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“Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

Arcanjo[SK]

Spartan Supersoldier
Tirado da Ambrosia aqui: http://www.ambrosia.com.br/2008/05/16/dungeons-and-dragons-4a-edicao-nao-e-rpg-diz-john-wick/

Em março, John Wick começou uma discussão sobre Equilíbrio de Regras que criou polêmica entre os jogadores de RPG do mundo todo, particularmente dos jogadores de Dungeons & Dragons. Em qualquer fórum que exista um link para esta postagem, com certeza o número de respostas transcedeu 10 páginas em poucos dias. Muitos dizendo que não se pode generalizar, outros dizendo que ele fugiu totalmente do assunto de maneira pretenciosa, outros dizendo que ele nunca foi de fato autor principal de qualquer coisa (apenas escreveu material adicional, ou opinou, ou conhecia alguém que estava no projeto) e por isso ficou revoltado com o “pré-sucesso” do D&D quarta edição.

Estou deixando aqui uma humilde tradução para trazer esta discussão ao Ambrosia. O Dungeons & Dragons Quarta Edição é mesmo um RPG? O equilíbrio de regras é somente voltado a números, probabilidades e combate? A interpretação é tão importante assim para que um jogo seja classificado como RPG?

Semana que vêm, lhes darei minhas considerações quanto ao assunto. Segue a tradução:

Ouvindo as pessoas falarem sobre a quarta edição do D&D, Eu ouço muito uma questão: balancear as classes.

Eu sei que o guerreiro vai causar mais dano de frente enquanto o ladrão (não direi “ladino”) causa mais dano na retaguarda, enquanto um usuário de magia causa a maior quantidade de dano à distância e blá, blá, blá.

Eu me contento em saber que a nova equipe de design do D&D está finalmente se assumindo. D&D não é um roleplaying game; é um jogo de tabuleiro muito sofisticado. Isso é meio paradoxal porque o D&D é o primeiro roleplaying game. Ainda assim, não é um roleplaying game. É como ser seu próprio avô, isto requer um pouco de explicação.

Eu andei pensando bastante quanto a questão do “o que é um RPG?”. Pensando da mesma forma que Scott McCloud pensou “O que são quadrinhos” na sua absolutamente brilhante obra, Desvendando Quadrinhos. Eu tenho pensado nisso porque tem algo no novo D&D que eu achei meio estranho.

Eu acho que é importante notar que qualquer jogo pode se tornar um RPG. Você pode fazer o xadrez virar um RPG ao nomear o seu Rei e lhe dar um diálogo interno. Você pode fazer o Jogo da Vida virar um RPG do mesmo jeito. De fato, você pode fazer qualquer jogo de tabuleiro virar um RPG nesse sentido. Mas pra isso você precisa adicionar algo. Você tem que adicionar um personagem e suas motivações.

Eu também acredito que deve haver um outro elemento. O “personagem” deve fazer suas escolhas baseado em motivações pessoais ao em vez de vantagem estratégica ou tática. Este é o fator “Meu Personagem Não Faria Isso”. O movimento correto no xadrez pode ser Peão da Rainha para Peão Quatro, mas e se o Rei decidir, “Eu quero proteger minha Rainha mais do que eu quero proteger meu Bispo, mesmo que o movimento certo seja proteger meu Bispo” então temos um RPG.

Não é que você seja idiota. Você poderia fazer todos os movimentos certos. Mas se você ativamente considerar primeiro as motivações e desejos do seu personagem, então eu acho que você conseguiu chegar naquilo que estamos falando.

Mas um jogo como xadrez, não lhe retribui por tomar decisões que não o levam diretamente ou indiretamente até a vitória. De fato, nenhum jogo de tabuleiro o faz. É isso que diferencia um jogo de tabuleiro de um RPG, ao meu ver. Um jogo de tabuleiro retribui jogadores que tomam decisões que os levam à vitória. Um RPG retribui o jogador por tomar decisões que são consistentes com seu personagem.

Assim como, a maioria dos jogos de tabuleiro não possuem um senso de narrativa: uma história construtiva. Agora, por favor notem que eu disse “maioria.” Alguns jogos de tabuleiro com certeza o tem. E eu não estou falando de uma história de uma maneira abstrata que está aberta a interpretação. Eu quero dizer uma história real completa com tudo que esperamos de histórias. Trama, narrativa, exposição, a traição do terceiro ato. Ou seja, o conjunto da obra.

Agora, alguns jogos de tabuleiro possuem um senso de narrativa, mas o jogadores não são premiados por mover a narrativa em diante. Por outro lado, a idéia de um roleplaying game é fazer justamente isso: mover a narrativa para adiante. Ele tem mecânicas que ajudam os jogadores a fazer apenas isso.

Portanto… “Um roleplaying game é um jogo no qual os jogadores são premiados por tomar decisões que são consistentes com as motivações do personagem ou que avançam a trama da história.”

(Neste ponto, Eu antecipo, aos Leitores Fieis, apontar que esta não é a definição que a maioria das pessoas entendem como RPG. Eu preemptarei esta réplica ao lhes perguntar como a maioria dos norte-americanos usam errado “Eu (não) poderia me importar menos,” entendem errado a evolução, e pronunciam errado a palavra “nuclear.” Incluindo o homem sentado na Casa Branca que consegue fuder as três coisas.)

Esta é uma definição em progresso. Longe de estar completa e eu não estou totalmente contente com ela, mas é um bom começo. Note a distinta falta de miniaturas ou dados como necessidade para jogar um RPG. Alguns RPGs usam miniaturas e alguns usam dados. Nem todos. A grande questão é: “Você pode jogar RPG sem dados e/ou miniaturas?” Minha resposta é, “Sim. Eu jogo. E tenho jogado assim por vinte anos.”

(Neste ponto que me lembro como um certo indivíduo muito importante para a origem do RPG me disse - na minha cara - que eu não estava jogando RPG algum, mas que eu era apenas um “aspirante a ator da comunidade teatral.” Mas não deveremos falar mau dos mortos.)

Dados, mapas e miniaturas não são necessários para jogar roleplaying games. (Sim, Matt. Estou usando a palavra nesse sentido.) Alguns jogadores os preferem, mas outros não. Também não é necessário jogar sem eles. Eles melhoram a experiência? Sim, ele podem. Eles também podem piorar a experiência, inibindo-a ou limitando-a. Mas não são necessários.

O que eu sinto que é essencial para um RPG - o que definie um RPG - é que os jogadores tomem papeis de personagens num jogo que tem mecânicas que habilitam e premiam as escolhas do personagem. Isso é um RPG.

E com essa definição em mente, eu olho pro que o D&D 4 vai se parecer e chego a conclusão: não será um RPG.

Você pode fazer ele virar um RPG, mas para isso, você terá que adicionar elementos que não existem nas regras. Se você jogar o jogo pela regras, não é um RPG.

D&D tem mecânicas para lhe retribuir ao tomar as melhores escolhas estratégicas ou táticas, mas ele não tem mecânicas que ajudam o jogador a mover a trama em diante. Ele tem mecânicas para movimento, dano, cura e tudo que a Talisman faz, mas não retribui um personagem por tomar decisões que não são focadas em ganhar o jogo.

No final de Indiana Jones e o Templo da Perdição, Indy desiste da “glória e do tesouro” para curar o vilarejo. Ele entrega a pedra mágica para o velho, completando aquela transformação de pilantra egoísta e cobicioso, no herói que conhecemos do primeiro filme.

No D&D4, não há vantagem na escolha de desistir do tesouro. Porra, no D&D3 também não há razão mecânica pra ele fazer isso. Nenhuma razão estratégica ou tática. Ele deveria levar a pedra mágica, adicioná-la ao seu atual acervo de tesouros magicos, e proseguir para a próxima aventura. Da mesma forma, ele não deveria devolver a Arca Perdida para o governo dos EUA e ele não deveria ter parado pra curar o seu pai. Ele deveria ter corrido daquele templo o mais rápido que seus pézinhos o poderiam carregar e vender a taça de Cristo. Essa é a única maneira de ganhar pontos de experiência. Essa é a única maneira de “ganhar.”

É assim que se ganha no D&D. Mais tesouro pra matar monstros maiores pra conseguir maiores tesouros.

O que me leva ao motivo desta postagem em primeiro lugar. Equilíbrio das Regras.

D&D3 se obsecava com obter o equilíbrio das regras. O fato dos atributos serem gerados aleatóriamente demonstra a Grande e Massiva Falha que isto é. (Se somarmos nossos atributos e você tiver um ponto acima do meu, nossos personagens são desbalanceados.) Que tipo de dano pode um guerreiro causar antes dele cair, que tipo de dano pode um mago causar antes dele cair, que tipo de dano pode um ladrão causar antes dele cair… Todas estas questões estão fugindo do assunto. Especialmente num roleplaying game. Cuidar dos sintomas, mas não da doença. Cortar os galhos em vez das raizes.

“Equilíbrio de regras” num RPG não se resume em pontos de vida, classe de armadura, dano, níveis, talentos, perícias, qualquer coisa do gênero. Equilíbrio das Regras num RPG se resume em uma pergunta: “Cada personagem está cumprindo seu papel na história?”

D&D define este problema numa tática simplística. O guerreiro luta, o ladrão rouba, o clérigo cura e o mago é artilharia. Tenha certeza de que o papel de cada personagem - como assim o D&D o vê - está preenchido.

Mas e quanto a motivação? Quanto aos riscos pessoais? Deixe-me lhe mostrar o que eu quero dizer.

Uma de minhas aventuras na RPGA (espécie de play-by-post famoso nos EUA) envolvia um ladrão de primeiro nível. Ele era o filho de um taverneiro que se endividou em apostas. Meu personagem aprendeu como ser um ladrão porque ele era o segurança da taverna. Ele sabia roubar bolsos porque ele precisava avistar essa atividade. Ele sabia como se esconder nas sombras para ficar fora de visão. E ele sabia como atacar furtivamente alguém porque ele precisava se mover até um arruaceiro e acertá-lo com força para nocauteá-lo sem começar uma briga. Esse era meu ladrão.

(Eu deveria notar que o jogo em sí não demanda que eu faça qualquer coisa do tipo. Não existe regra ou mecânica que o requer e não há regra nem mecânica que me retribui por isso.)

Fui na aventura com o meu ladrãozinho. Enquanto caminhavamos, Eu conversava com os outros personagens. Eu era falador. Eles me puniam por atrasar a aventurar. Não o meu personagem, mas eu. Eles me puniam por interpretar. Obviamente, eu estava no jogo errado.

Matamos alguns kobolds bandidos, juntamos um pouco de tesouro. Os outros jogadores não jogavam bem como um grupo (apesar das minhas sugestões) e discutiam e brigavam o tempo todo.

Enquanto isso, Eu roubava o máximo que eu podia. Quando eu achava algo sozinho, eu guardava. Eu ia salvar a taverna do meu pai e não importava quem estivesse no meu caminho. De novo, atuando como personagem mas contra a meta do grupo que era compartilhar o tesouro. Na mente de Tav (seu nome era Tav), estas pessoas o contrataram para fazer um trabalho. Eles eram rudes com ele e não se manifestavam em protegê-lo.

No final da aventura, eu tinha um montão de prata, ouro e tesouro. Eu até mesmo consegui uma espada curta +1. O guerreiro não a queria. E quando a aventura acabou, eu disse, “Me aposento!”

Eles todos me olharam incrédulos. Eu os relembrei que a única razão de fazer isto era para salvar a taverna de meu pai. Me consegui um monte de ouro e uma espada mágica que valia milhares de peças de ouro. Eu estava com a vida ganha. Um camponês vê uma peça de ouro por ano e eu consegui milhares. Pra mim, estava acabado. Completei meu papel.

Agora, minha história sobre Tav me ajuda ilustrar várias coisas. Quase todas as escolhas que fiz com ele foram baseadas em minha história passada - até o ponto de sua aposentadoria. Todas as escolhas foram baseadas em coisas que não estavam na minha ficha de personagem. As coisas que, até onde eu sei, são as mais importantes sobre o personagem.

Equilíbrio de Regras não é quanto aos pontos de vida, classe de armadura ou magias por dia ou qualquer coisa do tipo. Equilíbrio de regras é ajudar o jogador a contar a história de seu personagem de tal maneira que ele não ofusque os outros personagens. Mecânicas que premiam e ajudam os jogadores a fazer só isso.

Pelo menos, é assim que eu vejo.

E eu ainda não estou inteiramente contente com a definição.


E dois comentários com posições diferentes:

Pedro
maio 22nd, 2008 : 9:26 am

Bem…
Como defensor do D&D eu vou me pronunciar.

Eu ate concordo com o que vocês acham q não vale como RPG, q o jogo não incentiva a narrativa, e todo o resto.

Contudo, na minha humilde cabeça, ele é, e talvez sempre vá ser, RPG pois não há nenhuma única vez na qual eu me sente numa mesa de D&D e monte um personagem sem q ele tenha um “Nome”

“Nome” no sentido de personalidade, de conteúdo, de vida. É muito verdade também que por algumas vezes percebi q essa ideologia é só minha, nem sempre compartilhada por todos, o que me entristece muito, pois eu gosto muito da ambientação e do sistema.

Outro ponto é q eu cresci jogando Final Fantasy, Breath of Fire, Chrono Trigger, q são considerados ícones entre os RPGs de videogame. D&D me permite fazer o que eu jogava nos antigos consoles e continuo jogando nos de ultima geração. Personagens q começam fracos e no final estão salvando o mundo de forma heróica. Eu acho isso divertidíssimo. E assim como os jogos de Square (produtora dos jogos sitados acima) são classificados com RPG porque o D&D não pode?

E com relação ao D&D 4.0 eu não sei se vai ser bom ou ruim, acredito que ser tão divertido quanto o 3.5, mas isso tudo vai depender principalmente do Mestre e dos jogadores, muito mais do que o sistema, a única coisa q o sistema esta fazendo é deixando as classes mais iguais, o que não é necessariamente ruim. O GURPS é assim o new WoD é assim, porque só o D&D sofre preconceito.

Eu por experiência própria sei que não se precisa de um sistema bom para se jogar uma boa campanha. Uma de minhas mais memoráveis aventuras aconteceu há uns 14 anos atrás na casa de um grande amigo meu, com regras inventadas por nos, e sem nunca termos jogado, direito, um sistema conhecido como D&D GURPS ou storytelling. E isso porque interpretamos nossos personagens e interagimos com a historia como um RPG deve ser, e acredite ou não nossas regras eram porrada pura sem nenhum detalhe a interpretação.

Em resumo a essa narrativa, inspirada pelo post do Duda. Eu acho q D&D é, e pra mim talvez sempre será, um jogo de RPG ambientado num mundo de fantasia, onde a graça é ser herói e salvar o mundo. Tudo isso é claro dentro das aspirações e ambições de meus, quem me conhece sabe q eles são, perturbados e intrigantes personagens.

Abraços

Post em homenagem a Konami e Peron

E

André
maio 22nd, 2008 : 11:23 am

Já que o Pedro conversou comigo sobre isso agora, eu fiquei com vontade me pronunciar.

O que o John Wick quis dizer é que D&D não poderia ser classificado como RPG porque o sistema não cobre interpretação em nenhum dos seus três livros básicos de 300 páginas cada um. Da mesma forma que xadrez também não.

Mas assim como o Pedro, quando eu jogo D&D, estou jogando RPG. Só que nós estamos indo além da proposta do sistema, da mesma forma que estaríamos fazendo ao interpretar no xadrez.

Mas o fato de você ter o poder de transformar D&D em RPG não significa que D&D se enquadre na categoria RPG, da mesma forma que você interpretar no xadrez não vai convencer ninguém a considerar xadrez um RPG.

Pense que os jogos tem que ficar numa certa seção de uma loja. Essa seção é definida pela proposta do jogo, e não pelo que as pessoas fazem do jogo. Xadrez não entraria na seção de RPG só porque um grupo interpreta no xadrez. Assim como Vampiro não entraria na seção de jogos de tabuleiro só porque um grupo joga “matando, pilhando e destruindo”. Então D&D não deveria ficar na seção de RPG, por mais que alguns alguns jogadores o usem dessa forma.

Um jogo se define pela proposta dele. O que você faz dele é outra história.



Eu sei que é um looooongo post, mas achei interessante a discussão, a primeira vista.

Eu posso dizer que até entendo o que o cara quiz dizer, mas não concordo, como por exemplo sua definição de RPG é diferente da que tenho em mente.

Ele parece cair em cima do que muitos "Anti-fãs" de D&D reclamam: que D&D considera interpretação como algo "opcional", o que não concordo.

Depois posto melhor a minha opinião.
 
Olha, para mim, os 3 livros básicos (Jogador, Mestre e Monstros) devem ser realmente do jeito que estão, como ferramentas básicas para se jogar um jogo de fantasia medieval épico. É interessante material de apoio interpretativo profundo, com descrições e mais descrições? Sim, mas acredito que isso é coisa para suplementos específicos, não para a trindade básica. Lá tem o mínimo necessário para se jogar, tendo o motor mecânico de como as coisas funcionam se comportam e um mínimo de informações para se construir um personagem em mundo de fantasia medieval. Qualquer coisa mais profunda e densa é material para suplementos, para não deixar os livros básicos desncessariamente enormes.

Novamente, a trindade básica precisa ter o essêncial. O resto você complenta com os suplementos (afinal, é para isso que os suplementos existem né? Para complementar), sejam eles raciais, sejam eles de classes ou de cenário.
 
O que ele diz não faz sentido. "Em D&D, você não ganha nada por tomar a decisão errada. Se você faz algo que te prejudica, você sai prejudicado." Ninguém explicou para ele que a vida também é assim? Sim, se chama risco. Se no meio do combate você toma uma decisão anti-estratégica, você realmente pode se ferrar legal. Se você renuncia ao tesouro, você está mais pobre. O que não quer dizer que você não possa fazer uma escolha ruim e ainda assim se divertir, oras bolas. É só arcar com as conseqüências in-game... Fazer algo que contrarie as ações do seu personagem se chama anti-roleplay, e no meu grupo pelo menos era punido severamente (e até proibido pelo mestre... quando alguém queria fazer uma coisa que o personagem não faria, simplesmente não podia).
Quanto ao sistema de evolução, uma vez eu reclamei com meu mestre que em D&D a XP era quase toda por matar monstros... Aí ele me disse algo que faz todo o sentido: "Claro, se não como é que você explica que seu BBA aumenta por exemplo?" Um personagem só fica mais forte treinando. Ele pode ter toda a evolução de personalidade que quiser sem aumentar de nível, mas para se tornar um lutador melhor ele tem de lutar, oras bolas.
E no mais, o velho caso: ele quer instruções para interpretar ou o quê? Interpretação não tem regras... e quem diz que D&D não tem história, como é que eles conseguem fazer tantos livros com D&D?
 
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

Concordo com a posição do Pedro, sei que é raro encontrar pessoas com um verdadeiro personagem. mas como ele disse e eu tenho absoluta certeza: A decisão de que vai ser um RPG ou um jogo qualquer é do grupo e sua maturidade.
 
Como assim é raro encontrar um verdadeiro personagem? Eu, pela minha experiência, discordo. Pode ser difícil encontrar personagens realmente detalhados, backgrounds detalhados (um colega meu fez um de quatro páginas, mas tinha gente no grupo que preferia deixar mais no ar...), mas nunca vi um personagem que não tivesse nem um conceito, os traços básicos de personalidade e motivação (por mais que sejam clichês - o anão guerreiro teimoso que quer vingar a família, o halfling ladino que teve uma infância difícil e se aventura só pelo tesouro)...
 
Eu não acho que ele seja um idiota completo. Quero dizer, não muito idiota hehehe.

O que ele fala do que deveria ser RPG eu até concordo com ele. A comparação de falar que um jogador de xadrez poderia sacrificar a rainha para proteger um bispo se isso fosse interessante para ele, enquanto um jogador de RPG tentaria proteger a rainha faz até sentido.

Eu só não entendo que jogo é esse que ele tá jogando em que essas coisas não acontecem. Nunca vi um jogador de D&D que não sacrificou um tesouro pra salvar a vila. Ou pelo menos não tentou achar uma outra solução pra salvar e vila E ficar com o tesouro (seria o que eu faria hehe).

Mas a verdade é que dá pra jogar storyteller só com pancadaria e dá pra jogar D&D só com interpretação. Caí naquele velho preconceito de pessoas que não jogam D&D e falam que não é RPG. Mas no fundo nunca tem a boa vontade de testar o jogo de verdade.

Mas a pergunta que não quer calar: quem diabos é John Wick?? eheheh
 
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

Elda gosto de vivacidade, gosto de coisas além de estereótipos, não que sejam ruins, eu aceito personagens que tiveram uma história meio que baseada em algum seriado, filme, desenho, anime, etc. eles dão boms personagens, mas um personagem singular de tudo o que eu vi me deixa feliz de colocá-lo numa aventura digna de livro. :D
 
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

Concordo com o que esse John Wick diz, inclusive na afirmação de que D&D sempre foi um wargame de tabuleiro sofisticado.

Quanto ao sistema de evolução, uma vez eu reclamei com meu mestre que em D&D a XP era quase toda por matar monstros... Aí ele me disse algo que faz todo o sentido: "Claro, se não como é que você explica que seu BBA aumenta por exemplo?" Um personagem só fica mais forte treinando. Ele pode ter toda a evolução de personalidade que quiser sem aumentar de nível, mas para se tornar um lutador melhor ele tem de lutar, oras bolas

O que corrobora com o argumento de que D&D realmente é um wargame: se os personagens são todos combatentes, então só faz sentido ganhar experiência através do combate mesmo.

Compare com nWoD por ex, onde você fica forte por interpretar coerentemente seu personagem (toda vez que interpreta um vicio ou virtude, ganha willpower) , e ganha XP por desenvolver a estória.

No 1º caso (D&D), o sistema premia (e consequentemente promove) o gerenciamento estratégico de recursos, exatamente como num wargame.

No 2º caso (nWoD), o sistema premia (e consequentemente promove) a interpretação e a narrativa.


Mas a verdade é que dá pra jogar storyteller só com pancadaria e dá pra jogar D&D só com interpretação. Caí naquele velho preconceito
Não, não cai. Ninguem está falando de como o grupo usa o sistema, mas do sistema em si. O André colocou perfeitamente ali em cima: "Um jogo se define pela proposta dele. O que você faz com ele é outra história."
 
Última edição:
Pegue livros de lendas e histórias medievais ou de fantasia medieval: praticamente todos os personagens são combatentes (embora não necessariamente guerreiros, magos ou algo tão óbvio). Pelo próprio gênero, aventureiros e heróis costumam ser, ainda que como característica secundária, combatentes. Isso nem de longe limita o tipo de jogo. Você pode ser um guerreiro e mesmo assim ser um negociador, diplomata, comerciante, viajante, navegante, cartógrafo, ou o que for. O fato de que você se destaca em combate não significa que você é obrigado a resolver seus problemas em combates, apenas possibilita que você enfrente situações violentas - o que é nada mais que lógico, em muitos casos.

Agora, usar a XP por combates como argumento - ou antes desculpa - para dizer que D&D é só porrada, é nada mais que ridículo. Isso é exatamente o espírito do power gaming: você tem que ficar mais forte, joga para que seu personagem aumente de nível, ganhe força de vontade, ou o que for. Por que partir do pressuposto que os jogadores tem que evoluir de nível? Não é preciso ficar mais forte para mudar de nível. Eu mesmo já joguei um dia inteiro de D&D (umas oito horas) e não teve nenhum combate até o final. Não aumentamos de nível, mas ficamos amigos do alquimista da cidade, conhecemos NPCs, desvendamos partes da história, enfrentamos desafios, etc.
 
Mas desde a 3e, XP não é mais por matar monstro... É por superar desafios.

Na 4e, tá mais ainda. O jogo incentiva a dar XP para aqueles encontros puramente sociais, e além, também para desafios intelectuais ou qualquer outra skill, através do skill challange.

E ainda tem o XP por quest, que pode ser qualquer coisa.
 
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

Bom, primeiro gostaria de dizer uma coisa: o tal John Wick foi meio radical ali. Isso é fato. Não concordo com o tom utilizado, que parece tentar diminuir D&D e seus jogadores, não. Concordo sim com o conteúdo do que ele diz.

Agora voltando...

Pegue livros de lendas e histórias medievais ou de fantasia medieval: praticamente todos os personagens são combatentes (embora não necessariamente guerreiros, magos ou algo tão óbvio). Pelo próprio gênero, aventureiros e heróis costumam ser, ainda que como característica secundária, combatentes
Sim, os feitos físicos (a violência entre eles) estão presentes na maior parte de nossos heróis. Mas me diga quando Gilgamesh, Arthur, Aladdin, Hercules ou Luke Skywalker usaram de combates tático-estratégicos em equipe? :lol:

Ou seja, o que D&D propõe de fato é "militarismo tático-estratégico". Wargame. Nisso o John Wick tem razão.

O que define "heroísmo" são indivíduos superando adversidades em buscas nobres, geralmente demonstrando, no processo, grandes virtudes como moral, coragem, sabedoria, pureza, etc.
 
Última edição:
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

(Neste ponto que me lembro como um certo indivíduo muito importante para a origem do RPG me disse - na minha cara - que eu não estava jogando RPG algum, mas que eu era apenas um “aspirante a ator da comunidade teatral.” Mas não deveremos falar mau dos mortos.)


Ele está se referindo ao Gigax? 8-O


Mas eu realmente achei a parte do Ladino no jogo por post interessantissima. D&D é um RPG sim de qualquer forma.

PS: Não ser recompensado por não agir da forma mais inteligente, mesmo que seguindo suas motivações? Para mim soa como uma metáfora da vida real.
 
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

Sim, os feitos físicos (a violência entre eles) estão presentes na maior parte de nossos heróis. Mas me diga quando Gilgamesh, Arthur, Aladdin, Hercules ou Luke Skywalker usaram de combates tático-estratégicos em equipe? :lol:

Detalhe: tu só citou exemplos de heróis que agem de forma solitária. Se tu pegar, por exemplo, personagens do Senhor dos Anéis, os 300 de Esparta e diversos contos do Conan, tu vai ver que eles usavam sim combates tático-estratégicos em equipe.

Um pouquinho mais sobre o texto: John Wick não sabe nada da vida.

mas e se o Rei decidir, “Eu quero proteger minha Rainha mais do que eu quero proteger meu Bispo, mesmo que o movimento certo seja proteger meu Bispo” então temos um RPG.

Primeiro de tudo: isso se chama esquizofrenia. Que tipo de gente quer fazer uma coisa e decide fazer uma coisa oposta? É que nem falar "hm, estou com sede. vou comer farinha". FAIL!

Segundo de tudo: que tipo de enxadrista protege a rainha e o bispo com o REI?? FAIL!²

No final de Indiana Jones e o Templo da Perdição, Indy desiste da “glória e do tesouro” para curar o vilarejo. Ele entrega a pedra mágica para o velho, completando aquela transformação de pilantra egoísta e cobicioso, no herói que conhecemos do primeiro filme.

Exceto que o Templo da Perdição se passa ANTES da Arca Perdida. FAIL!³
 
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Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

1) Não é que "ele tá com sede e decide comer farinha" é que ele pensa: é melhor eu beber só água para emagrecer, mas quer saber? dane-se a dieta! vou comer farinha!

Na verdade tá mais prum "quero viver então vou beber veneno", IMHO.

2) No caso do Rei, acho que ele quis dizer que: num ponto de vista tático, é melho proteger o bispo. Mas como sou um rei passional, quero proteger minha rainha.

Mas no xadrez sob o ponto de vista tático e passional é melhor proteger a rainha :think:

A não ser que o "king" seja, na verdade uma "queen" :g:

3) No caso do Indiano Jones ele simplesmente se confundiu! só isso! :D

Da mesma forma como ele se confundiu na forma de jogar D&D :)

É interessante ler a forma como ele gostaria que o D&D fosse jogado. É exatamente a forma como eu e todo o meu grupo joga há 10 anos :think:
 
Não adianta discutir. Tenho certeza que esse cara nunca jogou uma história séria de D&D na sua vida.

Eu tenho vários amigos que gostam de jogar storyteller. Sempre criam personagens interessantes e histórias boas. Mas quando chamei eles para jogar D&D, nem nome pros personagens eles deram, falando que não precisava porque era "só D&D". Daí quando eu criei uma história de investigação pra eles, com muito roleplay, a solução deles foi sair matando todo mundo, porque era "só D&D".

Não dá pra falar, como o Armitage falou, que não é preconceito contra o D&D, porque é.
 
Re: “Dungeons & Dragons 4ª Edição Não É RPG”, diz John Wick

O problema, Skywalker, é que a maioria dos jogadores de D&D não joga como você joga há 10 anos.

Sabe que eu não acho que isso seja verdade? Pelo que eu vejo, por exemplo, nos posts do Barlach e do Kadu, vejo o pessoal falando das suas campanhas no ENWorld e no forum da Wizards, a coisa não difere muito da forma como eu jogo. Acho que só quem fala que o D&D é jogado "a la John Wick" é quem não joga D&D ou tem o D&D como um RPG "secundário", pra jogar de vez em quando e aí baixar um hack & slash do cão.
 

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