sociais. Os resultados são expostos no livro "Society Without God – What the Least Religious Nations Can Tell Us About Contentment" [Sociedade sem Deus – O que as nações menos religiosas podem nos dizer a respeito da satisfação].

O Instituto Humanitas Unisinos (IHU), setor da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (no RS) realizou uma entrevista com o sociólogo para a sua página na internet.

IHU On-Line – Em que sentido a falta de religião está ligada à satisfação das sociedades da Dinamarca e da Suécia?

Phil Zuckerman – A Dinamarca está no topo de todas as pesquisas
internacionais que se referem à felicidade. A Suécia também está bem lá em cima. Os dinamarqueses e os suecos parecem ser pessoas razoavelmente satisfeitas. Isso está ligado à falta de religião deles? É difícil dizê-lo. É ainda mais difícil prová-lo. Eu não acho que uma falta de religião, por si só, faça com que os dinamarqueses e os suecos se sintam felizes ou satisfeitos. Pelo contrário, nós só temos que notar que a falta de religião ou a falta de uma conexão forte com Deus parece não levar ao desespero, à depressão, à tristeza ou à apatia. Em outras palavras, a falta de uma fé forte não causa necessariamente a felicidade, mas também não é uma barreira ou um impedimento.

IHU On-Line
– Você não concorda que, de certa forma, essas sociedades alcançaram esse bem-estar social por um substrato cristão de raízes antiqüíssimas? O inconsciente coletivo cristão que acompanhou o desenvolvimento dessas sociedades não teve importância nesse sentido?

Phil Zuckerman – Definitivamente. Não se questiona que certos valores cristãos, ao longo dos séculos, ajudaram a dar forma a esses estados de bem-estar social. Não se questiona que os ensinamentos de Lutero tiveram o seu papel, assim como a visão religiosa de Grundtvig. Entretanto, devemos ser cuidadosos por diversas razões. Primeiro, aqueles que construíram o estado de bem-estar social tendiam a ser democratas sociais seculares, que eram, muitas vezes, anti-religiosos. Não foram os dinamarqueses e suecos fortemente religiosos que construíram o estado de bem-estar social. Então, parece um pouco injusto dar muito crédito ao cristianismo, quando foram os dinamarqueses e suecos seculares que verdadeiramente criaram as nações modernas e prósperas da Dinamarca e da Suécia que nós hoje admiramos.

IHU On-Line – Em uma sociedade religiosa, os valores humanos estão baseados em uma concepção que vai além do próprio humano, chegando a Deus. Em que estão baseados os valores humanos em uma sociedade irreligiosa?

Phil Zuckerman – Simples: no valor fundamental da vida humana. Os dinamarqueses e os suecos têm um respeito muito forte pela dignidade humana. Eles criaram sociedades com as menores taxas de pobreza do mundo, as menores taxas de crimes violentos do mundo e o melhor sistema de educação e de saúde do mundo. Eles fizeram isso não como uma tentativa de agradar ou alcançar Deus, mas porque vêem um valor manifesto na vida humana e acreditam que o sofrimento é um mal em e além de si mesmo. Não é necessário acreditar em Deus para acreditar na justiça. De fato, se poderia argumentar que aqueles que acreditam fortemente em Deus podem ser mais indiferentes e assumir que “tudo está nas mãos de Deus”, enquanto que os seculares sabem que a possibilidade de construir uma vida e um mundo melhores está nas mãos deles e apenas deles. Então, os dinamarqueses e os suecos contaram apenas com o seu próprio esforço – não com orações a Deus.
Entrevista na íntegra: http://www.unisinos.br/ihu/index.php?option=com_entrevistas&Itemid=29&task=entrevista&id=18992


O que vocês pensam disso? Realmente há relação plausível, ou é só coincidência?
 
1808 não é um grande livro, mas há uma observação interessante nele.
Na época Portugal era o país mais atrasado da Europa, mais sujo e com pior saúde. Era também o país mais religioso.

Marx (não estou defendendo as idéias dele, só analisando uma de suas frases mais famosas) tinha toda a razão ao dizer que religião é o ópio do povo.

É tentador nos momentos de crise pessoal deixar a responsabilidade de nossas vidas nas mãos do líder da comunidade religiosa. Se o padre ou pastor ou rabino ou o líder mulçumano diz que é pecado isso ou que é certo aquilo, é muito fácil dizer que sim. Ele sabe, eu apenas obedeço.

Na medida que um povo se estrutura assim, seu inconsciente coletivo tenderá a abrir mão de lutar seus próprios bons combates, e seu desenvolvimento coletivo vai ser prejudicado.

Além disso, religiões tende a serem repressoras. A insatisfação interior vai se acumulando. Religiões insuflam o medo de inferno, pecado, condenação. E o medo é uma coisa cruel.

Não estou querendo dizer que uma pessoa não possa ter uma crença e que fé seja inimiga da razão, mas no momento que a religião se torna uma forma de dizer para o humano não ir a luta pelo que ele quer, de forçá-lo a se conformar, a ter dez filhos se não pode sustentar nem um, a não viver sua sexualidade plenamente e com responsabilidade, a dar o pouco que ganha na mão dos ditos enviados de deus, a não aceitar que outros tenham crenças diferentes e que só ele e o grupo dele estão "salvos", aí sim, a religião é um veneno pra alma. E infelizmente é o que mais se vê.

Mas há uma outra coisa interessante na matéria. Zuckerman deixa claro que, para ele, não é ausência de religião que é o grande responsável pela evolução dessas sociedades. Mas o respeito humano. Respeitar os outros e ter noção da própria dignidade são, no meu ponto de vista, o alicerce de uma sociedade mais feliz.
 
Creio que a Fernanda já expressou muitas das minhas convicções com o post acima. Mas só para acrescentar, apesar de acreditar que a religião em si não ajude um país e a sociedade que vive nele ter mais satisfação social, se a religião ajudasse tanto creio que países com altos índices de religiosidade como o México e mesmo o Brasil teriam altos níveis de satisfação social, a qual seria reflexo de boa educação e uma distribuição de renda mais justa (se bem que andei lendo por aí que o brasileiro é um povo que se considera realizado... é, vai entender). Apesar disso penso que a crença e a fé sejam essenciais em uma sociedade, e o que quero dizer com isso não é que devemos ir a missa/culto e acreditar em todo o sermão de domingo do padre/pastor. E isso não exclui a crença em um ser superior (independente de como ele é chamado/ou não por você). A crença e a fé vai mais além, acho que é bem como a Fernanda colocou:

Não estou querendo dizer que uma pessoa não possa ter uma crença e que fé seja inimiga da razão, mas no momento que a religião se torna uma forma de dizer para o humano não ir a luta pelo que ele quer, de forçá-lo a se conformar, a ter dez filhos se não pode sustentar nem um, a não viver sua sexualidade plenamente e com responsabilidade, a dar o pouco que ganha na mão dos ditos enviados de deus, a não aceitar que outros tenham crenças diferentes e que só ele e o grupo dele estão "salvos", aí sim, a religião é um veneno pra alma. E infelizmente é o que mais se vê.

Acho que o mais importante é crer e ter fé na humanidade, é acreditar que talvez no futuro mais sociedade possam dizer terem satisfação social.

Qaunto a religião, enquanto a mesma for utilizada como desculpa para aliciar pensamentos em massa não creio que será de muita ajuda para caminharmos neste sentido... parafraseando um certo autor (é não me recordo quem...)

Não devemos dar o peixe e sim ensinar a pescar, neste caso pouco adianta falar que basta apenas orar que o peixe estará lá... na mesa a sua espera. Reze, ore, mas pesque também!:yep:
 
Japao é um pais com alto nivel de satisfaçao social e altamente religioso, a suecia e a dinamarca eram paises muito religiosos alguns séculos atras, essa religiao proporcionou para sorte deles educação e a educação leva ao ateismo.

149 pessoas NAO pode ser considerado um numero de contrle rasoavel para nenhuma pasquisa cientifica desse porte.
 
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149 pessoas NAO pode ser considerado um numero de contrle rasoavel para nenhuma pasquisa cientifica desse porte.

:yep: Concordo...,porém,faz algum sentido...não adianta reclamar e reclamar e achar que um simples pedido em oração resolverá tudo. Mas comparar a religiosidade do Japãocom a de qualquer outro pais é um erro,porque,a filosofia de vida deles é bem outra :roll:.
 
nao estou entrando no merito de qual religiao é melhor... so estou dizendo q o japao é um pais religioso e com altos niveis de satisfaçao. Se o xintoismo é uma religiao q proporciona isso é outra historia.
 
Também acho que não existe uma relação direta entre religiosidade e felicidade. Mas o importante nisso tudo é notar que, ao contrário do que algumas pessoas religiososas dizem, ateus não são sempre pessoas tristes, sem sentido na vida, infelizes, frustradas etc etc.
 
Eu acho que não existe grande relação. Mas a Fernanda disse bem, com toda a razãoo, que, por sua vez, Marx tinha razão ao afirmar que a religião era o ópio do povo.
 
Eu acho que não é a ausência ou presença de religião que vai proporcionar desenvolvimento ou atraso a uma nação. Existem muito mais coisas por trás disso.

Porém, eu acho que o fanatismo religioso (seja que religião for) pode atrapalhar o desenvolvimento. Muitas pessoas acabam sendo manipuladas e eu não acho que isso seja certo. É preciso ter um certo limite, principalmente quanto a quais princípios você irá seguir e de que forma e grau, sendo importante refletir em como isso pode atrapalhar a sua vida.

Particularmente, não concordo com muitas coisas que a Igreja prega, como quando o papa disse que "curar gays é tão importante quanto o ambientalismo". Eu acho que isso só aumenta o preconceito com os homossexuais, considerando que a religião católica/cristã ainda tem um grande poder, mesmo nos dias de hoje. Mas esse é só um dos exemplos. Além disso, existem outras religiões, como o Islamismo, que pregam idéias tão absurdas quanto a anterior.

Mas a Fernanda disse bem, com toda a razão, que, por sua vez, Marx tinha razão ao afirmar que a religião era o ópio do povo. [2]
 
Última edição:
Japão, um país com alto índice de satisfação social? Se isso quer dizer "felicidade"... Em nenhuma das pesquisas que eu vi o Japão estava muito bem classificado. E, que eu saiba, a maior parte dos japoneses diz ser sincrético entre o Budismo e o Xintoísmo, mas eles não são tão religiosos assim não. A maioria é de "não-praticantes", mais ou menos como ocorre com os católicos aqui.

De toda forma, vale lembrar que esses indicadores de felicidade, variando-se o critério, jamais produziram resultados coesos. Dificuldade para se obter amostragem da população dos diversos países, a forma como as perguntas são feitas e o peso dos critérios pessoal, social, econômico e ambiental é capaz de mudar absolutamente os resultados da pesquisa.

Quanto à entrevista em si, eu concordo com a maioria dos pontos dela. Não acho necessário que alguém seja religioso e ore todos os dias para ser feliz, nem que a religião ajude ou atrapalhe. Uma boa parte da sociedade ainda defende esse argumento, mas acho que com a renovação das gerações o mesmo vai se enfraquecer.

E, de toda forma, felicidade é um conceito muito relativo, e não concordo com definições absolutas do termo.
 
Eu não acredito sériamente em nada do que foi, é, ou será dito aqui, alí ou acolá, por vocês ou por qualquer outra pessoa.

E estou muito satisfeito com isso. ^_^

By Raphael S
 
Creio que seja mais ou menos assim:
Uma pessoa religiosa acredita que deus proverá tudo o que ela precisa, e se ela sofre na terra, será recopensada com satisfação eterna no céu. Assim ela acaba se conformando com a situação em que está. Este conformismo traz insatisfação porque ela não luta por seus objetivos, não corre atrás da sua felicidade, e fica presa.
Um Ateu acredita que se não fizer acontecer, não vai acontecer. Se ele não depende de deus pra nada, vai à luta e consegue o que quer sozinho. Essa sensação da vitória conquistada e do objetivo alcançado lhe traz satisfação.
Mas isso não é uma regra, é claro. Depende da consciência e do entendimento de cada um. Se uma sociedade consegue entender isso, a satisfação será muito maior.
Infelizmente a maioria não consegue.

Ah, considerem também que esses países como a Suécia possuem os maiores índices de suicídio do mundo.
 
Sobre o Japão , parece haver uma confusão
Acho que o que o Logan quis dizer é que o Japão é um dos paises com melhor qualidade de vida.
De fato, se dermos uma olhada nos top-10 em IDH
1- Islândia
2- Noruega
3- Canadá
4- Australia
5- Irlanda
6- Holanda
7- Suécia
8- Japão
9- Luxemburgo
10- Suiça
fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_Human_Development_Index

Agora, os cinco países considerados os mais "seguros" do mundo
1-Noruega
2-Nova Zelandia
3-Dinamarca
4-Irlanda
5-Japão
http://www.associatedcontent.com/article/463793/top_5_safest_countries_in_the_world.html?cat=16

O Japão também conta com uma das maiores espectativas de vida no mundo.
Acho melhor discutirmos em torno de Índice de Desenvolvimento Humano e não de "Satisfação pessoal" ou "Felicidade" que são um tanto subjetivos.

O budismo é uma das religiões predominantes no Japão, e numerosas seitas budistas tem como caracteristica o ateísmo. O xintoismo não tem dogmas, não exitem um kami considerado "o mais sagrado de todos"; ele consiste principalmente de rituais tradicionais . Se um japonês respeita e mantém essas tradições, significa necessariamente que ele acredita que o mundo foi criado conforme descrito na mitologia?

Alguns videos sobre ateísmo no youtube citam o Japão como um país no qual 65% da população é atéia. Eu dei uma olhada o google e outros sites estimam o ateísmo no Japão como por volta de 65% mesmo
http://www.adherents.com/largecom/com_atheist.html
http://www.kirainet.com/english/the-least-religious-countries/

Ok, a maioria dos japoneses é atéia. No entanto, como as religiões japonesas não tem um conceito de "Deus" parecido com o das religiões ocidentais, pode ser que os esses japoneses não acreditem em Deus pela mesma razão que a maioria dos brasileiros não acredita nos kami.

Este segundo link é interessante porque ele coloca "não religiosos" e "ateus" no gráfico. Então fica claro que a maioria dos japoneses é tanto atéia quanto não-religiosa.

E é claro, embora eu tenha usado as estatisticas para falar sobre o Japão, quem der uma olhada nelas vai notar que de fato os países escandinavos tem alta porcentagem de ateus/não-religiosos na população, são seguros e tem qualidade de vida elevada.

Eu gostaria de chamar a atenção para a Irlanda. Ela figura no IDH top-10 e no "safety" top-5, mas tentem encontrar a Irlanda nos dois links acima =p
 

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