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O Caso das Traduções de O Senhor dos Anéis em Língua Portuguesa

Administração Valinor

Administrador
Colaborador
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O artigo a seguir foi apresentado em um conjunto de comunica&ccedil;&otilde;es integradas sob o t&iacute;tulo
<em>&quot;Interpreta&ccedil;&atilde;o: modos de dizer, modos de fazer&quot;</em>, em conjunto com Maria
Paula Frota, Helena Martins e Ana Paula El-Jaick, no XII Congresso da
Assel-Rio: <em>&ldquo;Linguagens: modos de dizer, modos de fazer&rdquo;</em>, Rio de
Janeiro, 17 de novembro de 2003. Resumo publicado no Livro de Resumos e
Programa&ccedil;&atilde;o, p. 109. A autora gentilmente permitiu a reprodu&ccedil;&atilde;o integral do artigo na Valinor.
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Última edição por um moderador:
Texto excelente e inquietante.

Muito interessante as várias abordagens teóricas que podem ser feitas sobre um texto. Colocando mais uma vez a questão do texto em si em contraponto com o texto interpretado.

Sobre a pesquisa, gostaria de vê-la feita em um universo de leitores que não fossem fãs declarados. Mais do que fãs de Tolkien, são fãs da tradução que primeiro tiveram contato.

O que me deixou profundamente entristecido foi ler mais uma vez que a tradução brasileira (Martins Fontes) foi simplificada de propósito. Optaram por uma tradução de qualidade inferior para atingir um mercado mais amplo e ganharem mais dinheiro. A grande babaquice nessa história é que Tolkien é "best seller" no original e também seria numa tradução de melhor qualidade, não haveria necessidade de simplificações, mas a intenção da editora era sugar até o último centavo. Agiram de maneira oportunista no embalo dos filmes e a escolha dos tradutores (sem qualquer crítica a eles aqui) foi apenas mais uma dos joguetes de mercado.
 
No entanto, como dá pra ver pelo outro texto sobre a tradução da Artenova, muita gente prefere mesmo uma leitura "facilitada": foi só o Deriel mostrar um ou dois exemplos do que foi feito naquela edição que já surgiram pessoas dizendo que era a "melhor" e "muito boa": algumas de fato leram a versão, mas outras nem isso.

Interessante é que ora as pessoas metem o pau na tradução da MF por ter sido facilitada, ora elogiam "as que vieram antes" (ponto bem levantando no texto deste tópico, aliás), mesmo que essas que vieram antes sejam ainda mais facilitadas.

Coerência pra que, né? Esse tipo de postura não ajuda em nada qualquer eventual abordagem para uma possível tradução do SdA. Depois reclamam das atitudes de editoras como a própria MF, que acha que o leitor médio é burro e precisa ter o texto mastigado. E será que realmente é mentira?

No fim, saem prejudicados aqueles que queriam apenas uma tradução decente, que seguisse de fato pelo menos o espírito da obra original (coisa que ainda não aconteceu plenamente: isto é, tanto na tradução dos nomes como na reprodução do estilo) - e nesse ponto aqui eu discordo das afirmações de fãs apontadas no texto, de que as que vieram antes da MF mantém esse "espírito". O fato de a tradução da Europa-América parecer mais rebuscada em grande parte deve-se ao próprio português europeu da edição, e não a uma fidelidade maior ao estilo do Tolkien; sem mencionar que essa edição é notória por não traduzir os nomes e, quando traduz, geralmente é para algo diferente dos seus verdadeiros significados, o que é duplamente prejudicial. E a da Artenova é uma lambança de qualquer forma, por mais que pareça "pitoresca" à primeira-vista, como os outros textos do Deriel certamente mostrarão.
 
Última edição:
Como eu disse em outra mensagem, avaliar a qualidade da tradução Artenova será complicado pois ela é bastante desigual e eu estou terminando o volume 2 de 6. A "qualidade" sofre um abalo sério neste volume com algumas traduções menos do que inspiradas - sempre se levando em conta que eles não usaram o Guide to the Names - e uma sensação de pressa. Não sei o que os demais volumes me reservam, mas vou até o final =]

Boa parte desse apreço pelas traduções antigas é simples nostalgia como a que temos por aqueles seriados japoneses terríveis como Jaspion, mas que adoramos por causa do período de nossas vidas em que os assistimos.
 
foi só o Deriel mostrar um ou dois exemplos do que foi feito naquela edição que já surgiram pessoas dizendo que era a "melhor" e "muito boa": algumas de fato leram a versão, mas outras nem isso.
Sem dúvida o Deriel, você, Tillion, e alguns outros por aqui, são formadores de opinião. Combinem um dia e escrevam uma tremenda batatada, um afirmando a posição do outro: a Valinor em peso assinará embaixo. Eu incluído nisso, apesar da minha maior diversão ser contra argumentar e em algumas vezes eu também funcionar, em escala bem menor do que vocês, como formador de opinião.

No fim, saem prejudicados aqueles que queriam apenas uma tradução decente, que seguisse de fato pelo menos o espírito da obra original (coisa que ainda não aconteceu plenamente
Sendo que não faltava nem capacidade nem vontade ao corpo de tradutores da MF, isso é o que me chateia.

E a da Artenova é uma lambança de qualquer forma, por mais que pareça "pitoresca" à primeira-vista, como os outros textos do Deriel certamente mostrarão.
Boa parte desse apreço pelas traduções antigas é simples nostalgia como a que temos por aqueles seriados japoneses terríveis como Jaspion, mas que adoramos por causa do período de nossas vidas em que os assistimos.
É, meu apreço pela edição Artenova é justamente a nostalgia, li aos onze anos de idade esta versão e até meus 16 anos eu me divertia com ela e com o MERP. Mas sei que tanto a edição artenova quanto o MERP estão cheios de inadequações às obras originais.
 
Sem dúvida o Deriel, você, Tillion, e alguns outros por aqui, são formadores de opinião. Combinem um dia e escrevam uma tremenda batatada, um afirmando a posição do outro: a Valinor em peso assinará embaixo. Eu incluído nisso, apesar da minha maior diversão ser contra argumentar e em algumas vezes eu também funcionar, em escala bem menor do que vocês, como formador de opinião.

Talvez uma hora, quem sabe, já que seria preciso cotejar cada tradução ao mesmo tempo para traçar as incongruências e acertos. Mas isso demanda um tempo do cão do qual pelo menos eu não disponho no momento pra ser feito "at will", infelizmente. Mas que seria interessante fazer isso, sem dúvida seria. :D

Sendo que não faltava nem capacidade nem vontade ao corpo de tradutores da MF, isso é o que me chateia.

Esse é um dos pontos mais tristes realmente, em particular porque há 99,99% de chance de tudo isso ter sido mera decisão editoral, ordem vinda "de cima", e não dos próprios tradutores. Mesmo que tivessem mantido um estilo narrativo mais parecido com o de Tolkien, os editores certamente vetariam e devolveriam o texto aos tradutores para ser "arrumado" (isso se realmente já não foi feito).
 
do meu ponto de vista, vejo que a tardução realmente se distância do original, mas com todos os livro é assim. E, posso dizer porque vivo isso, é muito dificil pra alguns ler o original por n motivos, então são obrigados a ficar com a tradução
é dificil fazer uma tradução cem por cento fiel, mas seria bom se fosse possivel
 
Ninguém quer uma tradução 100% fiel: primeiro porque é impossível e, segundo, se é pra ficar "100% fiel", é só ir direto no original. Se a língua é um problema, é outra história.

A questão é não seguirem (de qualquer forma que seja) algo que é fundamental nos textos de Tolkien: sua linguagem e estilo. Isso influencia muito todo o teor das obras e o próprio significado delas. Alguns livros podem ser traduzidos sem muita preocupação com isso sem grandes perdas, mas esses definitivamente não é o caso com as obras de Tolkien, que primava pela construção lingüística.
 
Ninguém quer uma tradução 100% fiel: primeiro porque é impossível e, segundo, se é pra ficar "100% fiel", é só ir direto no original. Se a língua é um problema, é outra história.

A questão é não seguirem (de qualquer forma que seja) algo que é fundamental nos textos de Tolkien: sua linguagem e estilo. Isso influencia muito todo o teor das obras e o próprio significado delas. Alguns livros podem ser traduzidos sem muita preocupação com isso sem grandes perdas, mas esses definitivamente não é o caso com as obras de Tolkien, que primava pela construção lingüística.

impossivel é, claro, nada vai ser cem por cento...
mas pelo o menos o maximo possivel, porque eu quero ter a possibilidade de ler algo tão bom quanto o origem, mas a lingua eh um empecilho
mas se tratando das obras do Tolkien, pelo que minha amiga leu o original, não está tão mal assim, os tradutores fizeram um bom trabalham
 
Então acho que a tua amiga não entendeu bem o texto quando leu no original, já que as três traduções em português apresentam falhas justamente na reprodução da linguagem do original. A da MF, por exemplo, simplesmente aboliu qualquer diferença de discurso da boca dos personagens e colocou todos falando "você" e um português "padrão", quando no original há ocorrência de diferentes pronomes, como o "tu", e variações "dialetais", como na fala dos Hobbits.

O principal problema das traduções até agora é a "nivelação por baixo" da linguagem, "facilitando" o texto com a desculpa de deixá-lo mais "palatável". Erro grotesco, como já foi dito várias vezes.
 
Então acho que a tua amiga não entendeu bem o texto quando leu no original, já que as três traduções em português apresentam falhas justamente na reprodução da linguagem do original. A da MF, por exemplo, simplesmente aboliu qualquer diferença de discurso da boca dos personagens e colocou todos falando "você" e um português "padrão", quando no original há ocorrência de diferentes pronomes, como o "tu", e variações "dialetais", como na fala dos Hobbits.

O principal problema das traduções até agora é a "nivelação por baixo" da linguagem, "facilitando" o texto com a desculpa de deixá-lo mais "palatável". Erro grotesco, como já foi dito várias vezes.

Eu disse isso, porque há livros realmente piores, se compararmos a alguns outros que já me falaram, realmente está bom. Claro que há erros grosseiros como qualquer tradução, mas em referencia muitos outros, está bom sim.
Erros grosseiros desse tipo se encontra aos momente em traduções, e hj estavamos justamente discutindo essa "nivelação por baixo", e sim, ela existe, são erros grosseiros.
Mas o elogio que eu disse foi em referencia a outros livros, ela que le originais contantemente, já viu muitos erros assim, e ateh piores
 
Inclusive ouso afirmar que o tom imposto à tradução brasileira de O Senhor dos Anéis é o responsável pela média etária dos leitores tolkienianos no Brasil ser mais baixa do que nos países anglófonos.
 
Inclusive ouso afirmar que o tom imposto à tradução brasileira de O Senhor dos Anéis é o responsável pela média etária dos leitores tolkienianos no Brasil ser mais baixa do que nos países anglófonos.

hum, bem, nao posso dizer nada, porque eu faço parte dessa "faixa etária"... mas acho q mesmo se fosse com outro tom, acho q no fim, acabria fã do mesmo jeito
 
Esse é um dos pontos mais tristes realmente, em particular porque há 99,99% de chance de tudo isso ter sido mera decisão editoral, ordem vinda "de cima", e não dos próprios tradutores. Mesmo que tivessem mantido um estilo narrativo mais parecido com o de Tolkien, os editores certamente vetariam e devolveriam o texto aos tradutores para ser "arrumado" (isso se realmente já não foi feito).
Outro grande formador de opinião, nosso amigo Reinaldo "Cisne" Lopes, também aponta essa barreira editorial naquele texto publicado aqui duas semas atrás.

Inclusive ouso afirmar que o tom imposto à tradução brasileira de O Senhor dos Anéis é o responsável pela média etária dos leitores tolkienianos no Brasil ser mais baixa do que nos países anglófonos.
_0/ sou mais um que começou a ler O senhor dos anéis bem novo, duvido que tivesse embarcado tão cedo num texto menos simplificado.
 
Última edição:
hum, bem, nao posso dizer nada, porque eu faço parte dessa "faixa etária"... mas acho q mesmo se fosse com outro tom, acho q no fim, acabria fã do mesmo jeito

Eu não sei, arwensp :think: É difícil afirmar o quanto uma tradução mais árida ou rebuscada ou seja qual for a palavra para qualificar o que seria umma tradução mais fiel, faria ao fandom brasileiro. Se espantaria alguns, se atrairia mais gente.

Eu acho que agora Inês é Morta e que o "mal" está feito. Sempre haverá a tradução Martins Fontes e Artenova, e sempre haverá o filme. Saindo uma tradução mais fiel ao tom do livro, ela ficará restrita a um círculo limitado de fãs, tenho certeza.
 
Eu não sei, arwensp :think: É difícil afirmar o quanto uma tradução mais árida ou rebuscada ou seja qual for a palavra para qualificar o que seria umma tradução mais fiel, faria ao fandom brasileiro. Se espantaria alguns, se atrairia mais gente.

Eu acho que agora Inês é Morta e que o "mal" está feito. Sempre haverá a tradução Martins Fontes e Artenova, e sempre haverá o filme. Saindo uma tradução mais fiel ao tom do livro, ela ficará restrita a um círculo limitado de fãs, tenho certeza.

sim eu tbm acho que o mal, ou bem, seja la o que for, está feito
eu sei que o meu gosto eh esse, mas nao posso afirmar o quanto atrairia outras pessoas
se bem que, como opinião pessoal, acho que afastaria muitos jovens que gostam
 
Ótimo texto. Ao fim do mesmo fiquei intrigado com as justificativas dos editores da Martins Fontes. As dificuldades alegadas pelos tradutores sobre o Legendarium foi baseada na opinião dos mesmos ou em testes realizados com leitores pré-requisitados antes de decidirem por uma "melhoria" nos textos?
 
Oi Elring,

Pode ter certeza de que não houve tentativa nenhuma de abalizar essa opinião de forma objetiva, com coisas como pesquisas de opinião. Trata-se de achismo, ou chute mesmo. Pode até ser um achismo bem-calibrado -- de fato, o nível cultural do público brasileiro, mesmo o público leitor, é baixíssimo -- mas não de deixa de ser um comodismo desagradável.

Grande abraço,
 

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